Ainda
que 1973 também tenha registrado a irrupção de obras-primas do porte de
'Lark’s tongues in a spic' (King Crimson), 'Berlin', (Lou Reed),
'Tubular bells', (Mike Oldfield) 'Selling england by the pound'
(Genesis) e 'Raw power' (Iggy & The Stooges), nenhum outro disco
lançado ao longo daquele ano foi capaz de conquistar seu lugar nos anais
do rock – e lá permanecer, incólume, como o intrigante e resoluto
monólito sônico que ainda é – com a mesma força impactante de 'The dark
side of the moon'. Autêntico divisor de águas na trajetória do Pink
Floyd, o disco se apropriaria da ideia do “álbum conceitual”
embrionariamente aventada pelos Beatles em seu 'Sergeant Pepper’s Lonely
Hearts Band' para forjar uma fantástica criatura jamais vista ou ouvida
até então.
Para
além do icônico prisma e do feixe de luz branca a se refratar nas
múltiplas cores que os designers visionários da Hipgnosis cravariam em
sua capa, 'The dark side of the moon' permaneceu no imaginário de
seguidas gerações graças ao seu poder de síntese; a combinação idílica
da experimentação avant-garde, arrojada instrumentação de ins(piração)
lisérgica, pretensão sinfônica, inovação eletrônica e acessibilidade pop
perseguida por Roger Waters, David Gilmour, Richard Wright, Nick Mason e
o espectro louco de Syd Barrett desde quando irromperam pelo
underground londrino, no início de 1966.
Ex-estudantes
de artes plásticas e de arquitetura um dia tocados pelo desejo de criar
“música em cores”, em 'Dark side... 'seus criadores finalmente
conseguiriam dar plena vazão ao seu intento. Integrado a ponto de ser
praticamente impossível imaginar qualquer uma de suas 10 faixas fora da
sequência ou do contexto originais, o álbum literalmente incandesce
enquanto justapõe temas de isolamento, estresse, medos cotidianos,
ambição, envelhecimento, loucura e morte. Tudo
imantado por inauditas técnicas de gravação e mixagem quadrafônicas,
hipnóticos loops, rajadas de sintetizadores VCS3, reverberações
espaciais, iridescentes solos de guitarra, arroubos de virtuosismo
vocal, suntuosas passagens instrumentais ao gosto progressivo, efeitos
delay e toda sorte de ruídos supostamente aleatórios.
No próximo domingo, 24/03/2013, "Dark Side of the moon" completa 40 anos de lançamento.
Arthur G. Couto Duarte
#
Nenhum comentário:
Postar um comentário