domingo, 21 de outubro de 2012

So young ...

“What are we?”, perguntou o vocalista do Suede, Brett Anderson, dando a deixa para o público cantar o refrão de um dos grandes hits do primeiro disco da banda. E, aquela altura, após a décima música do setlist, a resposta era totalmente óbvia: “we’re sooo young!” berraram muitos e muitos jovens que já passaram há tempos dos 30, alguns até perto dos 45 que o próprio Brett completou este ano.

Dezenove longos anos se passaram desde que o Suede lançou seu (homônimo) disco de estreia e o show no Planeta Terra, seu primeiro no Brasil. Mas a banda, como ficou claro esta noite, parece ter uma relação meio diferente com o tempo.

Depois de uma breve introdução instrumental, todos entraram logo, com exceção dele, que chega caminhando lentamente, sabendo exatamente o impacto que sua presença provoca nos fãs. Brett Anderson pisa no palco e, magicamente, é como se fosse algum lugar entre 1994 e 1998 novamente.

Sem conversa, sem tempo para sequer trocarem olhares, todo mundo ali já sabe o que fazer. Começam então os primeiros acordes de She, a música que há muito tempo abre os shows do Suede. Na sequência, um dos maiores hits da carreira, Trash, além de Filmstar, Animal Nitrate e We Are The Pigs. Tudo direto, sem respiro.

Na última dessa sequência, aliás, Anderson mostra claramente que os anos e os excessos (e foram muitos) não estragaram sua potência vocal, um dos grandes trunfos da banda. O que é mais do que comprovado em The Wild Ones, o primeiro momento “tranquilo” do show, no qual ele canta sentado em um cantinho do palco.

Mas um show do Suede não é exatamente um lugar para se descansar. Apesar de um “oi, São Paulo” e um ou dois “obrigado”, ninguém parou, em momento algum. As músicas são emendadas umas às outras, o ritmo nunca cai e a banda parece usar uma energia armazenada sabe-se lá como desde os anos 90. A dinâmica entre os integrantes, aliás, é impressionante. Todos realmente sabem quando e como agir e ninguém dá sinais de cansaço.

Após pouco mais de uma hora, vem a despedida ao som de The Beautiful Ones, outro de seus maiores hits, com Brett agradecendo por eles terem sido convidados a tocar aqui e dizendo que foi adorável.

Cumprindo o que havia prometido, a banda não apresentou músicas novas, mas deu aos fãs exatamente o que eles esperaram 19 anos para ver: uma coleção invejável de clássicos, saídos de quatro dos seus cinco discos (eles nunca tocam nada de A New Morning, o disco de 2002 que assumidamente não gostam).

Caso continuem cumprindo a palavra, é só esperar agora que voltem em breve. Depois de demorar tanto para chegar à América do Sul, eles disseram na entrevista coletiva de sexta (19) que tinham adorado o show no Chile e usariam a apresentação no Planeta Terra como uma espécie teste com os brasileiros. A julgar pela reação do público, já devem ter se decidido.

por Fabiana de Carvalho,

Veja a seguir o setlist:

She
Trash
Filmstar
Animal Nitrate
We Are The Pigs
The Wild Ones
The Drowners
Killing of a Flashboy
Can't Get Enough
Everything Will Flow
So Young
Metal Mickey
New Generation
Saturday Night
Beautiful Ones

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