quarta-feira, 22 de agosto de 2012

Ozzy.

Ozzy Osbourne – publicado no Brasil na edição nº 71 (agosto)  da revista Piauí e reproduzido pelo portal Edtadão.com

Cresci em Aston, um bairro de Birmingham, bem na linha da pobreza. Sempre me achei um bosta e o mundo me intimidava. Daí comecei a bancar o maluco e fazer as pessoas rirem para elas não esculhambarem comigo.

Meu problema é que quando eu comecei a entender um pouco da vida eu já estava descendo ladeira abaixo.

Antigamente se dizia: “Se for a São Francisco, não se esqueça da flor no cabelo.” Mas onde é que ficava essa maldita São Francisco? E lá em Aston, flor, só se fosse decorando o caixão, a caminho do cemitério.

Quando ouvi She Loves You, dos Beatles, meu coração disparou.Foi uma experiência divina. Eu sonhava que o Paul McCartney ia se casar com a minha irmã.

Desculpa, galera, é John, Paul, Geor-ge e Ringo. E não Paul, John, George e Ringo.

Como meu pai encarou meu sucesso no Black Sabbath? Como se ele tivesse ganhado na loteria. Aquilo abalou a estrutura da família, todo mundo passou a querer uma ajudinha.

Se você decide fazer o cover de uma música que tem uma bela melodia, não destrua a melodia, pelo amor de Deus.

Fui casado com outra mulher antes da Sharon, eu era um viciado alucinado, alcoólatra, eu não valia nada. Meu pai agredia minha mãe e eu batia na minha primeira mulher porque eu achava que era isso que todo homem devia fazer.

Não consigo fazer nada com moderação. Quando eu fumava, fumava trinta Cohibas por dia.


Sou disléxico, tenho transtorno de déficit de atenção e sofro de uma espécie de tremor hereditário. Em Beverly Hills, se tem alguma coisa errada com você e você não sabe o que é, e você se chama Ozzy Osbourne, está na cara que você vai gastar uma fortuna para resolver o problema. Da última vez, só em um ano eu morri em uns 700 mil dólares.

Sempre me perguntam: “Você se arrepende de alguma coisa?” É claro, eu tenho arrependimentos terríveis. Mas, se eu não tivesse levado minha vida como eu levei, eu estaria de sacanagem com o cara lá de cima.

O pai da Sharon era gerente de um gângster e por isso ela é uma excelente mulher de negócios. Me lembro de ter dito para ela uma vez: “É incrível como você passou quase a vida inteira no ramo da música, mas quando tenta cantar parece um animal sendo esgoelado.” E ela respondeu: “E é incrível como você passou quase a vida inteira no ramo da música e ainda não entende a porra de um contrato.”

Não há ninguém nesse mundo que faça um som irado como o meu.

Tentei fazer com meu filho o que o meu pai não conseguiu fazer comigo e ensinei a ele umas coisinhas básicas. Mesmo assim, ele acabou nas drogas. Fui a uma reunião de grupo com ele. Eram todos garotos, e eu disse a eles: “Caramba, vocês são um milagre. Nessa idade, reconhecer o problema e tomar uma atitude é simplesmente incrível.” Quando eu tinha a idade deles, nem parava para pensar.

Para ser mentiroso, você precisa ter uma excelente memória, e eu não tenho memória.

Se uma família está disposta a ter uma equipe de filmagem morando dentro de casa 24 horas por dia, sete dias por semana, registrando tudo o que vê, qualquer família pode render uma boa história. Só depende de os editores apertarem os botões certos.

Somos formigas num enorme formigueiro. E estando na tevê, todas as outras formigas assistem você.

Depois do primeiro ano de Os Osbournes, eu saí para a turnê Ozzfest, e me perguntavam na rua: “O que você faz por aqui?” Eu dizia: “Estou fazendo um show.” “Como assim, um show?”, “Ué, um show de rock.” E elas diziam: “Ah, então você faz shows?”

Uns anos atrás, pedi a Penelope Spheeris que filmasse a plateia durante um show. Eu não tinha ideia do que acontecia durante os meus shows até ver esse filme. É indescritível.

Sexo com as fãs? É como entrar numa confeitaria. Primeiro você pensa: “Não vou tocar em nada para não estragar o almoço.” Mas ninguém resiste a um bom chocolatinho.

Usei heroína uma ou duas vezes, mas sempre tive medo de comprar na rua. Era mais fácil achar um médico doidão para me aplicar uma dose de morfina.

Você não se torna um babaca por acidente. É preciso um certo esforço.

Eu sei o que vai estar escrito na minha lápide, não tem jeito: “Aqui jaz Ozzy Osbourne, o cantor do Black Sabbath que arrancou a cabeça de um morcego com uma só dentada.”

É meu destino ser quem eu sou e o que me tornei. Só tenho sido eu mesmo. E tenho uma ótima empresária.


Nenhum comentário:

Postar um comentário