sábado, 20 de março de 2010

# 140 - 19/03/2010



Bloco produzido por Maicon “Stooge”:

The Box Tops – The Letter
Big Star (Ao Vivo) – Baby Strange

Lipsticks – Simples assim (A ouvinte ' Luiziиháh ♪ pediu, o programa de rock tocou)
Sabrina Porto – Somewhere out there

Drop Loaded:

Violins
• tsunami
• um só fato

Killing Joke – Love like blood
Trio – Herz ist trumpf
The B´52s – Private Idaho
The Police – Every little thing she does is Magic
Blondie – The tide is high
The Pretenders – Don´t get me wrong

Camarones Orquestra Guitarrística – pororoca

Sex Gang Children – Sebastiane
Bauhaus – Dark entries
Tones On Tail – Burning Skies
Alien Sex Fiend – Now I´m feeling zombified

Cabedal – Morena
Nação Zumbi – quando a maré encher
Eddie (Sessões MTV 2008)
• Me Diga o que não foi legal
• Lealdade
• Vida boa

Entrevista:
Cabedal

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Alex Chilton começou uma banda aos 16 anos, chamada THE BOX TOPS, que fazia um tipo de SOUL DE BRANQUELOS muito bom, isso em Memphis, e que durou até 1969, quando ele mandou tudo pro ar em pleno palco. Simplesmente largou a banda e se picou pra Nova York para tentar uma careira solo que não deu em nada. No máximo um disco de pouca importância. Os Box Tops conseguiram algum sucesso com duas musicas, THE LETTER e SOUL DEEP.

Depois da frustração do disco solo ele reencontrou uns brothers de Menphis e montou a BIG STAR, que era o nome de um supermercado que ficava nas proximidades do estúdio onde os quatro se reuniam. O Big Star foi meio maltratada pela gravadora STAX [que eu amo] . Gravaram um disco chamado "# 1 Record.". O # 1 Record. foi mal distribuido e mal divulgado, resultado? NÃO VENDERAM PRATICAMENTE NADA, mas a critica especializada dizia que eles seriam a grande sensação dos anos 70 caso fossem melhor divulgados. Bom, como dizem (NOTA: Lourenço em “O Cheiro do ralo”, por exemplo), 'La vida es dura", e depois de mudanças na banda gravaram uns poucos discos, um que nem chegou a ser lançado porque os caras nem acreditavam mais. Desses, o melhor pra mim é o RADIO CITY BIG STAR.

Uma coisa foda da carreira dele é o lance de ele ter produzido os primeiros discos do THE CRAMPS...

por Maicon “Stooge”

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New Wave é um género musical surgido nos meados da década de 1970 ao lado do punk rock. O termo era considerado sinônimo do punk rock antes de se tornar um estilo musical independente, que incorporava elementos da música eletrônica, musica experimental, mod subculture e disco, assim como o pop dos anos 60. Nos anos de 1990s e 2000 houveram alguns revivals, assim como o surgimento de outros estilos influenciados pelo movimento.

Início: O termo "New Wave" é fonte por si só de muita controvérsia e confusão. Ele era usado em 1976 na Inglaterra por inúmeros fanzines punks, como o Sniffin' Glue, além da impressa oficial. Em novembro de 1976, em um artigo intitulado Melody Maker, Caroline Coon usou o termo "New Wave" para caracterizar o som de bandas que não eram exatamente punks, mas que estavam relacionadas com a mesma cena musical. Por certo tempo os dois termos eram permutáveis, ora punk ora new wave.

Nos EUA, a Sire Records precisava de um termo novo para conseguir comercializar as bandas que freqüentemente tocavam no clube CBGB e que haviam acabado de assinar contrato com a gravadora.. Como os críticos e as rádios americanas chamavam o punk de moda passageira, resolveram usar o termo "New Wave”. Os primeiros jornalistas americanos usavam o nome New Wave para caracterizar as novas bandas punk da Inglaterra. Em dezembro de 1976, o The New York Rocker se tornou o primeiro jornal Americano a associar as mudanças do punk inglês com a cena corrente no CBGB.

O historiador musical Vernon Joynson sustenta que a new wave surgiu na Inglaterra no final de 1976, quando diversos grupos começaram a se afastar o movimento punk. A música que seguiu o anarquismo das bandas de garagem , como o Sex Pistols, eram caracterizadas como "punks", enquanto a musica que tendia para a experimentação, complexidade lirica, ou até mesmo uma produção mais elaborada foi caracterizado com "New Wave". Isso veio incluir músicos que se tornaram proeminentes no cenário do punk rock inglês de meados dos anos 70, como Ian Dury, Nick Lowe, Eddie and the Hot Rods e Dr. Feelgood. De acordo com a AMG, tudo era "raivoso e inteligente". Os compositores estavam se apropriando da música pop com uma atitude tensa e sarcástica , além da clara agressividade e energia do punk, como Elvis Costello, Joe Jackson e Graham Parker. Nos EUA, os primeiros New Wavers se encontravam em grande parte no clube CBGB, como Talking Heads, Mink DeVille e Blondie. O dono da CBGB, Hilly Kristal, se referindo aos primeiros shows no clube transmitidos pela TV em março de 1974, disse, "Eu acho que aquele era o inicio da new wave." Além do mais, muitos dos artistas que eram anteriormente classificados como punk passaram a ser rotulados new wavers - em 1977, por exemplo, uma compilação da Phonogram Records com o nome New Wave apresentava inúmeros artistas norte americanos, como Dead Boys, Ramones, Talking Heads e The Runaways.

A banda Talking Heads foi responsável pela definição do estilo New Wave naquela época. A sonoridade representava a ruptura do blues suave e do rock & roll dos anos de 1960 para o novo rock dos anos de 1970. De acordo com o jornalista especializado em musica Simon Reynolds, a sonoridade era mais rápida e agitada no novo estilo. Os músicos da New Wave tocavam suas guitarras num andamento mais rápido que o comum naquela época. Os teclados eram recorrentes, e a estrutura das musicas tinham constantes mudanças de andamento.

O Power Pop, um gênero que começou antes do punk, no inicio dos anos de 1970, começou a ser associado ao New Wave no final dessa mesma década, pois incorporava o mesmo espírito musical - The Romantics, The Records, The Motors, Cheap Trick, e 20/20 eram grupos que faziam sucesso. Devido ao sucesso da banda The Knack, as gravatas mais finas se tornaram populares entre os músicos de New Wave. Já nos anos 80, um revival do two tone capitaneado pelo The Specials, Madness e o English Beat adicionou humor e uma batida mais forte à New Wave.

Mais tarde, "New Wave" veio implicar um som menos ruidoso, quase sempre sintetizado como o som pop. O termo pós-punk era usado para descrever as bandas mais darks e menos influenciadas pelo Power pop, como Gang of Four , Joy Division, The Cure e Siouxsie & the Banshees, sendo que algumas dessas bandas vieram a utilizar o sintetizador pop. Embora distintos uns dos outros, punk, New Wave e post-punk dividiram uma mesma cena, caracterizada principalmente pela reação enérgica contra a super-produzida e sem inspiração musica popular dos anos 70. AMG explica que a diversidade de estilo da New Wave ocorreu porque a New Wave " manteve o mesmo vigor e irreverência do Punk , assim como uma fascinação com a eletrônica, moda e arte. Essa diversidade se estendeu a diversos músicos e bandas de one hit wonders que surgiram através do gênero.

O termo caiu fora do uso na Inglaterra no inicio dos anos 1980, pois estava se tornando muito generalizante. Alguns críticos afirmam que o estilo morreu no meio dos anos oitenta. Theo Cateforis, professor assistente de História da música e cultura da universidade de Syracuse, argumenta que a New Wave "retrocedeu" durante essa época pois o avanço dos sintetizadores fez com que as bandas New Wave e as bandas mainstream do pop e do rock passassem a soar iguais.
Recepção nos EUA: No verão de 1977 as revistas Time e Newsweek escreveram artigos favoráveis ao movimento "punk/new wave". Os críticos de rock se dividiram. Ações relacionadas com o movimento receberam pouco ou nenhuma atenção da mídia. Todavia, cenas menores se estabeleceram nas maiores cidades americanas. O ano seguinte continuou na mesma , e o apoio do público permaneceu restrito a alguns artistas e ao segmento da população mais cultural e intelectualmente envolvido com a arte. Na época, a disco music dominava as paradas.

No final de 1978 e continuando em 1979, atos do movimento Punk misturados com outros gêneros começaram a ganhar notoriedade nas rádios de rock. Blondie, Talking Heads e The Cars ganharam notoriedade. "My Sharona", um single do The Knack, foi campeão de vendas em 1979. O sucesso de "My Sharona" fez com que muitas gravadoras corressem para assinar contratos com bandas New Wave . Cenas musicais New Wave ocorreram em Ohio[19] e em Athens, na Geórgia.[21] Os anos de 1980 tiveram pequenas aventuras no estilo, com bandas e cantores de outros estilos musicais, com Billy Joel e Linda Ronstadt. O lançamento nesse período do álbum “The pleasure principle”, de Gary Numan, seria a grande descoberta do grande público para com o synthpop. Não houve sucesso com os segundos discos dos artistas que fizeram sucesso com seus debuts, sendo que os que assinaram contrato na época não conseguiram vender seus álbuns, o que forçou as rádios a tirar a New Wave de sua programação.

O surgimento da MTV em 1981 daria inicio ao período de maior sucesso da New Wave. Os artistas britânicos, talvez mais que seus compatriotas americanos, perceberam logo a importância do vídeo clipe. Diversos artistas ingleses começaram a assinar com pequenas gravadoras enquanto os americanos assinavam com as maiores.Os jornalistas apelidaram esse fenômeno de “Segunda Invasão Inglesa ”. A MTV continuou a exibir em sua programação quase que totalmente artistas New Wave até 1987. A partir daí a programação da emissora passou a ser dominada pelas bandas de Heavy Metal.

Cerca de 14% dos adolescentes entrevistados em dezembro de 1982, segundo o Gallup Poll, afirmaram que a New Wave era seu estilo musical favorito, tornando ele o terceiro mais popular na pesquisa. A New Wave tinha maior popularidade na Costa Oeste. As radios de Urban Contemporary foram as primeiras a tocar a New Wave .[26] Nesse período, a definição de New Wave nos EUA mudou para um estilo menos rebelde , uma versão mais comercial do punk, como já foi descrito antes. No restante da década de 80, o termo "New Wave" passou ser usado para descrever algum novo cantor ou banda pop que usava largamente os sintetizadores. Hoje em dia o estilo ainda é usado para rotular as novas bandas Pop, mesmo o estilo tendo sido associado ao pós punk e a musica alternativa.

Fãs, jornalistas musicais, assim como artistas se rebelaram contra essa generalização e criaram outras subdivisões. O Synthpop, que preencheu o vazio deixado pela Música disco, foi considerado um sub-gênero e que incluía bandas como The Human League, Depeche Mode, A-ha, Orchestral Manoeuvres In The Dark e os Pet Shop Boys.

Trilhas sonoras New Wave foram usadas nos filmes "Brat Pack" , como Valley Girl, Sixteen Candles, Pretty In Pink, e The Breakfast Club.[19][30] Os críticos descreveriam a MTV da época como superficial e insípida, mas foi por causa da qualidade musical e da linguagem fashion dos clipes da emissora que se possibilitou a popularização da New Wave. O uso de sintetizadores influenciou o desenvolvimento da House music em Chicago e o Techno em Detroit. O espírito indie da New Wave foi crucial para a criação do college rock e do grunge/ rock alternativo na metade final dos anos 80 e na década de 90. Hoje em dia, a New Wave é considerada parte do Rock Alternativo.

A calmaria de 90 e o ressurgimento em 2000

Em 1991 bandas Retro futuristas como o Stereolab e Saint Etienne misturaram a New Wave com o pop kitschy dos anos 60. No rescaldo do grunge, as revistas especializadas da Inglaterra criaram uma campanha para promover o New Wave of New Wave. Essa campanha era puxada por bandas como Elastica e Smash, todavia ela foi ofuscada pelo Britpop. Outras movimentações ocorreram nos anos noventa, com bandas como No Doubt, Six Finger Satellite, e Brainiac. Durante aquela década, a batida pesada e sintetizada dos movimentos Ingleses e europeus de New Wave influenciaram varias encarnações da Eurodisco e da trance music. Chris Martin se inspirou para criar o Coldplay no A-ha.

Durante os anos 2000, diversas bandas surgiram da diversidade de influencias da new wave e do pós- punk. Entre elas, The Strokes, Interpol , Franz Ferdinand, The Epoxies, Bloc Party e The Killers. Essas bandas eram as vezes apelidadas de "New New Wave". A New Wave continuou a influenciar artistas no final da década de 2000, como Gwen Stefani, The Sounds, The Ting Tings, Shiny Toy Guns,[35] Santogold, Hockey[36]e Ladyhawke.

Em 2009 diversas bandas independentes e indie afirmaram terem sido influenciadas pela New Wave da década de 80.

Fonte: Wikipédia

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NEW WAVE

Revista BIZZ - Ed. Especial – 09/1987

Fonte: CD-Rom Bizz 20 Anos

Uma tarde qualquer da primavera de 1984 - sem mais nem menos - as FMs brasileiras foram tomadas por "Legal Tender" dos B-52´s e "Wonderful World" do Devo. Pronto! A "niu uêive" tinha invadido o Brasil...
Considerando-se que o verdadeiro vigor criativo desse saco de gatos pode ser dado como morto em uma tarde qualquer entre 1981 e 1982, a tal new wave não só chegou bem atrasada como permaneceu até hoje distorcida, pesada, vista e avaliada como caricatura deste punhado de representantes - Devo, B-52´s, a cara de Nina Hagen estampada em camisetas...
Este suplemento especial foi concebido, portanto, para jogar alguma luz sobre o assunto, suas origens, paralelos com o punk, e ramificações pós-punk. Uma das revelações que podem parecer surpreendentes é a new wave não representar nenhuma ruptura - foi muito mais uma sobrevivência de um veio aberto pelos Stooges e pelo Velvet Underground, levada por bandas de Nova York como o Television e os New York Dolls pouco após a dissolução dos grupos citados. Depois que um tal de Malcolm MacLaren voltou a Londres, desistindo de empresariar os Dolls, o veio explodiu em vários selos independentes e o resto é uma longa história... que começa virando a página.


O COMEÇO DE TUDO

A Infância da Modernidade

No pop, pouco se cria. Tudo se copia e todos adoram reciclagens. Não pense que os precursores da quarta geração nunca ouviram nada. Embora revolucionários, foram precedidos por um amontoado de sonoridades que, em meio às pompas do rock progressivo, ficaram perdidas, esquecidas no vazio dos anos 70. Mas a história é tão traiçoeira que é capaz de nos carregar aos primórdios dos anos 60, onde estão localizadas as garage bands (os primeiros sintomas do punk), que nada mais eram do que bandinhas e fundo de quintal, compostas por adolescentes rebeldes, viciados em guitarras distorcidas, baterias descompassadas e gritos incendiários, usados como pedras contra qualquer possibilidade de bons costumes.
Esta rudimentar e radical concepção é recuperada por outros desajustados em fins dos anos 60. Sob essa influência surgem o MC5 e os Stooges, que recriaram de forma cáustica esse contexto, porém um pouco antes (66), já havia o Velvet Underground, exímio laboratório musical, que transtornou a vertente psicodélica ao lado de nuances de art rock, beat ballads e chamas idiossincráticas. Ainda nos anos 60, não podem ser esquecidas as estrepolias anarcoexperimentais de Captaim Beefheart e o rock mágico de Alex Chilton e seu Big Star.
No início da década de 70, a grande menção vai para os mitológicos New York Dolls, os mestres do trash que, num misto de garage e glitter rock, desafinaram o coro dos contentes.

As Nascentes Fulminadas
Em fins de 74, todos os detalhes mencionados vão colorir alguns outros notáveis cérebros americanos, que começam a destoar da ressaca progressiva e das pretensões do jazz rock. É a vez de Patti Smith, a dionisíaca poetisa junky que experimentou mesclar os restos da alma de Rimbaud e Jean Genet com a arquitetura de trash rock, e de Jonathan Richman, o beat apaixonado por Lou Reed, que, com os Modern Lovers, agrupou elementos de country e baladas hipnóticas.
Logo em seguida, os Ramones recuperam a estirpe das garage bands, travestidas de punk com maquilagens à base de power pop e bubble gum. Ainda em 75, debutava o desarticulador Talking Heads, um dos grupos americanos mais interessantes, abertos à experimentações, incluindo desde o funk até peculiaridades do pop ortodoxo.
Mas os dois maiores desta fase se chamavam Blondie e Television. O primeiro, centrado na indomável beleza de Debbie Harry, a Marilyn mais gostosa do pop, recuperou, em uma nova linguagem, oníricas paisagens do rock´n´roll e do rock ballad, criando atmosferas de profundo romantismo e excitação. O segundo, grupo à cargo das guitarras de Tom Verlaine e Richard Lloyd, recriou as diretrizes do british boom e da pré-psicodelia americana.
Excetuando Jonathan Richman (Boston), todos os citados são provenientes de New York e, finalizando, não podemos omitir outros nomes importantes vindos de outras cidades. Assim, temos o punk metal pop das deliciosas Runnaways, o neocountry-rock de Tom Petty (inovando as matrizes dylanescas), o mainstream-rock do Southside Johnny & the Ashbury Jukes e daquele garotão que hoje faz muito sucesso, o então semi-desconhecido Bruce Springsteen.

It´s Only Rock´n´Roll
Em 76, incrementando esta multicolorida panorâmica, outros nomes vão sendo incorporados no New York Sound. Embora fossem mais outsiders do que a turma da primeira safra, no nível qualitativo, não deixavam nada a desejar. Uma turba voltada essencialmente para os moldes básicos do rock´n´roll, sem quaisquer pretensões ou traços refinados.
Por um lado, o revivalismo ipsis Litteris dos anos 60, comandado pelos Fleshtones, e do outro a criação do psychobilly pelos ensandecidos Cramps, um grupo very trash and wild. Aí um belo eletrochoque nos mais desavisados: surgem Richard Hell e seus Voidoids, os marginais da blank generation americana.
À margem de todos esses, vagava a tristonha e absorta figura de Mink De Ville, um discípulo dos dias amargos de Lou Reed, dono de um possante big-rock, adornado por toques espanhóis, mórbidas baladas e velhas paixões impossíveis, tais como aquelas dos anos 50.

Pragas, Fusions & Fraturas
And the show must go on... New York recebe, por volta de 78, uma injeção de doses perigosas ao pop, ou seja, a invasão da música minimalista, a performance experimental de Laurie Anderson e as micro-sonoridades do erudito-minimal de Glenn Branca. Uma barra tecnotranscendental vivida em formato de anti-rock, ou melhor, aquela musicalidade que renegava os cânones oficiais da ortodoxia popular, trocada por um ecletismo rebuscado, onde valia quase tudo, menos o que fosse comum.
A vanguarda britânica, que sempre foi esperta, aporta em Nova York trazendo como representantes/gurus os guitarristas Fred Frith e Robert Fripp, além do frenético produtor/músico/multimídia Brian Eno. Este descolou umas figurinhas e produziu o histórico LP No New York, a antologia dos renegados e anticonvencionais, cabendo destaque ao experimentalismo anacrônico do DNA, ao asuingalhado bastardo do free-jazz e neo-Funk James White (o saxofonista mais kitsch do pop) e as febres enegrecidas dos Teenage Jesus & the Jerks, pilotados pela neo-Patti Smith, a junkaça Lydia Lunch. Também outras realidades surgiram sob a responsabilidade do Suicide, um duo tecno-transgressivo, e de Kid Creole, um Cole Porter multifacetado capaz de unir o reggae com a salsa, a balada com a big band, o calipso com o rock e assim por diante.

por Fernando Naporano

UM CHUTE NO SACO DOS ANOS 70

Afinal, o que foi o punk? Você vai ter respostas diferentes conforme perguntar a um americano ou a um inglês, entre aqueles que participaram deste movimento. A resposta americana, seria qualquer coisa assim: o punk começou com os freqüentadores do clube CBGB de Nova York e as bandas que se apresentaram lá a partir de 1974 (Ramones, Television, Patti Smith, Blondie, Talking Heads...) como uma aliança entre uma multidão de kids desocupados e uma gangue de art rockers que sofriam da síndrome de Rimbaud, isto é dos jovens portas românticos e decadentes.
Os inglleses lhe dirão que Malcolm McLaren, Bernie Rhodes, Jamie Reid e mais um punhado de iluminados inventaram o punk, criaram os Pistols e o Clash do nada e saíram para as ruas, provocando o mundo com roupas esdrúxulas, cortes de cabelo absurdos, violência, xingamentos, exibindo suásticas. Também dirão que, tirando Iggy e os New York Dolls, ninguém nos States era realmente punk e sim uns babacas e (cuspe!) uns artistas. Além disso, o punk verdadeiro foi um movimento de TRABALHADORES empurrados por multidões de garotos revoltados simultaneamente com o perigo nuclear, a piada do Estado de bem-estar social e trabalhos chatos, cara.
Sim sim sim, mas o que foi, quem o fez e por quê Basicamente foi uma aliança de conveniência entre dois bandos que tinham em comum uma vontade alucinada de erradicar para sempre o marasmo bordélico e incrivelmente chato em que o rock branco estava embrenhado. De um lado havia uma turma de espertinhos (McLaren e companhia) que queria sacudir as coisas e fazer dinheiro. Achavam que a melhor maneira de fazê-lo era religar a tomada do Fator Ruptura no rock. De outro lado havia uma facção mais aguçada e explosiva em meio às bandas de pub rock pós Dr. Feelgood, reagrupada em torno, de Jake Riviera (empresário de Dr. Feelgood) e Dave Robinson (empresário de Graham Parker). Em julho de 76, os dois fundam a Stiff Records, a primeira gravadora independente da história. O primeiro compacto é lançado no mesmo mês: Nick Lowe, "Heart of The City" / "So It Goes". Da Stiff surgiriam as bandas mais importantes da new-wave.
O punk foi o resultado da tensão entre os anarquistas e os fundamentalistas do rock: estes queriam que o rock´n´roll voltasse a ser uma música excitante e que valesse a pena. Aqueles queriam simplesmente destruí-lo. As duas facções se divertiram, as duas fizeram dinheiro e, no final das contas, as duas fracassaram. Outro forte fator de união entre os punks (Clash, Pistols, Generation X, Stranglers, Darmned, Banshees, Buzzcocks, Understones, as brigadas de 15 minutos como Sham 69, Lurkers, Drones, Nosébleeds, etc.) e os new wavers Elvis Costello, Ian Dury, Boomtown Rats) era seu ódio consensual pelos anos 70.
De início, o punk representou uma oportunidade para os jovens: antes do punk, o rock era monopolizado por músicos mais velhos. O punk também permitiu que as mulheres subissem ao palco e participassem do circo, simplesmente porque todos estavam partindo de uma posição de igual incompetência (tirando aqueles que sabiam tocar mas não confessavam, por medo de comprometer sua imagem. Nada mais engraçado ver o Police tentando tocar como os punks...). Nessa situação, os preconceitos tradicionais o se aplicavam e as mulheres de Chissrie Hynde e Tina Weymoulth, empunharam guitarras e baixos. Bandas como X-Ray Spex (com sua cantora lendária Poly Styrene), e as Slits, a primeira banda formada originalmente só por mulheres (Viv Albertine, Ari Upp, Palmolive e Tessa), podem não ter leito) muito sucesso mas abriram o caminho. Hoje é absolutamente normal ver uma mulher tocando rock´n´roll.
A música negra escolhida pelos punks foi o reggae que, ao Contrario do blues, que tinha inspirado os grupos dos sixties, era tocado por negros locais que eram contemporâneos dos punk. O punk adotou o reggae e o levou para casa. Mesmo se a morte de Bob Marley impediu que o processo fosse até o fim, os efeitos desta aliança permanecem a terceira grande contribuição do punk.
E finalmente tem música. Serem dúvida, ficarão a posteridade a raiva sulfurosa dos Sex Pistols, o hinos à rebelião entoados por Joe Strumner sobre os riffs metralhados por Mick Jones, o estilo de guitarra tão peculiar de Paul Weller - líder do Jam - derivado da escola Pete Townshend/Wilko Jhonson. Para a new wave ficará a selvageria saudável de Elvis Costello e sobretudo um personagem diretamente saído de um romance de Dickens, criminosamente desconhecido no Brasil, chamado Ian Dury. Físico atrofiado pela pólio quando criança, e cockney incurável, o cantor/compositor cometeu com sua banda, os Blockheads, dois álbuns imperdíveis: New Boots And Panties (77) e Do It Yourself (79), numa fusão rara de punk e dance music.
Desde então o rock nunca soou tão bom, tão urgente, tão direto, tão necessário. Nenhuma banda hoje é capaz de segurar a comparação. Porque é impossível voltar atrás. Tudo o que aconteceu na música pop desde 1945 foi re-re-re-re-revivido e o punk é agora mais uma opção no guarda-roupa da cultura universal, Hoje os tempos São duros demais para que se queira enaltecer ou romanticizar a pobreza e a maioria das pessoas prefere parecer mais próspera do que é realmente.
Tanto o hippie como o punk procuraram mudar a maneira com que a música pop é produzida e consumida e ambos deixaram a indústria mais forte do que antes. Se uni dia o pop voltar a anunciar que o negócio é subversão, deverá ser muito, mas muito convincente.

por Jean Yves De-Neufville

A NEW WAVE SAI DE NOVA YORK

Não é só em nova York que brotam as mais importantes bandas do rock americano. Mais ou menos na mesma época em que apareceram os primeiros punks na Inglaterra - igualmente influenciados pelas bandas de Nova York - começaram a pipocar as mais esquisitas bandas nos mais ermos dos lugares. O vírus do vale-tudo, disseminado com o punk, corria solto, e foram surgindo mais nomes para engrossar as enciclopédias de new wave e música pop.
Os Residents e o Pere Ubu estão entre os ascendentes da new wave americana. Foram fortemente inspirados pelos trabalhos mais antigos - dos anos 60 - de Captam Beetheart e dos Mothers of Invention, de Frank Zappa, onde não havia limites formais.
Os Residents são literalmente inclassificáveis. Não se sabe, até hoje, quem e quantos são, como parecem e o que vão fazer no próximo disco. Desde 74 (!) eles vêm gravando LPs - todos lançados pelo importantíssimo selo independente Ralph Records, que mais tarde gravaria o grupo industrial Tuxedomoon - e muitos deles têm informações falsas nos créditos, tudo para despistar a todos, chamando a atenção exclusivamente para a música deles. Eles também experimentaram em outras áreas, como vídeo, performance, teatro e trilhas sonoras. A música deles tem instrumentações estranhíssimas, muitos efeitos eletrônicos, humor e referências à musica concreta, minimalismo e, evidentemente, à música pop. São craques em estúdio, e estão em sintonia com os equipamentos hightech.
O Pere Ubu é menos ousado, mas não menos excêntrico. A música deles é livre e solta. As letras perplexas de David Thomas e os instrumentos anárquicos, cheios de ruídos, fizeram do Pere Ubu um dos precursores do rock industrial.
Na cidadezinha de Akron, Ohio, apareceu o Devo, formado por estudantes de arte da universidade local - aliás, as universidades americanas e suas redondezas são verdadeiros celeiros de grupos. Com seus uniformes futuristas, gestos robotizados e letras cínicas, o Devo virou um protótipo da new wave americana. O mesmo aconteceu com o B-52´s, de Athens, Georgia, que reviveu, com seus roquinhos despretensiosos, um monte de bobagens americanas, como cortes de cabelo e passos de dança extravagantes. Tudo em nome da diversão, energia vital do new wave.
De todos esses grupos, o que teve maior sucesso comercial foi o Cars, de Boston, que lançou seu primeiro LP, produzido por Roy Thomas Baker - que foi produtor do A Night at the Opera, do Queen - em 78. Liderados por Ric Ocasek, este quinteto fazia um som despretencioso, cool, com melodias delicadas em beats bem dançantes (aliás, esta é a maior característica da new wave).
Na costa oeste os principais representantes da new wave, foram o Oingo Boingo, um octeto bizarro com instrumentais tendendo um pouco para o jazz-rock comercial, o que fazia uma vibrante mistura de rockabilly, west-coast music e demência, produzidos em disco pelo ex-tecladista dos Doors, Ray Manzarek, e o Chrome, uma espécie de grupo industrial gótico.
Nesta época apareceram algumas bandas que não conseguiram, fazer sucesso nos EUA - um mercado difícil - e se mudavam para a Inglaterra, onde conseguiam gravar e despontar para o estrelato - às vezes. Foi o caso dos Stray Cats, liderados por Brian Setzer. Eles se mandaram de Nova York para lançar o new-rockabilly na Europa - e se deram bem, principalmente na França. Bem menos sortudos foram os DB´S, que também saíram de Nova York para gravar em Londres. Lançaram dois LPs na Europa - e tiveram uma recepção tremendamente positiva por parte da crítica, que apontou-os como mestres na leitura e revitalização do pop psicodélico dos anos 60.

por Thomas pappon

MORTE À NEW WAVE

Os punks tinham determinado as novas regras do jogo; tinham dinamitado a ponte que durante décadas, séculos até, impediu o acesso do público ouvinte ao privilegiado palco, onde músicos redundavam cada vez mais a sua "arte". Não, agora a orientação era outra. Ninguém queria saber mais das tradicionais e castrantes aulas de música. Ninguém mais poderia limitar os territórios a serem explorados. Sem pré-requisitos, sem maiores conhecimentos musicais, apenas movido pela vontade de tocar e criar, despertada pelas mais variadas razões, qualquer um poderia ser músico.
Para o rock, o punk tinha sido algo como um anticristo, que passou rapidamente pela terra, deixando um crescente contingente de seguidores ou admiradores de sua ideologia iconoclasta. Em seguida, enveredando pelos, mais variados caminhos, ocupando e explorando os mais virgens territórios, seguiam os jovens de cabeça feita em busca de aventura e experiências excitantes. E este, mais ou menos, o espírito reinante em 78 quando é decretada a, morte do movimento, um ano após o seu nascimento. Este novo momento, em que dezenas de bandas saem por rumos totalmente opostos e diferentes, só pode ser chamado de pós-punk, uma continuidade da new-wave e sua última grande fase fértil.
Evidentemente, havia, dentre as bandas que começaram no punk, algumas poucas que foram capazes de entender perfeitamente a situação e de acompanhar o novo processo de constantes transformações. Foi o caso dos Stranglers (banda mais duradoura dessas todas, hoje completando doze anos de atividade, com a mesma formação), do Wire (mestres na experimentação hoje especializados em samplers), Siouxie & The Banshees, Clash (que enveredou pelo reggae e funk) e o Jam (depois de mod, veio o flerte com o soul e a Motown, e deu no Style Council).
Das bandas que se consagraram um pouco mais tarde, a partir de 78, as mais importantes e influenciadoras seguem em ordem alfabética...

A CERTAIN RATIO:
Banda de Manchester, formada em 77. No início, eram três rapazes. Com a entrada do baterista Donald Johnson, eles passaram a se interessar por ritmos latinos e funk. A mistura deles é "quente": ritmos trabalhados, guitarras e vozes dissonantes, acordes esparsos, melodias discretas - quase inexistentes. O álbum Sextet (81) dá uma boa noção de como soa esta salada.

ASSOCIATES:
Banda escocesa de dois integrantes - Billy McKenzie (vocais) e Alan Rankine (instrumentos) - que começou mesclando vocais lírico sem vários planos distribuídos num instrumental pesado e bem pontuado. O LP de estréia deles é brilhante, e conta com uma pequena participação vocal de Robert Smith (Cure). Mais tarde, eles viraram uma banda convencional de tecnopop.

AU PAIRS:
Banda pouco famosa e de curta existência, que fazia um som leve e pop, na linha do Cure. Entretanto, foram importantes em alguns aspectos: faziam boas composições, suas apresentações eram vibrantes e as letras (cantadas e escritas por Leslie Woods) eram feministas.

BIRTHDAY PARTY:
Grupo australiano liderado por Nick Cave. Eles se deram bem quando se mandaram por conta própria para a Inglaterra. A tônica deles era o barulho, zumbido, zoeira, demência total - tudo isso ancorado nos sincopados andamentos do baixo e da bateria. Uma grande banda que acabou no momento certo: de suas cinzas, nasceram o Nick Cave & the Bad Seeds e o Crime & the City Solution.

CURE:
O que os diferenciava era a ênfase na guitarra rítmica de Robert Smith e sua voz lamuriosa. O pique de garage band - acentuado pelos ágeis beats da guitarra - também ajudava. Depois entraram numa fase meio depressiva, onde criaram belos climas pesados, bem densos. Foram mais influentes nessa fase - onde começavam a usar teclados. O LP Seventeen Seconds, pouco conhecido por aqui, é o disco-chave desta concepção.

DEXYS MIDNIGHT RUNNERS:
O primeiro LP deste - originalmente - octeto foi um dos pioneiros na exploração pós-punk da soul music americana. O segundo LP é totalmente diferente nas referências - atacam de folk music irlandesa -, sem perder o embalo contagiante do anterior. O responsável pelas tomadas resolutas de direções opostas é o líder do grupo, Kevin Rowland.

DURUTTI COLUMN:
E um grupo de uma pessoa só: o guitarrista/pianista/cantor Vini Reilly. A exemplo do Joy Division, o grupo é de Manchester e foi um dos primeiros a entrar nos planos da gravadora Factory. Seus discos têm diferenças nas condições de gravação (um foi gravado num porta-studio, outro em Portugal, outro ao vivo etc.) e instrumentação (o baterista Bruce Mitchell participa a partir do segundo LP, sax e sopros entram nos últimos), mas as composições e texturas criadas pela guitarra melódica de Reilly apontam em direções difíceis de definir - é melhor nem se atrever, para não cometer besteiras, como falar em "new age music".

ECHO & THE BUNNYMEN:
Quando vieram ao Brasil, não deixaram dúvidas sobre suas preferências musicais e sobre as áreas que exploram. O negócio deles é west-coast - Byrds, Doors e Love -, bandas de Nova York - Television, Velvet Underground - e as fases mais psicodélicas de Beatles e Pink Floyd. As guitarras esparsas e viajantes de Will Sargeant e os vocais e letras depressivas/debochadas de Ian McCullogh são marcas registradas. São pioneiros do neopsicodelismo.

FALL:
Mais um de Manchester. O Fall está na ativa desde 77, só que, ao contrário da maioria dos seus conterrâneos, pouco mudou depois de todos estes anos, apesar das várias formações. O Fall, sempre liderado pelo cantor/letrista Mark E. Smith. foi várias vezes comparado ao Velvet Underground, pela sua lassidão instrumental - parece que ninguém sabe tocar seus instrumentos - e pela compensação em ruídos e distorções. As letras do Smith são um caso à parte - ele brinca, inverte, dá novas formas e conteúdos à língua inglesa, criando imagens totalmente inusitadas ou sem significado. Lançaram mais de quinze LPs.

GANG OF FOUR:
Uma das mais influentes bandas do pós-punk, principalmente pela consistente exploração de ritmos sincopados e pela utilização da guitarra distorcida, pesada, como instrumento rítmico. No seu primeiro LP - o importantíssimo Entertainment - eles soam rápidos, secos, na mais pura concepção punk. Só que apontam - com brilho - para os caminhos que viriam a culminar no disco-funk, a partir do 3º LP. Songs from the Free.

JOE JACKSON:
Eis aí um dos grandes precursores do new-pop. Jackson sempre fez canções bem pop, sem maiores inovações, e sempre se referenciou em ritmos dançantes. "pra cima", sem no entanto cair no vulgar. Mais tarde, começou a flertar com o jazz, ritmos latinos, chachachá e por aí afora.

JOY DIVISION:
O romantismo na versão energética e apaixonada, que só mesmo o punk poderia materializar. Os vocais agonizantes do suicida Ian Curtis e os instrumentos gélidos e raçudos do pessoal que mais tarde formaria o New Order modificaram os conceitos da época. Em 80, pouco depois da morte de Curtis, lançaram o Closer, um clássico, um disco tão influente que já deixou até marcas no rock nacional mesmo tendo sido lançado aqui recentemente.

KILLING JOKE:
Eles começaram fortemente influenciados por ritmos jamaicanos, e depois entraram de cabeça na fase hard, para se tornar um dos grupos mais pesados da época. Não chegam a ser heavymetal, por causa de alguns elementos largamente explorados no pós-punk: bateria tribal, baixo sincopado meio funky e a quase ausência de solos e melodias, formando uma massa bem dissonante.

LEAGUE OF GENTLEMEN:
Tentativa de Robert Fripp (guitarrista/líder do King Crimson) de formar uma banda com um som "dançante", bem influenciado pelas bandas americanas. O resultado é único: imaginem as concepções minimais-experimentais dos Frippertronics (adaptações montadas com séries eletrónicas, pedais, seqüênciadores), os teclados esquisitos de Barry Andrews (ex-XTC, mais tarde no Shriekback), tudo isso ancorado nos beats dançantes montados por Sarah Lee (baixista, depois no Gang of Four) e Johnny Toobad (baterista). Lançaram só um LP, em 81, e depois e grupo acabou.

MAGAZINE:
Grupo de heavy pop, fundado pelo ex-vocalista dos Buzzcocks, Howard Devoto, Barry Adamson (baixo), John McGeogh (guitarra), John Doyle (bateria) e Dave Formula (teclados) acabariam envolvidos em outros projetos posteriores não é a toa, pois todos eram excelentes músicos - como Visage, Siouxsie, Bad Seeds e Armoury Show. O excelente LP Time Correct Use of Soap foi produzido por Martin Hannett, o produtor do Joy Division.

PIL:
Antigrupo formado por John Lydon, depois que ele saiu dos Sex Pistols e declarou que o punk estava morto. Com Jah Wobble (baixista, ex-motorista de táxi), Keith Levene (excelente e criativo guitarrista) e um Walker (baterista), o Public Image Limited mantinha a agressividade e energia dos Pistols, só que voltado para um lado mais dissonante e denso. A inserção do grupo no mercado foi de uma abordagem conceitual brilhante. O primeiro LP chama-se First Issue (primeira edição), e remete a capas de revistas famosas. O segundo LP, Metal Box, foi originalmente lançado como caixa de metal que reunia compactões e depois virou um álbum duplo com outro título. Second Edition (Segunda Edição).

POLICE:
Stcwart Copeland, Sting e Andv Summers, três veteranos, resolveram se unir em 77 para aproveitar a onda do reggae e da experimentação. Mesclaram padrões roqueiros com o ritmo mais popular da Jamaica, e conseguiram um resultado pesado e original, o que agradou a um grande contingente de curtidores dos mais variados gêneros, inclusive os progressivos (os três são músicos excelentes). Pelo seu potencial comercial, estiveram entre os primeiros grupos lançados no Brasil - anos mais tarde como banda "new wave".

POP GROUP:
Banda de curta duração, formada em Bristol. Suas músicas quase não tinham estrutura definida, lembrando os padrões rítmicos do Captam Beefheart, onde não havia andamento fixo. Os vocais apocalípticos de Mark Stewart, pianos e saxofones anárquicos e baixos bem pontuados são as principais características do grupo. Depois que eles acabaram, em 80, seus ex-integrantes formaram outras bandas importantes, como o Pigbag e o Rip Rig & Panic.

PRETENDERS:
A americana Chrissie Hynde montou uma banda inglesa Os Pretenders, no início apesar de alguns "hits´ mais leves faziam um som pesado e contagiante repleto de qualidades únicas como o vocal afinado e vigoroso de Chrissie, as guitarras cortantes do falecido um Honeyman-Scott e as baterias de Martin Chamhers (da escola de John Bonham). Os dois primeiros LPs deles são fundamentais.

PSYCHEDELIC FURS:
Velvet Underground e David Bowie eram as grandes influências deles. O cantor Richard Butler, com sua voz rouca realmente lembra Bowie e Lou Reed, mas a massa de guitarras está mais para o wall of sound de Phil Spector.

SIMPLE MINDS:
O primeiro LP deles saiu em 79. Lembravam fortemente o Roxy Music, com seus teclados espaciais e dispersos, em canções bem pop. Depois, iniciaram uma interessante trajetória de experimentações e lançaram belíssimos discos, com ênfase nos instrumentais diferentes, meio progressivos, meio tecnopop. O método de trabalho de Jim Kerr (vocais), Charles Burchill (guitarras), Mike McNeil (teclados), Derek Forbess e Brian McGhee (bateria) reflete nas elaboradas melodias: gravam horas de jam sessions em ensaios, ouvem os tapes e selecionam os melhores momentos para montar uma composição.

TEARDROP EXPLODES:
Juntamente com o Echo & the Bunnymen, este foi um dos grupos que melhor soube "ler" a west-coast music, psicodelismo e James Brown (quando este estava inventando o soul). O cérebro de tudo isso foi o cantor/guitarrista Julian Cope, que iniciou carreira solo depois do segundo LP do Teardrop Explodes.

U2:
O LP de estréia desta banda de Dublin revelou ao mundo um grupo novo que esbanja vigor, peso e, ao mesmo tempo, um sensível senso melódico. Bono e Edge são os principais responsáveis pela façanha, a de equilibrar o pueril exibicionismo de fé e paixão das letras e da postura deles com as vigorosas interpretações vocais e instrumentais, sustentadas nos harmônicos das guitarras e na cozinha precisa e eficiente de Larry e Adam Clayton. Influências do U2: música irlandesa, Scott Walker, Television, Clash e Sex Pistols.

XTC:
Grupo de craques em arranjos e conceitos de produção de estúdio. Nunca se deram muito bem ao vivo, e até abriram mão deste expediente. Andy Patridge (guitarras) e Colin Moulding (baixo) se revezam nos vocais e autorias das composições. Começaram em 77, e em 78 lançavam o primeiro LP. White Music, com rockinhos rápidos - bem feitos - sem maiores pretensões. Depois, a cada lançamento um disco, passaram a esbanjar uma rara sensibilidade nos arranjos, principalmente nos vocais lembrando as melhores coisas dos Beatles e de outros grupos antigos -, nos timbres e sobreposições de guitarras, entradas e saídas de efeitos, tudo em nome do peso e da diversificação. O LP Black Sea (80) é o exemplo clássico - antes deles começarem a se ligar em folk inglês, temas orientais e outras referências bucólicas.

Todas estas bandas apontaram caminhos. E mais ou menos a partir de 79/80 que algumas delas começam a se repetir ou a serem imitadas. O espírito de inovação, de exploração e busca de experiências não mais predomina. As "brasas do pós-punk" (ver no item Tecnopop) agora estavam começando a se apagar, para dar lugar a uma febre leve, alienada, enfeitada com cores, gestos, passos de dança, compromissada apenas com o balanço ritmado das ancas e dos topetes projetados sob cortes bem curtinhos. Chegou a new wave que o resto do mundo viria a conhecer, apenas em seu formato comercial, criado, artificial... Usurpando o nome que tinha sido dado para abranger os trabalhos que, contando com a energia do punk e com o espírito de combate às redundâncias do rock progressivo em nome da vibração e da simplicidade do rock´n´roll -, as gravadoras e grupos mais espertos se infiltravam no mercado internacional como integrantes do "movimento new wave"
É assim que nós, no Brasil, tomamos contato com a "new wave", oficialmente, bem numa época em que a verdadeira new wave - aquela que surgiu antes do punk, em Nova York, e depois seguiu paralelamente ao punk para se extinguir juntamente com o pos-punk - já tinha acabado. O que nós conhecemos - os trabalhos mais recentes e repetitivos do Devo, B-52´s, Police, Cars, Talkine Heads, Nina Hagen, Ou Go´s, Gary Numan etc, etc... -, está longe de representar o que houve de importante e influente na produção musical da década passada, onde as gravadoras independentes proliferavam e nós passávamos pelo velho problema do atraso, medo e não aceitação das nossas gravadoras e mídia. Resta lembrar que, no fim do pós-punk, começaram a surgir alguns gêneros caracterizados - todos descendentes da new wave, mas que tiveram uma certa participação na configuração do rock atual. Com vocês, o tecnopop. O new romantic, O two tone, o gótico, o new pop e o industrial...

por Thomas Pappon

O SWING SKANDALOSO

O preto e o branco. Dois distintos tons de cor. Two Tones. Uma expressão que, aportuguesada, atende pelo nome tutônico. Terninhos e gravatas próximos à linha mod. Cabelinhos muito curtos com trejeitos dos anos 30. Letras pregando os alvoroços do cotidiano, desbancando a segregação racial e cuspindo farpas no poder. Tudo começou quando os skinheads ingleses adotaram o ska - um pop jamaicano- ancestral do reggae - como música preferida. Só que a consciência punk predominante era anti-racista e imediatamente começaram a surgir bandas, algumas integradas de negros e brancos, fazendo revival do ska com caráter político. As primeiras movimentações skazaladas ocorreram em 77, com dois grupos pioneiros, o Madness e os Specials. O primeiro, possesso de bom humor um swing skandaloso, adotou, ao lado de suas melodias sedutoras. doses de rumba, ablues, big-band, rock´n´roll e muitos porres de folclore latino. O segundo, de onde saíram o tecladista/vocalista Jerry Dammers (mais tarde no Special AKA) e o poeta/vocalista Terry Hall (Fun Boy Three e Colourfield), era realmente do primeiro skalão. Renovaram skandalosamente a linguagem do pop com uma pulsação frenética baseada no reggae, nas altas temperaturas do calipso e numa idiossincrática tessitura de rock. Depois vieram muitos outros, sendo que alguns, como o atordoado Selecter, o vigoroso Beat e o gostoso Bodysnatchers, foram mais representativos.
Outros grupos como o Police, Slits e Pigbag, também gostaram do skândalo e passaram a skazalar algumas de suas composições, sendo que, até hoje, a malícia tutônica persiste nos fiéis amantes do ritmo.

por Fernando Naporano

OS DÂNDIS FUTURISTAS

Em meio a tantas (re)invenções surgidas no pós-punk, uma delas fez história, tornando-se bem-sucedida, principalmente em países mais "fáceis" como o Brasil, pois era uma sonoridade de sistema, feita pura o sistema A corrente se chamava de new romantic e também admitia e título de futurista. Do que se tratava? Acima de tudo, da vitória do artifício sobre a substância do visual sobre a essência e da máquina sobre o homem.
Iniciada em 78 pelos neo-dandys voyeurs de luxo, tendo David Bowie como ídolo máximo, como bases as escolas da cold-wave (notoriamente Gary Numan) e do tecnopop (Human League era a peça-chave), este movimento, na verdade, foi uma das maiores frivolidades já vividas pelo pop.
Assim o Visage desfila o seu glamour sobre uma musicalidade computacional, à beira de uni hipnotismo cibernético: o Classix Nouveaux deleita-se com a artificialidade do pop; o Duran Duran instala o funk como preservativo aos seus clichês tecnocráticos, o Culture Club reinstaura as fulgurantes concepções de androginia nascidas no glitter rock. Adam & the Ants rebusca a fantasia, aliado a convenientes moldes de punk rock e o Spandau Ballet combate a pobreza com sua elegância narcisista.
Outros grupos como Japan e o Bow Wow Wow, que pouco ou nada tinham a ver com os futuristas também foram incluídos na onda. Uma pena, pois e primeiro era um genial pop-experimentalista e o segundo, o melhor exemplo dançante do neo-bubblegum.

por Fernando Naporano

OS SINTETIZADORES ENTRAM NA DANÇA

Há mais de 15 anos nascia o primeiro puro produto de síntese musical. De uma proveta não identificada escapava um pequeno compacto intitulado "Pop Corn", musiquinha chatinha e descartável. E só. Depois, foi preciso esperar até 1979. Naquele ano, as brasas do pós-punk já estavam se alastrando. A influência da Kraftwerk começava a se fazer sentir o Joy Division assinava o manifesto frio dos anos que estavam por vir.
Na Europa, começam a surgir aqui e lá grupinhos seguidores das experimentações de Brian Eno e David Bowie, que se reuniam em volta de um sintetizador, agora, um instrumento mais barato e mais acessível.
Todos estavam fascinados por duas inovações: a primeira era a possibilidade de programar seqüências inteiras de notas, extraindo da engenhoca frase cenas usadas tomo linhas de baixo- A segunda era a possibilidade de se programar o andamento inteiro da música através de ritmos eletrônicos - que ameaçavam tirar o emprego de muitos bateristas por aí.. Na verdade, estes instrumentos eram vistos como trampolins para novos experimentos, e abriam horizontes para a renovação do rock.
Filho do Kraftwerk e de Giorgio Moroder (o criador da disco music) o tecnopop se contituiu de seis grupos fundamentais. Fundado pelos analistas de sistemas Lan Craig Marsh Martyn Ware em 1979, o Human League admite. Phil Oakey, ex- enfermeiro, como cantor. Após dois álbuns injustamente ignorados (Reproduction, de 79. e Traveloque, de 80),o sucesso só aconteceu depois da partida do fundadores e da chegada das loiras geladas Joanne e Suzanne para o LP Dare, grande clássico da tecno disco. Human League é um dos grupos que mais trocou de pessoal - de três integrantes a doze, com variações intermediárias.
Marsh e Ware fundaram o Heaven 17, recrutando Glenn Gregory para segurar o microfone. Com seus ternos Giargio Armani e seus sorrisos rutilantes, os três músicos são a versão yuppie do gênero. Se especializaram na confecção de compactos de sucesso, pérolas de funk chic e leve, cujas letras - coisa rara - são particularmente bem feitas. A dupla também fundou em paralelo o B.E.F. (British Electric Foundation) para realizar trabalhos conceituais e experimentais.
Outra banda farol do tecnopop é o Depeche Mode, em que se destacam Martin Gore (o cérebro) e David Gahan (o vocalista). Nascidos no meio do movimento new romantic, provaram desde seu primeiro L.P, Speak and Spell, de 81, que eram capazes de compor pequenas maravilhas de tecnopop baseadas em fórmulas simples.
Formado pela dupla Marc Almond e David Ball, o Soft Cell durou dois anos e três álbuns geniais, marcados pelo fascínio do sexo mórbido. Enquanto David foi produzir o Vicious Pink. Marc iniciou uma carreira solo não muito bem-sucedida e continuou cantando a vida das putas, os cabarés de travestis e os mictórios públicos.
Combinando o sintetizador com uma música pop absolutamente direta e dançável. Ultravox é considerado o primeiro grupo a ter aberto o caminho do eletropop e do movimento new romantic. Seus três primeiros LPs, Ultravox!, Ha! Há! Ha! e Systems of Romance (o primeiro co-produzido por Brian Ruo e Steve Lilywhite, o terceiro pelo legendário Connie Plank) são obras-primas do gênero.
Yazoo é um duo mítico, composto por Vince Clarke e Alison Moyet. Tão fulgurante quanto o Soft Cell, deixou a mesma saudade. O primeiro álbum do Yazoo, Upstairs at Eric´s (de 82), meio rock, meio delírio, os lança com a faixa "Don´t Go" no caminho do segundo (e último), com título trágico e capa premonitória; You and Me Both, dois dálmatas lutando na neve.
Yello é um trio, depois duo suiço que curte os trópicos (bananas, macacos, vudu e companhia). Sua produção é enorme. Muito experimentalistas no início, mestres da colagem sonora, mais harmoniosos que Art of Noise, se lançam depois na dance music e nas habaneras sintetizadas. Dieter Meier (vocal) nunca sabe qual vai ser o andamento das músicas que Boris Blank (teclado e máquinas) compõe no maior segredo. Vale citar ainda alguns nomes de menor importância, mas de grande influência, como Gary Numan, O.M.D. (Orchestral Manouevres in the Dark) e Thomas Dolby.

por Jean Yves De-Neufville

O RUÍDO DOS TEMPOS

A primeira vez que a imprensa inglesa batizou um estilo de industrial foi a respeito do primeiro 12 do grupo americano Pere Ubu, em 78. Se fosse uma pizza. o som deles seria mezzo Capt. Beefheart mezzo Walt Disney com cobertura white noise. Apresentam o homem como um ser inseguro no mundo pós-industrial, que não consegue nem entender nem crer em nada. O sentido de realidade é fragilizado, ao mesmo tempo encantado e horrorizado com o mundo. Mas a matéria-prima do som industrial é a luta contra á ameaça da psicose, num mundo que já se tomou psicótico.
Do mesmo ano o Pere Ubu é o Cabaret Voltaire, dando uma forma mais característica ao som industrial. É o som ambiental para se mergulhar nos pesadelos dos nossos tempos. altamente arrasador, que transa tanto barulho puro quanto música. Depois apareceu o Throbbing Gristle com um selo próprio e o SPK da Austrália que seguem uma linha paralela à do Cabaret Voltaire.
A Alemanha enveredou pela vertente industrial a partir de 79 com grupos como Der Plan e DAF, tornando-se muito rica no estilo, Dos Estados Unidos vieram o Tuxedomoon (industrial de câmara), Boyd Rice´s Non (barulho puro) e os solistas Zev (trabalha só com objetos metálicos) e Diamanda Galas (entre outras coisas, a voz definitiva do industrial).
Em 80, na Inglaterra, Graham Lewis e Bruce Gilbert inauguravam o Wire, abrindo espaço para a free association, onde a música se definia no próprio processo da composição. O 23 Skidoo também agitava nessa linha. A música industrial atingiu um peso e um impacto maior com o Einstürzende Neubauten, que faz música só de objetos não musicais amplificados ou distorcendo instrumentos tradicional. Atualmente, além dos já citados, vale mencionar Test Department, Severed Heads, Mark Stewart & the Maffia, Psychic TV - continuação do Throbbing Gristle -, Laibach e Coil.

por Peter Price

A MARCHA DOS ANJOS NEGROS

A grande influência sobre os góticos foi mesmo a literatura gótica, desenvolvida no final do século XIV com os contos fantásticos dos discípulos europeus de Edgar Allan Poe - gente como o escritor alemão E.T. Hoffmann. São as histórias de terror, paranóias, insanidades, presentes em todos os momentos mais românticos da história. Evidentemente, depois do punk e principalmente, depois do punk e principalmente depois de Siouxsie & the Banshes, haviam aqueles que encontram a maneira ideal de expressar os seus horrores e fascinação mórbidas (pela morte, por exemplo). A base perfeita - descoberta pela primeira formação dos Banches - era simples: guitarras distorcidas, harmonias complementares dissonantes, repetições, baterias tribais - tudo em nome do mau gosto, do barulho, da satisfação plena com a anti-melodia.
Até que algumas góticas não soam tão mal assim. Com injeções de teatralidade bowieana e utilização de melodias simples, havia bandas que soavam vigorosamente e estimulantes.
Foi o caso o Bauhaus, banda gótica mais famosas de todas. Eles foram responsáveis pela larga difusão do fascínio pelas trevas.
Os mais radicais mesmo apareceram mais tarde, quanto o Bauhaus estava perto do seu fim. Alien Sex Fiend, Meat of Youth, The Specimen, Sex Gang Children, Flesh for Lulu, e - mais tarde - Augang, Bomb Party e os Inca Babies, são os grupos que consolidaram o gênero.

por Thomas Pappon

LUXO EM NOVO FORMATO

Claro, o pop é muito safado e demasiadamente inteligente. Ele se recicla ou se traveste com uma facilidade impressionante. É por isso que é pop, um produto de velhas origens e sempre de novas direções. E dessa fonte mágica que se descolam os vínculos mais descartáveis e maravilhosos da música moderna.
Entre os que resolveram transformar o pop. dando-lhe uma forma mais substancial e refinada, certos nomes são decisivos. O precursor mais sofisticado foi o grupo escocês Orange Juice, que, ainda em 78, resolveu mixar sombras do punk com as sonoridades mais românticas dois anos 60, temperadas pela mágica influência de Bowie e gotículas de funk e jazz.
De Leeds, surge um outro grande inovador, o prolixo Scritti Politti, um dos mais contundentes mergulhos na soul music, em piscinas funkóides e jazzísticas.
De Sheffield, vem o ABC, estabelecendo através de fantasmagorias bowieanas, uma novíssima linguagem para o funk para a disco music.
A Escócia também enviou os Altered Images a meu ver, a melhor banda do umbrais dos 80. A voz fininha, frágil e doce de Clare Grogan (a fadinha mais encantadora do pop) e a mastigável sonoridade pop-funk-bubblegum da banda foi um dos melhores ensaios assistidos na tela do neo-pop.
Mas há muitos outros transformistas. também responsáveis pelos novos ambientes onde o pop se assentou, sem maiores cerimônias. Apenas como menção vale lembrar o suposto neo-Blondie, americano The Motels os divertidos australianos do Kissing the Pink, a gostosura americana surf-fresh-rock das Go Go´s, o funk poético do Haircut 100, a skazalada diversão rockmântica do Fun Boy Three e o luxuoso high-tech do China Crisis.

por Fernando Naporano

DISCOGRAFIA SELECIONADA

NEW YORK
Patti- Smith - Horses (75)
Modern Lovers - The Modern Lovers (76)
Ramones - Ramones (76)
Television - Marquee Moon (77)
Richard Hell & The Voidoids - Blank Generation (77)
Talking Heads - 77(77)
Talking Heads - More Songs About Buildings And Food (78)
Blondie - Parallel Lines (78)
No New York (78)
Cramps - Songs The Lord Tauqht Us (80)

PUNK
Clash- The Clash (77)
Sex Pistols - Never Mind The Bollocks... (77)
Jam - In The City (77)
Buzzcoks - Another Music In A Different Kitchen (77)
Elvis Costello - My Aim is True (77)
Ian Dury - New Boots And Panties!! (77)
Siouxsie & The Banshees - The Scream (78)

EUA/II
Oere Ubu - The Modern Dance
Devo - Q: Are We Not Men? A: We Are Devo! (78)
Residents - Eskimo (79)
B-52´S- The B-52´S (79)

PÓS-PUNK
Pil - First Issue (78)
Magazine - Real Life (78)
Joy Division - Unknown Pleasures (79)
Gang Ot Four - Entertainment (79)
Durutti Column - The Return Of The Durutti Column (79)
Pil - Second Edition (80)
Joy Division - Closer (80)
Dexy´s Midnight Runners - Searching For The Young Soul Rebels (80)

TECNOPOP
Human League - Reproduction (79)
Heaven 17 - Penthouse And Pavement (81)
Human League - Dare (81)

NEW ROMANTIC
Japan - Tin Drum (81)

TWO TONE
Specials - The Specials (79)
Beat - I Just Cant Stop It (80)

NEW POP
Scritti Politti - Songs To Remember (82)
ABC - The Lexicon Of Love (82)
Orange Juice - You Can´t Hide Your Love Forever(82)

GÓTICO
Bauhaus - The Sky´s Gone Out (82)

INDUSTRIAL
Throbbing Gristle - D.O.A. (79)
D.A.F - Die Kleinen Und Die Bösen (80)
Cabaret Voltaire - The Voice Of America (80)
Cabaret Voltaire - Red Mecca (81)
Psychic TV - Force The Hand Of Chance (82)

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