sexta-feira, 6 de setembro de 2013

25 Anos de "From Enslavement To Obliteration"

"From Enslavement To Obliteration", o segundo álbum do Napalm Death, é o disco que definiu o gênero "grindcore" - além de ter vencido de uma vez por todas a corrida pela velocidade no mundo da musica extrema, deixando para trás, comendo poeira, petardos como o "reign in blood", muito embora o disco do Slayer dê de lavada em termos técnicos, tanto na produção quanto na habilidade de seus músicos. Lembro perfeitamente da primeira vez que o ouvi, ainda nos anos 1980. Tive um acesso de riso. Não conseguia acreditar naquilo, que os caras realmente fizeram algo tão absurdo. Deu um tilt em minha cabeça, mas ao mesmo tempo despertou minha curiosidade, tanto que comprei o disco, assim mesmo. Em casa, só depois de um tempo desisti de acompanhar as letra pelo encarte - porra, Lee não pronuncia praticamente nada do que está escrito! E com o tempo fui absorvendo as idéias por trás da massaroca sonora e virei fã. Sou até hoje.

A banda de Birminghan já havia esboçado o caminho que iria trilhar em sua estréia fonográfica, com o clássico "Scum", mas foi em FETO que o conceito realmente se formatou. "Scum" ainda tinha um "quê" de Hard Core crust, especialmente no lado A, gravado em 1986 por Nick Bullen, Justin Broadrick e Mick Harris.

No dia 16 de setembro próximo "from enslavement" completa 25 anos de lançamento. Pretendo tocá-lo na íntegra, no programa de rock do dia 14. Quem viver verá - ou melhor, ouvirá ...

Bill, Shane, Mick e Lee
Abaixo, uma interessante análise do baixista Shane Embury sobre a discografia da banda, a começar pelo "from", o primeiro com sua participação. A matéria foi originalmente publicada em dezembro de 2012 na Decibel Magazine. Shane escolheu um disco (de outra banda) que se relacione de alguma forma com cada um dos álbums de estúdio do NAPALM DEATH em que ele tocou. Os parâmetros são amplos: onde sua cabeça estava musicalmente, algo que estava curtindo na época ou simplesmente um disco que representa um dado período para ele. Veja o resultado:

“FROM ENSLAVEMENT TO OBLITERATION” (1988)


Nesse momento, eu acho que “Horrified”, do REPULSION – ou a demo “The Stench Of Burning Death”, como [o álbum] era conhecido na época – foi uma grande influência para mim, juntamente com SIEGE e S.O.B. Duas faixas que eu escrevi para este álbum [FETO] já apareceram na nossa primeira Peel Session de 1987 e foram escritas no final de 1986, quando Nic Bullen me convidou para eu me juntar ao NAPALM DEATH pela primeira vez. A ênfase era em riffs explosivos e em rápidos e brutais breakdowns, sem mais nada em torno disso – por isso a curta duração das músicas.

Álbum escolhido: REPULSION - Horrified.

“HARMONY CORRUPTION” (1990)

Depois que o EP “Mentally Murdered” foi lançado, eu acho que como banda nós estávamos trazendo muito mais influências de death metal, embora eu deva adicionar que nesse momento todos estávamos em variadas formas de música, devido ao lendário DJ John Peel, da Radio 1. Quando fizemos o “Harmony”, eu estava ouvindo muito o DEATH e um monte de death metal da Flórida, assim como Mick Harris. Eu vou escolher “Scream Bloody Gore”. Claro, nós viajamos para a Flórida para gravar “Harmony” e encontramos todas as banda que amávamos. Que ótima época!

Álbum escolhido: DEATH - Scream Bloody Gore.

“UTOPIA BANISHED” (1992)


Esses foram tempos difíceis, já que Mick [Harris, baterista] deixou a banda. Nós tínhamos muitas músicas que continuavam com o feeling death metal do “Harmony”, mas muito mais rápidas e direto ao ponto do que no álbum anterior. Isso vai soar estranho, mas estávamos ouvindo um monte de álbuns do RUSH, especialmente “Moving Pictures”. Nós adorávamos a ‘sensação de ao vivo’ do som da bateria e a maneira com que o álbum era impulsionado por esse som. Estava tudo certo, já que era a primeira gravação do [baterista] Danny Herrera conosco. Exceto pela música, que realmente foi uma continuação mais frenética e híbrida de “From Enslavement To Obliteration” e “Harmony Corruption”, eu acho que aquele disco foi uma influência.

Álbum escolhido: RUSH - Moving Pictures.

“FEAR, EMPTINESS, DESPAIR” (1994)


Esse foi o início de um período de transição para nós. Muito do que o HELMET estava fazendo com seus ótimos ganchos lentos e repetitivos me influenciou, então começamos a incorporar isso ao nosso som. “Strap It On” foi particularmente meu favorito, e eu acho que eles foram influentes também para muitas das bandas na nossa cena nessa época.

Álbum escolhido - HELMET - Strap It On.

“DIATRIBES” (1996)


Musicalmente, muitas coisas estavam passando pela minha cabeça nesse momento. Mitch Harris e eu fomos nos tornando um pouco obcecados com os drumbeats de uma grande variedade de noise rock. Eles eram muito excitantes para nós – tão excitantes como o blast beat. Para mim, a produção do “Diatribes” foi muito limpa, em retrospectiva. Mas eu estava ouvindo SONIC YOUTH por anos, com “Sister” sendo particularmente meu favorito. Nós realmente estávamos começando a trazer muitas influências das bandas que ouvíamos desde o começo dos anos 90 e eu senti que finalmente estávamos prontos para começar a experimentar e gravar músicas lentas e atmosféricas, na pegada do início do SWANS.

Álbum escolhido: SONIC YOUTH - Sister.

“INSIDE THE TORN APART” (1997)


O que eu posso dizer – esse álbum foi estranho já que nos separamos de Barney [Greenway, vocalista] brevemente para o processo de escrita, mas depois ele voltou a tempo de gravar os vocais. Esse disco foi musicalmente uma continuação de “Diatribes”, já que ele é bastante mid-tempo, e tem apenas algumas músicas com blast beats. Eu acho que o que nós fizemos neste disco e em “Diatribes” foi adicionar linhas de guitarra para tornar os riffs mais estranhos e não apenas “normais”, como nós fizemos dois anos antes. Independentemente do fato de as pessoas concordarem ou não, esse material foi excitante para nós. SOUNDGARDEN foi uma banda que eu amei por anos, especialmente as sutis linhas de guitarra que eles tinham no fundo dos riffs, então nós tentamos incorporar isso ao nosso estilo normal de riffs, juntamente com batidas de rock com uma pegada jazz. SMASHING PUMPKINS e JANE’S ADDICTION foram duas outras bandas que também nos empolgaram com seus ritmos de bateria.

Álbum escolhido: SOUNDGARDEN - Badmotorfinger.

WORDS FROM THE EXIT WOUND (1998)


Este foi o álbum em que nós, como banda, começamos a nos ‘incendiar’ um pouco mais. Eu tinha me encontrado com um amigo, Nick Barker, que estava em Birmingham quando sua banda CRADLE OF FILTH foi gravar um álbum. Nós tocamos muitos dos antigos clássicos na minha casa. Estávamos tocando bandas como DISCHARGE e MASTER às três da manhã, para não falar que Nick ainda tocaria álbuns antigos do Napalm. Nós [Napalm] começamos o processo de escrita para um novo álbum, mas eu me lembro de acordar uma tarde e escrever os riffs de “The Infiltrator”, que eu sei que com certeza vieram de nós dois tomando algumas cervejas na noite anterior e tocando DISCHARGE. Acho que eu estava terminando um ciclo, em alguns aspectos.

Álbum escolhido - DISCHARGE - Hear Nothing See Nothing Say Nothing.

A segunda parte da matéria, em inglês, você encontra aqui.

Traduzido por Raphael Ipluc

Fonte: Whiplash

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