Som Extremo: Como foi a recente turnê pela Europa?
JOÃO GORDO: Foi lindo! Tocar com o Voivod no Barroselas, em Portugal, já valeu o rolê todo!
Som Extremo: Casado e pai de família, o que mudou no seu jeito de compor, e mesmo ver a vida?
JOÃO GORDO: Quando se tem família e filhos sob sua responsabilidade e não se é um canalha, você tem que passar por cima de uma pá de convicções que, a essa altura do campeonato, está cagando e andando. Na minha cabeça de meio século de vida, o que interessa é que meus filhos, eu, minha esposa e meus cachorros tenham uma vida tranquila. Se você nega isso a eles por ideologia barata, é egoísmo e você pode se arrepender amargamente no futuro. Apesar dessa “caretiada” geral, meu modo ácido de ver a vida continua o mesmo.
Som Extremo: Na época do lançamento do álbum “Just Another Crime... in Massacreland”, você disse que “Suposicollor” era sua letra mais forte. Alguma outra já superou essa?
JOÃO GORDO: Tenho muitas letras boas e outras tantas bem idiotas também. Letras como “Testemunhas do Apocalipse”, “Pedofilia Santa”, e as três do SPLIT novo são bem interessantes e mostram bem o “modus operandis” do meu pensar.
Som Extremo: Em 2011, a RDP está fazendo 30 anos. Como será a comemoração?
JOÃO GORDO: Talvez um showzinho de merda qualquer.
Som Extremo: “Guidable” saiu no ano passado. De lá para cá, além do lançamento do DVD “Ao vivo no Circo Voador” e do split com a banda Looking for an Answer, houve mais algum fato que já mereceria estar em um novo capítulo da “Verdadeira História do RATOS DE PORÃO”?
JOÃO GORDO: Nada muito interessante. Bom, o fato de eu ter parado de fumar maconha depois de mais de 30 anos de fumaceira ininterrupta é digno de um novo capitulo no DVD.
Som Extremo: E falando no split, o RDP talvez tenha registrado nele suas músicas mais violentas da carreira, com levadas menos punk e mais crust/hardcore. Concorda? A intenção era só fazer sons porrada, ou tudo saiu naturalmente?
JOÃO GORDO: É tudo muito natural, quase natureba... temos dificuldade para fazer o próximo LP. Queria fazer grind, mas não conseguimos tocar isso.
Som Extremo: O reconhecimento de vocês lá fora, especialmente na Europa, parece ser até maior do que aqui no Brasil. Afinal de contas, a que você acha que isso se deve?
JOÃO GORDO: “Casa de espeto, ferreiro de pau”... somos gigantes em países de língua latina. Portugal é foda. Cantamos na língua deles. Somos deuses. Na Espanha, França, ou na Itália, nego me reconhece na rua. No Leste europeu, puta público foda! No México e América “Latrina” também. Aqui é uma bosta. Temos nossos fãs, mas nego quer nos ver pelas costas... estou acostumado.
Som Extremo: O que vem pela frente com o RDP, além da comemoração das três décadas?
JOÃO GORDO: Sei lá... talvez uma hérnia de disco, um esporão calcâneo ou uma bursite.
Som Extremo: Você faz parte do elenco de “Legendários”. Até que ponto conseguiu levar sua influência como músico para o programa de TV, e vice-versa?
JOÃO GORDO: É como óleo e água: são duas coisas completamente diferentes que não se misturam. Estou lá com a cara de pau mais deslavada do mundo e foda-se. Enquanto estiver fácil e lucrativo, estamos aí. Vamos ver até onde vai isso.
Som Extremo: Sua carreira na TV começou de forma não planejada, mas deu muito certo. Se você não cantasse no RDP e nem fosse apresentador, que profissão acha que teria hoje?
JOÃO GORDO: Talvez teria embarcado dessa, de tão gordo, ou na cracolândia como farrapo humano. Talvez seria PM... quem sabe torneiro mecânico, que é minha profissão. Vai saber.
Som Extremo: Como você se vê daqui uns 20 anos?
JOÃO GORDO: TIOZASSO!!! Será que chego aos 70?????
Som Extremo: Uma tarefa difícil: consegue fazer um top 5 de seus álbuns favoritos?
JOÃO GORDO: SLAYER - REIGN IN BLOOD
RAMONES - ROCKET TO RUSSIA
KISS – DESTROYER
AC/DC - LET THERE BE ROCK
NAPALM DEATH - SCUM
http://www.myspace.com/ratos
http://www.ratosdeporao.com
Fonte: Som Extremo
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