Seriam cerca de 300 músicos reunidos para a noite, o que
provocou um verdadeiro congestionamento no palco. Nada muito grave: no final
todo mundo se acomodou, o maestro se postou em seu tablado e a grande noite
começou com a abertura da opereta “A Cavalaria ligeira”, de F. Suppé. Bela
melodia, uma daquelas músicas clássicas que todo mundo reconhece aos primeiros
acordes. Por ali já deu pra notar a competência dos músicos envolvidos na empreitada
...
O segundo número foi um muito bem arranjado “pout-pourrit”
de Aberturas clássicas que começou, como não poderia deixar de ser, com o pra lá
de famoso som do destino batendo à nossa porta, o “tchan-tchan-tchan-tchan” da
5ª. Sinfonia de Ludwig Van Beethoven – na minha modestíssima opinião, o maior
compositor que já pisou sobre a face da terra. Ok, pau a pau com Mozart,
digamos assim, mas por uma questão de gosto pessoal, eu prefiro Beethoven. Não consigo
lembrar quais foram as outras obras cujos trechos foram executados, mas lembro
bem que os acordes da 5ª. pontuavam todo o número, “amarrando” a execução.
Excelente.
A terceira peça foi, compreensivelmente, a mais ovacionada
da noite: “A Marcha imperial”, de John Willians, nada menos que a música-tema
do maior vilão da História da sétima arte: Darth Vader!. Bressan falou na
entrevista para o radio que chegou-se a cogitar que ele a executasse
devidamente paramentado como o Lorde Sith, mas não encontraram uma fantasia
adequada. Uma pena, teria sido ótimo! Perdão, teria sido ainda melhor, porque ótimo,
foi.
Para o quarto número do programa o maestro pede um pouco de
paciência da platéia para que um novo instrumento seja posicionado no palco.
Tratava-se de uma máquina de escrever, objeto de museu, observou ele,
provavelmente desconhecido de boa parte das pessoas presentes no recinto.
Rodrigo Santos “tocou” a máquina (devidamente “afinado” ali na hora, sob o riso
de todos), auxiliado por mais dois músicos que reproduziam o sino e o som que a
dita cuja faz quando é preciso passar para uma nova linha. Era “The Typewritter”,
de L. Anderson, escrita para ser executada por orquestra e máquina de escrever.
Excelente composição, “redondinha” e divertida. Não conhecia ...
Já para “Floresta do Amazonas”, de Heitor Villa Lobos, o número
seguinte, faz-se necessária a presença do Coral da UFS, que adentra o palco sob
efusivos aplausos. O maestro, sempre bastante comunicativo e didático, nos
explica que não há uma letra propriamente dita no canto daquele coral, apenas
uma reprodução honomatopéica do que o compositor entendia ser alguns cantos indígenas.
Muito bonito.
Numa determinada altura do espetáculo, que prosseguiu com o Coro
dos Soldados da ópera “Fausto”, de Gounod, e a belíssima “Dies Irae” da “Missa
Requien” de Mozart, o maestro foge ao protocolo para saudar o “magnífico” (acho
este título meio ridículo, mas ok, quem sou eu para questionar este tipo de
formalidade) reitor da UFS, Josué Modesto, e o empresário proprietário da
empresa de Pisos e revestimentos Escurial, patrocinadora do evento e, principalmente,
da Orquestra do Vale do Cotinguiba – segundo ele, dois verdadeiros visionários,
sem os quais nada daquilo seria possível. Para ilustrar o que estava dizendo,
solicitou que viessem à frente do palco os dois mais jovens músicos da orquestra,
dois gurizinhos que não deveriam ter mais que 4, 5 anos de idade, ressaltando
que a maior dificuldade, no caso, não era ensiná-los a tocar violino, mas achar
ternos que coubessem em seus diminutos corpos. Foram todos merecidamente
ovacionados.
O oitavo número era um dos mais aguardados por mim: “O Bom,
o mau e o feio”, que o genial Enio Morricone, um dos maiores compositores de
trilhas sonoras para o cinema de todos os tempos, compôs para o filme homônimo
do igualmente genial diretor Sergio Leone. Sou fã incondicional de ambos e
adorei a versão, com detalhes muito bem sacados no arranjo para adaptar a
melodia à formatação das orquestras e do coro.
Depois do Coro dos Ferreiros da ópera “Il Trovatore”, de
Verdi, chegou a hora do momento “rock” propriamente dito, com a subida ao palco
do guitarrista César Ribeiro, velho conhecido dos que freqüentavam shows do
estilo na década de 90 do século passado, quando atuava com sua banda Samantha,
para acompanhar a orquestra na execução de 4 momentos do musical “Jesus Christ
Superstar”, de Andrew Lloyd Weber: “João 19:41”, “Overture” (Abertura), “Hosana”
e “The last Super”. Os arranjos, também excelentes, eram mais uma vez do
maestro Ion Bressan, que ressaltou que César estava tocando uma guitarra
fabricada pelo conhecido luthier local Elifas Santana e que a mesma seria
leiloada em prol do GACC – Grupo de Apoio à Criança com Câncer. O ganhador
receberia o prêmio das mãos do músico Armandinho, cliente fiel de Elifas. Para
contribuir e participar do sorteio, entre em contato com Danilo Barreto através do telefone (79) 3042-9171.
Fechando a noite, “Smoke on the water”, do Deep Purple, tocada
por César e pela orquestra e cantada pelo coro e pela solista Vanessa Lockhart.
Não foi ruim, evidentemente, mas acabou sendo o momento mais fraco da noite: a
guitarra estava muito baixa e ficou apagada e a pronuncia em inglês da solista
deixou um pouco a desejar ...
Foi tão boa a noite que achei até curta demais – deu tempo,
inclusive, de pegar a última sessão de “Os Vingadores” no cinema. Para mim,
ignorante que sou do que acontece no mundo da música erudita, especialmente em
nosso pequeno estado, foi extremamente gratificante conhecer o talento de
pessoas tão dedicadas e competentes. Estão todos de parabéns, especialmente o
maestro Ion Bressan, de quem já sou, assumidamente, um fã.
Que venha mais! Muito mais!
por Adelvan “Kenobi”
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