sexta-feira, 30 de julho de 2010

# 155 - 30/07/2010

Stinky Toys foi a primeira banda francesa de punk rock, fundada em Paris em 1976. Contava com Elli Medeiros nos vocais, Denis "Jacno" Quilliard e Bruno Carone nas guitarras, Albin Dériat no baixo e Hervé Zénouda na bateria. Em 1976, tocaram no 100 Club Punk Festival em Londres com Sex Pistols, The Clash, The Damned e Buzzcocks. Em 1977 gravaram o single "Bozed Creed"/"Driver Blues" pela Polydor Records. No mesmo ano gravam seu único LP, Stinky Toys. A banda acabou em 1979. Em 1980, Elli Medeiros e Jacno formaram a dupla Elli et Jacno, com um som mais voltado para o electropop. Elli Medeiros iniciou uma carreira-solo em 1986 e Jacno tambem gravou álbuns solo desde 1979, além de trabalhar com vários artistas franceses.

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Ethiopia foi um Grupo de Rock formado por Pascoal Ferrari (voz), Pollo Rios(guitarra), Vicente Tardin (baixo) e Lúcio Agra (bateria) em meados da década de 1980 na cidade do Rio de Janeiro. É considerada uma das primeiras bandas “dark” do Brasil. Começou suas atividades após o fim do grupo Punk Dezespero, quando o ex-baterista Lúcio Agra resolveu partir para uma sonoridade mais pós-punk. Fizeram algumas apresentações na boate Ilha dos Mortos, em Copacabana, e no lendário Circo Voador. Gravaram um único disco, o EP "Ethiopia", pelo selo Top Tape, com as músicas “Feito Navalha”, “Minha Vida Em Suas Mãos”, “Ethiopia” e “Vazio”. Essas duas ultimas vêm sendo constantemente tocadas em festas Pós Punk-Góticas do Rio, o que fez banda alcançar um status “cult”. O vocalista Pascoal Ferrari andou fazendo participações no projeto Mix 80, formado por integrantes de bandas amigas como Eduardo de Moraes (Finis Africae) Major Nelson e Edinho(Kongo) Guilherme Isnard (Zero) Marcelo Hayena (Uns e Outros) e Toni Platão (Hojerizah), dentre outros.

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Jesus & The Groupies - Cuidado! O pior pode acontecer quando Fabulous Go Go Boy From Alabama (Human Trash), Marco Butcher ( Jam Messengers), Kerry Davis ( Two Tears), Mr Plaza ( Backseat Drivers) e Dave Evans ( Copter/ Black Mekon) são unidos pela vontade de fazer musica.

Marco Butcher faz vocais, Guitarras e bateria e Mr. Alabama, Guitarras e loops, tendo como convidados especiais Dave Evans do Copter nas baquetas, Mr Plaza no Sax e Kerry Davis no vocal.

Jesus And The Groupies traz o melhor da raw music misturando à isso uma boa dose do delta blues e experimentos de estúdio como beat Box, loops e guitarras pra la de sujas!!!

"Boogie, Bullets and Jesus Christ" é o nome do single que conta com 3 sons, indo do mais puro e seco garage rock até as 50's murder ballads.

Para fazer o download:

http://www.mediafire.com/?wdxvy4d3pb9z2th

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A banda AGENTSS foi iniciada por Kodiak Bachine, Miguel Barella e Eduardo Amarante entre 1980 e 1981. O grupo, seminal pioneiro no Brasil do movimento "new-wave", incorporou elementos da música eletrônica e minimalista, fazendo amplo uso de ícones e de cenografia que auxiliavam na disseminação de novíssimas idéias e conceitos musicais no universo musical Electro-Pop emergente na década de 80.
O AGENTSS estava em fina sintonia com a cena musical internacional, "sincronizado" com grupos e artistas tais como: Kraftwerk, Devo, Talking Heads, Gary Numan, The Residents, Bauhaus, The B-52's, The Cure, Blondie, Television, Brian Eno, Robert Fripp, etc.
Em pouco tempo se tornou um "cult" entre os jovens em São Paulo, levando uma legião fiel de apreciadores que lotava os locais onde a banda se apresentava. A primeira apresentação foi realizada em 25 de setembro de 1982. Com apenas cinco shows no período de um ano, deixaram uma impressão marcante na cena local. Os músicos primavam pela qualidade em suas raras performances, o que dificultava um maior número de apresentações, pois não contavam com apoio de gravadora ou patrocínio.
AGENTSS gravou dois compactos, o primeiro em 1981, uma produção independente que incluía as músicas Agentes e Angra. O segundo, em 1983, foi lançado pela gravadora W.E.A. contendo as músicas Professor Digital e Cidade Industrial, com produção de Pena Schmidt (relançado em CD - Geração anos 80 - coletânea Warner em 2000).
O grupo se desfez amigavelmente no final do ano de 1983, por razões filosóficas. Como o cometa Halley que aquela época se aproximava da Terra, o AGENTSS passou rápido, deixando em seu rastro cósmico impressões marcantes nos olhos, ouvidos, corações e mentes dos que foram privilegiados em conhecê-lo.
Além das quatro canções (Agentes, Angra, Professor Digital e Cidade Industrial), o AGENTSS contava com um repertório de 20 a 30 músicas, e 1000 idéias em andamento. Os registros dessas idéias praticamente não existem. Os poucos que permanecem são extremamente rudimentares. Gravados em fitas cassetes e similares, não permitem uma publicação decente, apesar da capacidade imensa da tecnologia atual. No entanto, algumas dessas músicas podem vir a ser trabalhadas futuramente. Talvez sejam recuperadas atingindo um padrão mínimo de qualidade, tornando possível uma publicação.
No quesito tecnologia, o AGENTSS, também se adiantava. Apesar de não contarem com apoio de técnicos à altura dos conceitos "exóticos" que o grupo buscava. Os próprios músicos "se viravam" para conseguir obter o melhor resultado possível. Para isso uniam talento, disciplina e muita criatividade.
Quando a "nave-mãe" AGENTSS partiu, seus "A g e n t e s" se espalharam para continuar seus caminhos das formas mais diversificadas. Miguel Barella formou o grupo "Voluntários da Pátria". Eduardo Amarante e Thomas Susemihl formaram o grupo "Azul 29" (também presente no CD - Geração anos 80 -). Posteriormente, Eduardo juntou-se a Guilherme Isnard (ex-Voluntários da Pátria) e formou a banda Zero. Kodiak Bachine seguiu solo...

Fonte: http://www.kodiakbachine.com/site/agentss.htm




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Snooze – Spanish Bombs
Jesus & the Groupies – Regina

Devo – Fresh
Arcade Fire – Half Light II ( No Celebration )

Ethiopia – Minha vida em suas mãos
Agentss – Cidade industrial
Muzak – Teu coração
Smack – Sete nomes

Venus Voltz – The lover was a faker
Venus Voltz – In gold we trust
( Drop Loaded )

Pantera – Fucking Hostile
Fear Factory – Demanufactury
Paradise Lost – The last time

Mistery Jets and esser – Imbetween days
Lostprophets – Boys don´t cry
Marmaduke Duke – Friday I´m in Love
Dinosaur jr. – Just like heaven
Editors – Lullaby
The Get up kids – Close to me
The Cure – Catch me

Sex Pistols – pretty vacant
Ramones – Now I wanna sniff some glue
The Jam - Slow down
London – Everyone´s a winner
Eddie & The Hot Rods – I might be lying
Ultravox – Young Savage
The Runnaways – cherry bomb
Stinky Toys – Boozy creed

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Max Cavalera, uma entrevista


Brendan Crabb, do PyroMusic.net, recentemente conduziu uma entrevista com o guitarrista e vocalista Max Cavalera (SOULFLY, CAVALERA CONSPIRACY, ex-SEPULTURA). Confira alguns trechos da conversa abaixo.

PyroMusic.net: O novo álbum do SOULFLY, "Omen", é o trabalho mais agressivo e “na sua cara” da banda em algum tempo. O que motivou você nesse álbum?

Max Cavalera: “Bem, eu sempre gostei de bandas que, quando envelheceram um pouco, ficaram mais pesadas. Existe apenas um punhado dessas, mas eu fui motivado por isso. Eu tive uma chance de fazer isso com a minha própria banda, então eu decidi que no 'Dark Ages' [2005] o SOUFLY ficaria mais pesado. 'Conquer' [2008] foi ainda mais pesado, e então 'Omen' é agora novamente ainda mais pesado e mais agressivo e também tem um pouquinho mais de influência hardcore, trazendo esse lado ao álbum também."

"Então foi apenas o que nós quisemos fazer e nós só meio que deixamos o álbum tomar a sua própria forma e as canções foram saindo assim. No fim, nós tínhamos um álbum realmente brutal. Nós podemos tocar tudo, porque tudo foi feito por nós, não há realmente computadores envolvidos ou sintetizadores nem nada dessa merda, são só pessoas tocando instrumentos, então nós poderíamos tocar aquela merda toda ao vivo. Então é muito bom, porque nós tocamos um monte dessas canções ao vivo e a resposta tem sido realmente boa para o novo álbum.”

Desde os primeiros dias do Sepultura em diante, você nunca escondeu suas influências punk e hardcore. Ainda é o mesmo grupo de bandas que te inspira nesse aspecto?

Max Cavalera: “Sim, basicamente. Tipo, um monte de coisas européias, DISCHARGE, GBH e THE EXPLOITED, e hardcore americano de Nova York, como SICK OF IT ALL, AGNOSTIC FRONT, CRO-MAGS, sabe? Essas são as bandas que eu cresci ouvindo e elas ainda me influenciam nesse momento. Eu amo esse tipo de... por exemplo, a primeira música do álbum, 'Bloodbath and Beyond'. São só três riffs, mas tudo o que você precisa numa canção como aquela são três riffs viscerais e a mágica está lá. Essa é a beleza do hardcore.”

Vocês são uma banda conhecida pelas colaborações, e o novo álbum também tem dois fortes convidados, Greg Puciato, do DILLINGER ESCAPE PLAN e Tommy Victorm do PRONG. Quando você reflete a respeito do catálogo do SOULFLY, quais são suas colaborações favoritas?

Max Cavalera: (Pausa) “Oh, são muitas, cara. O Chino [Moreno] dos DEFTONES é ótimo, nós fizemos algumas coisas com ele. Tom Araya [SLAYER] em 'Terrorist', do ‘Primitive’ [2000]. Sean Lennon, também no ‘Primitive’, aquilo foi bem incomum, realmente diferente, muito legal. E no último álbum, ‘Conquer’, tivemos David Vincent, do MORBID ANGEL, uma das bandas de que eu gosto muito da era death metal. Então eu envolvi o SOULFLY com o death metal também. Então todas essas grandes colaborações, eu realmente amo essas colaborações. No novo álbum nós temos a canção com o Greg, 'Rise Of The Fallen', e 'Lethal Injection', com o Tommy, do PRONG. Realmente artistas matadores para se trabalhar, então eu estou tão satisfeito, e vou fazer mais. Eu adoro essa ideia de colaborações nos álbums – quanto mais, melhor.”

Eu sei que nos últimos anos você tem sido crítico sobre o seu trabalho com Fred Durst, do LIMP BIZKIT, em "Bleed", do primeiro álbum, auto-intitulado [de 1998] from your self-titled debut. Há alguma colaboração na qual você esteve envolvido da qual agora se arrepende?

Max Cavalera: “É, o Fred Durst, você sabe, se revelou um idiota mais tarde, mas na épica em que ele fez aquilo ele era legal. Ele não era superfamoso, e a idéia de usá-lo partiu do produtor Ross Robinson. Ele era amigo do LIMP BIZKIT. Eu não conhecia a banda, eu só tinha uma vaga na canção ‘Bleed’ e ele disse que algum cara aí podia dar uma ‘rapeada’ em cima dela. Então eu disse, ‘Tudo bem, legal’. Eu não sabia quem era o LIMP BIZKIT e então, tipo, um ano depois eles eram a maior banda do planeta. Ele também virou um idiota, você sabe, então eu fiquei meio 'Oh, bem, eu agora tenho esse cara no meu álbum. Naquela época eu não sabia... se fosse hoje, eu provavelmente não o usaria.”

Recentemente vimos relatos de que você estaria aberto à possibilidade de que a formação clássica se reunisse para uma turnê, mas supostamente as negociações estagnaram. Você pode lançar alguma luz sobre isso, talvez?

Max Cavalera: “Sim, o negócio foi que o Andreas [Kisser, guitarrista do SEPULTURA]... Eu achei que o momento era bom, teria sido uma boa época para uma reunião, todo mundo está vivo, todos estão aqui. Então eu apenas decidi ligar para ele, eu mesmo, para ver se conseguíamos que essa reunião acontecesse. Um monte de gente queria ver isso, incluindo meus filhos, minha família, um monte de amigos.Eu sei que muitos amigos no mundo inteiro queriam ver essa reunião, eu pensei que seria uma boa coisa. Então eu liguei para ele e a coisa não foi a lugar nenhum. Ele só tinha muitas demandas, algumas coisas irreais, não era... parte das coisas não era nem negociável. Então eu apenas meio que desliguei o telefone e disse ‘Vou tentar depois, alguma outra hora’. Então meio que... pelo menos eu tento, pelos fãs. Eu tentei o meu melhor para conseguir que a reunião fosse adiante, mas não pude fazê-lo porque o Andreas não quis, sabe? Então temos que esperar até a próxima vez.”

Então você vai tentar de novo daqui a alguns anos?

Max Cavalera: “É, vamos ver o que acontece dentro de alguns anos, talvez ele mude de idéia e seja mais tranquilo a respeito.”

Traduzido por Gabriel Costa

PyroMusic.net

terça-feira, 27 de julho de 2010

Entrevista com Juninho - RDP, Discarga, Eu serei a Hiena ...


-O Ratos de Porão teve algumas novidades de um tempo para cá, como o relançamento do Crucificados pelo Sistema (2009), Guidable (2009), entre outros. Comente um pouco sobre os lançamentos mais recentes do Ratos.

Realmente tivemos algumas coisas acumuladas nesses últimos tempos, e além desses 2 lançamentos que você citou, ainda tem o DVD ao vivo que gravamos no Circo Voador a uns anos atrás que finalmente irá sair em 2010.
O Crucificados foi lançado na Espanha pelo selo Beat Generation, saiu em LP gate fold, com fotos extras, ficou bem bonito, daí aqui no Brasil o Boka lançou em CD pelo selo dele, a Pecúlio Discos. Este relançamento foi pelos 25 anos da primeira prensagem original do disco.
Agora falando sobre o Guidable, é um filme que mostra a trajetória da banda desde o início, com muitas entrevistas e muitas imagens de todas as épocas da banda. Quase todo acervo é do Gordo, daí com a iniciativa do pessoal da Black Vomit o filme vai sair em maio de 2010.
Em várias cidades do país o filme já foi exibido, agora o DVD irá sair duplo, contendo um disco extra com mais de 5 horas.
E este último que comentei, sobre o show no Circo Voador, lá no Rio de Janeiro, foi gravado em 18 de novembro de 2006. De lá pra cá tivemos muitos problemas com o lançamento dele, rolos de edição, gravadora, mas agora está na reta final e vai ser lançado até o fim do ano pela Monstro Records.

-O Ratos de Porão tem algum novo projeto em mente, como algum novo CD, DVD, etc?

Acabamos de gravar, agora em abril de 2010, umas músicas que sairão em um LP split com a banda Looking for a Answer da Espanha, e será lançado nos Estados Unidos e Espanha em LP e aqui no Brasil em CD.
Fora isso temos em mente gravar um disco novo, mas ainda não temos nem idéia de data para lançamento. Já temos algumas músicas prontas, tão bem legais, mas o ritmo está um pouco lento mesmo pelas outras ocupações de todos da banda, fora que o Boka mora em Santos, já complica um pouco pra ensaiar, mas vamos ver se até o final desse ano já vamos ter bastante coisa adiantada.
Sobre lançar um DVD novo não pensamos nisso, pois está pra sair esse ano 2 DVDs, então já é o suficiente.

-Fora o Ratos de Porão você também faz parte do Discarga. Fale um pouco sobre os projetos mais recentes do Discarga e os próximos planos.

Eu toco no Discarga desde 2001, antes mesmo de ter entrado no Ratos, e a banda está bastante na ativa, tocando muito, e já temos 3 turnês na Europa, rolês pelo nordeste do país, tá rolando legal.
Nosso último disco saiu em 2008, chama "música pra guerra", aqui foi lançado pela Läjä, e na Alemanha em vinil pela Thrashbastard Records de Berlim. Nesse mesmo ano fizemos 45 shows na Europa, divulgando bem esse disco por lá, e quando voltamos pra cá já tinham quase acabado os CDs, então foi um disco que deu bem certo e estamos bem felizes.
Eu pretendo fazer um disco novo do Discarga pra 2011, e fazer turnês fora também, queremos tentar fazer uma nos Estados Unidos, vamos ver o que rola.

-Para encerrar fale um pouco sobre cada banda que você já tocou, e se você toca em mais alguma atualmente (fora o Ratos e Discarga).

Fora o Discarga eu também toco em mais 2 bandas, são elas o Eu Serei a Hiena e O Inimigo. Com o Hiena tocamos mais aqui por SP mesmo, muitos shows de dia de semana, e tá rolando legal, o som é instrumental e conseguimos atingir um público diferente do hardcore. O Inimigo é uma banda mais antiga, ficou parada por um tempo e agora em 2010 voltamos a tocar com uma formação nova, que até o Fernando do CPM22 está com a gente. Nessas banda eu toco guitarra, já é uma outra experiência.
Enfim, é banda demais, músicas demais, mas eu gosto de viver assim, sempre me dou um jeito de ter tempo pras bandas e estão todas rolando legal.
Além dessas bandas você me perguntou das minhas bandas antigas, foram muitas, e dessas algumas que quase nunca tocaram. Posso citar aqui o Self Conviction, Rethink e Point of no Return como as mais importantes, pois com essas eu gravei discos, tocamos muito por aqui e fora do país.

Fonte: Making the music

por Àlvaro Ramos

sexta-feira, 23 de julho de 2010

# 154 - 23/07/2010

Zefirina Bomba – A outra trilha de sumé
The Renegades of punk – Tenho certeza que a vingança será doce
The Baggios:
• O Azar me consome
• Can´t find my mind
• Canção dos velhos tempos

Entrevistas com:
• The Baggios
• Zefirina Bomba
+ Não – Zefirina Bomba

The Cigarretes – Addictions
(Drop Loaded)

Contra La contra – Kupalski vjanok
Tectonic – arhaic
Gride – Lobotomie virou
Gurenica y luno – antypatriota
(por Juliano Mattos)

Venus Volts – In the palm of your hand
The Name – Can you dance, boy
Cassim – This place called feeling
Motherfish – Superdreams last all Summer long

Arnaldo & Patrulha do Espaço – Sexy sua
Mustang – Dez Horas da manhã
Casa Flutuante – Paredes
Guilherme Lamounier – Capitão de papel

Sarcófago – Sex, drinks and metal
Mystifier – Satanic lust
Pathologic Noise – Satanas
Impaled Nazarene – The Black Vomit
Satyricon – INRI
Mysteriis – Nightmare


Havia um grilo na cabeça - O cantor e compositor Guilherme Lamounier perdeu dias de glória para a esquizofrenia.

Da Carta Capital, por Pedro Alexandre Sanches

Enrosca o meu pescoço, dá um beijo no meu queixo e geme/ o dia tá nascendo e nos chamando pra curtir com ele. Cíclicos, esses versos ganharam o Brasil em 1982, na voz romântica de Fábio Jr., e de novo em 2000, na versão infanto-juvenil da dupla Sandy & Junior. Haviam aparecido antes ainda, em 1977, quando Enrosca integrou a trilha sonora da novela Locomotivas, da Globo, na voz segura e inclinada ao soul do autor, um rapaz chamado Guilherme Lamounier.

“Ele era muito, muito, muito talentoso”, avalia Luiz Cláudio Ramos, arranjador do disco Guilherme Lamounier (Continental, 1973) e atual maestro de Chico Buarque. “Eu estava pensando outro dia que só duas vezes fiz discos com orquestra, de big band. Um foi o do Guilherme, e o outro foi o mais recente do Chico (Carioca, de 2006).” Apesar de Lamounier estar vivo, Ramos usa o verbo no passado porque desde 1985, o músico está desaparecido do circuito musical.

Hoje, com 59 anos, Lamounier vive no bairro onde nasceu, Copacabana, em companhia da mãe, a cantora lírica e professora de canto Sílvia Lamounier (o avô materno, Gastão Lamounier, foi compositor de valsas e tangos gravados nos anos 1930 por Silvio Caldas, Carlos Galhardo e Augusto Calheiros). Ele ainda toca violão e compõe, mas não dá entrevistas, vive solitário, anda sujo e desarrumado. São efeitos da esquizofrenia, de que já sofria no tempo todo em que criou as canções pop ternas, suaves e amorosas que o fizeram quase famoso nos anos 1970. “Guilherme não para quieto, acha que está sendo perseguido. A vida dele é um inferno. É uma tristeza muito grande, ele tinha de se tratar e não se trata”, lamenta Ramos.

“Ele não aceita, acha que é normal e se irrita se você o contesta”, afirma outro ex-parceiro, o compositor Tibério Gaspar, coautor de todas as canções do disco de 1973, cultuado até hoje pela mistura original que estabeleceu entre psicodelia, country rock, soul e rock rural, em pequenos clássicos pop obscuros como Será Que Eu Pus um Grilo na Sua Cabeça? e Os Telhados do Mundo.

“Uma vez, ele me disse que estava chegando da Bahia, onde tinha ido visitar seus netinhos. Tinha descoberto que foi Maria Bonita na outra encarnação”, conta Gaspar, autor de sucessos como Sá Marina (gravada por Wilson Simonal em 1968) e BR-3 (vencedora do Festival Internacional da Canção de 1970, na voz de Toni Tornado), ambas em parceria com Antonio Adolfo.

Promessa de cantor-galã arquitetada pelo controverso agitador cultural Carlos Imperial (que antes orientara Roberto Carlos, Elis Regina, Simonal e Erasmo Carlos), Lamounier também participou daquela fatídica edição do festival da Globo. Defendeu Conquistando e Conquistado, composta por Imperial em dupla com o colunista social Ibrahim Sued, mas não teve chance em meio ao levante de black power à brasileira que se ensaiava naquele festival (e que foi pronta e brutalmente reprimida pela ditadura).

“Imperial ficou enfiando na cabeça de Guilherme que ele ia ser a grande sensação do festival, mas a música não era grande coisa. Começou a cantar e começou a ser vaiado. Ficou desesperado, se esgoelou sem ouvir a própria voz”, documenta Denilson Monteiro, autor da biografia Dez! Nota Dez! – Eu Sou Carlos Imperial (Ed. Matrix, 2008). “Não via que atrás dele estava Imperial, fazendo palhaçadas vestido de xamã, numa fantasia do Cacique de Ramos. Com aquilo Guilherme teve uma crise, foi internado. Imperial tinha uma postura às vezes muito agressiva, dava altos esporros no Guilherme.” Gaspar completa: “Aquilo foi ruim para a cabeça dele. Passou a ter percepções, recebia esse índio. Foi o começo, um gatilho.”

Imperial foi o mentor do primeiro LP, Guilherme Lamounier (Odeon, 1970), fortemente influenciado pela onda black – que o produtor queria apelidar “som livre”. Um dos arranjadores era o mais tarde mundialmente respeitado Dom Salvador, e havia ali um funk que no mesmo ano se tornaria bem mais conhecido na versão de um dos autores, Tim Maia. À época, segundo Denilson Monteiro, Tim e Lamounier moravam no apartamento de Imperial, onde o funk foi criado. “Imperial não gostava de maconha, e Tim e Guilherme criaram um código para falar em dar um tapa no baseado: ‘Vou ver Cristina’. Aí nasceu Cristina”, diz o biógrafo.

Monteiro guarda um depoimento de Tim Maia sobre Lamounier, que foi ao ar pela rádio Globo AM em 1995. “O mais injustiçado de todos é o Guilherme. Ele pirou total. O pessoal tinha de chegar e ajudar o Guilherme, mas ninguém ajuda”, reclamava o cantor, três anos antes de morrer.

Amigo de Tim, Fábio Jr. foi um dos que mais ajudaram, indiretamente. Além de Enrosca, transforma em sucesso nacional outras duas delicadas composições de Lamounier: Seu Melhor Amigo (você é linda como uma flor do campo/minha menina, eu te amo), em 1981, e Seres Humanos (você também tem todo direito/de ser alguém nessa vida), em 1982. “Fábio aprendeu a cantar com Guilherme”, diz Gaspar. Os direitos autorais vindos das gravações e regravações de Fábio e Sandy & Junior são importantes para a subsistência de Lamounier.
Como Fábio, ele foi ator antes de se consolidar cantor, numa passagem extraordinária de sua biografia. Aos 19 anos, atuou num filme norte-americano chamado The Sandpit Generals, de Hall Bartlet. Trata-se de uma adaptação cinematográfica do romance Capitães de Areia, de Jorge Amado, que Lamounier interpretou o menor abandonado Gato. Rodado na Bahia, o filme tinha, na parte brasileira do elenco, os também músicos Dorival Caymmi, Eliana Pittman e Aloysio de Oliveira. A trilha era de Caymmi e Lamounier.

No YouTube encontram-se cenas improváveis do filme, dubladas em russo, pois a produção venceu um festival na então União Soviética e é objeto de culto por lá. The Sandpit Generals foi lançado nos Estados Unidos em 1972 e até hoje jamais exibido comercialmente no Brasil.

O filme guarda em comum com Lamounier o fato de ter ficado perdido na poeira do tempo. O músico não grava um disco desde 1978, quando a Som Livre emplacou o sucesso modesto de Serenatas Perfumadas com Jasmim, mais um tema sereno como seu criador nunca foi. Nos dois casos, a internet veio ajudar a quebrar o silêncio e o esquecimento. Guilherme Lamounier é reverenciado em sites, blogs e redes sociais, que disponibilizam para download a íntegra de sua obra, de LPs e compactos jamais reeditados no circuito comercial. Será que ele pôs um grilo nas nossas cabeças?

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(wikipedia) Sarcófago foi uma das primeiras bandas de metal extremo a surgir no Brasil, em 1985, no estado de Minas Gerais. Primeiramente não rotulavam-se a nenhum estilo de música em si, mas caracterizavam-se por fortes tendências anticlericais em suas letras e uma atmosfera musical pesada. Suas primeiras aparições datam da primeira metade da década de 80, junto com outras bandas mineiras de metal, como Chakal, Holocausto e Sextrash, que já apresentavam-se nas cidades da região. A formação mais famosa e clássica contava com Antichrist nos vocais, Butcher na guitarra, Incubus no baixo e D.D. Crazy na bateria. O baterista Leprous fez parte da gravação da coletânea Warfare Noise lançado pela Cogumelo Records em 1986. A gravação do Sarcófago traz sua primeira demo-tape, com elementos que levariam a banda ao patamar de clássicos no estilo. Era uma sonoridade era inovadora para a época, com guitarras pesadas, sujas e rápidas assim como um estilo de bateria conhecido como beat blast, pouco usado na época - apenas bandas "gringas" como o Nuclear Death, Napalm Death e Fear of God usavam a técnica. O visual também fazia parte do contexto, brutal e chocante, como demonstram as fotos de seu primeiro álbum em estúdio, feitas em um cemitério, usando enormes braceletes de pregos, cintos de bala de fuzil e a pintura facial conhecida algum tempo depois como corpse paint. Mais tarde, após a divulgação underground de seu primeiro álbum Inri de 1987 e a consolidação no exterior, o Sarcófago ficou sendo reconhecido como uma banda de black metal e death metal.

O vocalista e guitarrista "Antichrist", o pseudônimo de Wagner Lamounier, fez parte da primeira formação do Sepultura e escreveu em parceria com Max Cavalera a música "Antichrist", que foi inserido no EP Bestial Devastation. Hoje em dia, Wagner Lamounier é professor de ciências econômicas na UFMG. Outro integrante importante da primeira formação é Geraldo Minelli, baixista e compositor. Atualmente trabalha com o ramo de joalheiria. Em todo o cenário do metal extremo mundial, o Sarcófago ocupa uma posição privilegiada, graças à sua trajetória de álbuns "fiéis" ao estilo que se propunha.

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Entrevista com The Renegades of punk
por Adolfo Sá
fonte: VLB

Viva La Brasa - Dani, como você aprendeu a tocar guitarra?
Daniela Rodrigues - Eu me interessei em guitarra e rock ao ver na TV as L7 tocando no Hollywood Rock em 93, no Rio de Janeiro. Vi aquilo e pensei: ‘Que foda! Eu também quero fazer isso aí!’ Parece bobo, mas foi assim pra mim. Depois de ficar com isso só pra mim e eventualmente comentar com alguma coleguinha de escola que ouvia os mesmos sons que eu, tomei coragem de pedir pro meu pai me ensinar. Detalhe: meu pai smpre tocou violão popular, já teve banda, já tocou na noite e etc. Mas como ‘em casa de ferreiro espeto é de pau’, ele não me deu ‘aulas’; me passou uns toques e disse pra eu me virar. Foi a primeira vez que me deparei com o ‘faça-você-mesmo’, mesmo sem saber que isso seria uma constante na minha vida.

VLB - Daí vieram as primeiras bandas, Lily Junkie, Triste Fim de Rosilene e Rever...
DR - A Rever surgiu no tempo que sobrava no final dos ensaios da Triste Fim de Rosilene. A TFR era Alex, Ivo, eu, Babalu e Luiz. Quando restava um tempinho no final eu ia pro baixo, Alex fazia umas músicas simples e mais old school na guitarra e Ivo ia pra bateria. Assim tomamos gosto e começamos a ensaiar mesmo, separados da TFR. Surgiu essa outra banda que era vegan/straight-edge e as letras falavam basicamente disso, junto a outros temas políticos.

VLB - Onde estão os integrantes dessas bandas, hoje?
DR - O Babalu hoje em dia mora em São Paulo, estuda música e toca na Gigante Animal. Alex se dedica a uma vida saudável e às gravações. Luiz toca na Snooze. Eu na Renegades e Jezebels e Ivo na Renegades e Karne Krua.

VLB - Chegaram a gravar algo?
DR - Nós gravamos com a TFR uma demo chamada ‘A Verdade É a Maior Mentira que Existe’, um split com a banda amiga e baiana Mais Treta e a capixaba Ofensa. Além disso temos uma gravação inpedita de um material que não chegou a ser lançado. A Rever tem também uma demo, um 3-way com a Ternura (ES), Cätärro (RS), além de ter algumas coisas inéditas gravadas de splits que deram errado ou materiais que não chegaram a ser lançados.

VLB - Apesar de ter menos de 3 anos, a Renegades é uma das bandas daqui que mais tocou fora, sudeste e nordeste quase inteiros...
DR - A gente tinha tocado em Salvador algumas vezes, além daqui é claro. Mas ano passado fomos pra uma tour no sudeste e passamos por Rio de Janeiro (RJ), Sorocaba (SP), 3 shows em São Paulo (SP), Campinas (SP) e São Caetano (SP). Isso foi no mês de outubro. Em dezembro fomos daqui subindo: Maceió (AL), Recife (PE), João Pessoa (PB), Mossoró (RN), Fortaleza (CE) e Natal (RN).

VLB - A RxOxPx sempre toca c/ outras bandas veganas, e o Ivo costuma usar camisetas pró-vegan. Apesar disso, vc não fica falando sobre vegetais nas letras... É intencional ou já rolou música sobre matança de animais e tal?
DR - Já rolou. Sempre rolou e acho que sempre vai rolar. Talvez o lance seja que na Renegades algumas letras não sejam tão explícitas. Tem uma música, que está no 5-way que está p/ ser lançado, que se chama ‘Everybody Stops and Stares’ e fala de animais. A Jezebels também fala. A banda é um trio, lá somos duas veganas. Na Renegades somos todos veganos. Estamos na 3ª formação e todas foram veganas. Nunca propositalmente, mas sempre foi assim. Daí acaba sendo inevitável que a gente fale nisso. Afinal de contas isso é parte de nós, de nossas vidas. É algo que acreditamos e sobre o qual nos posicionamos sempre que preciso.

VLB - Você e o Ivo namoram há anos e sempre tocaram juntos. Até o mestrado fazem juntos. Como é esse convívio quase 100% do tempo?
DR - Eu já tive banda sem Ivo e ele idem. Acontece que desde que nos conhecemos, por termos muito em comum, temos vários projetos e realizações conjuntas. Nada planejado, apenas acabou rolando assim. Acho que pra gente esse tipo de relação funciona legal. Somos muito conectados, mesmo mesmo. Daí o convívio é tranqüilo. Óbvio que às vezes brigamos, mas muito mais por motivos banais do que outra coisa. E é coisa rara de acontecer. Temos nossa independência também, nossa individualidade. Tocamos com outras pessoas também. Somos normais, mesmo não aparentando.

VLB - Vocês estudam sociologia. Em que isso influencia nas letras da banda?
DR - Acho que inicialmente as bandas influenciaram-nos pra estudarmos sociologia. Depois acabou que a sociologia me fez entender melhor o mundo, as instituições e a vida em sociedade. Me mudou como pessoa também. Isso é refletido, sem sombra de dúvidas, nas letras. E mais recentemente nosso objeto de estudo, a técnica, nos fez abrir novos horizontes, novas perspectivas sobre a sociedade, o mundo e inclusive algumas posturas que até então eu tinha, por exemplo. Tudo isso entra, mesmo que de forma inconsciente, nas temáticas, nas letras. As últimas coisas da Renegades tem um quê meio caótico, falam sobre mecanização, tecnicização da vida, etc. Tudo reflexo (também) dos nossos estudos.

VLB - Ivo, o quanto tocar na Karne Krua influencia em seu trampo na Renegades?
Ivo Delmondes - Sonoramente acho que apenas na simplicidade das músicas mesmo. Ainda assim, como escuto Karne Krua desde que comecei a curtir som desse tipo, a banda está cravada nas minhas referências e portanto é uma influência de uma forma ou de outra. Talvez até mais do que a própria banda em si, o Sílvio (vocalista da KK) é uma pessoa que eu estimo bastante, e é uma espécie de anti-herói de carne e osso que representa muito do que eu entendo por punk.

VLB - Vc tb. faz um trampo gráfico bem legal na RxOxPx...
ID - Eu sempre vi a parte gráfica dos discos como algo que é complementar a música. A arte gráfica também pode expressar sensações e provocar reações tanto quanto, ou até mais do que certas músicas. Eu sempre gostei muito de ficar observando a estética dos discos, me apropriar de certas idéias e formatos pra tentar utilizar com minhas bandas. Na medida em que comecei a querer lançar material das bandas que eu tocava, também comecei a me envolver no processo de criação gráfica. A necessidade de fazer artes fiéis ao conteúdo que a gente queria expressar acabou criando esse ambiente onde eu sentia a obrigação de dar o melhor de mim pra manter uma certa integridade do material como um todo. Esse ambiente, por assim dizer, me acompanha até hoje quando eu faço cartaz pros shows que a gente organiza, pras camisetas ou pros discos. As artes da ROP estão situadas num background punk mesmo, que é minha principal influência sonora e estética. No segundo material que lançamos, o split com os mossorenhos da Mahatma Gangue, fizemos uma parceria de design meu com os desenhos horrivelmente bons do Raphael lá de Fortaleza, comparsa das duas bandas. Também já fizemos parceria com o Thiago Neumann (Cachorrão), que é um artista dos mais talentosos que eu conheço, tem desenhos inacreditáveis. Em suma, até mesmo nas artes gráficas prezamos por esse tal de faça-você-mesmo que a gente se identifica tanto. Procuramos nas artes simplicidade, provocação, cinismo e nos aliamos a pessoas que também vêem beleza nisso.

VLB - Dani, aquela guitarra que vc usa é Fender?
DR - Não. Eu uso uma cópia discarada da Fender Telecaster, uma Tagima. E adoro minha Tagima.É uma guitarra que me fez ficar super confortável, me encontrei com ela. Acho que cheguei na ‘minha sonoridade’, sabe?

VLB - E pedais?
DR - Uso um overdrive da Boss, o OS-2, e recentemente adquiri um Dan Echo, um delay da Danelectro, marca da qual sou fã. Quem sabe um dia, mas por enquanto meu set simplezinho como é tá bom demais pra mim.

VLB - E a Jezebels, ahn? Eu sou fã...
DR - The Jezebels é algo que eu vim fomentando há um tempo. Sempre tive um lance forte com bandas femininas e depois que a Lily Junkie acabou fiquei com uma vontade imensa de fazer algo só com garotas novamente. É uma dinâmica diferente ter banda com caras e com minas, ao menos minhas experiências me mostraram isso. Daí depois de ficar procurando outras meninas com o mínimo de afinidade e que topassem tocar rock, encontrei Paula (que eu já conhecia há um tempo) e Paloma.

VLB - Jezebel é um nome bíblico. Vocês se inspiraram na rainha que mandou matar o profeta Elias e morreu devorada por cães?
DR - Quando nos juntamos e começamos a fazer nosso som e precisávamos de um nome, lembrei de uma idéia que eu tinha há bastante tempo: tirar o nome da banda da gangue de minas do filme SWITCHBLADE SISTERS (‘Faca na Garganta’ em português). Paula já estava mais do que por dentro da história e curtia o filme também. Paloma foi apresentada à idéia e curtiu geral. Ficou o nome e, de certa forma, o conceito. Jezebels não é só o nome de uma gangue; tem a ver com a condição de mulher da qual nós três não podemos fugir. Tem a ver com insubmissão, insurgência, imoralidade, e por aí vai... Mas tem uma conotação bíblica sim. A rainha Jezebel é uma das piores vilãs do Antigo Testamento, hahahaha.

VLB - A maior parte das músicas das Jezebels é em inglês, mas vcs têm pelo menos uma em português e uma em francês (!)...
DR - Paula é poliglota, garota prodígio total, orgulho de todas nós. Ela fala francês e acabou escrevendo uma letra em francês, nos juntamos e fizemos a música pra ela. Rolou. Eu confesso que tenho uma dificuldade grande em escrever em português pra coisas mais melódicas como as músicas da Jezebels. ‘Amigas’ eu tinha aqui guardada há tempos e foi muito difícil finalizá-la. Nunca me sentia confortável com ela. Quando você tá gritando algo rápido, agressivo, não importa muito qual o idioma, sabe? Então, pras outras bandas e pra Renegades, que apesar de ser punk rock tem músicas bem rapidinhas, fica mais fácil fazer algo em português... Não sei, flui. Mas pra Jezebels acabei escrevendo mais em inglês, acho que tem mais a ver com o som. Por outro lado, se eu me soltasse mais não veria problema nenhum em escrever e cantar em português. A gente vai fazendo as coisas espontaneamente. Quando funciona, pode ser inglês ou português, forçar é que é chato.

VLB - Qual seu prato preferido?
DR - Sendo vegan, qualquer um. Mas principalmente minha lasanha, bobó, feijoada, hummmmmm.

VLB - Espaço aberto pra falar o que quiser – pode mandar recado, desabafar, reclamar ou até me xingar...
DR - Valeu demais Adolfo pelo apoio, atenção e carinho com a gente. O Viva La Brasa tem um papel fundamental na divulgação do underground sergipano. Vamos manter essas coisas boas ativas e por um bom tempo. Sergipe precisa, a gente precisa.

+ trechos de entrevistas com The Renegades of punk

REVISTA DOS VEGETARIANOS - Por que o nome Renegades of Punk? Vocês se sentem renegados?
Daniela Rodrigues - O nome veio meio sem pretensão, era uma brincadeira com a música ‘Renegades of Funk’ do Afrika Bambaataa, e tinha a ver com o clima meio outsider da gente. Como somos uma banda de punk rock, trocamos o funk por punk.

REVISTA DOS VEGETARIANOS - O que a caracteriza como punk?
DR - Acho que o punk está muito mais na forma de agir, de viver sua vida, do que no fato de você se dizer ou não. Eu acho que sou punk sim no sentido de que vivo minha vida de uma forma alternativa, na contramão do status-quo, entende?

REVISTA DOS VEGETARIANOS - Por que optou pelo vegetarianismo?
DR - O veganismo apareceu como uma via eficaz de combate, de vivência, de política. Sou vegana pelos animais. Acredito que o veganismo seja uma postura ética urgente.

CANIBAL VEGETARIANO por NK.Rock - 09/02/2010

CV - A Renegades tem aparecido bastante no cenário independente. Recentemente vocês estiveram em shows aqui no interior de São Paulo. Como foram esses shows?
DR - Nossa, foram bem legais. A gente tocou no sudeste com a Mahatma Gangue lançando nosso split no Rio de Janeiro e São Paulo, capital e algumas cidades do interior como Campinas, Bragança Paulista e Sorocaba. Nós curtimos muito esses shows. Tocamos na Loja Tentáculos em Sorocaba, a loja da Flávia (Biggs) e do Fábio (Pugna). Em Bragança tocamos no festival Cardápio Underground que queríamos muito conhecer! Foi foda, o local, as pessoas, as artes... Esse festival é organizado pelo Quique Brown do Leptospirose que é uma banda que a gente curte e respeita demais. E em Campinas no Bar do Zé, lugar foda. É massa tocar no interior e na capital, a gente sente as diferenças de tratamento e tal. O interior tem um algo a mais que a gente não sabe explicar, demais, um calor humano diferente. Mas o rolê como um todo foi massa. Não podia ter sido melhor!

CV - Qual a opinião de vocês sobre o atual momento do rock no Brasil? A estrutura de shows melhorou, o pagamento de cachês e o nível das bandas?
DR - Essa é uma discussão que tá na crista da onda, não é? Cena independente, pagar cachê ou não para banda, festivais e grupos chamados de panelinha e etc... Sinceramente, só posso falar do que vivo. E o que eu tenho experenciado tá mais ou menos na mesma. Digo isso quando falo de estrutura, dinheiro, organização. Minha experiência é no nicho punk, num âmbito menor, de shows menores. Num âmbito mais amplo não posso falar nada. Tem uma coisa estranha que vem rolando – e como disse acima, parece estar mudando – que é isso de as bandas estarem estranhas, poucos lugares para tocar, poucos eventos legais... Mas tem um monte de gente tentando mudar isso.

CV - Como você lida com o assédio, principalmente do público masculino? Ele rola de boa, o interesse é a música, ou ainda existem os chatos que ficam ‘marcando’ em cima?
DR - Hahaha, engraçado isso. Os dois. [...] Geralmente a galera que chega junto em show é mais pra tocar ideia, é raro alguém se ‘engraçar’ para meu lado, mas rola também. Acho que alguns também evitam porque inevitavelmente estou com meu namorado do lado, hehe.

POPFUZZ por Bruno J. - 17/12/2009

PF - Na sua opinião qual a importância dos coletivos no atual panorama cultural brasileiro?
DR - Acho legal quando as pessoas se juntam pra encontrar meios de realizar o que idealizam, o que acham relevante, etc. A criação de coletivos é uma das formas de organizar eventos, se mobilizar cultural e politicamente, e criar uma rede de cooperação para fins em comum. O problema que às vezes ocorre é que a ‘forma’ engole o ‘conteúdo’. Às vezes a preocupação excessiva com democracismos e consensos acaba por desmobilizar e atrapalhar ações que uma ou duas pessoas poderiam estar realizando de forma mais prática e dinâmica. Assim, acredito que os coletivos são uma forma de organização, mas não são a única e nem necessariamente a melhor. Estamos passando por um momento interessante nesse sentido, a quantidade de coletivos novos é enorme e espero que se estabeleçam de forma inteligente. Mas, independente da forma de organização, o importante é não parar de fazer acontecer.

PF- Por haver poucas mulheres no cenário hardcore e pela postura que a sua banda tem você sente que atrai a atenção de outras garotas para o hardcore?
DR - Nossa! Sinceramente? Eu gostaria! Hehe… É fato que existem poucas meninas, mas não só no hardcore e sim participando de uma forma mais geral, seja em banda, em zine, em coletivos… qualquer coisa. Sinto muita falta de ter outras garotas comigo neste barco e de ver, consumir coisas feitas por elas também. Mas fazer o quê? Eu já pensei em mil coisas, tentei enxergar mil caminhos pra isso mudar. Se eu acabar chamando a atenção delas, maravilha. Meninas, join me!

quinta-feira, 22 de julho de 2010

Eu já sabia ...

Quando eu soube que os Baggios iriam gravar seu primeiro disco “oficial” em São Paulo, num estúdio bacana e com auxílio “luxuoso”, o que veio à mente foi o mais óbvio dos pensamentos: “vem coisa muito boa por aí”. Expectativa corroborada pelas imagens, em fotos e videos, das atividades no estúdio, divulgadas pelo Orkut e youtube: Julico feliz “feito pinto no lixo” em meio a muitas guitarras, Perninha ajustando as peles da bateria com a ajuda do nosso “unforgettable” Babalu ... Pois bem, parte da expectativa se confirma hoje, com o lançamento virtual do primeiro single deste tão esperado “debut”. Trata-se de 3 músicas sendo que a primeira, “o azar me consome”, segue a velha escola do blues-rock com a já bem conhecida pegada da dupla infernal sergipana. Grande riff, grande perfomance vocal de Julico, com muita personalidade. Lá pelo meio da musica, uma paradinha a la White Stripes, com a diferença que Perninha é muito mais baterista que a gordinha simpática parceira de Jack White. No mais, duas novidades muito bem vindas: The Baggios tocando Cramps – tai uma boa idéia, com o perdão dos publicitários que inventaram o bordão para a “caninha 51”, e um som acústico, mais puxado para o folk, remetendo ao que de melhor foi feito no rock brasileiro dos anos 70, com direito a flautas e “slide guitar”. A letra e o vocal remetem a um Raul Seixas repaginado, mais “bluesy”. Valeu também o bom e velho barulhinho de agulha no vinil na abertura e encerramento.

Excelente “disco”, como era de se esperar.

por Adelvan Kenobi

Download do single:
http://www.mediafire.com/?l2y4nz2ynwkqyzc

Contatos:
juliododges@hotmail.com
gabriel.perninhacarvalho@gmail.com

Páginas na Web:

•Orkut: http://www.orkut.com.br/Main#Community.aspx?cmm=11476690
•Trama Virtual: http://tramavirtual.uol.com.br/artista.jsp?idp=831640
•MySpace: http://www.myspace.com/baggios
•Fotolog: http://www.fotolog.com/the_baggios
•YouTube: http://www.youtube.com/thebaggios
•Twitter: http://www.twitter.com/thebaggios

Letras:


01- O Azar me Consome (2:30)


As coisas não tão dando certo pra mim
As coisas não tão dando certo pra mim
Mas não vou desistir
Se eu não for...
Vai saber o motivo

As coisas não tão dando certo pra mim
As coisas não tão dando certo pra mim
Mas não vou desistir
Se eu não for
Sabe lá o motivo

Eu na esquina e um guarda a me parar
Procurando, mas com nada pra achar
O que vocês enxergam em mim
O que vocês enxergam em mim
Seja o que for, Seja o que for
Sabe lá o motivo


02- Can't Find My Mind (2:36)


I've got a black skin suit
Alligator shoes
Now I found success
And I paid my dues

Well everything is fine
But I can't find my mind

I've got a crystal ball
And a divining rod
Magnifying glass
And a pack of dogs

I looked up my sign
But I can't find my mind

Oh I hold alone
I had a private eye
Turnin a (?)
With the FBI
No matter what I do
I still can't find a clue


03- Canção dos Velhos Tempos (Jam Version) (4:16)


Veja quanto gente
Quanta histórias
Quanta coisa pra contar

O mal que eu poderia ter causado
Hoje sei como evitar

Bom estar do outro lado
Pra mais fácil entender
Poderia estar cansado
Mergulhado em mil porquês

Na canção dos velhos tempos
Que me dá vontade de chorar
NOta-se a dor e o sofrimento
Que o tal teve que passar

Estou em outra estação
Decidindo pra onde ir
Garanti meu ganha pão
Ahhhhhh!!

terça-feira, 20 de julho de 2010

Billy Corgan - uma entrevista

A Rolling Stone entrevistou recentemente o vocalista, guitarrista e único membro original do SMASHING PUMPKINS, Billy Corgan. O músico falou a respeito dos shows atuais da banda, que incluem poucos hits do passado, e negou a possibilidade de uma reunião com os demais membros da chamada "formação clássica", James Iha (guitarra), D'arcy Wretzky (baixo) e Jimmy Chamberlin (bateria). Confira abaixo alguns trechos da conversa, traduzida por Gabriel Costa* e publicada no site Whiplash!

Por que você está lançando faixas individuais ao invés de preparar um álbum inteiro?

Billy Corgan: "Isso remete de volta aos primeiros dias do rock and roll. Você é tão bom quanto a sua última canção, e eu estou mais ou menos OK com isso. Nesse momento, todo mundo gosta da minha nova canção, e a próxima eles vão odiar pra caralho, sabe? Um dia eu sou um idiota e no outro eu sou um gênio. E eu já fui [considerado] ambos, e eu provavelmente estou em algum lugar no meio. Eu provavelmente sou só um músico bastante bom."

"O que nós estamos buscando agora é presença perpétua. Eu acredito que este será o novo caminho. De um ponto de vista artístico, acho que é na verdade mais interessante porque você está naquela cinética constante para a frente e para trás como quando você era mais novo, num clube. A coisa do rock corporativo que foi imposta, particularmente ao longo dos últimos 30 anos, é muito contraprodutiva para a criatividade. Você entra num quarto escuro por um ano, e espera-se que produza alguma obra prima, depois saia em turnê até esgotar cada pessoa que potencialmente queira vê-lo, e depois de sair dessa, espera-se que você se esprema e faça tudo outra vez. Isso simplesmente não funciona."

Você ficou feliz com a recepção ao último álbum dos PUMPKINS [Zeitgeist, de 2007]?

Corgan: "Aquele álbum vendeu acima de 500 mil cópias, ganhou disco de ouro. Mas as pessoas não o escutaram. Agora, é o melhor álbum que eu já fiz? Não. Mas eu percebia que as pessoas não estavam ouvindo o álbum. No passado, se você lançasse um álbum, as pessoas ao menos conheciam a primeira canção. [Após lançar o último álbum,] Nós saíamos e tocávamos a primeira música e eu percebia que as pessoas não tinham ouvido nem a primeira música. Eu não vejo isso como um grande desapontamento. É decepcionante para mim que o que eu estava tentando comunicar não tenha recebido a chance de ser comunicado. É impressionante para mim que as coisas venham e vão e as pessoas nem mesmo sabem que elas aconteceram. Quando o HOODOO GURUS lançava um disco, eu pelo menos sabia que eles tinham lançado um disco. Agora eu vou até a loja e digo 'Oh! Essa minha banda favorita lançou um disco?' Porra, eu nem sabia! Porque eu não olhei o website certo."

Várias grandes bandas do passado reuniram-se sem escrever qualquer material novo.

Corgan: "Eu estive em contato com essas bandas, como fã, e, em muitos casos, como um colega. eu digo a elas, 'Por favor, escrevam novas músicas. Nós precisamos de vocês.' Quando eu trouxe os PUMPKINS de volta, eu deixei bem claro — é desse jeito ou de jeito nenhum. Se eu subisse no palco hoje à noite e houvesse 20 pessoas lá, eu mesmo assim não voltaria atrás e ligaria para ninguém que costumava fazer parte da banda. É isso. Acabou. Eu vou fazer uns filhos ou tocar a porra do ukulele. Eu nunca, jamais serei esse cara. E eu disse muitas coisas e voltei atrás, mas eu posso garantir a você que nunca serei esse cara. Simplesmente não está no meu DNA."

"Quando nós nos separamos em 2000, havia um grupo de pessoas que pensavam que o SMASHING PUMPKINS era uma banda muito importante, e havia o resto do mundo. Nós não tivemos um 'momento LADY GAGA'. Eu poderia lançar 40 músicas e eles continuariam dizendo 'É, não tão bom quanto 'Mellon Collie' ["Mellon Collie and the Infinite Sadness", disco clássico da banda, de 1995]. Metade desses babacas do caralho prefeririam nos ver tocando o 'Siamese Dreams' [1993] inteiro nessa turnê."

Muitos fãs são muito concentrados na formação original.

Corgan: "Naquela formação você tinha duas pessoas que podiam tocar com um alto nível de capacidade musical, e duas pessoas que não podiam. E de algum jeito aquilo funcionou. James e D'arcy e Jimmy... pessoas fascinantes. Jimmy, baterista de nível mundial. James, muito criativo quando ele queria. D'arcy tinha um senso intuitivo incrível. Mas aquela banda não foi feita para durar. Acredite em mim, se aquela banda ainda tivesse qualquer coisa a oferecer, não apenas eu o faria porque seria interessante criativamente, mas seria incrivelmente lucrativo financeiramente. As pessoas dizem, "Vamos lá, apertem as mãos no backstage e viagem em ônibus separados." Parte do meu ser e de minha pessoa espiritual é: eu não estarei numa banda com pessoas que não gostem de mim."

Você acha que esta encarnação da banda foi feita para durar?

Corgan: "Eu realmente espero que sim, e eu sou negligente em dizer isso, porque eu não sei. Coisas muito esquisitas já aconteceram comigo. As pessoas simplesmente enlouquecem ou coisa do gênero. Nesse momento, eu me sinto tão bem quanto na antiga banda, em termos de nossa, tipo, unidade emocional. Todos nós parecemos estar na mesma página, não há nada esquisito. Todo mundo meio que sente, 'OK, estou no lugar certo.' E eu disse a cada um deles, 'Nós estamos no lugar certo na hora certa."

* Gabriel Costa é Carioca, jornalista por profissão e roqueiro de nascença. Teve o primeiro contato direto com o rock and roll ao ouvir o álbum de estreia do Black Sabbath em um velho vinil de seu pai. Garoto do século 20, nascido em 1984, é absolutamente fascinado por tudo o que envolve o estilo, da música à mitologia. Canta na banda Six Pack Wonder, escuta de Backyard Babies a Strapping Young Lad, ama The Wildhearts e segue fielmente os ensinamentos de Lemmy e Danko

segunda-feira, 19 de julho de 2010

Aperipê Tv: Uma semana rock.

Semana passada, mais especificamente no dia 13, foi comemorado o “Dia Mundial do rock”, e a Aperipê TV surpreendeu a todos com uma programação pra lá de especial dedicada ao gênero, com destaque para a cena local. É certo que toda a programação da fundação, TV e rádios, tem o mérito do ecletismo, de dar espaço para as mais variadas manifestações artísticas, e já havia, em anos anteriores, colocado no ar programas especiais relativos ao Dia do rock, mas nunca na proporção do que foi este ano.

Uma das maiores surpresas foi o resgate de uma apresentação da banda sergipana Snooze em Goiânia, num show gravado Ao Vivo em 2002 que eu sequer sabia (ou lembrava) da existência. Foi ao ar na terça, dia 13, às 19:30, e reprisado na sexta, no mesmo horário. Muito bom, com a banda afiada e em uma de suas melhores formações, contando com Clínio Jr. e Mauro “Spaceboy” nas guitarras ao lado dos irmãos Rafael Jr. e Fabinho. Infelizmente não pude ver na TV, mas acompanhei pelo menos uma parte pela net (apesar da tela reduzida, estava com uma imagem razoável, “assistível”, digamos assim) e pude presenciar a bela execução de alguns dos clássicos da banda, com os músicos descontraídos no palco e recebendo um excelente retorno da platéia em termos de empolgação. Na mesma terça foi reprisado o especial sobre o aniversário da Aperipê FM que trouxe Os Mutantes pela primeira vez a Aracaju. Uma noite memorável, registrada aqui mesmo neste blog pelo nosso colaborador Michael Meneses. Não vi a reprise, mas já tinha visto o programa em sua primeira exibição e é bem legal, com as imagens dos shows (participaram também o Daysleepers e a Naurêa) intercaladas por perguntas dos presentes respondidas pelos músicos, inclusive Sergio Dias.

Na quarta-feira, dia 14, foi ao ar o documentário “Coleção de Viagens espaciais”, que retrata a apresentação da Plástico Lunar no Abril pro rock deste ano, com direito a imagens desde a partida de Aracaju, passando por Campina Grande, onde tocaram na noite anterior, e dos bastidores, onde eles relembram um pouco de sua carreira e discorrem sobre a importância de estar ali, no cast de um dos mais importantes festivais de música do Brasil. Tudo numa conversa informal e divertida, como deve ser. Trata-se de um marco, já que é o primeiro filme do tipo a retratar uma banda sergipana. Belas tomadas do excelente show que eles fizeram no Centro de Convenções de Pernambuco, com direito a alguns trechos das demais atrações da noite, nomes do quilate do Pato Fu, Afrika Bambaataa, Plastique Noir, Vendo 147 e Instituto Mexicano Del Sonido.

À meia noite, no mesmo dia, o “Olha Aí” reprisou o já célebre documentário “Rock Sergipano, esse ilustre desconhecido”, de Werden Tavares (o mesmo diretor do doc. da Plástico). Célebre por ter sido o primeiro e, pelo menos por enquanto, único a ter a pretensão de retratar nossa cena independente como um todo, mesmo que com algumas falhas graves – o metal sergipano, por exemplo, não é sequer mencionado. É como se não existisse, ou não fosse rock. Mas existe, é É rock. Normal que o idealizador não quisesse focar esse estilo, já que está na cara que não é a praia dele, mas não custaria nada pelo menos mencionar sua existência. O hardcore, pelo menos, é bem representado por uma entrevista com Silvio, na Freedom, e trechos de um clipe da Karne Krua e de um ensaio da Words Guerrilla. Babalu, nosso monstro das baquetas, em torno do qual uma verdadeira cena se formou e ficou órfã quando ele se mudou para São Paulo, aparece num depoimento divertido e esclarecedor sobre os primórdios da “geração 2000” do rock sergipano – é hilário ouvir ele dizendo que eles tinham vergonha de ir falar com a galera “das antigas”, até que Rafael da Snooze aparece de surpresa num ensaio deles e quebra o gelo. Ótimas entrevistas também com o próprio Rafael, Deon da lacertae, Jr. e Daniel da Plástico e Henrique Teles da Maria Scombona, dentre outros. Mas lamentei o fato de não ter sido exibida a versão "reloaded”, que Werden fez algum tempo depois adicionando novas imagens e depoimentos justamente para um especial sobre o dia do rock e que eu nunca vi. Também senti a falta de um especial sobre o Rock sertão deste ano, que haviam me dito que seria feito e pensei que fosse ao ar nesta semana.

Outro excelente programa foi o “Cena do Som” com Deon, da Lacertae. Entre uma musica e outra, executada de forma precisa e minimalista ao violão, ele discorre sobre sua trajetória pessoal como pessoa e músico. Muita história pra contar, como a do prêmio que o projeto deles no povoado “Campo do Crioulo”, em Lagarto, ganhou da UNICEF e que foi indevidamente apropriado pela prefeitura Municipal, que não tinha participação nenhuma no trabalho. Falou também do início da banda, da "entrada e saída" de Paulinho, de suas passagens pelas efervescentes cenas de Salvador e Recife nos anos 90, o que rendeu uma decisiva participação na antológica coletânea “Brasil Compacto”, lançada pelo selo “Rock it” de Dado Villa-Lobos, ex-Legião Urbana, na metade da década. Uma verdadeira aula de talento e entrega, de amor à arte. “Artista igual a pedreiro”, já dizia o Macaco Bong ...

A Lamentar também a divulgação da programação, um tanto quanto confusa, o que fez com que eu perdesse, por exemplo, o documentário “Baggio Sedado”, que foi ao ar no domingo e só ficou sabendo quem acessou as redes sociais ou abriu seus e-mails no final de semana e se deparou com a divulgação que os próprios autores fizeram por conta própria. Como nos finais de semana eu dou um descanso do mundo virtual, tomei conhecimento apenas na segunda. Uma pena, não vi ainda direito este filme. Espero que seja reprisado.

Em todo caso, parabéns à Fundação Aperipê pelo grande trabalho realizado.

por Adelvan Kenobi

The Baggios lançará single virtual

por Rian Santos - riansantos@jornaldodiase.com.br

Fonte: Spleen e Charutos

Aos que não possuem contato com o universo criativo que povoa os subterrâneos da cidade, o entusiasmo insistente dessa página pode parecer exagerado. Afinal de contas, o sol nasce todo dia, e as pedras do calçadão continuam no mesmo lugar. Quem não tiver medo do escuro, contudo, possui uma nova oportunidade de vislumbrar o monstro com os próprios olhos. Esta semana, os moleques da banda The Baggios realizam o lançamento do single “O azar me consome”, na festa que conta com o nervosismo da banda The Renegades of Punk e acolhe os convidados paraibanos da Zeferina Bomba. Eu dei um saque no disquinho. O assombro é garantido.

A essa altura do campeonato, os Baggios não precisam provar mais nada. O trabalho registrado na demo The Baggios (2007) e no EP Hard Times (2009), além da pegada Mississipi presente nas aparições do duo formado por Julio Andrade (guitarra e voz) e Gabriel Perninha (bateria), são mais do que suficientes para legitimar as conquistas acumuladas nesse curto espaço de tempo. Como demonstra a nova empreitada, no entanto, os caras estão cientes de que ainda há muita estrada para andar.

Julico, por exemplo, sempre manifestou certa preocupação com o hiato que distanciava o registro de seu trabalho da sonoridade que a banda alcança durante as apresentações. A opinião generalizada era de que as gravações ficavam devendo muito ao show. Problema diagnosticado, restava dispensar a atenção necessária para encontrar a solução.

“Nós gravamos a parte instrumental da demo numa sessão de 2 horas, ao vivão, com equipamento bem razoável. Na época, o resultado até que me agradou, só que hoje eu me sinto muito mais exigente com timbres de bateria, guitarra e voz do que antes. Eu cansei de ouvir de uma galera que éramos bem melhores ao vivo. Minha intenção com o disco que está sendo finalizado é que ele soe mais pesado, que se aproxime mais do que apresentamos ao vivo. Claro que em gravação a gente se empolga e ousa colocar alguns elementos a mais, como é o caso dos metais e teclados, mas fomos bem econômicos e cuidadosos para não comprometer a música”.

A julgar pelo que ouvi, os meninos podem deitar a cabeça no travesseiro sem qualquer apreensão. Eles merecem o sono dos justos. Formado por três canções que ficaram de fora do disco mencionado, “O azar me consome” é, paradoxalmente, o registro mais apurado da Baggios, e também o que traduz de maneira mais visceral a energia da banda.

Os Baggios nunca foram tão roqueiros. “Canção dos velhos tempos” possui o tratamento blueseiro que a gente espera do duo, com guitarras folk e slides oportunos, além da flauta de Igor Cortês, que empresta certa sofisticação à composição, mas parece que o norte dessa nova safra de composições de Julico está mais relacionada a experiências que transformam a tradição inaugurada no sul dos Estados Unidos a seu modo do que com o purismo que conduz aos primeiros blueseiros.

A faixa que empresta nome ao single, por exemplo, não conta com mais do que um riff furioso e uma melodia primitiva, daquelas que a gente berra com gosto, para aprisionar nossa atenção. Não é preciso mais do que isso.

É necessário mencionar que, além de servir de pretexto para a noitada, o single vai ser lançado de maneira virtual em meio mundo de sites especializados. Não existe desculpa, portanto, para a manutenção da ignorância.

Toda a sorte do mundo para os Baggios.

Serviço:

Local: Capitão Cook
Data: 23 de julho
Hora: 22 horas

Zefirina Bomba em Aracaju

A Zefirina Bomba é uma banda difícil de definir, e esta é a sua maior virtude. Três "malucos" em cima do palco fazendo a apologia da distorção, tirando som de guitarra de um violão, fazendo surf music envenenada e flertando aqui e ali com o punk. A formação é surreal: um violão, baixo e bateria. Mas o estrago que os caras fazem com tais instrumentos é avassalador. Foi o show mais pesado da noite, e, devo confessar, se fosse jurado teria votado neles. O final foi apoteótico: o vocalista Ilson simplesmente destruiu seu violão/guitarra e o arremessou para o público. O jornalismo às vezes serve como um ótimo exercício de humildade e de aprendizado: saí absolutamente surpreso com uma banda da qual não esperava absolutamente nada.

www.reciferock.com.br

Viola "noise", rock and roll e distorção - A paraibana Zefirina Bomba é um trio, com um baixo distorcido, bateria forte e uma “viola noise” eletrificada. São três "malucos" em cima do palco - Ilson (viola), Martin (baixo) e Guga (bateria) - fazendo a apologia da distorção, em uma espécie de “hardcore” alternativo e festeiro. Em sua música, uma estranha mistura de Sonics, Dick Dale, Cascavelletes, Dead Kennedys e Luiz Gonzaga, mais João Cabral de Mello Neto e Glauber Rocha.

Formada em março de 2003, em João Pessoa, a banda Zefirina Bomba foi a grande revelação do Festival MADA, realizado em Natal, maio de 2003. Desde então, por onde o trio tem passado, além da surpresa geral, fica a certeza de tratar-se de uma das melhores bandas da nova geração do rock nordestino e nacional.

www.senhorf.com.br

Vinda de João Pessoa, a Zefirina Bomba mostrou um criativo som. Baixo distorcido, bateria forte e uma viola ensandecida. Difícil rotular a banda, que promete dar o que falar com seu som meio punk, pós-punk, noise com um quê nordestino e o vocalista detonando sua viola no fim do show. Anote o nome deles.

Luciano Matos
Site da MTV

http://tramavirtual.uol.com.br/zefirina_bomba
http://www.myspace.com/zefirinabomba

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The Renegades of Punk surgiu no calor tropical do nordeste brasileiro, mais especificamente em Aracaju, no inicio de 2007. A banda conta com ex-integrantes de bandas do cenário punk como Triste Fim de Rosilene, Rever e integrantes de outras bandas locais como Karne Krua e Pantaloons. Agora, mais velhos e mais chatos, esses degenerados se dedicam a arte decadente do punk rock. Em seus três anos de atividade a banda lançou 1 EP (s/t 2008), 1 split cd com a Mahatma Gangue [RN], um 5 way "Conspiração Coração ao Contrário" com bandas do cenário punk rock nacional como Os Estudantes [RJ] e Velho [RS], e um re-lançamento do seu primeiro ep em vinil pelo selo alemão Thrashbastad. Recentemente a banda teve oportunidade de tocar em diversas gigs pelo sudeste e nordeste do país. Ao longo de pouco mais de três anos de atividade trouxe para tocar em Aracaju também bandas das mais variadas localidades nacionais e internacionais.

http://www.myspace.com/therenegadesofpunk
http://www.twitter.com/renegadespunk

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Formada em 2004, na cidade histórica de São Cristóvão, Sergipe, a The Baggios tem a peculiaridade de ser formada por apenas dois integrantes: Julio Andrade (guitarra e voz) e Gabriel Carvalho (bateria). Embebidos nas águas turvas e viciadas da música negra, os acordes envenenados da The Baggios misturam ritmos tradicionais, como o Blues , passando pelo rock sessentista e ao garage Rock. A banda tem a embalagem pronta para quem almeja galgar espaços no mainstream: identidade própria, discurso totalmente enraizado com as questões de sua época e de sua gente, e letras que falam diretamente ao público, sem meio termo. O nome surgiu como homenagem a um musico andarilho da pacata cidade, que se vestia de forma esquisita e contava historias surreais pelas esquinas. A banda já se apresentou em festivais como, Big Bands (SSA), Música para todos os ouvidos (SSA), Projeto Verão (SE), Festival Mundo (JP), Festival Dosol (RN), Feira Noise (BA), fez uma turnê de 6 shows pelo Nordeste e acabou de fazer uma turnê de 7 shows pelo estado de São Paulo e está em fase final de mixagem do seu Disco Oficial.

http://www.myspace.com/baggios
http://www.twitter.com/thebaggios

SERVIÇO:

23 de Julho (sexta) às 22:00
Capitão Cook - Aracaju
R$ 10

Os primeiros 20 pagantes ganham cd da Zefirina Bomba.

Zeferina Bomba (PB)
The Baggios (lançando seu NOVO SINGLE VIRTUAL)
The Renegades of Punk

quinta-feira, 15 de julho de 2010

# 153 - 16/07/2010

O programa de rock # 153, que vai ao ar nesta sexta-feira, 16 de julho de 2010, estará ainda no clima do “Dia Mundial do rock”, comemorado na última terça-feira, dia 13. Para tanto preparamos um set list recheado de grandes clássicos e tesouros escondidos do rock and roll com o auxílio indireto porém luxuoso do jornalista André Barcinsky (que nos lembrou em seu blog que o disco “Fun House” do Stooges está fazendo 40 anos), do cineasta David Lynch (via trilha sonora de seu filme “Coração Selvagem”, do qual pincelamos três clássicos) e do casal infernal Poison Ivy e Lux Interior – a segunda parte do programa, além de tocar um cover dos Cramps para “Jailhouse rock”, será inteiramente dedicada a músicas selecionadas pela dupla mais “rocker” de todos os tempos através da megacoletânea “Lux & Ivy Favorites”. Fora isso, “Crimson and Clover”, grande hit sessentista de Tommy James and the Shondells na magnífica interpretação de Joan Jett and The Blackhearts (também responsável pelo nosso BG da noite, a clássica “I Love rock and roll”), o Drop Loaded com dois clássicos do indie rock brasileiro interpretados pela recém-finada (esperamos para o mais breve possível uma ressurreição) banda sorocabana Wry e duas novidades: uma música nova dos ícones do “indie rock” carioca The Cigarettes e “Freak”, a quinta (das 41 !!!) faixa inédita do novo álbum dos Smashing Pumpkins, “Teargarden by kaleydoscope”, disponibilizada gratuitamente no site oficial do grupo.

Sintonize 104,9 FM em Aracaju ou acesse aperipe.se.gov.br e aprecie sem moderação.

A.

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Há 40 anos, os Stooges revolucionaram o rock - “Funhouse”, clássico da banda de Iggy Pop, faz aniversário

O disco tinha apenas sete músicas. Quando foi lançado, ninguém deu muita bola. A banda não tinha bons músicos, e o vocalista, um tal de Iggy Pop, era mais conhecido por sua performance ensandecida no palco do que pelo alcance de sua voz. O LP vendeu tão pouco que a gravadora despediu a banda.

Mas isso foi há 40 anos. Nesse tempo, "Funhouse", dos Stooges, tornou-se um marco: inspirou David Bowie a criar Ziggy Stardust; inspirou The Damned, The Clash, Sex Pistols e Ramones a criar o punk; inspirou o rock gótico de Bauhaus e o rock industrial de Nine Inch Nails. "É o maior disco de rock de todos os tempos", disse Jack White, líder do White Stripes. Muitos concordam.

Com sua mistura de blues sujo, free jazz e rock de garagem, suas letras niilistas e de pura poesia punk ("Fora de mim num sábado à noite/ 1970 está chegando"), "Funhouse" ajudou a moldar o melhor do rock pós-1970.

Para o jornalista Paul Trynka, ex-editor da revista inglesa "Mojo" e autor de "Iggy Pop: Open Up and Bleed", sensacional biografia de Iggy ainda inédita no Brasil, o que torna "Funhouse" tão influente são "a raiva pura e a intensidade do som".

Diz Trynka: "A música crua e a maneira agressiva como ela é executada têm sido copiadas muitas vezes, mas nunca igualadas. O disco tem um frescor e uma ingenuidade que são só dele, assim como seu glamour e decadência. Os Stooges assustavam as pessoas."

O livro tem histórias inacreditáveis de Iggy e de seus principais comparsas, os irmãos Ron e Scott Asheton. Bacanais, orgias de drogas, internações em manicômios, casamentos com adolescentes, pancadarias no palco, mortes e tudo mais.

Outro tema interessante é o relacionamento de Iggy e Bowie. Este, impressionado com o carisma de Iggy, tomou-o sob suas asas e lhe deu abrigo e ajuda quando Iggy mais precisou. Em troca, roubou sua persona e copiou descaradamente seu estilo para criar Ziggy Stardust, seu personagem mais célebre.

Apesar disso, Trynka diz que o encontro dos dois foi benéfico para Iggy: "Se Iggy não tivesse conhecido Bowie, possivelmente estaria vivo, embora isso não seja certo, mas ele seria uma autoparódia. Bowie lhe devolveu a dignidade."
E Iggy, gostou do livro? "Soube que ele tem uma cópia em sua casa", diz Trynka. "De vez em quando, tira o livro da estante e lê algumas páginas. Acho que ele esqueceu muitas loucuras que aconteceram e quer mantê-las assim!"

por André Barcinski

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The Cigarettes – The Bore
The Smashing Pumpkins – Freak (explicit)

The Stooges – “Fun House” 40 Anos
• TV Eye [ Takes 7 & 8 ]
• Down on the street [ Single mix ]
• Loose [ Demo version/Take 2 ]

Wry - National Indie Hits
* Evisceration (Killing Chainsaw)
* Burn Baby Burn (MQN)
(Drop Loaded)

Joan Jett and the Blackhearts – Crimson and Clover
Then – Baby Please don´t go
Gene Vincent and the Blue Caps – Be bop a lula
Koko Taylor – Up in Flames

The Cramps – Jailhouse rock
Ramones – Beat on the Brat
The Trashmen – Bird ´65
T-Rex – Rip off
13th Floor Elevators – You´re gonna miss me
The Isley Brothers – Nobody but me
Ventures – The rat
Satan´s Sadists ost – The chase is on

Howlin´ Wolf – smokestack lightning
Bo Didley – I´m a man
Screamin´ Jay Hawkins – Moanin´
The Electric Prunes – Dr. Do Good
Johnny Kids and the pirates – Shakin´ all over
The Revels – It´s party time
The Cherokees – Uprising
Link Wray – Genocide
Jack Nitzsche – The lonely surfer

He´s the fucking prince of darkness ...

Raul Seixas, em visionária sacada, disse em uma canção que “o diabo é o pai do rock“. Ozzy Osbourne, não é segredo para ninguém, é o auto-proclamado Prince of Fuckin‘ Darkness (Príncipe da Porra das Trevas, com o perdão da linguagem chula). Donde se conclui que Ozzy é o verdadeiro pai do rock!

Brincadeiras a parte, o alucinado (e sim, genial) cantor de heavy metal, hoje aos 62 anos – mais do que bem vividos – está na ordem do dia mais uma vez. De uma tacada só, chegaram às megastores sua autobiografia, Eu sou Ozzy (Benvirá) e seu novo álbum de músicas inéditas, Scream.

Ora, mas em se tratando de quem se trata – Ozzy – um livro de memórias é um baita de um contrasenso. Uma frase dele mesmo, famosa desde os anos 1980, já avisava: “Se eu conseguisse me lembrar de tudo o que vivi nos anos 70, eu poderia escrever um puta livro“.

Bom, o livro finalmente chegou. E mesmo com os buracos abertos em sua memória – sem contar no juízo – pelo consumo em quantidades industriais de álcool, fumos variados, pós brancos, pílulas multicoloridas e micropontos psicodélicos – além das cabeças de pombo e morcego –, as memórias de Ozzy, renderam um “puta livro“. Pelo menos para os fãs.

Para se entender o fenômeno Ozzy Osbourne é preciso, antes de tudo, compreender de onde ele veio. Nascido John Michael Osbourne em 1948, em Aston – distrito da deprimente cidade industrial de Birmingham – ou melhor, nas ruínas que sobraram após os bombardeios da 2ª Guerra Mundial, sua atividade preferida na infância era fuçar os escombros das casas destruídas, em busca de cacarecos que servissem de brinquedo.

A vida em Aston não oferecia muitas possibilidades. “Eu era do tipo de garoto que sempre queria se divertir e não havia muito a fazer em Aston. Só o céu cinzento, pubs nas esquinas e pessoas que pareciam doentes de tanto trabalhar como animais na linha de montagem“, lembra ele, na autobiografia.

O inconformismo com a falta de perspectivas no futuro o perturbava terrivelmente: “Naqueles dias, a mentalidade dos trabalhadores era assim: receber o mínimo de educação, conseguir um treinamento, conseguir um emprego de merda e aceitar com orgulho. (...) Seu emprego de merda era tudo. Muitas pessoas em Birmingham nunca se aposentavam. Só caíam mortas no chão da fábrica“, escreve.

Na juventude não conseguia passar muito tempo nos empregos que seus pais lhe arrumavam. Um dia, finalmente encontrou um emprego de que gostava, abatendo bois e porcos em um matadouro local.

Após uma briga em que quase rachou o crânio de um colega, foi demitido. Iniciou então uma breve carreira de ladrão, furtando lojas locais. Logo foi preso. Depois que seu pai se recusou a pagar sua fiança, “curtiu“ três meses na cadeia.

O período na penitenciária de Winson Green, “o buraco mais violento, fedido e degradado que já tinha visto“, foi um baque para Ozzy, então com 18 anos. Foi salvo pela pela beatlemania, tornando-se um fanático por rock ‘n‘ roll e blues de raiz norte-americanos. Foi aí que decidiu que seria cantor.

Após algum tempo, conseguiu juntar-se a Tony Iommi (guitarra), Terry Geezer Butler (baixo) e Bill Ward (bateria). Tony, um ex-colega de Ozzy dos tempos da escola, tocava guitarra desde criança. Depois de um acidente com a prensa de uma fábrica, perdeu as pontas dos dedos médio e anular.

Com a ajuda de dedais confeccionados por ele mesmo, Tony desenvolveu sua técnica e som característicos – em tons graves, sinistros. Junte-se a isso o mau humor próprio de uma juventude condenada a apodrecer nas linhas de montagem de uma fábrica em uma miserável economia de pós-guerra – nada mais distante do florido ideário hippie da época, que aliás, Ozzy detestava – e estavam plantadas as sementes que deram origem à uma das mais extraordinárias, seminais e geniais bandas de rock de todos os tempos: Black Sabbath.

Salvo uma possibilidade muito remota de engano, foram os seis primeiros álbuns do Black Sabbath, lançados entre os anos de 1970 e 1975, que criaram e formataram, de maneira definitiva, o que hoje se conhece como “heavy metal“, em sua safra mais pura e legítima.

Pois é, foi Ozzy e sua trupe de cabeludos bigodudos. A "culpa" é toda deles. “Se existe algum pai do metal, esse é Ozzy“, afirma, categoricamente, uma autoridade local (Nota: de Salvador, Bahia) do gênero, Sérgio Ballof, líder da banda Headhunter DC. “Para mim, (Ozzy) é o criador do heavy metal. Uma legitima lenda viva e um ícone. Foram Ozzy e Tony que começaram a difundir o lado obscuro do rock em um som verdadeiramente pesado“, diz.

Depois de oito álbuns com o Sabbath e quase dez anos de loucura na estrada com os companheiros de banda, Ozzy foi, um belo dia, demitido. “Me mandar embora por estar drogado foi uma merda hipócrita. Estávamos todos loucos. Se você está drogado eu também, e você me manda embora por que eu estou drogado, que merda é essa? Por que eu estou ligeiramente mais drogado do que você?“, ironiza Ozzy no livro.

Sua vingança, contudo, foi, como diria Bento Carneiro, ”maligrina”. Depois de montar uma super banda com músicos de primeira linha, fez tanto – ou até mais – sucesso comercial do que com o Black Sabbath.

”Toda a indumentária do metal, os estereótipos – ele já era tudo isso, independente de marketing”, lembra o jornalista e cantor de heavy metal Leonardo Leão, que já viu dois shows de Ozzy. ”O cara entra no palco parecendo o Mestre Yoda. É todo encurvado, com dificuldade de andar. Mas quando pega o microfone fica super ágil, vira um menino. E tem um carisma fenomenal”, descreve.

Outro que esteve frente a frente com o Príncipe das Trevas foi o jornalista Marcos Bragatto (do site Rock Em Geral), durante uma coletiva em 2008: ”Ozzy é super profissional. Apesar de idade avançada, ele atura todos os perrengues de ser um astro pop. E coletiva sabe como é, tem sempre um mané que faz a velha pergunta do morcego e tal, mas ele foi super gentil”, elogia.

”Você sentia na sala a energia de uma personalidade única, a do cara que inventou o heavy metal, a camisa preta, a cruz invertida, tudo que tem no gênero. Ele foi o cara”, conclui.

A autobiografia de Ozzy Osbourne é, com o perdão do chiste, uma diversão dos diabos. Sua prosa é tão franca, direta, bem-humorada e sem rodeios que a impressão que passa ao leitor foi que alguém simplesmente sentou com o cantor numa mesa, ligou o gravador, disse “Fala, Ozzy!“ e depois transcreveu tudo – depois de decifrar seu balbuciar trêmulo, claro.

Essa dura tarefa coube a um certo Chris Ayres, citado por Ozzy na lista de agradecimentos ao final do livro como “meu coautor“, apesar de não estar devidamente creditado na capa.

Também está aqui, finalmente, a versão dele para todos os episódios polêmicos de sua vida: a demissão do Sabbath, a cabeça do pombo, a cabeça do morcego, a morte de Randy Rhoads, o alcoolismo em último grau, a tentativa de homicídio contra a esposa Sharon, os processos, as prisões, o reality show na MTV - tudo o que os fãs gostariam de saber enfim. Nennhum assunto foi evitado

Com a fluência de um contador de “causos“, Ozzy faz o leitor rir e se admirar, página após página, com sua trajetória de excessos e loucuras. É uma história de triunfo e redenção, com muita graça - contra toda a loucura.

Eu sou ozzy / Ozzy Osbourne / Tradução: Marcelo Barbão / 416 p. / R$ 39,90 / Benvirá

Fonte: Rock Loco

por Franchico

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Ozzy Osbourne carrega a imagem de satanista e de um sujeito que passava grande parte de seu tempo drogado. O primeiro veio de uma piada utilizada no formulário de imigração quando ele e sua banda, Black Sabbath, foram aos Estados Unidos pela primeira vez. O segundo era realmente verdade.

Esses são alguns do detalhes de sua vida revelados na biografia "Eu Sou OZZY". Desde a infância em Birmingham, quando não se ajustava em nenhum grupo e não suportava a escola por conta de uma dislexia que não o deixava ler, até sua vida novamente tumultuada após a participação no programa "The Osbournes".

Na década de 1960, a expectativa para um jovem na Inglaterra era conseguir um emprego em uma fábrica e tentar mantê-lo para o resto da vida. O problema era que John, nome de nascimento de Ozzy, não queria esta perspectiva de vida. Foi por acaso que começou uma banda, por acaso que começou a cantar e por sorte que conseguiram fazer sucesso.

E o mundo sexo, drogas e rock'n'roll só surgiu para o líder do Black Sabbath quando eles conseguiram fazer sucesso nos Estados Unidos. Como ele mesmo diz em seu livro, "O Black Sabbath era uma banda para os caras. Jogavam garrafas e bitucas de cigarro na gente, não sutiãs".

Não é estranho que experiências estranhas com fãs tenham acontecido logo que as encontraram. Leia trecho abaixo sobre a "festa" que os roqueiros fizeram no hotel em que se hospedaram:

*

Nenhum de nós podia acreditar como o álbum Black Sabbath estava indo bem nos Estados Unidos. Era uma loucura. A Warner Bros, nossa gravadora norte-americana, estava tão feliz que disseram que atrasariam o lançamento de Paranoid até janeiro do ano seguinte.

Estávamos fazendo shows grandes em todos os lugares em que tocávamos, até conseguíamos algumas groupies.

Nossa primeira experiência realmente louca com groupies aconteceu num Holiday Inn, em algum lugar da Califórinia. Em geral, Patrick Meehan nos colocava nos lugares mais vagabundos; não era incomum os quatro dividirem um único quarto num motel pulguento na periferia da cidade, a cinco dólares a noite. Assim, um Holiday Inn era luxuoso para nossos padrões: meu quarto tinha banheira, chuveiro, telefone e TV. Tinha até um colchão d'água - que era o máximo naqueles dias. Eu adorava essas coisas; na verdade, era como dormir num pneu flutuando no meio do oceano.

Bom, estávamos nesse Holiday Inn e eu tinha acabado de conversar com Thelma ao telefone quando alguém bate na porta. Abro e há uma linda garota usando uma minissaia.

- Ozzy? - ela pergunta. - O show foi incrível. Podemos conversar? Ela entra, tira o vestido, trepamos e dá o fora antes de eu perguntar seu nome.

Cinco minutos depois, outra batida na porta. Estou pensando: Ela provavelmente deixou algo no quarto. Levanto para atender. Mas é outra garota.

- Ozzy? - ela diz. - O show foi incrível. Podemos conversar?

Tira o vestido, abaixa minha calça e depois de cinco minutos da minha bunda pelada subindo e descendo em cima dela, enquanto flutuávamos nessa cama de água, rolou um "Legal te conhecer", "Até mais" e lá foi ela.

Esses Holiday Inn são mágicos pra cacete, pensei. E mais uma batida na porta.

Dá pra imaginar o que aconteceu em seguida.

Eu trepei com três garotas naquela noite. Três. Sem nem sair do quarto do hotel. Para ser honesto, já estava meio pedindo arrego nessa última. Precisei usar o tanque de reserva.

No final, decidi descobrir de onde essas groupies estavam vindo. Fui até o bar, mas estava completamente vazio. Aí perguntei ao cara da recepção: "Onde está todo mundo?". Ele respondeu: "Seus amigos britânicos? Tente a piscina." Aí eu fui até a piscina na cobertura e quando as portas se abriram não pude acreditar nos meus olhos. Era como em Calígula ali: dúzias das garotas mais lindas que se podia imaginar, todas completamente nuas, sexo oral e ménages acontecendo por todos os lados. Acendi um baseado, sentei-me numa cadeira reclinável entre duas lésbicas e comecei a cantar "Deus Abençoe a América".

Fonte: Livraria da Folha