terça-feira, 7 de junho de 2011

"Is this hyperreal?" - Atari Teenage Riot

Final dos Anos 90, eu em frente à TV, vendo o Lado B do Reverendo Fabio Massari. Um clipe me impressiona muito: "speed", de uma banda alemã chamada Atari Teenage Riot. Um riff sampleado matador acompanhado de batidas eletrônicas frenéticas e uma banda formada por três MCs ensandecidos (um deles do sexo feminino) tocando num lugar escuro iluminado apenas por uma luz estroboscópica. Virei fã instantaneamente, fui atrás e comprei os dois discos mais "famosos" em edição importada, "Burn Berlim Burn" (que é uma coletânea) e "60 Seconds wipe out". Eles tocaram no Brasil e eu não fui, mas os amigos que foram são unânimes em afirmar que foi o show mais barulhento de suas vidas, superando Slayer e Napalm Death.

A ATR foi a última banda que realmente me impressionou em termos de som barulhento. Separaram-se em 2000. Em 2001 um dos MCs, Carl Crack (olha o nome do cara), o negão, morreu de overdose. Em 2002 Hanin Elias, a outra MC, saiu da Digital Hard Core, a gravadora de Alec Empire, o mentor de tudo, para fundar seu próprio selo especializado em bandas femininas, o Fatal Records. Rompe com Alec - em seu disco solo a face do ex-parceiro aparece borrada entre as fotos dos colaboradores.

A dupla restante seguiu trabalhando junto: Nic Endo, a programadora, participou do disco solo de Alec e fez parte de sua banda nos shows ao vivo. No outono de 2009 Hanin Elias contactou Alec propondo que voltassem a se apresentar como Atari Teenage Riot, mas teve que desistir por problemas na voz. A idéia, no entanto, parece ter vingado, já que a banda voltou a fazer shows (com um novo MC, CX KiDTRONiKe, e Nic Endo fazendo os vocais femininos ) e lançou um single no ano seguinte, "Activate", via SoundCloud. Em 2011, outro single, "Blood in my eyes", e finalmente o novo disco, "is thes hypereal?", lançado hoje.

O disco abre com os dois singles previamente lançados. A primeira "inédita" (se é que isso existe hoje em dia) é "Black Flags" ("are you ready to testify?"). A faixa-título, "Is this Hypereal", praticamente não tem melodia, é um longo diálogo entre Alec Empire e Nic Endo sobre uma base eletronica cheia de climas soturnos. "Do you remember?", eles se perguntam o tempo inteiro. A faixa seguinte, "codebreaker", é bem mais pesada e opressiva, com samples de guitarra cortantes e uma batida martelada. Já "Shadow identity" é mais dançante e é cantada/gritada por Nic (impressionante como seus vocais se parecem com os de Hanin Elias). Muito boa - para as pistas, inclusive. Tem até uns momentos bem calminhos no final!

Momentos calminhos que são interrompidos por um discurso em megafone e uma pancada no pé-do-ouvido. É "Rearrange your synapses", a sétima faixa, novamente com os vocais divididos entre Alec e Nic. O resto do disco segue no mesmo ritmo, sem muita novidade, mas tudo muito intenso e bem produzido. A última faixa é uma das melhores, com uma levada opressiva e pesada contraposta a uns climões etéreos pontuados pelos bons e velhos vocais que alternam passagens discursivas e gritadas. Fecha o álbum com chave de ouro (fu(n)dido).

Muito bom ver esta grande banda de volta à ativa.

Recomendadíssimo.

por Adelvan k

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