terça-feira, 3 de março de 2009

Fulêragi – Mahatma Gangue em Sergipe



Por Adelvan Kenobi

E eis que dos confins de onde o vento faz a curva (no sentido de LONGE), mais precisamente de Mossoró, Rio Grande do Norte, nos chegam, via Renegades of punk, noticias de mais uma banda que eu nunca tinha ouvido falar na vida – mas nesse caso nem é tanto desinformação de minha parte, é a banda que é novinha mesmo. Há uma referencia, o vocalista do Catarro (que já tocou aqui) faz parte da banda. E o mais incrível: os malucos vão descambar de lá de sua terra, andando mais de 900 km, pra tocar aqui, em Terras de Sergipe Del Rey. Tendo em vista a recomendação (Dani e Ivo e Cia. Sempre mandam bem) e a musica disponível no myspace, os shows prometiam. Graças à atitude de Maicon “stooge”, o homem das guitarras garageiras da terra da cebola, Mahatma Gangue fez uma “minitur” sergipana, tocando em Aracaju E Itabaiana. Fui para os dois.

Em Itabaiana o show fez parte do Projeto Sexta Cultural, comandado por Maicon graças ao espaço cedido na Boite da Associação Atlética, um dos clubes sociais mais tradicionais da cidade (já fui em muito “baile” por lá nos anos 80, ver uma banda cujo nome me falha a memória mas que tirava altos covers de Scorpions, Deep Purple e Led Zeppelin). É um projeto que exibe filmes toda sexta feira e, 1 vez por mês, leva bandas de Aracaju para tocar lá, além de abrir espaço para as bandas locais (ainda que no momento, com a Karranca fora de atividade e o Urublues parado, sobraram apenas as bandas de Maicon mesmo). O projeto aos poucos vem se consolidando, por lá já passaram Mamutes, Cessar Fogo, O Murro e Jezebels, entre outros. Cheguei como de costume por volta das 11 da noite e The Renegades of punk já tava mandando ver. O som estava um tanto quanto embolado, mas a barulheira tava boa. A banda tocou com a competência de sempre mas desta vez com uma atração á parte na platéia, o vocalista da Mahatma e do Catarro, Pedro, um ser absolutamente alucinado e com uma mente hiperativa e criativa que não para um instante de criar coreografias bizarras e de pedir aos berros que a banda toque Ramones, Raimundos e demais clássicos do cancioneiro pupular roque and rôu. Foram a banda seguinte, a Mahatma. Pedro nos explica que excepcionalmente iriam contar com Ivo, da Renegades, na bateria, pois o baterista deles era isso e aquilo e aconteceu um monte de coisas lá que eu não entendi mas no final das contas ele não pôde vir. E começou a fuleiragem (nas palavras do próprio, heim – muito embora eu concorde. E goste.). Fazem um som tosco, porém empolgante e criativo. É uma espécie de garage rock punk com influencias de surf music. A guitarrista Ingrid toca o suficiente pra conduzir as (anti)musicas num pique satisfatório, com o “bônus” de fazer uns backing vocais bem legais com uma vozinha meio desesperada de menina que fica muito bem em contraste com o vocal demente de Pedro. Destaque para “Dor de cabeça” (“MINHA CABEÇA DÓI!”) e pra uma musica lá que acho que se chama “com o disco na mão” que Pedro introduziu com uma longa dissertação sobre os tempos em que ia pra escola com a calça rasgada e com um walkmen com uma fita gravada com Nirvana no lado A e Black Sabbath no lado B. O show foi muito legal e a galera respondeu bem e participou, com direito a um pogo desengonçado (porque num show da Mahatma tudo acabna ficando meio desengonçado) do punk mais “clássico” da cidade, o eterno Badaró. Mahatma empolgou, inclusive, os headbangers locais – e muito por conta disso, pelo fato de todo mundo ter curtido e participado, independente da “tribo”, foi uma celabração rock como há muito não se via na terra dos caminhoneiros. Fechando a noite, uma banda local, mais um projeto nascido da mente insana de Maicon Stooge e das baquetas enlouquecidas de Givanilton, nosso Keith Moon. O nome da banda é Thee Swamp Beat Brothers (Maicon e seus nomes difíceis de pronunciar “from the muddy Banks of Missisipi”) e se dedica a fazer, principalmente, covers de bandas semi-obscuras do universo garageiro dos anos 60. Foi bem legal, e mais uma vez o publico curtiu e participou. Missão cumprida, é voltar pra casa e repetir a dose no domingo.

Domingo me dá uma preguiça infernal de sair de casa, especialmente à noite, mas vamos lá. É certo que não é só em mim que bate essa preguiça, daí o publico reduzido no Capitão cook. Mas quem foi não se arrependeu, porque foi rock. A noite começou com a Jezebels, banda nova só de meninas. Fazem um rock garageiro pendendo pro punk “bubblegun” bem legal, especialmente se levarmos em conta que a banda é novíssima – muito embora conte em suas fileiras como uma “veterana” (olhando pra ela ninguém diz) da cena, a Senhorita renegada Daniela Rodrigues (que, segundo Pedro da Mahatma Gangue, é feia). Pedro, aliás, continuou sendo um show a parte, com suas perfomances alucinadas e sem noção. Perfomance que continua no palco com o show da Mahatma – mais ou menos o mesmo show que o de Itabaiana – e nem poderia ser diferente, já que a banda é nova e tem um set list dos mais enxutos. Muito bom. Fechando a noite, The Renegades of Punk – com nova formação (que estreou em Itabaiana, esqueci de mencionar), com Luiz (ex-Triste Fim de Rosilene, atual Snooze e Perdeu a Língua) no baixo. O show da Renegades é impressioinante. Na verdade é muito simples, são dois caras e uma garota fazendo rock and roll básico, mas com uma entrega e uma segurança incrível. Daniela com sua palhetada nervosa e suas caras e bocas (nada forçado, tudo natural ao ponto de emocionar) seria um show à parte não estivesse ela acompanhada por dois asseclas pra lá de competentes e igualmente empenhados em manter um ritmo alucinante durante toda a apresentação. Ivo, especialmente, cresceu MUITO como baterista, tá tocando muito e transmite alegria ao tocar. Com eles não tem essa de piloto automático, todos os shows que vi até agora foram executados com garra e um entusiasmo legitimo que deveria servir de exemplo pra muita banda “morgada” que a gente vê por aí. A principio não há destaques – mas acaba havendo, porque no final eles levam War pigs, do Black Sabbath, numa versão pouco fiel porém com muita personalidade, bem adaptada ao conceito da banda. E tudo isso acompanhado de perto por uma menininha de uns 5 anos na platéia que tava ensandecida, disputando com Pedro o titulo de maior batedro de cabeça da noite e que simplesmente não queria mais que o evento acabasse, protestando aos berrros “EU QUERO É ROQUE !!!”. Há futuro pra humanidade, afinal. Não consigo imaginar uma forma mais apropriada para terminar uma noite de rock. Mais uma, das muitas que já tive, porém das melhores.

Por ultimo, não daria pra deixar de registrar a presença em ambos os shows de Bira, do Fornicators, de Santa Catarina, um rocker que tomou uma atitude rock e torrou todo seu FGTS liberado por conta das enchentes em seu estado para dar um role underground pelo nordeste. Bira, Pedro e Ingrid, obrigado pela visita e voltem sempre.

O que foi isto? Foi:

Dia 27 de Fevereiro na Boate da Associação Atlética de Itabaiana
O Projeto Sexta Cultural apresentou:
Mahatma Gangue (RN)
Renegades Of Punk (Aju-SE)
Thee Swamp Beat Brothers (Ita-SE)
à partir das 21:hs --> $ 5,00
com Sorteio de uma Tattoo

Dia 01/03, domingo, no CAPITÃO COOK (Coroa do meio) Em Aracaju
MAHATMA GANGUE (RN)
THE RENEGADES OF PUNK
THE JEZEBELS +
DJ DANI CACHINHOS
R$ 10,0





2 comentários:

  1. essa leitura dos shows do mahatma gangue deve se repetir em todo canto que eles tocarem.

    boa viagem ao pessoal!

    abraço.

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  2. Um ponto a mais ra iatabaiana pois foi o lugar com mais gnt doida por metro quadrado!!

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