Em qualquer saga espacial, baixas são um acontecimento comum
(e até mesmo esperado) entre os tripulantes das naves. O que não quer dizer que
seja fácil.
Agora chegou a hora da espaçonave sônica chamada
Retrofoguetes (foto: Sora Maia) dar “até logo” a um de seus principais
tripulantes. Morotó Slim, o fabuloso guitar hero que ajudou a definir o som da
banda nos seus dez anos de atividades, acaba de deixar a ponte de comando da
nave. No seu lugar, assume o experiente imediato Julio Moreno. Egresso das
distantes terras de além do Rio da Prata (Baia Blanca, Argentina), Julio já
singrava a imensidão sideral a bordo dos Retrofoguetes há anos: há pelo menos
cinco, é membro da chamada “equipe Retrofolia”, responsável pelo baile anual de
Carnaval da trupe.
Mas afinal, por que Morotó, com quem o baterista Rex vem
tocando em conjunto há mais de 20 anos, deixou a banda? A trajetória da dupla
atravessou três bandas: a seminal Os Feios,
The Dead Billies e Retrofoguetes. Há pelo menos duas versões para a
saída de Morotó – que, na verdade, se completam e não deixam margem para
dúvidas: não houve briga no processo. “Eu não estava mais conseguindo
acompanhar a banda no caminho que ela vem tomando nos últimos anos”, declarou
Morotó. “Resolvi sair para que a banda não pare, para que dê continuidade a sua
trajetória”. “E fui eu mesmo quem sugeriu o nome de Julio para ficar no meu lugar. Apesar de ser
argentino, Julio é um grande músico”, descontrai Morotó.
Já Rex, apesar de não demonstrar qualquer traço de mágoa com
o velho amigo, se permite discordar: “Eu tenho uma visão diferente. Não que não
seja verdade (o que Morotó diz), mas acho que faltou um pouco mais de
dedicação. Pra mim, foi uma questão de disponibilidade, mesmo, de ter tempo
para a banda”, acredita.
Portanto, a amizade e a colaboração mútua – incluindo o
baixista CH Straatman e Julio – continua. “Além do Retrofolia, que Morotó vai participar sempre, ainda tocamos juntos
na Les Royales, nossa banda de covers de rockabilly”, lembra Rex.
A questão com Morotó, que já era antiga (“Desde ates do Cha
Cha Cha, nosso disco de 2009” ,
segundo Rex) se precipitou para a saída definitiva do guitarrista com o
anúncio, no início dessa semana, dos contemplados nos editais do Fundo de
Cultura da Fundação Cultural do Estado da Bahia (Funceb-Secult). A banda terá
direito a quantia de R$ 46.450 para gravar seu novo disco, já intitulado
Dramascope Vol. 1. Com isso, eles já entram em estúdio neste semestre, sob a batuta
do de outro colaborador de longa data, o produtor andré t.“O anúncio do edital
foi o ponto de virada pra mim. Tive que tomar uma decisão definitiva”, diz
Morotó. “Não vai ser fácil pra mim calçar os sapatos de Morotó. As comparações
serão inevitáveis”, admite Julio. “Mas me sinto imensamente privilegiado por
ter sido escolhido”, diz. Já CH dá as boas-vindas ao novo tripulante: “Julio
sempre foi um cara que estava colado na gente, musicalmente e como amigo. Então
foi natural ele ser efetivado na banda”, observa.
Agora, em Dramascope, os Retrofoguetes vão “aprofundar o
conceito original da banda. A relação com o cinema, principalmente”, detalha
Rex. “Para nós, compositores de trilhas de cinema são tão influentes quanto
outras bandas de rock. Vamos trabalhar com muitos sopros, percussão, cordas, na
linha do chamado spy jazz”, conclui o baterista.
MOROTÓ SLIM DÁ BAIXA NA ESPAÇONAVE SÔNICA DOS RETROFOGUETES, JÚLIO MORENO ASSUME POSTO, BANDA É CONTEMPLADA EM EDITAL PARA GRAVAR DISCO NOVO
por Franchico
rock loco
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