Brian Giffin, da revista australiana Loud, entrevistou recentemente Mille Petrozza, guitarrista e vocalista da banda thrash alemã KREATOR. Leia abaixo alguns trechos da conversa, com tradução de Leonardo Daniel Tavares da Silva para o site Whiplash:
Loud: o KREATOR está por aí há um longo tempo. Vocês foram uma das primeiras bandas de thrash, então, como você tem visto o metal evoluir nesses trinta anos que vocês tem feito isso?
Mille:
Para mim, não tem a ver com as tendências que vêm e vão, é sim com a
qualidade da música. Na minha opinião, não tem essa... você sabe, com
todos entrando na onda, na mais recente tendência... eu não compro isso.
Eu sou um grande fã de metal em geral. Eu vejo a evolução do thrash
metal como muito crítica. Há uma enorme quantidade de bandas novas que
estão carregando a tocha e tentando copiar o som de volta. Essa é a
personalidade principal deles. Eu gosto muito dessas bandas. Eu gosto de
muitos, muitos desses novos artistas, como WARBRINGER, VIOLATOR, e
todas essas bandas novas, mas ainda estou esperando que um deles venha
com um álbum matador e músicas matadoras. Eu acho que o último do
WARBRINGER foi muito legal. Mas, em geral, o metal foi alterado, é
claro. A década de noventa não foi tão boa para o metal, mas houve
algumas grandes bandas modernas de metal. De 2000 em diante, o metal
tornou-se maior do que nunca e um monte de bandas novas chegaram, mas
nem todas de boa qualidade.
Loud: Então, como isso afeta uma banda como o KREATOR?
Mille:
É tudo uma questão de resistência. Se você está em uma banda por tanto
tempo e você acredita no que você faz, você deve apenas tentar fazer a
sua coisa e não olhar muito pros lados, para ver o que está acontecendo
com o cena,
quem está chegando, quem está se dividindo, quem está morrendo ... o
que quer que seja. Eu acho que a coisa mais importante é acreditar no
que você faz e tentar ser o melhor que puder.
Loud: Eu
sei que algumas pessoas estão realmente ansiosas para o seu próximo
álbum. Parece que as pessoas estão tão interessados em coisas novas do
Kreator como sempre estiveram.
Mille:
O legal da nossa banda, uma das coisas que eu me sinto realmente
orgulhoso, é que quando nós tocamos músicas novas, não é como se as
pessoas não queiram ouvi-las. Eu tenho visto acontecer com um monte de
bandas antigas, quando eles estão mostrando uma nova canção e tendo o
congelamento como reação. E em seguida, eles tocam uma faixa old-school e
todo mundo vai à loucura. Isso não é o caso do KREATOR. Nós tocamos uma música nova e, em seguida, uma antigona e tudo funciona perfeitamente!
Loud:
Sobre o disco novo (que continua tão excitante quanto os primeiros),
você acha isso difícil de alcançar, depois de 13 álbuns?
Mille:
Nós gostamos de ver cada álbum como nosso debut, e tentamos tratá-lo
como se fosse o primeiro e último álbum que nós vamos fazer. Então, eu
acho que é esse tipo de truque. Nós nos vemos como uma banda fazendo o
primeiro disco, e o tratamos quase como uma gravação ao vivo. Se você
tocar o álbum inteiro direito, vai dar certo.
Loud: o disco é bem curto também, direto ao ponto.
Mille:
Eu vejo isso como um elogio. Acho que a principal coisa para um álbum
de thrash metal é que seja direto ao ponto. Quer dizer, é claro que há
excessões, mas eu acho que canções de thrash metal que sejam muito
longas ficam meio chatas. O truque é não fazê-las tão longas, nem tão
curtas.
Loud: eu notei que tem um certo tanto de melodia e alguns momentos folk neste disco.
Mille: ah sim! Nós tentamos fazer cada canção se diferenciar. Tem um monte de IRON MAIDEN, um monte de influência de metal tradicional.
Loud: Liricamente, tem algum conceito predominante ou temas principais sendo explorados em "Phantom Antichrist"?
Ele
é principalmente sobre manipulação da mídia. Esse é o tema principal do
disco. "Phantom Antichrist" é sobre Osama Bin Laden de certa forma; é
sobre o fato de que Osama foi pego e jogado no oceano sem que se
pergunte a ele sobre o 11 de setembro. Então, foi meio que inspirado em
porque eles não falaram com o cara antes de matá-lo e como eles puderam
enterrá-lo no mar, apesar de não haver nada sobre isso na religião
muçulmana. Isso meio que me deu inspiração para o título do álbum. O
disco não é sobre Bin Laden, é mais sobre libertar você mesmo do medo,
por que muitas das mídias de massa tentam meter medo nas pessoas para
poder controlá-las. Então, o tema principal, o conceito principal é como
a mídia tenta te manipular a pensar em uma certa direção. A maior parte
das letras do álbum fala de coisas assim.
Loud: Finalizando, você já pensou em um momento em que você pode se aposentar do KREATOR ou parar de tocar metal?
Mille:
Não. [Risos] Eu vou fazer isso até morrer, eu acho! Não há nenhuma
razão para eu parar de fazer isso. Eu tenho feito isso toda a minha
vida, sabe. O que mais eu vou fazer? Eu amo o que faço e vou continuar
fazendo isso enquanto eu puder. É muito interessante quando você pensa
sobre isso. Olhe para uma banda como MOTÖRHEAD ... Lemmy vai fazer 70
anos daqui a pouco. E ele não parece querer parar, nem nada. É ótimo. É
muito bom. Eu acho que o metal é a melhor forma de música para continuar
fazendo enquanto você quer. Não há limite de idade. É ótimo.
A entrevista, na íntegra e em seu idioma original, você confere no link abaixo.
http://www.loudmag.com.au/content/kreator-still-flying-the-flag
Fonte: Whiplash
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