Necronomicon é uma banda de Alagoas que causou furor entre os “rockers”
sergipanos quando tocou aqui pela primeira vez, no Grito Rock Aracaju 2012, em
pleno carnaval. Repetiram a dose no segundo semestre do mesmo ano com um show
devastador fechando a noite em que a Renegades of punk lançou “Coração metrônomo”
no Capitão Cook. Virei fã, por isso não hesitei em encomendar minha cópia de “The
Queen of Death”, o primeiro disco “oficial” deles – segundo, se considerarmos o
primeiro Cd demo.
A
bolacha colorida de vinil foi lançada por um selo gringo especializado em “progressivices”
e “space rock”, o Hydro Phonic records, e tem 6 faixas, 3 de cada lado. Trata-se
de um álbum conceitual baseado num conto de fantasia e ficção científica à la H. P. Lovecraft escrito pelo baixista/vocalista Pedro Ivo que, se "quadrinizado", poderia ser publicado na revista “Heavy
Metal”. Narra as desventuras
de um assassino contratado para matar a tal Rainha da Morte, líder de um culto
poderosíssimo baseado em Yamoth, o planeta sagrado. É para lá que somos
lançados já na primeira faixa, “Holy Planet Yamoth”, que nos apresenta de cara
do que se trata o petardo: um som “retrô” totalmente inspirado pelo Hard rock
progressivo e psicodélico dos anos 60 e 70 do século passado. Riffs de guitarra
precisos, levadas de bateria perfeitas, linhas de baixo matadoras e um vocal
que ora remete ao de Jack Bruce, do Cream, nos momentos mais melódicos, ora aos
de Ozzy Osbourne, nas partes mais “gritadas” ou, paradoxalmente, sussurradas,
nos conduzem por uma história sombria muito bem contada (em inglês) e embalada
por belas melodias distribuídas em musicas longas com vários andamentos e refrões
poderosos.
A “trip
to the Holy planet” prossegue com “The Assassin´s song”, que começa conduzida
pelas baquetas de Thiago Alef e tem, basicamente, o mesmo ritmo – e qualidade! –
da primeira, culminando em “The Black Priests of Chaos”, já mais lenta, onde
somos apresentados aos sacerdotes negros contratantes do que parece ser o
personagem principal da história, o tal assassino. Perfeito! Fim do lado A.
O lado
B começa com uma musica instrumental que coloca em evidencia outro ponto forte
do disco, as várias camadas e texturas de teclados, pianos, órgãos e sintetizadores
executadas por Pedro Ivo. O efeito é viajante, chapante, matador! E então
voltamos à estrutura mais convencional do rock and roll com “Hypnotic Overdrive
machine”, totalmente “sabbathica”, assim como o é a faixa título, que encerra o
disco. Nelas sentimos um pouco mais algo que pode ser encarado como uma deficiência
na mixagem ou na própria captação de som, caso não tenha sido propositadamente
planejado para que fosse assim e o disco soasse como se tivesse sido produzido
em algum momento do início dos anos 1970: o som da guitarra. Poderia ser mais “encorpado”,
“na cara”, ou pelo menos mixado no mesmo nível dos vocais. Do jeito que está,
acaba por não valorizar o tanto quanto merece a sensacional perfomance de
Lillian Lessa, uma dedicada discípula de Tony Iommi e sua Gibson SG batizada
nos quintos dos infernos. Esta é, no entanto, a opinião de um confesso
admirador obcecado pelas seis cordas – eu quase sempre acho que as guitarras
deveriam estar no talo. Todo o resto, no entanto, está perfeito, e como
mencionei lá atrás, a mixagem acaba por dar ao disco uma sonoridade “datada”, o
que parece ser, no final das contas, o objetivo de todo o projeto.
Vale
destacar que os componentes da Necronomicon são jovens. Muito jovens! Nunca perguntei,
mas aparentam estar na faixa dos vinte e poucos anos – senão menos – o que dá à
coisa toda um sabor ainda mais inusitado. E nos faz acreditar que ainda dá pra
acreditar no futuro deste tal de roque enroll em Terras Brasilis,
para além do lixo que nos é vomitado pelo “mainstrean”. Tenho até pena de quem
tem como única referencia o que passa na programação abjeta da MTV, VH1, Multishow
e demais canais abertos ou pagos que supostamente deveriam cobrir o universo da música como um todo, mas acabam prestando, em nome do comercialismo
mais barato, um verdadeiro desserviço à cultura musical da juventude
brasileira. Venham para o “undeground”, bastardos filhos da puta! É aqui que as
coisas REALMENTE acontecem!
Como
bem dizia Agapito no já célebre vídeo da 120 Diasde Sodoma, BANDA DO CARALHO! BANDA DO CARALHO!
“The
Queen of Death” foi produzido por Necronomicon e gravado no Pedrada Estúdios entre
julho e setembro de 2011. Ouça aqui. Para adquiri-lo, você pode entrar em contato
diretamente com a banda clicando aqui
O
Design e a arte da capa, sensacionais, são de Cristiano Soares.
Alagoas
é a terra do Mopho, que também é sensacional.
Eu sou
Adelvan e sou sergipano.
O rock
me emociona.
Fim.
Esse ano foi muito especial pra necronomicon, as portas foram se abrindo e conhecemos muita gente bacana. Agradeço demais o seu apoio e o seu carinho pela banda, porque isso dá forças pra gente continuar. Tirando a dúvida: eu gravei as guitarras com um timbre diferente do que faço ao vivo, usei um pedal de distorção a menos, e preenchi com muitas guitarras ao mesmo tempo, umas baixinhas bem limpas, outras só com a distorção do amplificador e outras só com um pedal. É que assim o som fica claro pra gravar, mas como ao vivo não tem uma guitarra a mais pra formar essa "massa sonora", eu uso a distorção topada pra preencher qualquer vazio. Eu curti muito o texto, são poucas as pessoas que escutam o disco com tanta atenção. Espero que retornemos a Aracaju nesse ano e vida longa ao programa do rock!
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