CENÁRIO: Rua da loucura (ops, cultura), 16/07/2012, por
volta das 21:00. Camarones Orquestra Guitarrística, banda instrumental do Rio
Grande do Norte, no palco. Noite chuvosa (pero no mucho), pouca gente na
platéia. Som bom, o que é ótimo – e não muito comum. O publico, além de pequeno, é pouco
participativo (sergipanos costumam ser tímidos), mas a banda não se abala e entrega uma perfomance perfeita - devidamente registrada pelas lentes espertas de Marcelinho Hora e Victor Balde da Snapic (esta resenhazinha metida a besta é, na verdade, apenas uma desculpa pra publicar as fotos deles).
ANDERSON FOCA: Boa noite a todos. A chuva quase estraga a
festa de novo (era pra ter rolado na segunda-feira passada, mas foi cancelado
devido às péssimas condições meteorológicas), mas que bom que deu uma trégua.
Em todo caso nós estamos aqui, protegidos no palco, e vocês estão aí, sujeitos
ao mal tempo, então, já que não tem tanta banda pra tocar hoje, vamos estender um pouco nosso set, que
costuma ser de meia hora, se não for incoveniente para ninguém.
E tome rock. Rock bom, redondinho, bem tocado, cheio de
guitarras e com algumas intervenções eletrônicas. Ana Moreno, a baixista, é o
destaque da noite, sempre com um belo sorriso no rosto e uma empolgação
contagiante no corpo. Tocaram por cerca de 45 minutos, ao fim dos quais Foca
recita o nome de algumas bandas do lado obscuro da força, como Venon, Exciter,
Exodus e Slayer. “Mystical Fire”, eu grito, arrancando risos dos que me
circundam, membros honorários da
confraria informal que freqüenta as noites quentes regadas a álcool e
substancias ilícitas do centro de Aracaju.
Falando neles, uma noite na Rua da Cultura seria incompleta
sem os diálogos nonsense protagonizados por estas criaturas:
RAS (RENATO AUREOLINO): Essa baixista é massa, sempre
sorridente, dá os pulinhos do rock e não perde a nota nunca.
BILAL: E é gata.
RAS (RENATO AUREOLINO): Pode crer. A guitarrista é gatinha também.
BILAL: Que nada, a mulher parece Joey DiMayo (do Manowar).
RAS (RENATO AUREOLINO): Só na sua cabeça de jerico que
aquela mulher parece com aquele brucutu. Mas tanto faz, o que importa é que a
banda é boa e ela toca pra caralho.
Adolfo Sá, que miraculosamente estava presente com sua
simpática patroa (parabéns aos Camarones por tirar este indivíduo notoriamente
recluso de casa numa noite chuvosa) cai na gargalhada. E me chama pra ir lá nos
bastidores ver o material que a banda tem pra vender.
ANDERSON FOCA: Bela camisa, grande banda (eu estava com uma
camiseta do Atari Teenage Riot). Vi um show deles, muito bom. Pressão total.
EU: Este último, agora?
ANDERSON FOCA: Sim, esse mesmo.
EU: Eu só vi pelo youtube e achei sensacional. Queria muito
poder ter ido. Panço do Jason foi da outra vez que eles estiveram aqui no
Brasil e nem conseguiu ficar até o final, achou mais barulhento que Slayer e
Napalm Death juntos. Disse que ainda conseguia ouvir o barulho do som vários
quarteirões à frente, a caminho de casa. Ficou com os ouvidos zunindo por um bom tempo.
ANDERSON FOCA: É por aí mesmo.
EU: Tocaram no Cine Íris, em São Paulo. Nunca
fui lá, é legal, o local?
ANDERSON FOCA: Não sei, eu fui na Argentina.
EU: Caralho, agora você me matou de inveja ...
Inveja branca, saudável.
Risos gerais.
Fim.
A.
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