quarta-feira, 23 de março de 2011

Thunderstick: Nunca tinha ouvido falar ...

É espantoso como o mundo do rock é cheio de istórias incríveis! Conheça, a seguir, Thunderstick, um maluco (mais um) que foi uma espécie de "Pete Best" do Iron maiden: fez parte da banda em seus primórdios, mas saiu antes da fama.

Do Blog "Consultoria do rock": Tendo tocado no Iron Maiden de 1977 a 1978, Barry Purkis não conheceu a fama com a banda, mas viveu trocas de formação e experiências ao vivo, incluindo a elaboração de "The Ides of March", futuramente aproveitada no álbum Killers (Iron Maiden). Saindo de uma fase em que as coisas não andavam bem, Barry trocou de lugar com Clive Burr e assumiu as baquetas no então trio Samson, passsando a se chamar Thunderstick, o baterista mascarado que encontrava sua fama por vezes dentro de uma jaula, no meio do palco! Precisando de um vocalista, o Samson chamou Bruce Dickinson e formou-se então o mais clássico line-up da banda, rendendo três álbuns de estúdio. Em 1981, Barry saiu e se envolveu com alguns pequenos grupos, até tocar na banda do amigo Bernie Tormé, o Electric Gypsies. Neste tempo, Barry já procurava montar sua própria banda, e em agosto de 1982 seu projeto solo tocou pela primeira vez no Marquee Club, com muita da teatralidade típica dos anos 80 e uma pitada gótica. Em 1983 lançou seu primeiro EP, Feel Like Rock n' Roll, e em 1984 o primeiro e único álbum, Beauty and the Beasts. Sentindo-se desatualizada com o cenário musical, a banda terminou de vez em 1988 e Barry voltou para um reformado Samson.

Cenário atual: Barry Purkis e o produtor Rob Grain terminaram de remixar as faixas do EP e do LP do Thunderstick para que sejam lançados neste ano em formato digital. A entrevista abaixo aborda desde os dias atuais até o tempo em que Barry tocou no Iron Maiden, revelando algumas boas surpresas! Confira:


Thunderstick (a banda) lançou em 1983 seu primeiro EP e, em 1984, o LP chamado "Beauty and the Beasts". Neste ano você está para lançar ambos em formato CD, junto a algumas relíquias perdidas, pela Heaven and Hell Records. O que os fãs podem esperar deste novo lançamento do Thunderstick?

O que os novos lançamentos do Thunderstick incluem? Bem, o que eu posso dizer deles? Primeiro, deixe-me declarar que estou realmente satisfeito com a maneira que foram feitos. É esperado há muito tempo que o Thunderstick esteja disponível digitalmente, ao invés de puramente em vinil. O novo lançamento será intitulado Echoes From the Analogue Asylum, e incluirá todas as faixas anteriormente lançadas em Beauty and the Beasts mais as quatro faixas do EP Feel Like Rock n' Roll, junto a muitos extras, todos mixados e como faixas adicionais nunca ouvidas. Sua data de lançamento está prevista para o halloween de 2011.

Alguns fãs devem saber que ainda existe um álbum chamado "Don't Touch, I'll Scream", que nunca viu a luz do dia. Tendo em vista os recentes lançamentos, você espera abrir caminho para este outro tesouro inédito e finalmente dar a ele o "toque"?

Em uma palavra, sim! Eu espero muito que o segundo álbum, não lançado, Don't Touch, I'll Scream veja finalmente a luz do dia após esse lançamento inicial ter percorrido seu curso. Terei que remasterizar todas as faixas primeiro, o que vai me deixar bem ocupado.

Barry, como eram as performances ao vivo da banda Thunderstick naquela época? Vocês atuavam como um elenco de teatro ou faziam um tipo mais Samson: uma banda imprevisível, onde tudo podia acontecer e o baterista Thunderstick saía de sua jaula e jogava cerveja em cima do público?

As performances ao vivo eram altamente coreografadas, mas com muito espaço para imprevisibilidade. Era de uma maneira muito além das performances do Samson, mais teatral em sua forma. Esta sempre foi minha intenção em viajar na rota teatral. Lá pelo final do show, o palco ficava inteiramente destruído.

Eu sei que alguns antigos músicos do grupo Thunderstick ainda podem ser encontrados no Facebook e no MySpace. Vocês planejam se reunir e dar aos fãs a oportunidade de ver a banda novamente?

Infelizmente minha resposta tem que ser "não". Todos os membros da banda seguiram seus caminhos em separado e eu não acredito que haja uma maneira de recriar algo que teve muito a ver com o seu tempo, dentro de certo idioma. De todo modo, estamos todos mais velhos agora e espalhados pelo globo (risos)!

Em 1987, o baterista de Ace Frehley, Anton Fig, tornou-se o baterista da banda de estúdio de David Letterman (apresentador do programa norte-americano "The Late Show"), e você assumiu a bateria. Por quanto tempo você tocou com o spaceman do Kiss?

Eu ensaiei com Ace Frehley por um período, mas foi em 1989, nos Estados Unidos. Infelizmente eu nunca fiz um show com ele, a não ser certa vez quando ele se juntou a mim no palco, em uma reunião do Samson, no Roxy Theatre, em Nova York.

Você tocou no Electric Gypsies, banda de Bernie Tormé, por alguns meses, então foi substituído por Frank Noon (ex-Lionheart, ex-Wild Horses). Você chegou a gravar um álbum com Tormé e os Gypsies? Você se divertiu tocando com ele?

Bernie Tormé tem sido um amigo meu de longa data, desde 1979. Eu o encontrei pela primeira vez enquanto ele estava no Gillan. Ele também tocou em algumas das primeiras demos do Thunderstick. Sim, eu estive com o Electric Gypsies por um tempo, nós gravamos algumas sessões para a rádio e nos comprometemos com vários shows, entretanto, nunca toquei em qualquer um de seus álbuns. Mas eu toquei em um EP de quatro faixas com Bernie Tormé e John McCoy.

Quais foram seus melhores momentos tocando bateria com o Samson?

Memórias com o Samson: muitas para mencionar! Tanto no palco, gravando ou ensaiando, todos tiveram seus "momentos". Eu acho que de um modo geral, a insanidade de uma banda louca e com tanta mistura de personalidades seja a principal recordação. Todos muito diferentes em nossos gostos e desgostos, sem contar estar fazendo aquilo. Não é coisa para quem tem coração fraco (risos)!

Todos sabemos que "Live at Reading '81", do Samson, é um álbum ao vivo bem bacana. Mas há alguma coisa faltando na história da NWOBHM, como uma gravação ao vivo com a grande formação Bruce/Samson/Aylmer/Thunderstick, não concorda? Há alguma coisa desse nível passando por sua cabeça neste exato momento?

Gravações da formação que tocou no Reading Festival de 1980 realmente existem. Algumas das quais foram até transmitidas pela Rádio BBC na época. O show inteiro do Reading existe e permanece com meu confidente de longa data, Rob [Grain], que toma conta dos arquivos do Samson. Esperamos trazer estas gravações para a luz em um futuro não muito distante. Me deixa irritado o fato de que a única performance do Samson no Reading Festival lançado é o de 1981, com Mel Gaynor na bateria (o único show do Samson que ele fez). Esse show de 1980 tem tão mais daquele sentimento "Samson" nele, porque veio direto do fim de uma extensa turnê (N.E.: "Head on Tour"). Eu suponho que '81 seja uma marco para fãs do Maiden de qualquer forma, devido àquele dia em que ofereceram a Bruce um lugar na banda, após Steve Harris e Rod Smallwood o assistirem em Reading.

Barry, no DVD "The Early Days", Steve Harris disse que você tocou seu primeiro e único show com o Iron Maiden. Eu sei que você tocou alguns mais e bons shows com a banda. Então me permita perguntar sobre esses bons tempos. Quantos shows você tocou com o Maiden e como era uma apresentação da banda naqueles tempos? Cite as melhores memórias dessa época, se desejar.

Meu tempo com o Maiden, com o benefício da retrospectiva, foi relativamente curto quando comparado ao de outros membros. Entretanto, sim, fizemos um punhado de shows. O show do Maiden naquela época já tinha uma boa energia ao vivo, como é hoje, com as teatralidades no final, vindas do vocalista, que "cortaria a boca aberta" com um espadim e cuspiria sangue (à la Gene Simmons), durante a música "Iron Maiden". Minhas memórias de tocar com a banda são amigáveis, como do estilo do baixo de Steve e meu estilo de bateria se encaixando bem juntos. Também a vez quando tivemos todo nosso equipamento roubado de dentro do caminhão da banda – passando algumas noites dirigindo pelo East End de Londres, tentando encontrá-lo. Eventualmente a polícia o encontraria, e o equipamento e a van foram retornados.

O Iron Maiden com o qual estive envolvido foi um grupo formulando suas idéias e direção muito diferente da banda reconhecida de hoje. A inclusão de teclados na formação como um instrumento principal, mostra isso. Na época éramos apenas outra banda batalhando contra a competição. Steve vinha pra minha casa e nós ensaiávamos o baixo e as partes de bateria. Havia um pouco daquela coisa do ir e vir de integrantes. Para mim, isso era um caso de "trabalho em progresso". Eu não recordo de nada que fiz com eles como sendo extraordinário, apenas uma continuação de ser um músico coerente.

Você pode dizer a data do primeiro show com o Maiden? Algumas fontes dizem que foi com um tecladista e que ocorreu em novembro de 1977, no pub Bridgehouse, mas eu tenho uma sugestão de que possa ter ocorrido em fevereiro de 1978 neste pub... Oh, só você sabe.

Me desculpe, só eu não sei. Nunca mantive um registro de datas que tocamos, então eu acho que este show existe nas brumas do tempo. Eu realmente não posso dizer a você onde e quando.

Então o que aconteceu nos seus últimos dias com o Maiden? Dennis Wilcock realmente não apareceu em uma noite e vocês tiveram que tocar como um trio em um pub?

Da forma como lembro disso, acho que foi mesmo o caso; eu, Steve Harris e um guitarrista – não consigo lembrar se foi Dave Murray ou Terry Wapram. De acordo com a formação que me incluía, este particular show foi o começo do fim. Na época, Steve estava debatendo se ele voltava para a faculdade e continuava seus estudos, e após um longo período de inatividade eu saí, na procura de outra direção musical.

O que aconteceu depois que você deixou cair aquele barbitúrico durante um solo, no palco? Quero dizer, todo mundo conhece o fato, mas não sabemos o que sucedeu, estando você em uma situação problemática, com sua esposa e amante lá te assistindo. Você conseguiu sair deste episódio no Bridgehouse com vida?

Não – eu fui morto (risos)! Ok, eu já contei essa história em um número de ocasiões, mas uma vez mais pelo registro. O infame show na Bridgehouse... O que posso dizer? Eu estava casado há poucos anos e estava tendo um caso por fora. Neste show em particular, ambas, minha então esposa, essa minha namorada e seu marido (que ficaria depois ciente do caso), estavam todos no show, em pé como um grupo. O único que sabia da verdade dos três era minha namorada. Me mandaram então um novíssimo conjunto Gretsch de bateria, literalmente, durante o show – foi mandado direto para o local do show. Teria sido a primeira vez que eu montei aquilo, sem contar que toquei naquilo. Então a pressão veio em cima de mim, de todas as direções. Sim, eu cometi um erro ao tomar um barbitúrico antes do show para acalmar meus nervos. Então subi no palco, e logo depois das primeiras canções a pílula começou a fazer efeito. Juntando o fato de que toda vez que partia para um rolo de bateria, ao invés de (como era na minha outra bateria) haver um tom-tom no lugar, eu terminava batendo no lado de fora do tom, ou de fato na borda, devido à não-familiaridade com o kit – uma completa confusão. É fato que, quando fui fazer meu solo de bateria, havia um pessoal falando e, eu, aparentemente, conquanto honestamente não lembro, fiquei de pé e mandei pra eles algo em uma maneira não muito polida. Pouco sabia eu pela época, que este show e minhas consequentes ações, seriam registradas no folclore para me assombrar eternamente. Realmente não é uma noite que me lembro muito, mas todo mundo tem uma história (risos).

Última pergunta. Já esteve no Brasil? Espera tocar aqui algum dia?

Nunca, e eu amaria ir ao Brasil tocar. A reação do seu público é fenomenal – eles realmente amam suas músicas. Então, minha resposta é: nunca diga nunca!

por Ricardo Lira

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