quinta-feira, 22 de abril de 2010

Megadeth no Hellcife

O show do Megadeth em Recife, da parte da banda e da participação do público, foi perfeito. O único ponto negativo foi o som, abafado e com o volume muito baixo, mas nada que atrapalhasse a emoção que foi vê-los tocando na íntegra seu melhor disco, “Rust in peace”, ao vivo. Eu fui e vi com meus próprios olhos, e relatarei tudo aqui assim que a falta de tempo e a preguiça permitir.

A.

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Dave McRobb, webmaster do site oficial falou com Mustaine em Recife e postou a seguinte mensagem no fórum oficial:

“Acabei de falar como nosso destemido líder e ele está em extâse por estar na cidade do Recife, Brasil, pela primeira vez. Dave disse que a cidade é maravilhosa, o local do show vai pegar fogo, e que os ingressos estão quase esgotados. Ele até deu uma dica que talvez se mude para o Recife! Dave está super empolgado por poder tocar no Recife, e disse que está sentido o mesmo que sentiu quando tocou pela primeira vez no Brasil, no Rock in Rio de 1991. "Estou apaixonado pela cidade e pelo pevo e mal posso esperar para tocar para esses fã amravilhosos!"”

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"Sinceramente, eu não canso de falar do Público, eu nunca vi uma coisa daquelas, pessoas passando mal na grade, pensei que estivesse num daqueles grandes festivais da europa! Set list perfeito, performace idem, apenas o som deixou um pouco a desejar, mas quem se importava i? Queríamos mesmo era berrar todas as letras como se fossem nossos últimos minutos de vida! Às vezes eu prestava atenção na fisionomia de Dave Mustaine e ele parecia perplexo com o que via ... Acho que ele estava pensando algo do tipo "puta merda, porque nunca tocamos aqui antes?""

Claudio Gebson, em depoimento no Orkut

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Cobertura: Megadeth no Recife

por Hugo Montarroyos
Fonte: Reciferock

Dave Mustaine é uma das figuras mais interessantes da história do metal. Expulso do Metallica em seus primórdios por abuso de drogas (um feito e tanto, se levarmos em conta o histórico etílico e químico de seus ex-colegas de banda), resgatou uma composição sua do grupo, compôs outras e lançou, em 1985, “Killing is my Businsess and Business is Good”. Passou, a partir de então, a criar reputação como bom compositor e exímio guitarrista. Começou, também, a ganhar fama de temperamental e ególatra. Déspota, empregou e demitiu um número sem fim de bateristas e guitarristas. Só David Ellefson, o baixista, sobrevivia no seu posto.E, disco a disco, foi aprimorando as composições e criando uma obra bem original em meio à mesmice que costuma assolar o gênero. Em 1990, veio o auge, com “Rust in Peace”. No ano seguinte, vieram ao Brasil para tocar no Rock in Rio 2, e ganharam popularidade e até uma certa notoriedade no país.
Pois é. Esse sujeito, que escreveu parte da história do metal a partir de suas músicas, veio tocar na esquina da minha casa (precisava dizer isso!). E, impressionante, o tempo não passou para Dave Mustaine. Ele permanece o mesmo cara que eu via na televisão naqueles emblemáticos 1991.
Quando foi anunciada a vinda do Megadeth ao Recife, duas perguntas vieram instantaneamente na cabeça: Onde? Quanto? E, infelizmente, erraram feio nas duas respostas. A primeira, Clube Português, está bem longe do ideal para um show do porte do Megadeth. A segunda, entre 80 e 160 reais, é um tanto exorbitante (aliás, exorbitante é um baita de um eufemismo para “caro pra cacete”). Muito acima do poder aquisitivo de muita gente. E quase um assalto se levar em consideração a estrutura e conforto que o local oferece.
Mas, mesmo com tudo isso, há de se reconhecer: o show do Megadeth vale cada centavo investido. E, ao contrário do que esperava, um público considerável compareceu ao show. Tímido em relação às proporções do Clube Português, embora pista e camarotes estivessem lotados. Como em todo grande show do gênero, várias gerações do metal se faziam presentes. Mas, o que me surpreendeu mesmo foi constatar que muita gente ali não tinha muita intimidade com a obra do Megadeth. Isso ficou evidente em várias músicas. No caso do “Rust in Peace”, tocado na íntegra e na ordem do disco, ainda se ouvia coros do público acompanhando as letras. Nas demais, um silêncio contemplativo dominava o lugar.
Coube ao Cruor, veterano da cena pernambucana, abrir o show do Megadeth. Só peguei as últimas duas músicas da banda, ou seja, não estou habilitado a dizer nada além do óbvio: o público reagiu bem. Aqui cabe um parêntese para algo que saltava aos olhos logo na entrada do Português: o tamanho do palco, provavelmente o maior que o clube já viu, com um recuo enorme atrás dele. Infelizmente, isso não resolveu o velho problema do lugar. O som continuava longe do ideal, e ficou embolado durante vários momentos do show.
E aí, o jogo começa. O baterista, mais um operário padrão da cooperativa Mustaine, entra em cena e faz pose de canastrão. O guitarrista, outro membro da classe operária, surge em seguida. David Ellefson, o baixista, entra depois. E, enfim, aparece a figura sinistra de Dave Mustaine, como de costume, com cara não muito amistosa. Antes de dizer qualquer palavra, ele e a banda atacam com “Skin O’ My Teeth”. Emendam com “In My Darkest Hour”, do “So far, So good, so What!”.Vem “She-Wolf”, e nada de Mustaine falar. Após a música, ele troca de guitarra. Reclina várias vezes para agradecer ao público. E, enfim, fala: “Boa noite. Esta é a primeira vez que tocamos no Recife”. E, de forma uma tanto cínica, provoca: “quero ver se vocês reconhecem isso”. E emenda com a abertura de “Holy Wars”, momento em que, de fato, o Português explodiu. Para não deixar dúvidas de que tocaria o “Rust in Peace” na íntegra, vieram, em seqüência, “Hangar 18” e “Take no Prisioners”.
E aí começou a ficar nítido que todo o show era rigorosamente coreografado. As saídas de Mustaine para as laterais do palco, a posição exata em que cada músico deveria ficar em cada trecho de música. Nada saía do padrão. Ou seja, não havia espaço para improvisos. Nada era espontâneo. Cheguei a escutar relatos de gente dizendo que havia um cronômetro no palco que, em contagem regressiva, marcava o tempo de cada música, do bis, etc. Mas, quer saber? Dane-se tudo isso. Do mais importante ninguém podia reclamar: a música. Essa era executada de forma mágica, tal e qual como no disco. Riffs (Mustaine é o rei deles), solos, tudo perfeito. Até sua eterna voz de menino de 12 anos. Durante “Five Magics”, numa das mudanças de andamento da música, Dave aponta para alguém nas primeiras fileiras e pergunta: “você está bem?”. Se abaixa no palco, aponta para uma pessoa, examina rapidamente, concluí que está tudo ok e segue em frente tocando. Eis uma faceta de Mustaine que se vê muito pouco na mídia: a de alguém preocupado com o bem-estar de seu público.
O “Rust in Peace” permanece sendo maravilhosamente tocado, agora com o início do lado b (para os que têm o vinil). “Poison Was The Cure”, “Lucretia”, “Tornado of Souls”, “Dawn Patrol”, Rust in Peace…Polaris”. Quer saber como foi 80% do show do Megadeth? Coloque o “Rust in Peace” para tocar em casa. E imagine que o som está um pouco embolado. Foi mais ou menos assim.
Dave Mustaine agradece e sai do palco. Pouco depois volta, para uma bela seqüência com “Trust”,”The Right To Go Insane”,”Head Crusher” e “Symphony Of Destruction”, maior hit da banda, que contou com o coro do público de “Megadeth, Megadeth, Megadeth” acompanhando o riff da música, ritual já tradicional nos shows deles.
Mais uma vez, todos saem. Voltam e tocam “Peace Sells”, que pouca gente parece conhecer. Novo agradecimento. Tocam os últimos acordes de “Holy Wars”. São ovacionados. Tudo saiu como previa o script de Mustaine. A plateia sabe que foi um show perfeito. E Dave Mustaine sabe mais do que qualquer um ali.
Não sou ufanista. Não acho que Recife tenha entrado para o grande circuito mundial do metal. Mas, reconheço, é bem estranho ver o Megadeth na esquina da minha casa.

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Por trás de tudo

Fonte: Realejo
por João Carvalho

Em cada show que tivemos a chance de cobrir, principalmente os internacionais, a gente teve a certeza de como Recife está cada vez mais preparado, mais "craque" em termos de produção. Com uma diferença ainda maior: aqui o povo tem calor humano, diferente de algumas empresas do eixo Rio-Sampa-Porto Alegre. No show do Megadeth, na terça passada, no Clube Português, vimos de perto isso. A nossa idéia foi a seguinte: enquanto o Realejo cobriria os bastidores, outro repórter do pe360graus, Rafael Sotero, cobriu o show.

Desde cedo fomos para o local, descrever via blog e pelo Twitter (@Realejo) toda a movimentação. O corre corre no backstage era o de sempre para um show desse porte. A equipe de produção local, da Raio Lazer, assim como o pessoal da T4F, a produtora paulista, se movimentava para afinar a estrutura do clube. Numa sala pequena, reservada, atrás o palco, Lula Vieira e Maguila, os sócios da RL, ficavam em contato direto via rádio e celulares com as equipes de segurança, luz e som. E o tempo inteiro em frente ao computador, recebendo e mandando informações ou catando novidades de outros artistas. Os caras trabalham ali mas ainda tem um tempo para pensar em outras atrações para o futuro.

Entre um encontro e outro nessa sala montada no backstage, uma reunião com a assessoria de imprensa, parte primordial do evento. Os jornalistas credenciados para a cobertura precisam ter o apoio necessário pra evitar confusão com a equipe do artista principal, nesse caso, o Megadeth. Não sei se vocês sabem, mas num evento internacional como esse, só é permitido a gravação de imagens ou fotos das três primeiras músicas. Tem bandas, como o Rush por exemplo (cobrimos em 2002 em São Paulo e no Rio de Janeiro) que só permitem a primeira música. Então tem de se virar para não ser chato, mas ter de "expulsar" a imprensa do local depois de gravar de forma profissional.

Enquanto isso, os caras se viram para tentar atender os telefonemas de última hora. São amigos ou parceiros profissionais que sempre pedem uma cortesia, ou um apoio para ver o show de perto. Mas talvez numa hora como essas, uma palavra de um parente mais chegado desejando boa sorte é o melhor telefonema de todos. E sempre acontece. "Tá papai, obrigado. Vai dar tudo certo. E se não chover amanhã, a gente faz aquele programa que combinamos", conversa um dos produtores, enquanto assina mais uma lista de credenciamento.

Enquanto o Megadeth não subia no palco, circulamos por trás da estrutura. Fomos conversar no camarim da Cruor, a banda pernambucana que preparou o clima antes do espetáculo principal. A alegria e a vontade de tocar era maior do que qualquer coisa, a melhor possível. Não é todo dia que uma banda local tem o privilégio de subir no mesmo palco de uma banda do porte do Megadeth. "É o maior show de nossa vida", explicou Wilfred Gadelha, vocalista da Cruor. "E a alegria de representar Pernambuco num lance como esse é ainda maior".

Durante o show, andando pra lá e pra cá, podemos notar que Recife tem potencial e público para bandas como Megadeth, assim como foi o Iron Maiden e o Black Sabbath, no ano passado. O que precisamos é mais apoio de patrocinadores e iniciativas de produtoras para trazer apresentações desse porte. É a receita para dar tudo certo. Logicamente não temos acesso a todas informações do que se passa por trás, os preparativos, as dificuldades. Mas podem ter certeza: nós temos aqui profissionais gabaritados para esses eventos. Sem querer ser bairrista, acho que já somos melhores e mais organizados do que os de fora.

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Megadeth contempla fãs recifenses com íntegra do álbum mais famoso
O show fez parte de uma turnê comemorativa pelos 20 anos do lançamento do disco Rust in Peace
Por Rafael Sotero
Fonte: pe360graus

CRUOR: A banda pernambucana responsável pela abertura do show não desapontou. A subida aos palcos logo após a abertura dos portões fez com que o púbico esquentasse um pouco antes da chegada da atração principal.

O conjunto, porém, não conseguiu lotar o local e as pessoas pareciam gostar do show, mas guardavam as energias para ver Megadeth. O que se viu foi uma boa apresentação de metal extremo, com vocais guturais e boa técnica, sem, contudo, levar o público à catarse.

HEADBANGERS: Sem fãs, é claro, não há espetáculo. E em um show de metal, os fãs assumem um papel especial, visto que eles tratam o estilo como algo mais que musical, um estilo de vida. Por conta disso, a fila de um show headbanger é um dos momentos mais prazerosos para esta tribo, pois é um grande momento de confraternização.

Na chegada ao Clube Português, aos poucos eles foram se aglomerando na avenida Agamenon Magalhães. Em sua maioria eram homens vestidos de preto, com camisetas da banda predileta.

Na ocasião, as pessoas falaram sem parar de música e da importância do show para elas, enquanto canções do estilo eram entoadas - quando não pelos sons do carro, pelas vozes dos mais animados.

Como o Megadeth foi criado em 1983, a faixa etária era bem diversificada. Havia desde os mais jovens, de 13, 14 anos, até os quarentões, que curtiam a banda quando adolescente. É o caso de Carlão, um fã de 38 anos: "É um show histórico. Principalmente pra gente, que espera por esse momento desde 83".

Tendo em vista a oportunidade única, houve gente que veio de Natal. "Enfrentei sete horas de viagem para ver o Megadeth", declarou Dênis Stefanini, de 37 anos.

Mas para quem pensa que o cenário é só masculino, Viviane Nihilisme mostra que é puro engano. Ao ser perguntada sobre como se sente em fazer parte de um cenário onde a masculinidade predomina, ela é enfática: "Eu sinto orgulho, porque não só ouço, como vivo o metal. Estou aqui porque gosto. Até minha mãe escutava Megadeth. É preciso acabar com certos estereótipos. Há tempos esse lance da mulher só ir para o show para acompanhar namorado acabou".

MEGADETH: Porrada, porrada e porrada. Achou pouco? Acrescente, então, mais porrada e eis uma síntese de um show do Megadeth. O quarteto subiu aos palcos do Clube Português exatamente às 22h50 desta terça-feira (20) e mostrou aos milhares de fãs como se faz o bom e velho trash metal: com solos furiosos, rápidos e cheios de peso. O espetáculo apresentado no Recife fez parte da turnê de comemoração dos 20 anos do lançamento do Rust in Peace, álbum da banda mais aclamado por público e crítica e executado na íntegra no repertório.

Ao entrar no palco, um a um, cada integrante levou a multidão à loucura. Com a chegada de Dave Mustaine - líder, vocalista, compositor e guitarrista da banda - a casa foi abaixo com o início do riff de "Skin oh' my teeth". Logo em seguida, a banda entoou outro clássico, "In my darkest hour", e emendou com "She-wolf".

Ao final de She-wolf, Dave cumprimentou o público e, após uma ligeira pausa (necessária para recuperar as energias para o que viria a seguir) iniciou a primeira música do álbum "Rust in peace": "Holy wars". Até então foi o momento em que o público mais vibrou.

Depois, o que já era esperado aconteceu. Sem surpresas, a banda executou o álbum inteiro: "Hangar 18", "Take no prisoner", "Five Magic", "Poison was the cure", "Lucretia", Tornado of souls", "Dawn Patrol" e "Rust in Peace... Polaris". Sem descanso, a banda tocou "Trust", um verdadeiro clássico do Crypting writing, de 1987.

A banda acertou ao inserir no repertório neste momento duas músicas do álbum mais recente, o "Endgame". "Head crusher" e "The right to go insane" são boas, mas não são capazes de empolgar como as clássicas.

O grande momento da noite veio com "Symphony of destruction", música mais famosa da banda. O famoso riff de guitarra fez todos pularem e gritarem o nome da banda no ritmo da música. Ao final, os quatro saíram do palco e retornaram logo em seguida para o bis com "Peace sells". Destaque para o baixista David Ellefson, que homenageou o País trajando uma camisa da seleção brasileira de futebol.

E foi assim que se passaram 90 minutos. Com certeza muitos fãs acharam muito
rápido para uma espera de tantos anos para a vinda da banda à cidade. Mas, com certeza, o Megadeth ofereceu a eles uma noite inesquecível.

SETLIST:

'Skin Oh my teeth' - Countdown To Extinction (1992)
'In my darkest hour' - So Far, So Good... So What? (1988)
'She-wolf' - Cryptic Writing (1997)
'Holy wars... the punishment due' - Rust in Peace (1990)
'Hangar 18' - Rust in Peace (1990)
'Take no prisioner' - Rust in Peace (1990)
'Five magic' - Rust in Peace (1990)
'Poison was the cure' - Rust in Peace (1990)
'Lucretia' - Rust in Peace (1990)
'Tornado of souls' - Rust in Peace (1990)
'Dawn patrol' - Rust in Peace (1990)
'Rust In Peace... Polaris' - Rust in Peace (1990)
'Trust' - Cryptic Writing (1997)
'Head crusher' - Endgame (2009)
'The right to go insane' - Endgame (2009)
'Symphony of destruction', - Countdown To Extinction (1992)
'Peace sells' - Peace Sells... But Who's Buying? (1986)

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