quarta-feira, 7 de abril de 2010
Epica, a entrevista
Fazendo os sonhos acontecerem
Lançando o álbum “Design Your Universe”, grupo holandês Epica inicia terceira turnê pelo Brasil hoje, em Porto Alegre, e depois passa por Curitiba, São Paulo e Rio de Janeiro. Vocalista Simone Simon concedeu entrevista exclusiva ao Rock em Geral.
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por Marcos Bragatto
Fonte: Rock Em Geral
Em dezembro de 2005, enquanto o Pearl Jam fazia a alegria de quase 40 mil pessoas na Praça da Apoteose, no Rio, o Circo Voador, também lotado, recebia o Epica como banda de abertura para o Kamelot. Era a primeira turnê da banda pelo Brasil e outra, em 2008, deixou a cidade de fora. Já bastante familiar por aqui, agora o grupo holandês está de volta, iniciando hoje a perna brasileira da turnê do álbum “Design Your Universe” por Porto Alegre. Depois é a vez de Curitiba, São Paulo e Rio, no domingo, na Fundição Progresso.
“Design Your Universe” é o quinto e mais pesado álbum do grupo, talvez até pelo ingresso de um novo guitarrista, Isaac Delahaye, que, assim como o baterista Ariën Van Weesenbeek, há três anos, veio da banda de death metal God Dethroned. O que não quer dizer que o Epica abandonou o estilo metal/sinfônico/progressivo – sem ser chato - que o projetou no mercado, sobretudo pela bela voz e abordagem da front woman Simone Simon. Completam a formação Coen Janssen (teclados), Yves Huts (baixo) e o chefão Mark Jansen (guitarras e vocais), que fundou a banda, em 2002, após deixar o (também holandês) After Forever.
O show de São Paulo vai ser gravado para o lançamento de um DVD do grupo, numa prova da identificação do Epica com os fãs brasileiros. O grupo chegou mais ao País mais cedo, e, anteontem, de São Paulo, por telefone, Simone (leia-se Simona) conversou com o Rock em Geral. Além de falar sobre a atual fase do Epica, revelou detalhes sobre o álbum “Design Your Universe”, seu estilo de cantar e a idéia de emplacar – quem sabe - uma carreira solo. De quebra, entregou algumas músicas que serão tocadas nos shows pelo Brasil. Confira:
Rock em Geral: Vocês vão gravar o show de São Paulo para um futuro DVD?
Simone Simon: Sim, vamos gravar o show, mas também filmamos um vídeo no Metal Female Voices Fest (festival belga só com bandas com vocalistas femininas) no ano passado e estamos juntando tudo isso para um DVD ao vivo. Vamos selecionar os melhores momentos e fazer essa combinação dos dois shows para o DVD.
REG: Vai ter um show acústico em São Paulo também?
Simone: Não que eu saiba, mas pode ser que estejam agendando isso e ainda não me passaram.
REG: Essa é a terceira vez de vocês no Brasil, já se sentem familiarizados com o público brasileiro?
Simone: Estivemos duas vezes antes, como banda de abertura para o Kamelot e como banda principal. Eu sempre me lembro do público muito entusiasmado, cantando alto as letras, gritando e chorando. Vocês são muito emotivos! Espero a mesma coisa dessa vez.
REG: A última vez em que vocês estiveram no Rio o show foi no mesmo dia em que o Pearl Jam tocou…
Simone: Eu nem soube disso, mas lembro que era um dia muito quente, estava bem cheio e depois do show tivemos uma espécie de “Kamelot/Epica party”. Todos ficaram realmente bêbados e temos muitas lembranças engraçadas. Me lembro que os fãs podiam nos ver no backstage, tiravam fotos, foi muito divertido. E também passamos o dia na praia.
REG: Você pode adiantar alguma coisa sobre o repertório que vocês vão tocar no Brasil?
Simone: É claro que vamos tocar músicas novas, afinal estamos promovendo nosso disco mais recente, o “Design Your Universe”, mas também vamos tocar músicas do primeiro álbum, como “Cry For The Moon”, que é uma que nós quase sempre tocamos. Vamos tocar músicas de todos os álbuns, acho que tocaremos “Consign to Oblivion”, “Resign to Surrender”, “Unleashed”… Vai ser uma boa mistura de todos os nossos discos.
REG: O Epica gosta de lançar álbuns conceituais. Há um conceito por trás do “Design Your Universe”? Em princípio soa como algo egoísta, ter seu próprio mundo…
Simone: Na verdade este disco não é conceitual. Nós temos novas partes da sequência “A New Age Dawns”, que continua nesse disco depois de ter começado no “Consign to Oblivion”, mas “Design Your Universe”, a música, tem uma mensagem. Você deve estar apto para realmente viver o que sonha e explorar o seu talento. Não apenas sonhar, por exemplo, em se transformar num músico, mas fazer alguma coisa para que isso aconteça e que seja um músico realmente bom. É sobre aproveitar suas oportunidades e criar seu próprio destino. Não é só sobre ter sua própria vida dentro do universo, mas ter que viver sua própria vida e colocar algo nisso, para fazer seus sonhos virarem realidade, não ter medo de apenas tentar.
A beleza exuberante de Simone Simon
REG: “Martyr of The Free Word” soa muito “chiclete” para qualquer pessoa, não só para os fãs de heavy metal. Este seria um caminho para o Epica seguir de modo a se tornar um grupo mais conhecido fora desse segmento?
Simone: Eu também gosto muito dessa música, acho que é bem “groovy”, mas não é uma forma de atrair públicos maiores. Nós agora temos o Isaac Delahaye na banda, ele fez um ótimo trabalho de guitarra nessa música que eu acho que é fácil de perceber. Então é uma música envolvente, e isso vale para todo o álbum, que é o mais pesado de todos do Epica. Definitivamente não há aqui nenhuma intenção comercial.
REG: Você acha que por vezes o Epica se assemelha muito a bandas de prog metal, especialmente em músicas como “Kingdom Of Heaven” ou mesmo na faixa título?
Simone: Em “Kingdom of Heaven” há um monte de estilos diferentes de metal. Tem death metal, prog metal, symphonic metal… essa música é uma bela mistura de muitos estilos que achamos na cena metálica, como faz bandas como o Opeth. Tem os grunhidos do nosso baterista também, ele tem outras qualidades além de tocar bateria, então resolvemos explorar o jeito de ele falar em algumas partes.
REG: De outro lado a música “Tides of Time” parece ter sido feita para você mostrar seu talento como vocalista solo, na maior parte da música. Como essa música nasceu? Partiu de você?
Simone: A letra e a música firam feitas pelo Coen (Janssen), nosso tecladista. Na verdade foi uma das últimas músicas a entrar no disco. Quando já estávamos numa fase de produção final do álbum, Coen terminou a música e passou para mim e para o Marc (Jansen, guitarrista) e pediu que ouvíssemos. Quando começamos a trabalhar na música, uma pessoa bem próxima da “família Epica” morreu, e ficamos todos muito tristes. Aí veio a idéia da letra e toda a emoção passou para a música. É uma música muito triste.
REG: Você falou do Isaac, que é novo na banda. O que ele trouxe para a banda, já que veio do God Dethroned, um grupo de metal extremo?
Simone: É, o God Dethroned não tem nada a ver com o Epica, e ele ainda é o segundo cara que a gente pega deles. Ele não participou muito do processo de composição dessas músicas porque entrou para a banda quando o disco já estava quase pronto. Mas ele e Marc trabalharam nas melodias de guitarra e Isaac mudou algumas coisas, acho que ele tornou as guitarras mais versáteis, talvez um pouquinho mais pesadas.
REG: Hoje há muitas bandas no meio do heavy metal com mulheres nos vocais. O que faz a diferença no Epica, ao fazermos uma comparação com outras bandas com vocais femininos?
Simone: Acho que o Epica ainda é um meio termo bem equilibrado entre as correntes do metal e tem um bom arranjo com as partes de orquestra.
REG: Seu modo de cantar parece bem influenciado por Tarja Turunen…
Simone: Bem, na verdade há sete anos, quando eu comecei, ouvia muito Nightwish, After Forever, Tristania, Lacuna Coil… todas essas bandas eu realmente gosto, essa combinação de vocal clássico com metal. Eu pessoalmente ouvia muito rock quando era mais jovem, até que arranjei uma namorado heavy metal e ele começou a me mostrar as bandas de metal e eu entrei de cabeça, isso quando tinha 16 anos (hoje tem 25). Eu hoje gosto muito de metal.
REG: Você acha que canta de um jeito parecido com o dela ou pouco tem a ver?
Simone: Eu diria que eu tenho um vocal mais clássico e ela tem uma voz forte de ópera, sempre tem essa pegada na voz dela. Eu canto muito com direcionamento de pop rock, às vezes, e ela sempre tem um toque erudito, mesmo quando está falando normalmente. Ela tem uma educação musical operística que eu não tive.
REG: Você também costuma ouvir música que nada tem a ver com o metal. Como isso te ajuda como cantora?
Simone: Ouvia muito esse tipo de coisa há muito tempo, não ouço mais. Hoje ouço muito heavy metal, bandas como Opeth, Kamelot… Devo dizer que eu realmente gosto de música, de vários estilos diferentes, à exceção de hip hop e r&b. Mas todo o resto, música clássica, pop rock, jazz, gosto de tudo isso. Ouvir diferentes estilos de música te dá um conhecimento mais amplo e você pode puxar isso para dentro do seu trabalho, mesmo que seja numa banda de metal. Se a música é boa, não me importo se é de Britney Spears ou da Lady Gaga. Música é música, se a produção é boa e eu gosto da melodia, não importa de é da Britney ou do Dimmu Borgir.
REG: Você se vê cantando numa banda de pop rock ou numa carreira solo?
Simone: Sim, quem sabe? Tenho idéia de fazer um disco solo, mas nada a ser lançado nos dois próximos anos. Seja lá quando for lançado, eu provavelmente farei um disco de música diferente, algo voltado para o jazz, também gostaria de gravar peças de música clássica e coisas com uma pegada de prog metal. Algo menos Epica e mais Kamelot.
REG: Você adora o Kamelot…
Simone: Ah, eu estou com o tecladista já há cinco anos…
REG: Então é por isso…
Simone: Mas eu já cantei em duas músicas no ultimo disco do Kamelot e fizemos turnês juntos. Acho que eles fazem um grande trabalho, realmente gosto da banda e a voz do Roy (Khan), é especial, tem uma cor diferente.
REG: As roupas que você usa no palco são desenhadas para você ou você as compra em lojas como qualquer um?
Simone: A roupa é obviamente parte do show, o jeito que você aparece, o jeito que você se veste, é a parte visual. Claro que o som é o principal, mas o visual representa muito também. Eu sou uma mulher, gosto de maquiagem, cabelo bem cuidado e de roupas, e perco tempo com isso, sim. Em geral compro eu mesma, mas tenho agentes que às vezes arranjam pessoas para fazerem aquilo que eu imagino e desenho para eles.
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angel simone simons
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