Não dá para falar da trajetória dos Delinquentes sem falar de Jayme
"Catarro". São histórias indissociáveis, traçadas ainda no final dos anos 70,
em meio ao clima de desbunde da época. Entre fitas demo, cartazes e fanzines,
Jayme recorda as primeiras memórias musicais: "A música sempre esteve
presente na minha família. Lembro que meu pai tinha um gravador com entrada pra
duas fitas, que a gente escutava os sons. Sempre tivemos essa veia musical, eu
era o caçula, então os meus irmãos já curtiam na época Pink Floyd, Janis,
tinham vinis e me inseriram neste meio".
O contato com o punk veio um pouco depois, nos anos 80,
quando Jayme e alguns amigos foram ao show do Insolência Pública, primeira
banda punk de Belém. "Quando eu descobri o punk foi paixão imediata. Me
meti lá pro Una com mais dois amigos pra assistir ao show do Insolência
Pública. Chegando lá eu vi aquela galera toda uniformizada, aqueles três
carecas cantando músicas porradas, e foi um choque. Eu pensei 'O que é isso?'
", recorda.
Em seguida houve o contato com o movimento punk inglês. "Peguei a fita dos Ramones e achei o som diferente do rock que rolava por aqui. Tinha dezesseis anos na época, aí eu desbundei de vez", brinca.
Em seguida houve o contato com o movimento punk inglês. "Peguei a fita dos Ramones e achei o som diferente do rock que rolava por aqui. Tinha dezesseis anos na época, aí eu desbundei de vez", brinca.
Embrião - Em 1985, Jayme fez amizade com Regis, da
Insolência Pública e começaram a surgir ideias de montar uma banda.
"Comecei a andar com o Regis e ele me chamou pra fazer parte uma banda
paralela dele, e eu entrei como vocalista. E o que foi a banda paralela dele
acabou virando a minha banda até hoje", conta. Nascia o Delinquentes.
Com um som de pegada hardcore e letras autorais
escancaradas, que mostravam a visão contestatória da juventude punk, o
Delinquentes começou a fazer suas primeiras apresentações. "A gente fazia
'auto shows', fazíamos uma vaquinha, alugávamos o som e metíamos ficha!",
ri. Os palcos variavam entre a Praça da República, Praça do Operário e Bar
Celeste. "E não era só o show, tinha todo um contexto, falatório,
panfletagem, performance...", lembra. Era o reflexo do Movimento Punk, do qual a banda passou a
fazer parte: "Entramos no movimento mesmo. Íamos em reuniões toda semana,
rolava grupo de estudos, era coisa séria! Essas reuniões sempre rolavam na casa
de componentes e agremiações de bairro".
E foi nesse clima que a banda começou a fazer as primeiras
gravações experimentais. "As gravações eram no gravador mesmo. Fizemos
várias assim. A gente ligava o gravador, apertava no rec e metia ficha, bem no
estilo faça você mesmo", conta. Um dos trabalhos remanescentes dessa época
é o K7 "Fúria e Ódio", gravada em Aracajú (SE) e organizada pelo
vocalista da Karne Krua, lendária banda sergipana. O k7 conta com músicas como
"Gueto" e "Viciados", que foram regravadas no cd
"Pequenos Delitos", em 2000.
O primeiro k7 oficial foi o "Infecto Humano", de
1988, contendo gravações de estúdio e um show ao vivo. Já em 1993 saiu uma
coletânea com as bandas Contraste Social, Anomalia, Gestapo e Delinquentes. Das
quatro, o Delinquentes é a única que resiste- e se renova- com o passar dos anos.
Maturidade - São 27 anos de estrada, dezenas de gravações independentes, três discos de estúdio -Pequenos Delitos (2000), Índiocidio (2009) e Formigueiro Febril (2011)- e cerca de 40 formações diferentes. Ao longo dos anos o punk genuíno da banda foi dando espaço para uma pegada mais heavy metal e consolidando um som que hoje é característico do Delinquentes. "Não vou dizer que foi aprimoramento, mas sim as mudanças de formação. Conforme a galera ia entrando, ia acrescentando mais. No começo eu tive resistência, mas depois comecei a curtir e querer. Hoje a gente faz um Crossover, a mistura de punk com metal, e levantamos essa bandeira", afirma.
Entre as formações clássicas, Jayme destaca a "Infecto humano", com Gilson, Sandrão e Gerson (da Babylóides), a do "Pequenos Delitos", com Wilque e Marcílio, a primeira formação com Pedrinho- hoje guitarrista da banda outra vez, Ranieri e Sandro, e é claro, a formação atual: "Nesta formação atual estamos conquistando muita coisa. Foi um salto muito grande, a gente é bem coeso no que a gente quer. Me orgulho dessa formação tanto pela musicalidade quanto pelo lance de um aceitar o gosto do outro", avalia.
Maturidade - São 27 anos de estrada, dezenas de gravações independentes, três discos de estúdio -Pequenos Delitos (2000), Índiocidio (2009) e Formigueiro Febril (2011)- e cerca de 40 formações diferentes. Ao longo dos anos o punk genuíno da banda foi dando espaço para uma pegada mais heavy metal e consolidando um som que hoje é característico do Delinquentes. "Não vou dizer que foi aprimoramento, mas sim as mudanças de formação. Conforme a galera ia entrando, ia acrescentando mais. No começo eu tive resistência, mas depois comecei a curtir e querer. Hoje a gente faz um Crossover, a mistura de punk com metal, e levantamos essa bandeira", afirma.
Entre as formações clássicas, Jayme destaca a "Infecto humano", com Gilson, Sandrão e Gerson (da Babylóides), a do "Pequenos Delitos", com Wilque e Marcílio, a primeira formação com Pedrinho- hoje guitarrista da banda outra vez, Ranieri e Sandro, e é claro, a formação atual: "Nesta formação atual estamos conquistando muita coisa. Foi um salto muito grande, a gente é bem coeso no que a gente quer. Me orgulho dessa formação tanto pela musicalidade quanto pelo lance de um aceitar o gosto do outro", avalia.
Além de Pedrinho na guitarra, a nova formação conta com
Rafael na bateria e Pablo no contrabaixo. Ambos fãs de Delinquentes muito antes
de fazerem parte da banda. Rafael destaca a emoção de hoje fazer parte dessa
história: "Eu conhecia o Jayme da cena, porque eu tocava em uma banda de
hardcore (Renegados), mas era apenas um simples fã. É uma história que quando
você olha pra trás, tudo pareceu passar tão rápido e apesar de eu estar a pouco
tempo na banda, apenas seis anos, quando a ficha cai, eu vejo que já estou
dentro da história de uma banda que é exemplo pra muitas bandas da cena
independente de Belém".
Dia D - E é em comemoração aos 27 anos de estrada e todas as
pessoas e ritmos que fizeram e fazem parte da banda que o Delinquentes vai
gravar neste domingo, 20, na Praça da República, o DVD "Planeta dos
Macacos". Segundo Jayme, a ideia de documentar um show da banda já vinha
de longa data. "Já tínhamos essa ideia há muito tempo, mas ficou
engavetado. Ano passado metemos a cara na Lei Semear e no Conexão Vivo e
conseguimos viabilizar o projeto", conta.
A pré-produção do DVD durou cerca de seis meses e contou com
a ajuda de amigos como Mauro Seabra (DNA), Zé Lucas ( A red Nightmare), João
Lemos (Molho Negro), Beto Fares (Funtelpa) e da produtora Greenvision, que
segundo Jayme encarou a ideia da gravação e a concebeu de maneira bem original.
A produtora apostou em um show anti convencional, bem no
estilo das rodas punks da Praça da República. Para Brunno Regis, produtor e
fotógrafo da Greenvision, a praça como cenário, reafirma o conceito anarquico
da banda. "A ideia de gravar na praça era tanto pra resgatar a história da
banda- que no dia que não existir mais, merecia um placa na praça- quanto pelo
contraste do punk com o cenário do século XIX do lougradouro, que é muito
louco. A gente aqui na Greenvision concorda com o fato de que é meio chato e
antiquado colocar a banda num palco certinho, bonitinho, com iluminação padrão
e coisa e tal, por isso escolhemos usar o anfiteatro com o mínimo de
interferência possível. o palco vai ser o chão do anfiteatro e a coxia a parte
de trás, tudo pra gente tentar levantar e explorar ao máximo o cenário
original", conta.
Fonte: Diário do Pará
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