BILAL: O Jason vai tocar aqui hoje, é? Cadê Panço, aquele
fulêro?
EU: Panço vem não, saiu da banda.
BILAL: Oxe! Que viagem! Pensei que ia encher o saco dele
hoje ...
EU: Mas os outros caras vêm aí pra você encher o saco.
BILAL: Mas se não tem Panço eu não devo conhecer ninguém
mais não ...
EU: Tem Vital e Flock da primeira formação e é o mesmo
baterista.
BIAL: Ah, ta. Então ta massa ...
Marcelo, Flock, Vital e Rodrigo apareceram por volta das
21:00H, enquanto uma banda de rap sergipana com sotaque paulistano vomitava
clichê atrás de clichê no palco. Foram interceptados por Adolfo Sá e sua equipe
para uma entrevista a ser veiculada no programa “Cena do som”, da TV Aperipê
...
BILAL: Esses caras do Jason são uns pau no cu !!!
O rap parou por problemas técnicos – ufa!
BILAL: Esses pau no cu vem do Rio pra tirar onda aqui no meu
nordeste ...
Problema técnico resolvido, recomeça o rap ...
BILAL: Tem que matar esses caras do Jason, meter a faca ...
BANDA DE RAP: Blah blah blah periferia etc e tal periferia e
coisa e tal periferia e periferia e tome mais periferia ...
Barraquinha de merchandising montada com CDs e belas
camisetas com os origamis estilizados que Flock bolou como marca visual da turnê.
BILAL: Bote um CD na mão aí! Eu sou Headbanger, porra !!!
A banda finalmente sobe ao palco e eu, com satisfação,
confirmo o que havia sentido na semana anterior, no show da Camarones: a Rua da
Cultura parece ter, finalmente, contratado alguém que sabe equalizar
minimamente o som. Vital, macaco velho, chama o público pra frente do palco
antes mesmo do show começar ...
BILAL: Bote o CD na mão, pra eu divulgar ...
As duas primeiras pedradas são do segundo disco, “Eu sou
quase fã de mim mesmo”: “Roda gigante” e “álbum de família”. Formam-se rodas de
pogo – massa, nunca mais tinha visto isso em Aracaju, cujo cenário está morgadaço.
BILAL: Cadê meu CD ? Eu quero um Cd ...
O público não canta junto nas músicas novas, mas o ritmo não
cai. Elas funcionam bem ao vivo. Só que o bicho pega mesmo pra valer quando vem
uma nova sequência de “clássicos”, dentre elas as antológica “Barbie disfarçada”
e “que bom que eu não amo ninguém”. E fim de papo. Juventude feliz, banda
satisfeita, confraternização após o show.
Uma daquelas noites revigorantes que só o bom e velho rock
and roll pode proporcionar.
“Deus salva, o rock alivia”, já dizia o Made in Brazil.
BILAL: Bote uma cerveja aí ...
Fui!
A.
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