Uma das grandes consagrações do romance foi a adaptação da obra dirigida por Stanley Kubrick em 1971, com Malcom McDowell interpretando Alex, o protagonista da história. Após muitas indicações a diversos prêmios e o sucesso da crítica, o mundo passou a conhecer melhor “Laranja Mecânica”, e consequentemente a obra escrita.
Agora, a editora Aleph lança uma exclusiva edição comemorativa de 50 anos do lançamento do livro de Burgess. UM belíssimo livro em capa dura e com ilustrações inéditas do renomado desenhista brasileiro Ageli, além do argentino Oscar Grillo e do britânico Dave McKean. O livro também conta com textos de Anthony Burgess inéditos no Brasil.
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(A história do punk rock, com suas tramas e subtramas) foi
magistralmente contada em
Mate-me Por Favor: a
história sem censura do punk, escrita por Legs Mcneil
e Gillian McCain (L&PM, tradução de Lúcia Brito).
Baseado em entrevistas com os participantes daquele período de excesso, drogas,
marginalidade e música, o livro é uma colagem de depoimentos, um formato muito
interessante porque totalmente apropriado ao tema. Na cena individualista e
anárquica do punk rock, não haveria espaço para um único discurso narrativo que
tentasse condensar o que foi o movimento, e, portanto, os autores apresentam
várias vozes que se contrapõem, se desmentem, numa operação irônica que mostra
a força descentralizada e ao mesmo tempo paroquial que gerou um dos movimentos
mais importantes da música pop na segunda metade do século. Do embrião da cena,
com os New York Dolls, os Stooges e o Velvet
Underground, até os heróis do estilo, Iggy Pop e os Ramones,
chegando finalmente na aparição dos Sex Pistols – que, como o
livro é escrito por uma dupla interessada em provar que o punk surgiu na
América, é identificada com a diluição e a decadência das propostas originais
de arte e independência, degenerando em violência e rebeldia adolescentes. Abaixo,
alguns trechos que falam da relação de Malcom McLaren e dos Sex
Pistols Pistols com o movimento (a L&PM relançou o livro
em dois volumes de uma edição de bolso, mas chorem, mortais, porque a que eu
tenho é a primeira edição nacional, de 1997 – comprada em 1999 num sebo na
Marcílio Dias –, em um único volume tamanho livro convencional e com a clássica
capa laranja que eu acho muito mais legal):
Malcolm McLaren: Eu era pelo menos uma geração
mais velho que a geração que eu empresariava. Eu não era da geração dos Sex Pistols,
era da geração dos anos sessenta. Por isso minha relação com os Sex Pistols era
uma ligação direta com aquela opressiva angústia existencial, motivo primordial
para fazer qualquer coisa no rock& roll – abandonando a noção de carreira
–, e com aquele espírito amador de faça-você-mesmo típico do rock & roll.
Foi assim que cresci, com a ideia de que você podia fazer coisas.
Lá pelo começo dos anos setenta, a filosofia era de você não
podia fazer nada sem um monte de dinheiro. Então minha filosofia se voltou para
“foda-se, a gente não se importa se não sabe tocar e não tem instrumentos
realmente bons, a gente ainda está fazendo porque acha que vocês são um bando
de escrotos.”
No fundo, acho que foi isto que criou a raiva – a raiva era
simplesmente por causa do dinheiro, porque a cultura tinha se tornado
corporativa, porque a gente não a possuía mais, e todo mundo estava desesperado
para tê-la de volta. Essa era uma geração tentando fazer isso.
Mary Harron (escritora e ex-repórter
especial da revista Punk): Fui ver Malcolm
McLaren na loja dele. Ele tinha um jeito meio fresco – muito teatral. Levemente
afetado. Sarcástico. Mas muito legal. Conversei com ele muito rapidamente, e
ele disse que ia deixar meu nome na porta pro show dos Sex Pistols no Eric’s,
em Liverpool.
Como todos os eventos legendários a que assisti, o concerto dos
Sex Pistols estava semivazio. Havia umas cinco pessoas vestidas como punk, e
todas elas se conheciam. Era como na época do punk em Nova York – havia cem
pessoas envolvidas, e todo mundo conhecia todo mundo. O show foi ruim. Foi
desleixado. Houve uma pontinha de pentelhação casual, Johnny meio que segurando
o microfone e dizendo: “Foda-se o sol!” Ele era muito sarcástico e dançava de
um jeito esquisito. Adorei. Era como se algo de verdade estivesse acontecendo no palco. Era
como se eles estivessem vivenciando uma coisa muito excitante. Me senti tipo:
“Oh, meu, isso é um evento extraordinário da vida real!”
Bob Gruen (fotógrafo de rock e cineasta):
No dia seguinte fui ao loft onde os Sex Pistols ensaiavam e fiz uma
sessão de fotos com eles pra Rock Scene. Quando entrei no loft, Steve
Jones disse: “Aceita um pouco de chá?” Eu tinha ouvido falar da reputação da banda antes de chegar na
Inglaterra, daí pensei: “Esses caras são completamente normais.” Sabe como é:
“Onde é que está a esquisitice?” Fiquei olhando pra eles – ninguém cuspiu no
chá, sabe? Não atiraram uma garrafa em mim, nem nada. Era um bando de caras
totalmente comuns, sentados tomando chá numa tarde inglesa.
Daí apareceu Johnny Rotten. Ele era um pouquinho estranho porque
tinha uma autêntica maldade, aquela negatividade em torno dele, como se
estivesse se esforçando para conseguir aquilo. Ele dizia coisas sarcásticas e
cinicas realmente surpreendentes. “Uau, me desculpe por estar na sua vida.” Mas
todos os outros pareceram sociáveis e muito legais. E Johnny pareceu se acalmar
um pouco.
Então comecei a tirar as fotos e sugeri fazer algumas deles
tocando no lugar onde ensaiavam, no andar de baixo. Johnny Rotten tinha uma
garganta sensível, então eu disse que não precisava cantar de verdade. Fotos
sem som, certo? Mas Johnny começou a cantar Substitute, do Who.
O que foi maravilhoso, porque eu era um grande fã do Who. Estava tirando fotos
e pensando: “O que há de tão estranho nisso? Eles são apenas uma boa banda de
rock & roll. Onde está o chamariz? Tipo, quando aparece a parte muito
louca?”
Não captei.
Mary Harron: Eu conhecia a Inglaterra, tinha
crescido lá, por isso pra mim foi como um cartum que virasse realidade. Quer
dizer, não inteiramente. Havia um monte de pose naquilo. Era horripilante –
havia aquela gente esquisita e desconexa perambulando por lá. Circulei pelo
backstage sem problema. Eu estava muito assustada. Eu era facilmente
intimidável. Afinal, era Johnny Rotten.
Mas ele era fascinante. Bem, Johnny era, os outros não. Johnny
me protegeu dos outros – Steve Jones e Glen Matlock estavam bêbados e fazendo
uns comentários grosseiros pra mim, e Johnny dizia: “Ela é legal, deixem pra
lá.”
Eu estava usando minha camiseta da revista Punk, e ele
foi muito legal comigo porque eu era uma garota de um fanzine, essencialmente
do primeiro fanzine. Eu tinha ido pra entrevista com uma comitiva, porque tinha
conhecido aqueles garotos com calças emborrachadas que pareciam aterrorizantes,
mas eram apenas cabeleireiros de Liverpool cujo maior sonho era conhecer os Sex
Pistols. Bem, Johnny Rotten ficou meio puto com a comitiva, mas foi muito legal
comigo. Ele disse: “Não, parem com isso, ela é legal, estas perguntas são
interessantes”.
Lembro de pensar o quão incrivelmente esperto ele era – era uma
das pessoas mais espertas que eu já tinha conhecido – alguém muito jovem que
tinha um ponto de vista e por algum motivo estava absolutamente no centro desse
redemoinho, porque eles personificavam o que estavam representando. Não era
papo furado. eles deram respostas completamente claras, profundas, muito
espertas, muito seguras, divertidas – eles viam claramente o culto do qual eram
os pregadores e sabiam exatamente o que estava rolando naquilo. De todas as
entrevistas que já fiz, com certeza a de John Rotten foi a mais impressionante.
Fui com um ex-namorado, que se aborreceu. Ele disse pra mim:
“Sinto muito, mas essa coisa toda é um fraude – tudo não passa de onda,
arquitetada por Malcolm McLaren.”
Daí ele me disse que eu era uma idiota por ter caído naquela.
Malcolm McLaren: No começo, quando achei que os
Sex Pistols não estavam acontecendo, pensei: “Oh, talvez eu faça Richard Hell
vir e se juntar ao Sex Pistols. Ou talvez pegue até Syl Sylvain. Era uma ideia estúpida da minha parte, porque não haveria como
Hell ou Syl se encaixar nos Pistols – as sensibilidades deles estavam anos à
frente dos Sex Pistols – e os Pistols eram incrivelmente ingênuos. Eles me
pareciam muito ingênuos, por isso era assim que eu os tratava. Quer dizer,
provavelmente eu era o ingênuo, e aqueles caras eram muito mais informados e
conscientes do que eu.
Nem trepei com nenhuma daquelas garotas da cena do punk rock,
bem que eu queria ter, mas na época pensei que todas elas fossem inocentes
garotinhas virgens! Não sabia que elas estavam se picando nos banheiros e trepando
com um milhão de caras. Eu costumava me virar pros entrevistadores e dizer: “Do
que você está falando? Essas pessoas são virgens!” Só porque usam umas porras
de umas coleiras de cachorro e eu vendo camisetas emborrachadas pra elas não
significa que elas estejam trepando com um exército de caras num ponto de
ônibus.”
Eu estava totalmente errado, é claro. Fiquei completamente pasmo
ao descobrir quão errado, cinco anos depois daquele episódio. Eu disse: “Quer
dizer que de fato você fez todas essas coisas nos banheiros enquanto do lado de
fora eu tentava acertar o show? Você estava me dizendo que estava trepando com
a mesma garota que Steve Jones? Não pensei que nenhum de vocês estivesse
fazendo esse tipo de merda.”
Fiquei estupefato. Ainda estou chocado. Até onde iam as drogas,
eu não sabia o que as pessoas estavam usando. Não tinha a menor ideia.
Eu era apenas esse sujeito estranho com aquele sonho louco.
Estava tentando fazer com os Sex Pistols o que fracassara em fazer com os New
York Dolls. Estava pegando as nuances de Richard Hell, a veadagem pop dos New
York Dolls, a política do tédio e misturando tudo pra fazer uma afirmação,
talvez a minha afirmação final. E irritar aquela cena rock& roll, era isso
que eu estava fazendo.
Carlos André Moreira
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35 Anos de "Never Mind The Bollocks Here´s The Sex Pistols"
Sex Pistols
# No Feeling
# Liar
# God Save the Queen
# Problems
# Seventeen
# Submission
# New York
# EMI
# Did you no wrong
# Satellite
Forro in the Dark Feat. Miho Hatori - Paraíba
Forro in the Dark Feat. David Byrne - Asa Branca
Damião Experiença - A minha dor
Trio - Danger is
GG Allin & The Jabbers - Beat, Beat, Beat
Tomahawk - sir yes sir
Naked City - Batman
Rogerio Skylab - Derrame
Tom Waits - Alice
The Smashing Pumpkins - Mellon Collie and the infinite sadnees (Home piano version)
Wendy Carlos - Title music from A Clockwork orange
Sex Pistols
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Plástico Lunar - Entrevista Ao vivo
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