O álbum é mais um de lançamento independente do grupo. Desta vez, o primeiro disco gravado no estúdio Altovolts, na oficina de amplificador do guitarrista Neilton. Antes disso, o disco foi lançado pelo selo Mass Prod, na França, em show no festival Vive Le Punk, dia 13 de agosto, quando se comemorou o Dia do Rock.
O novo trabalho contempla músicas inéditas e já conhecidas pelo público. “A maioria das músicas do repertório foi composta há mais de 10 anos, mas nunca tinham sido gravadas”, conta o guitarrista. Segundo ele, a ideia nasceu a partir de uma entrevista cedida pela banda sobre o que faltava para o grupo fazer. Ele lembra: "Cannibal respondeu: 'a banda acabar'". Antes que isso aconteça, eles resolveram fazer um disco póstumos para "homenageá-los" em vida.
Em entrevista ao Diario, o vocalista Cannibal fez o comentário das faixas. Confira:
1 - Elas
Fiz essa música entre 2004 e 2005 para falar sobre as crianças de rua que sofrem violência sexual. O turismo sexual do Recife parou de ser só em lugar de praia e penetrou nos subúrbios. Depois do brega, que não tem uma moral nas letras, a prostituição subiu muito nos subúrbios.
2- Devotos do ódio
Essa foi feita antes do primeiro disco. Não sei porque ela ficou de fora dele. Praticamente, traz toda ira nossa de adolescente. Nós tínhamos um inconformismo
muito grande pelo que acontecia na época.
3- Sinfonia da miséria
É uma cover da primeira banda SS-20. Foram os caras que deram o nome da Devotos do Ódio. Depois de quatro anos, a gente descobriu que era um nome do livro de José Louzeiro.
4- Flores em nossas vidas
Essa música fala de um cara do Alto José do Pinho. Ele começou a ir para um caminho de drogas. Conheço muito os pais e vejo o sofrimento deles. É um cara massa, que se perdeu nisso.
5- Luz e amores
Fala sobre sentimentos e homossexualidade. Gostar de uma pessoa sem precisar ser do sexto oposto. Na época que fiz, era um tema muito zelado. Hoje, se fala abertamente.
6- Alienação
Fala sobre igrejas que surgiram com o intuito de ganhar dinheiro. Igrejas que fazem você dar tudo. Deus existe em cada um de nós. Não precisa de nenhum pastor.
7- Orixás
Antes do Póstumos, tive a ideia de fazer um disco sobre religião afro. Como ela estava pronta, resolvi inclui-la.
8- Para que as drogas
Essa também fiz antes de gravar o primeiro disco. Desde que começou o movimento punk, as pessoas bebiam e se drogavam muito. Eu e meus amigos não. A gente ficava observando a reação deles. Eles estavam chapados e debatiam sobre o que a gente dizia. E eu pensava: não quero cantar desse jeito.
7- A morte do Messias
Falam de pessoas que utilizam a história de Jesus para ganhar dinheiro. Como exemplo, a Paixão de Cristo. Tudo aquilo que aconteceu com Jesus, o lado ruim é o mais lembrado. As pessoas pagam para ver o “Jesus crucificado”.
8- Já é Natal
Eu penso que não precisa criar uma data para as pessoas comprarem presentes. Nem Dia das mães, nem Dia dos pais. Por que tem tanta criminalidade? Na mídia, a proporção que se avança para comprar não é a mesma para ter emprego.
9- A nova 1
Trato de coisas mal-governadas. Isso não é só de governo. Pode acontecer vida pessoal, profissional. Você planeja algo e isso dá errado. E quando vê, a culpa foi sua.
10- Uma terra livre
Sempre senti na pele o preconceito e racismo. Essa vem antes do primeiro disco também. Trata sobre racismo. Em diferentes situações. A pessoa anda, e a outra esconde a bolsa. Passa num lugar, e o outro fica olhando. No próprio Alto José do Pinho, tinha batida de polícia e parava todo mundo. A gente levava muito baculejo.
13- São fatos da guerra que fazemos sem saber porque
Inspirado no livro V de Vingança. Um amigo (o designer Marcos Sá Barreto) me dava uns livros e fanzines para eu ler. Esse foi um deles. Escrevi uma música em cima disso. Ela é super radical.
Fonte: Diário de Pernambuco
Nenhum comentário:
Postar um comentário