Nascida Marianne Joan Elliott-Said, a cantora foi uma das figuras pioneiras do punk rock britânico na década de 1970 através da sua atitude e de letras de canções como «Oh Bondage Up Yours!». Sua banda influenciou tudo o que veio a seguir na seara do rock feito por garotas, como as bandas do movimento “riot girrl”.
Poly tinha acabado de lançar um novo álbum solo, «Generation Indigo», que contou com a produção de Youth, baixista do Killing Joke e responsável por discos do Verve e do James.
Boy George foi um dos artistas que lamentou sua morte através do Twitter. «Eu era um fã da Poly mesmo antes de a conhecer pessoalmente, ela também era uma seguidora do Hara Krishna. Abençoada sejas, Poly, a tua ausência será sentida», escreveu o músico.
Abaixo, uma das últimas entrevistas concedidas pela cantora:
«Generation Indigo» marca o regresso aos discos de Poly Styrene, antiga vocalista dos punk rockers britânicos X-Ray Spex. Três décadas passadas sobre a rebeldia de temas como «Oh Bondage Up Yours!», a cantora inglesa lança agora aquele que é o álbum mais comercial da sua carreira a solo.
Em entrevista ao site IOL Música, Poly falou do trabalho em estúdio com o produtor Youth, baixista dos Killing Joke, e da luta que trava actualmente contra o cancro.
O que te levou a gravares o teu primeiro álbum desde 1981, ano em que lançaste o «Translucence»?
Este não é o meu primeiro álbum a solo, apesar de ser o mais comercial. Antes tinha feito os EPs «Flower Aeroplane» (2004) e «God's & Goddesses» (1986).
Estou sempre a escrever coisas novas e, para este disco, tinha uma maqueta de uma das canções, «Code Pink Dub». Quando a minha editora a ouviu, perguntaram-me se queria fazer um álbum completo. Eu já tinha material que queria lançar, portanto foi assim que tudo aconteceu.
Quais foram os maiores desafios na criação de «Generation Indigo»?
O Youth obriga-te a trabalhar a sério, o que foi um desafio mas ao mesmo tempo foi óptimo. Havia algumas canções que precisavam de melhorias e eu levava-as para casa e regressava no dia seguinte ao estúdio com novos versos e melodias.
Achas que o disco vai agradar os fãs do punk rock dos X-Ray Spex?
Até agora os fãs dos X-Ray Spex adoram o que ouviram e isso é fantástico.
O teu estado de saúde vai impedir-te de promoveres o novo disco ao vivo? Tens alguma digressão planeada?
Por enquanto estou a concentrar-me em melhorar e quando isso acontecer poderei começar a pensar numa digressão. Quem sabe o que irá acontecer... Mas por agora a prioridade é simplesmente ficar melhor.
Styrene partilhou com as Slits e com as Raincoats uma atitude independente e íntegra face à indústria musical, fora dos habituais timings de edição, chegando a enveredar mesmo pelo desaparecimento e pelo envolvimento noutras actividades. Será essa uma atitude tipicamente feminina, olhando para os exemplos acima. Poly Styrene prefere simplificar: «Nós não temos hipóteses de aceder ao mainstream porque simplesmente não fazemos discos pop comerciais».
Poly Styrene, que diz ao Cotonete continuar a seguir a crença hindu do Hare Krishna onde tem muitos dos seus amigos, admite não sentir «especial falta dos X-ray [Spex]. Chegámos a dar um concerto em 2008 para celebrar os 30 anos do [álbum de estreia] "Germ Free Adolescents". Mas só há mais um membro da formação original, além de mim. E não tenho a certeza que [a recuperação dos X-ray Spex] seja algo que queira fazer para sempre, aquela coisa nostálgica com os velhos colegas de banda».
Nos idos anos 1970, mais concretamente em 1978, a presença de Poly Styrene no palco dos X-ray Spex não deixava ninguém indiferente, chegando a ser controversa. «Penso que isso se deveu apenas à imagem, e não à mensagem, excepto talvez 'Oh Bondage Up Yours' [cuja letra era uma crítica ao materialismo do capitalismo], que na altura foi considerado um tema muito arriscado».
Têm sido várias as rockers de hoje que têm sido comparadas com o estilo de Poly Styrene, como Karen O (dos Yeah Yeah Yeahs) e Beth Ditto (dos Gossip). Mas Poly Styrene diz não reconhecer «em ninguém» a sua imagem.
Foi revelado publicamente que Poly Styrene sofre de um cancro de mama, o que torna delicado colocar a seguinte pergunta: tendo em conta que é uma vencedora, sente-se suficientemente forte para lançar outro álbum bem mais cedo do que o esperado? A cantora inglesa respodeu sem problemas. «Tudo isso vai depender da minha saúde mas gostaria muito de fazer outro álbum. Não sei se já estou preparada. Para isso, vou ter que escrever muito mais canções».
O dia foi triste hoje.
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