“A arte existe por que a vida não basta”, ensinou o poeta Ferreira
Gullar, ainda outro dia. O artista Glauber Guimarães, anteriormente
conhecido como Moskabilly (quando cantava à frente da banda The Dead
Billies), acredita firmemente na afirmação.
“Não tem que ficar pensando se vai agradar, se vai ficar famoso, se
fulano vai gostar ou não. Tem que fazer por prazer. Sem função. Fazer
por que a alma precisa disso, precisa se expressar”, demarca Glauber.
No caso dele, contudo, não foi exatamente “sem função” que Glauber
embarcou em um verdadeiro tour de force chamado Glauberovsky Orchestra. “Na segunda metade do ano passado, eu tive um grande choque. Uma
decepção muito grande que afetou até a minha saude fisica”, conta.
No processo da recuperação, Glauber começou a compor e gravar
ininterruptamente, trabalhando de forma febril, em casa, utilizando o
que tinha à mão. “Uma vez livre dessa coisa ruim, a criatividade se
abriu. Foi como se eu tivesse liberado uma coisa que estava represada há
anos. O que segurou minha onda foi gravar”, relata.
Intitulado Glauberovsky Orchestra, esse projeto se constitui de dez EPs virtuais para download gratuito. Os números impressionam. São nada menos que 64 faixas, sendo 31 delas
autorais e as 33 restantes, covers escolhidos a dedo, que vão de
Paulinho da Viola e Chico Buarque a Bjork, passando por Bob Dylan,
Teixeirinha, Beach Boys, Walter Franco, Neil Young, Tom Waits, Beck e
por aí vai.
Processo terapêutico
Definido pelo escritor Emmanuel Mirdad como “um bolo doido de música
brasileira e folk mundial”, o Glauberovsky Orchestra é um triunfo da
estética lo-fi (baixa fidelidade), cortesia do mesmo sujeito que
maravilha ouvidos não-viciados desde os anos 1990 (com os Billies),
passando pelo duo Teclas Pretas (com Jorge Solovera).
“Foi terapêutico. Essa coisa foi o momento mais difícil que passei
na minha vida, fiquei abalado demais. Parei no hospital e tudo. Mas
coisas legais também aconteceram. Agora estou melhor e quero cuidar da
saúde e da minha filha. A coisa boa foi que abriu minha cabeça. A partir
daí, eu posso fazer o que eu quiser”, conclui Glauber.
Baixe: http://glauberovskyorchestra.blogspot.com.br
por Franchico
rock loco
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