segunda-feira, 26 de outubro de 2009

# 125 - 23/10/2009



VARICOSO, COMATOSO, SENIL

Abaixo, a resenha que André Forastieri fez para a Revista Bizz na ocasião do lançamento do álbum “Angel Dust”, do Faith No More:

A gravadora London disse que esse álbum é suicídio comercial para o Faith No More. E é mesmo. Não tem nada a ver com The Real Thing, Epic, Edge Of The World, todo mundo cantando junto e balançando as mãos e tascando sorvete na testa. Não, isso é um esporro-purulento-paranóico-escroto-sanguinolento, cérebros explodindo multidirecionalmente, picas frustradas se ralando no cimento e sangrando em cima de crianças miseráveis morrendo de fome. Demônios à solta. Adeus fãzinhas púberas, adeus MTV, adeus tudo. Não tem uma porra de um sucesso neste disco. O Faith No More foi longe demais.
Midlife Crisis, o primeiro single, dá uma pista do disco mas não entrega o jogo. O próximo (A Small Victory) é a coisa mais “fácil” de Angel Dust, mas suas possibilidades de sucesso foram abortadas com sete meses – os caras botaram um trecho completamente anticomercial e esquisito no meio.
Por que esse desejo de se matar? Não vem ao caso, mas é quase grande arte. Angel Dust é Frankenstein: pedaços de gêneros estabelecidos que não estão mortos mas já fedem - metal, hip-hop, country, thrash – fundidos numa criatura única, simultaneamente podre e rebimbando de vitalidade. O NME chamou de schizo-core, hardcore esquizofrênico. É um bom rótulo, mas não é suficiente.
Seguinte: não tem uma letra simples no álbum. Daria para dizer que são quase poemas se não fosse soar tão pretensioso, poemas no sentido William Burroughs da coisa. Exemplo 1: “os balanços do parquinho não me acomodam mais/folclore: ninguém deveria acreditar que no próximo ano tem aula/escreva cem vezes”(em “Kindergarten”). Exemplo 2: “Chegou a hora de falar com meus filhos/vou dizer a eles exatamente o que meu pai me disse/ VOCÊ NUNCA VAI DAR EM NADA” (em “RV”).
O detalhe é que não tem uma letra que dê para cantar junto. A estrutura das músicas não permite, e a voz de Mike Patton varia radicalmente e vai do velho falsete (pouco usado) a puro terror thrash a baladeiro canastrão. É tão absurdo que no primeiro lado, logo depois de Midlife Crisis, tem uma música que parece Frank Zappa (”RV”) seguida de um funk metal sujão (Everything´s Ruined) e de outra que lembra Godflesh/Sepultura, distorção no talo e vocais monstro (Malpractice). Minha favorita, Be Agressive, lembra um pouco We Care A Lot - sugere sadomasoquismo, começa com órgão de igreja, tem coro infantil no refrão e guitarra wah-wah.
Patton está furioso: “O que outro deixaria para trás, cuspiria fora, desperdiçaria eu assumo como meu”. Mas as coisas vão mesmo para o inferno em Jizzlober. É grito-choro-dor primal, me arrancaram do útero, um pesadelo de distorção e desespero.
O que significa isso tudo? Não sei e não me importo. Vou deixar para alguém mais esperto que eu o trampo de decodificar Angel Dust.

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The Smiths (Live 1986) – There´s a light that never goes out

Wolfmother – Cosmic Egg
Julian Casablancas – River of Brakelights
Air – Heaven´s light

Drop Loaded:

Dom Capaz – tanta coisa
Os Seminovos – Juíza em Goiás

Bloco produzido por Deborah Fernandes:

Guns ´n ´roses – Welcome to the jungle
Red Hot Chili Peppers – give it away
U2 – Bad

Crove Horrorshow – Nada passou

The Exploited – Anti-UK
The Exploited – Let´s start a war
Bomf ! – Safe Below
Dehumanized – Don´t forget the chaos
BillyClub – UK82

Faith No More – a Small victory
Faith No More – caffeine
Faith No More – Kindergarten
Faith No More – Midlife Crisis

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