terça-feira, 12 de abril de 2011

u2, o show - por uma fã


Todo mundo sabe o desespero que foi comprar ingresso pro show do U2, qualquer que fosse o setor. Quando eu recebi a ligação da minha amiga dizendo que o namorado dela tinha três cadeiras cativas no Morumbi, fiquei tão nervosa que fiz xixi nas calças. É sério. Tudo bem que o Bono não me alcançaria nos camarotes pra me chamar pro palco, mas eu estaria lá e isso bastava.

Mas uma semana antes do show despiroquei e cismei que iria na pista também, custasse o que custasse. Mentira, botei um limite de preço aceitável, justo e cabível e fui ao site do fã-clube tentar a sorte, buscando algum fã do U2 de verdade com ingresso disponível que não quisesse arrancar meu couro. E ACHEI. Com dois ingressos na mão, foi só morrer de ansiedade e aguardar o que prometia ser o melhor fim de semana da minha vida.

Pra não ficar cansativo, vou contar em duas partes. Se você não gosta de U2, foda-se. Vou passar muito tempo da minha vida falando só disso, nem que tenha que falar sozinha e perder todos os meus amigos. Beijos. :P

09/04/2010 – MAGNIFICENT!

Tudo que eu sabia sobre fila desse tipo de show é que o CAOS REINA. Ouvi falar de gente acampando lá desde SEGUNDA pro show DE DOMINGO. A histeria me contagiou a ponto de eu ficar com medinho de não conseguir pegar um lugar bom nas cadeiras especiais. Aliás, eu não queria um lugar bom. Espero por esse momento há pelo menos uns 15 anos, então eu queria o melhor lugar do universo. Meio-dia tava lá, inclusive pra ver o oba oba das filas e conhecer alguns fãs desesperados que fizessem com que eu me sentisse menos babaca. Além de um esperado cover do Bono, encontrei uma menina fantasiada de The Edge. Encontrei também um pessoal usando camisas escritas LARRY MULLEN BAND. Sabe o que é Larry Mullen Band? Foi o primeiro nome que a banda teve em 76, durante MESES, antes de se chamar U2. E preciso confessar que foi bem legal trocar um olhar de cumplicidade com essa galera tipo “To ligada na de vocês, hein!” Me senti um irmão de maçonaria fazendo cumprimento secreto.

Bem, o portão abriu, a perna tremeu e a gente entrou. Me instalei confortavelmente no lugar mais próximo do palco e esperei o tempo que não passava nunca. Vamos pular a parte que passei mal de ansiedade, tremi dos pés à cabeça, tive todas as necessidades fisiológicas possíveis e até inventei umas novas. Vamos pular também a parte que um casal apareceu do nada querendo que eu dividisse o meu lugar com eles, o meu lugar TÃO LINDO que eu cheguei milhões de horas antes pra conseguir. Claro que disse que NÃO e claro que eles quiseram se vingar e colaram um chiclete na minha cadeira. Passei o show com um chiclete na bunda. Vamos pular o show do Muse, que é até legal, mas não é U2.

Vamos direto pra parte que o portão da pista abriu e a galera entrou correndo DESESPERADA pra conseguir ficar no Inner Circle. Não sei se vocês sabem, mas show do U2 não tem área VIP. Eu não sabia e quando soube não acreditei. O Inner Circle é um lugar com quantidade de gente limitada, mas faz parte da pista. Pra ficar lá na frente lambendo a bota do Bono, basta simplesmente chegar cedo. Bom, “chegar cedo” é uma coisa meio relativa numa fila com gente que acampa uma semana, mas não se paga um real a mais por isso. A emoção de quem conseguia entrar no círculo se espalhava pelo estádio inteiro. A galera comemorava não só a própria chegada, mas a de todo mundo que entrava. Parecia gol do Brasil em Copa. :) Decidi que era ali que eu estaria no dia seguinte, mas deixei pra planejar isso depois se não ia acabar me jogando lá em baixo de ansiedade.

Daí começou o show.

Essa é a parte que eu travo e nem sei direito o que escrever. Eu fiquei muito nervosa, muito besta, muito EMBASBACADA. Tinha um show do U2 acontecendo e eu estava nele. Lembrei do quanto eu chorei, aos 15 anos de idade, por meu pai não ter me deixado ir ao Pop Mart, o primeiro show deles no Brasil. Lembrei do quanto me arrependi por não ter ido ao Vertigo em 2006, pra dar prioridade pra um namorado que de maneira nenhuma merecia essa minha frustração. Lembrei de quantas e quantas vezes chorei sozinha no quarto por tantos motivos diferentes, tendo o Bono como companhia. Lembrei de tantos momentos que U2 foi trilha sonora da minha vida. E enquanto lembrava disso tudo... chorava mais. Todo mundo sentadinho bonitinho nas cadeiras especiais, assistindo o show civilizadamente, e eu era a única louca, histérica, chorona, descontrolada. Me orgulho de mim.

E ver aquele palco, aquela produção toda... gente. O estômago tá doendo só de pensar. Parecia uma evolução da nave da Xuxa de tão exagerado e pirotécnico. Lindo. Sempre achei babaquice artista que decora uma ou outra palavrinha em português pra fazer graça, mas o Bono falando “pizza de jaca” e “balada” foi lindo. Toda e qualquer coisa que ele fizesse eu achava lindo.

E o set list, meu deus... Ahhh o setlist... Por mais que já tivesse escutado Miss Sarajevo, nada se compara à emoção de ouvir aquilo ao vivo. Por mais previsível que fosse, não deu pra não ficar de cara com o telão passando os nomes das crianças que morreram no Rio enquanto o estádio inteiro era iluminado apenas com luzes dos celulares da galera. Beautiful Day, a música que conseguiu transformar um ano inteiro em um dia realmente lindo da minha vida, ali, ao vivo, a cores. One, Misterios Ways, Until the End of the World, Even Better than the Real Thing, toodas as minhas músicas preferidas do meu album preferido AAAAAAAAH!

Saí com o “ooooô oooô” de Moment Of Surrender na cabeça e uma sensação estranha, bem estranha. Meio deslumbrada, confusa, até com dificuldade de lembrar alguns pedaços do show. Tava feliz e triste ao mesmo tempo, muito emocionada, muito encantada. Parecia que tinha sido tudo um sonho. E o melhor: no dia seguinte sonharia de novo.

Ver o palco inteiro foi bem legal, mas preciso confessar que o melhor de tudo era saber que em breve eu estaria lá em baixo. Não adianta, fã não pode assistir apenas. Fã tem que SER o show. E a ansiedade recomeça.

por Deborah Fernandes

Mais aqui.

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