A voz do Cocteau Twins quebra o silêncio
Podem chorar, fãs de Cocteau Twins: Elizabeth Fraser, a enigmática cantora do grupo, vai quebrar um silêncio de 14 anos. Ela aceitou se apresentar em agosto no festival Meltdown, na Inglaterra (leia entrevista dela ao “Guardian” aqui). Desde a dissolução da banda – e de seu relacionamento com o parceiro Robin Guthrie – em 1998, Fraser não canta suas músicas ao vivo. Ela tem feito raras participações em discos de outros artistas e colaborado em trilhas de filmes. Um disco solo, prometido há anos, nunca aconteceu.Se você não conhece o Cocteau Twins, sugiro procurar urgentemente os oito LPs de estúdio da banda. São discos capazes de mudar a sua vida. Surgiram na Escócia, no início dos anos 80. Embora seus integrantes odeiem o rótulo, a verdade é que o grupo foi um dos fundadores do “dream pop”, um estilo etéreo, de músicas tranqüilas e lúdicas, com camadas de teclados e guitarras soterradas sob montanhas de efeitos, criando uma atmosfera onírica e envolvente. O destaque era o vocal de Liz Fraser. Ela usava a voz mais como um instrumento, cantando letras indecifráveis, num idioma próprio e ininteligível. O que interessava à cantora, mais que o significado da palavra, era sua sonoridade. A música do Cocteau Twins tinha uma beleza quase infantil. Para mim, sempre sugeriu uma atmosfera de conto de fadas e de ilusão, quase que uma regressão à infância e a épocas mais “puras”. Não parecia música deste mundo.
Outros grupos em que a influência do CocteauTwins é marcante: Sigur Rós, Mercury Rev, Galaxie 500, Spacemen 3, Spiritualized, Air, Explosions in the Sky e Flaming Lips. Até veteranos do som gótico, como The Cure e Bauhaus, e gente como Trent Reznor já falaram da importância de Liz Fraser e Robin Guthrie.
E agora, que o dream pop parece estar de novo na crista da onda, com o sucesso de Beach House, parece ser uma boa hora para redescobrir o Cocteau Twins.
Será que vem uma turnê de reunião por aí?
por André Barcinsky
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