A cabeça pendurada na janela do carro era minha, mas podia pertencer a qualquer punheteiro daquela geração. Avenida Francisco Porto abaixo, a gente gastava a madrugada como podia. O dinheiro curto de estudantes já tinha virado um bocado de garrafas vazias embaixo dos bancos. O barato, no entanto, atendia por outro nome. Volume no talo, apesar da resistência de Diego Oliveira (motorista relutante, baixista da saudosa Vitais, o roqueiro mais sossegado que eu conheço), a obra prima da Snooze fritava o nosso juízo. “Come upstairs/ Come up staaaars...”.
Let my head blow up não é apenas o disco mais noizado da banda. Além de alçar a produção musical da terrinha a um patamar até então ignorado pelas nossas fraldas fedorentas de mijo, as guitarras mais espertas da cidade (então a cargo de Mauro Spaceboy e Clinio Jr) ainda atendiam ao propósito catártico sugerido pelo batismo da bolacha. Parece a letra de uma música ruim, mas quem frequentava os shows da Snooze queria se libertar.
Alguns anos mais tarde, a banda gravaria o terceiro disco – sempre estruturada em torno do núcleo formado pelos irmãos Fabinho (baixo) e Rafael Jr (bateria); sempre com a colaboração de guitarristas escolhidos a dedo (Luiz Oliva, detentor do posto, não me deixa mentir). O seu legado, contudo, já havia sido transmitido. Cada faixa de LMHBU carrega a comunhão perfeita entre barulho e espontaneidade com uma urgência do fim do mundo. No meu tempo era assim.
Bateu saudade da banda? Aparece no Tio Maneco. Tal e qual o filho pródigo, Clínio Jr deu o ar da graça e ofereceu o pretexto que os caras precisavam pra acordar a vizinhança com um bocado de noise e experimentação.
"No Meu tempo era assim"
por Rian Santos
jd
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Apesar das recorrentes mudanças na formação, o trio Fabinho
(baixo/ voz), Luiz Oliva (guitarra) e Rafael Jr. (bateria) está há um bom tempo
respondendo pelo sn00ze.
O ano era 2007, e Fabinho voltava de um período de 03 anos
morando fora. Reassumindo o grupo, com Rafael e Duardo Costa (na banda desde
2004), Luiz é convidado como um reforço na segunda guitarra. Com essa formação,
o sn00ze voltou ao reformado BoomBahia, em Salvador, e em shows em Aracaju, no
Capitão Cook, e em festivais como o Sonorama e Rock Sertão. Com a ida de Duardo
para Salvador (onde hoje integra a Vendo147), desde 2009 o trio remanescente
vem tentando compor material para um novo trabalho.
Em 2010, após apresentação no Verão Sergipe (com adição de
teclados na formação), o trio gravou uma nova música, “Empty Star” que será
lançada como single em 2012, assim como o Tributo ao Second Come (banda carioca
que influenciou o sn00ze em sua formação), numa gravação feita em 2011 e
disponível na página do selo: http://mmrecords.com.br/201106/tributo-ao-second-come/.
Integrantes:
Fabio Snoozer – Baixo, Voz
Luiz Oliva – Guitarra
Rafael Jr. – Bateria
Histórico:
Trata-se de uma das principais bandas em atividade no Estado, com quase 20 anos de carreira. São 03 CDs e uma fita-demo lançados entre 1995 e 2006, e shows pelo nordeste, Goiânia e no eixo Rio-São Paulo.Alguns dos festivais que o sn00ze participou incluem:
- Garage Rock (Salvador) – 1996
- Boom Bahia (Salvador) – 1996, 2007
- Rock-SE (Aracaju) – 1998
- Punka (Aracaju) – 2001, 2003, 2004 (..)
- Circadélica (Sorocaba/SP) – 2001
- Goiânia Noise Festival (GO) – 2002, 2006
- Projeto Verão (Aracaju) – 2004, 2010
- Rock Sertão (Glória) – 2007
- Verão Sergipe (Atalaia Nova) – 2010
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