O Judas Priest é minha primeira dedicação. É a minha vida. Foi no Judas Priest que eu descobri meu papel como artista, e tenho grande respeito pela posição que o grupo me proporcionou na música. Quando eu tenho a chance de fazer um álbum solo, agradeço a oportunidade, mas o Judas é a prioridade. O que acontece é que andamos excursionando excessivamente nos últimos anos, por isso consideramos que essa é uma turnê de despedida. Nós queremos fazer os melhores shows, eu quero sempre estar fisicamente impecável, no melhor da minha voz. Nunca tínhamos cancelado um show antes, e tivemos de fazer isso em Nova York outro dia. É preciso dar um tempo, para que os fãs tenham sempre o melhor. O Judas Priest estará sempre por aí.
Em 1998, você se tornou o primeiro grande ídolo de heavy metal a assumir publicamente sua homossexualidade. Depois disso, nunca mais ouvi falar de outros casos na cena do metal. No pop acontece sempre, como com Ricky Martin, mas não no metal…
Imagino que seja difícil em todas as atividades. Há muitas coisas horríveis acontecendo, gays sendo brutalmente atacados, seja em lugares extremistas ou em lugares ditos civilizados, como no Leste Europeu e em São Paulo. Há uma homofobia e atos de irracionalidade em todo lugar.
Os gays sempre estiveram no heavy metal, não é uma situação nova. Assim como estão no futebol. Mas a minha declaração foi pessoal, não posso cobrar dos outros. Há razões pessoais que temos de respeitar. Sabemos que há gays em todas as áreas, gays ocupam cargos importantes nos governos, nas empresas, no esporte, nas artes. E eu acho que é uma situação estranha viver fingindo que se é heterossexual, o estereótipo é um erro que se comete.
No heavy metal, isso era ainda mais tabu, e eu continuo a ter orgulho de representar o movimento gay no metal. Não preciso afirmar isso continuamente, mas tenho orgulho. É mais ou menos como dizer: “Hey, eu sou um cantor de heavy metal, e eu sou hetero”.
Ninguém diz isso, não faz sentido. Não é uma escolha, é o que eu sou. Mas, na circunstância social em que vivemos, acaba sendo importante, por ajudar a derrubar a opressão. Vivemos uma era de grande intolerância racial, sexual, religiosa. É preciso ser inteligente e abraçar a humanidade.
Sei que não é politicamente correto afirmar isso, mas há rumores de muitos outros vocalistas no metal que seriam gays, como Axl Rose e Sebastian Bach. O que acha dos rumores?
O que eu aprendi é que devem ser respeitadas as decisões individuais. Os rumores podem ser fatos, mas também podem ser apenas rumores. É claro que, quando você assume que é gay, aqueles que falavam por trás de você acabam sendo desarmados, não têm mais o que dizer. Meu público foi rápido em sua decisão. Eles me disseram: “Hey, Rob! Nós não nos importamos, quando você canta é a nossa voz, isso é que importa”.
Ouvi dizer que você comemorou, em janeiro, 25 anos longe das drogas e do álcool, que foram terríveis para você no passado. Recentemente, Amy Winehouse morreu, provavelmente por uma combinação desses vícios. O que achou de tudo isso?
Acredito que Amy tentou e tentou e tentou. Era uma cantora fantástica e nós a perdemos. Quando você tem um vício, tem de enfrentá-lo, mas não é uma tarefa fácil. Alguns dos meus amigos conseguem beber e consumir drogas de forma social e realista. Isso é muito comum no rock and roll. Às vezes, quando temos problemas pessoais, é muito comum embarcarmos nessas coisas para escapar à realidade. E é muito fácil encontrar drogas e drinques no mundo musical. Você tem de ser racional e inteligente para não cair nisso. Tem de buscar ajuda, quando não consegue sozinho.
Em São Paulo, na Arena Anhembi. Avenida Olavo Fontoura, 1.209, telefone 2226-0400.
Dia 10 de setembro, 20h (Whitesnake) e 22h (Judas Priest).
Cens. 12 anos.
ingressos: 4003-5588.
R$ 180 a R$ 375
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