Confira a entrevista na íntegra, em português, publicada originalmente no site Imprensa Rocker!
Você pode nos contra um pouco sobre o livro de terror que você está escrevendo?
Não muito. É um segredo… Mas tem camponeses que são mortos, macacos infectados que não são legais, um padre que salva o dia e muitas coisas desagradáveis.
Eu ouvi falar que você é um grande chef. Quais tipos de comida você gosta de cozinhar?
Bom, eu apenas meio que invento coisas. Tenho muitos princípios básicos e apenas invento em cima disto. Normalmente acaba saindo um Cajun (Nota do Tradutor: Estilo de gastronomia dos Acadianos que falavam francês e que foram deportados da Acadia, Canadá, para a Louisiana, Estados Unidos, pelo governo britânico), porque é do que eu gosto. Mas normalmente é uma versão vegetariana, porque não posso comer muita carne. Me tornei alérgico aos conservantes que eles colocam na ração dos animais; eles chegam até a carne, ficam lá e então chegam a mim… Não é bom.
De todas as bandas para quais você desenhou, qual foi a que você mais gostou de ter trabalhado?
Eu gostei de trabalhar com Ethan Brosh e Chris Catena, e o Conspirancy Chronicals. O resto foi ok, com exceção de uma ou outra, mas estes que citei foi bem divertido.
E a que menos gostou até agora?
Não gostaria de dizer… Bem, até gostaria, mas vou me conter.
Qual gênero musical você gosta? Sei que você odeia música pesada.
Eu não odeio música pesada. Eu costumava escutar sons pesados quando era bem mais novo, e ainda escuto às vezes. Meu gosto apenas cresceu para englobar outras coisas também. As pessoas ficam dizendo, “eu sei que, de fato, você odeia isto e aquilo”. Isto é besteira! Eu não odeio nada, isto tudo são citações errôneas de outras pessoas. Eu gosto de várias coisas diferentes. Gosto de música pesada, mas não de tudo que seja pesado. Gosto de Jazz, mas não tudo; gosto de música clássica, mas estou longe de gostar de tudo que for música clássica. Ouço todo tipo de coisa. Se você não gosta de algo, não significa que você odeia, apenas não tem interesse naquilo. Então eu apenas ignoro. Eu acho que se alguém passa a vida “amando” algumas coisas e “odiando” todo o resto, ela provavelmente precisa de terapia, porque são doentes mentais. Que maneira horrível de se viver isto deve ser, constantemente balançando de um extremo ao outro num tipo de louco frenesi emocional. Para você ter uma idéia, acabei de compra uns CD’s na “Amazon”. Comprei alguns da Kylie Minogie (Disco), alguns do Groundhogs (Blues Rock Pesado) e alguns do Bob Marley (Reggae), e eu gosto de todos eles, porque todos eles têm algo interessante para eu escutar. Antes disto, comprei alguns CD’s de Jazz instrumental, e antes disto comprei alguns de música eletrônica estranha, sem nenhuma canção neles.
Como está sua saúde? Eu sei que você teve um problema nas costas.
Sim, recentemente eu parti um disco na coluna e tive que ficar deitado por cerca de três meses. Ainda não está bom, mas está chegando lá.
Você se mudou para a Califórnia em busca de sol, ao invés do mal tempo na Inglaterra. Você sente alguma falta da Inglaterra?
Não.
Quais escritores você gosta de ler?
Bem, eu leio todo tipo de coisas estranhas, um pouco de terror, um pouco de ficção científica e coisas sobre conspirações, UFO’s e afins. Eu leio qualquer coisa que possa ter boas idéias ou que pareça se divertido. Neste momento, estou lendo “A Saga dos Sete Sóis”, de Kevin J. Anderson, e a série “Necroscope” de Brian Lumly, e acabei de inciar “Chindi” de Jack McDevitt.
Seus últimos trabalhos para o Iron Maiden foram todos digitais. Você consideraria voltar a pintar ara eles?
Bem, posso fazer um ou outro, mas o lance é que não posso mais pintar, porque os químicos nas tintas acabaram me deixando tão mal, que eu tive que desistir. Se não tivesse descoberto a arte digital, teria parado de fazer isto.
Você ganha royalties por algum merchandise do Iron Maiden, inckuindo CD’s que tenham seu trabalho?
Não, em nada. Eu vendi os direitos há muitos anos.
Até onde sei, a maioria das pinturas do Iron Maiden está com Steve Harris e algumas foram roubadas ou “perdidas” nas gráficas. Você tem alguma pintura relativa ao Iron Maiden com você?
Não tenho nenhuma, nem os desenhos básicos. E não, não as enterrei num armário em nenhum lugar. Eu já me mudei de casa cinco vezes desde que parei de fazer as capas do Maiden. Em três destas cinco vezes, eu joguei tudo que tinha fora e apenas saí com uma mala de roupas – como quando me mudei para os Estados Unidos, cheguei no país com apenas uma mala de roupas e com os discos rígidos contendo meus trabalhos, que eu já havia enviado antes de mim para a casa de um amigo.
Por que você resolveu colocar sua assinatura (o “D” e o “R”) escondida – ou difícil de encontrar – na maioria de suas pinturas? Você estava querendo fazer um lance de “Onde está Wally”?
Eu costumava fazer capas de livros, e minha assinatura era um pouco grande e tirava um pouco da atenção para a capa, então os empresários que tinha na época perguntaram se eu poderia fazer menor, para que não aparecesse tanto. Então fiz a primeira versão (que aparece nos primeiros álbuns), e para ter certeza que ficaria na capa e não seria retirada nas gráficas, eu a escondi na imagem ao invés de colocá-la no canto, onde aparece mais e tem mais chances de ser cortada. A maioria destas pequenas coisas que as pessoas pensam serem tentativas deliberadas de fazer isto ou aquilo, na verdade sou eu sendo pragmático e encontrando soluções para estranhos hábitos de diretores de arte e solicitações de clientes.
Você ainda é considerado o artista para o Metal e é responsável por criar um dos personagens mais icônicos do Heavy Metal. Você ainda consideraria fazer capas de álbuns para outras bandas do gênero?
Sim, se alguém me convidar e tiverem algo com que eu possa trabalhar, estiverem dispostos a ouvir o que tenho a dizer e me pagarem para fazer. Mas as pessoas não me convidam, não escutam e não querem me pagar muito, ou pensam que sou uma fábrica grátis de idéias. Francamente, com as atitudes que tenho presenciado nos dias atuais, não posso ser incomodado. Terei que achar uma outra forma de vender meu trabalho. As capas do Metal já não o faz mais.
Li no seu livro que muitas das pinturas que você fez para o Iron Maiden nunca ficaram boas nos CD’s e LP’s, porque as gráficas não conseguiam fotografá-las corretamente. Você acha que isto afetou de forma global o que você buscava nas pinturas?
Sim, definitivamente. Quando você troca a equalização de cores numa pintura, sempre muda completamente. Pode destruir completamente o impacto de um desenho. Felizmente, com a arte digital isto não é um grande problema nos dias de hoje. Você não acreditaria nas coisas que estavam sendo publicadas, porque as pessoas das gravadoras não achavam que era importante eu não se importavam. Tente você. Pegue o software de edição de imagens, pegue uma imagem e tente mudar as cores só um pouco, e você verá que mesmo uma pequena mudança faz uma grande diferença numa imagem.
Se uma banda desconhecida, que acabou de começar e que conseguiu um contrato de gravação, quiser que você fazer um trabalho para ela, quanto você cobraria para fazer uma capa de um álbum?
Eu trabalharei para qualquer um que me pagar. Eu sou um ilustrador profissional e é isto que eu faço para viver. Eu levo três ou quatro semanas para fazer uma imagem atualmente e eu cobro entre dois mil ou seis mil dólares, às vezes posso fazer por menos, dependendo do que seja. Não farei um desenho por 500 dólares. Você trabalharia três semanas por 500 dólares? Isto não cobre nem a hipoteca e a conta de luz. Parte do problema com bandas novas, e a razão pela qual eles falham na maioria das vezes, é que eles não têm a menor idéia de como se faz negócios. Eles acham que tudo é de graça e então ficam ricos, mas nos negócios você tem que pagar pelo que quer.
Uma das coisas que todos gostavam em Eddie era que havia uma mudança continua acontecendo, e ele tinham partes remanescentes de formas passadas. O Eddie do “Seventh Son…” tinha a cicatriz da lobotomia, o olho robótico artificial… O que você buscava com a capa do “No Prayer For The Dying”? O Iron Maiden decidiu não continuar a saga, por assim dizer?
Sim, um dia eles apareceram com a “grande idéia” de voltar para o começo novamente, o que embaralhou tudo lindamente, e eu perdi o interesse.
De que forma você diria que seu estilo de desenho/pintura mudou desde o fim dos anos 70?
Na verdade, eu acho que muda de álbum para álbum, nem sempre para melhor. Eu nunca tentei criar um estilo fixo de pintura. Parece mudar de um terror total para o estilo quase cômico. E eu também não controlo quando isto acontece, apenas parece mudar sozinho. Talvez eu tenho uma dupla personalidade e apenas uma possa pintar…
Qual software você para trabalhar hoje?
Photoshop,Bryce, Vue studio, Lightwave Modeller, Artmatic and artmatic voyager, 3D coat, Filter Forge, Z-Brush, Poser, Carrara, Quidam e qualquer coisa que eu encontre e que faça algo interessante.
Eu sei que o Hawkwind é uma de suas bandas preferidas. Você já os viu ao vivo?
Duas vezes. A primeira vez eles foram demais, na segunda foram bem, mas não excelente. Quase os vi em “Stonehenge” no fim dos anos 70, mas perdi o show (estava num feriado e cheguei em Salisbury tarde demais). Esta é uma pergunta interessante, não é? Numa pergunta anterior, você disse que “sabia” que eu odeio música pesada, e ainda assim nesta pergunta você diz que “sabe” que eu gosto do Hawkwind – uma das primeiras bandas pesadas. Fico imaginando o que você irá “saber” amanhã (esta é uma frase do filme “Men in Black”).
Você é uma inspiração para muitos artistas hoje. Quais foram os artistas que te inspiraram e ainda inspiram?
Eu gosto de todo tipo de coisa. Gosto de John Martin, Jack Kirby, Salvador Dali, Max Earnst, Roger Dean, Pactrick Woodroffe, bruce Pennington, mas estas pessoas não influenciaram de verdade o que eu pinto ou a forma como eu pinto, apenas são artistas cujos trabalhos eu gosto. Eu sempre procurei seguir minha própria direção, nem sempre obtive sucesso. Às vezes eu ganho dinheiro e às vezes não. Mas (todos juntos agora), eu fiz do meu jeito (N.T.: brincadeira com a canção “My Way”, imortalizada por Frank Sinatra, cujo refrão é “I did it my way”, tradução para “eu fiz do meu jeito”.).
Você tem algum fetiche por pirâmides? Há pirâmides em incontáveis pinturas suas.
Não, de jeito nenhuma. Após o “Powerslave”, as pessoas apenas ficavam me pedindo para pintar pirâmides para elas. Também trabalho no campo da fantasia, e pode ficar legal ter um pouco de civilizações perdidas em algumas imagens, e as pirâmides são bons símbolos para um pouco de mistério. São as outras pessoas que possuem este fetiche, eu sou muito preguiçoso para ter fetiches. Eles demandam muito esforço.
Quais são programas de TV preferidos? Ficção científica?
“Babylon 5”, “Stargate”, “Farscape”, “Warehouse 13”… Também assisto muitos documentários. Você pode ter ótimas idéias com documentários.
O quanto os cartoons da Hanna Barbera, como Pernalonga, Zé Colmeia, etc, te inspiraram?
Adoro o Pernalonga e aquele cara pequeno com a espingarda e chapéu grande, gosto da Betty Boop e gosto dos primeiros cartoons em preto e branco. E qualquer coisa que seja meio louco e engraçado. Eddie é engraçado! Algumas pessoas não entendem isto, ou não querem entender, mas Eddie é muito engraçado; ele não é tão sério. Há muita coisa boba nele, assim como o aspecto de terror. A não ser que outra pessoa pinte as idéias que o Maiden tem, então tudo fica que num clima aterrorizante. Pegue uma imagem do Eddie sorrindo; você pode sobrepor com uma imagem do Mickey Mouse sorrindo. Eddie foi modelado em cima do Mickey Mouse; ele é o Mickey Mouse do Rock n’ Roll. Interessantemente, a Disney agora é dona do Rock n’ Rol… Tudo que vai volta, eu acho…
Responda rápido: “Star Trek” ou “Star Wars”?
Ahhhh, os dois são muito leves. “Star Wars”, acho…
Pintura ou desenho?
Pintura. Não posso colocar tanta coisa só num desenho.
Hawkwind ou Pink Floyd?
Definitivamente, Hawkwind. Grandes ritmos Metal, letras sobre possíveis futuros, protestos pesados, reclamações sobre a infância… Música para crianças infelizes da escola.
“Battlestar Galáctica” ou “Farscape”?
“Farscape” é legal, “Galactica” é uma merda. Eu gostava dos Cylons quando eram máquinas de matar malvadas, não agora que “evoluíram” para uns idiotas de calças apertadas e mal humorados. O trabalho de câmera também é uma merda, sem contar que é muito lento: demora cinco episódios só num diálogo.
“Family Guy” ou “Simpsons”?
Os dois são uma merda.
Onde e como as pessoas podem encomendar seu livro?
O único lugar fora dos Estados Unidos é através do meu site (www.derekriggs.com). Nos Estados Unidos podem encontrar na “Amazon” também.
Fonte: Metal Assault
por Marcela
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