segunda-feira, 15 de agosto de 2011

Murillo, da Nucleador: Depoimento de um "thrasher".

Ganhei meu primeiro violão de meu pai aos 13 anos, um kashima daqueles que eram vendidos no Gbarbosa (super mercado). Nunca fiz aula de guitarra nem teoria musical. Comecei a tentar aprender os primeiros acordes graças a uma revistinha de cifras do Raimundos, daquelas que se compra em banca de revista. Sonhava em poder tocar músicas do Titãs. Ouvia aqueles acordes lindos do Acústico MTV deles e achava o máximo. Almejava aquilo. Chegava do colégio e já ia treinar violão, umas 5 horas ou mais ao dia, dormia com o violão do lado.

Enfim, aprendi a tocar. Comprei uma camisa do Nirvana e uma guitarra fuleira e montei uma banda aos catorze anos. Na época tava fissurado pelo hardcore melódico. Bandas como NOFX, Pennywise, Dead Fish mostradas pelo meu amigo Luigi e por Paulo Baiano me fizeram querer ter uma banda nessa linha. Montei a NO EAT FISH com os amiguinhos do colégio. Ousava a compor, ousava a escrever letras. Toquei no Espaço Emes aos 15 anos, aquilo pra mim foi muito radical, mas mais radical ainda foi tocar no antigo Espaço Moquifo junto com o Dead Fish, quando eles tocaram aqui em Aracaju pela segunda vez. Toquei com as duas bandas que tinha na época, NO EAT FISH e PARANÓICOS (que posteriormente viraria a PRO-X). Foi um dos grandes momentos de minha adolescência. Você sabe quando o momento é marcante quando você sente uns arrepios na nuca e os pelinhos dos seus braços se eriçam.

Gravei meu primeiro material quando tocava com a PARANÓICOS. Gravamos na casa de um cara chamado Rafael Findans, que tocava baixo na banda de hardcore melódico, Shifty. Gravação caseira, home studio, e ficou até legal. Não me lembro de nenhuma outra banda de hardcore melódico que lançou um material aqui em Aracaju, fora a Fluster. Fizemos muitos shows, me diverti a beça! Mais tarde a banda mudou o nome para PRO-X, sugestão minha, e chamanos Paulo Baiano pra cantar na banda. Aquele mesmo Paulo de antes, o cara mais velho de minha infância que me mostrava sons, foda! Nessa fase eu compus muito, escrevi muito. Devia parecer um maluco na escola, pois sempre estava escrevendo algo, a todo o momento. Escrever se tornou vício.

Saindo da adolescência ousei tocar death metal e grind core. Som de macho. Reconheço que não fazia idéia do que estava fazendo. Compus músicas com os olhos fechados. Cuspi palavras pesadas no papel e pra minha surpresa, ficou do caralho. Nasceu a INRIsório. Montei essa banda com aquele cara que outrora tinha gravado meu primeiro cd, Rafael Findans. A gente evoluiu musicalmente pra caralho, pois o som que faziamos sempre estava a um passo a frente de nós, nos impulsionando a ficarmos mais e mais técnicos até que finalmente tudo fez sentido, o som fez todo o sentido. Gravamos com Alex, meu ex companheiro de guitarra, um EP e um Split com uma banda carioca, e esse Split foi prensado e lançado internacionalmente. Deve ter até no Japão, sério. Pra um músico, mesmo amador, isso é uma puta conquista.

Já macaco velho do hardcore e do metal, ousei a montar minha primeira banda na qual sabia perfeitamente o que estava fazendo, a NUCLEADOR. Thrash Metal da pesada. Hardcore Crossover. Coisa de roqueiro doido! Com essa eu compus com facilidade e velocidade a mil, pra sair fumaça das cordas mesmo. Nas letras deixei de ser ingênuo e lírico. Fui pro lado da ficção alá Stephen King. Falei sobre filmes de terror, sobre aliens, sobre cerveja, sobre junkie friendship, sobre boceta! Em menos de oito meses de banda formada, gravamos outra vez um EP com Alex. Ficou fudido, fudido pra caralho! Sou muito autocrítico nas coisas que faço, mas esse material eu paguei muito pau, fiquei orgulhoso de mim mesmo e de meus companheiros de banda. Até hoje escuto e xingo um “puta que pariu”. Depois de lançado o EP, fomos chamados pra fazer uma turnê no sudeste, um dos meus sonhos mais juvenis. Fomos! Foi do caralho e Rafael Findans estava lá com a gente fazendo papel de roadie.

Eis que agora, agosto de 2011, acabo de chegar da casa de Rafael Findans. Aquele mesmo cara que eu gravei meu primeiro material com a Paranóicos e que depois de quase, sei lá, oito anos, tava lá novamente sentado no mesmo quarto gravando as guitarras do segundo material da Nucleador. Gravei, fiquei exausto e ficou do caralho. Jaja vamos lançar o EP que deverá se chamar Toxic United. Vai ter em sua maior essência aquela pitada salgada de amizade e boas risadas que uma cidade pequena como Aracaju me oferece.

por Murillo Viana

no Facebook


3 comentários:

  1. Valeu Adelvan.

    Murillo Viana

    ResponderExcluir
  2. cara, sem aquele vocalista que usava uma máscara foda e com uma voz potente a Nucleador não é mais como foi, assisti o show de vcs em sampa e foi de foder. Espero que vcs voltem como eram antes.

    Valeu caralho !

    Bernardo

    ResponderExcluir