LOKI? 40 Anos este ano ...
Arnaldo nos mutantes |
O final dos Mutantes marca um período extremamente doloroso
para Arnaldo Baptista. Ele rompia um casamento com Rita Lee e mergulhava em uma
viagem de depressões, paranóia e incertezas. E Arnaldo era ainda muito jovem
para poder lidar com tantas coisas. Nascido no dia 6 de julho de 1948, o músico
tinha pouco mais de 25 anos quando deu adeus a sua banda, trio (e depois
quinteto) que havia sido a extensão de sua personalidade.
Após ter gravado o disco O A E O Z, em 1973 - que só foi
lançado quase 20 anos depois - Arnaldo
vivia amargurado. O álbum registrava uma guinada ao rock progressivo e os
Mutantes já eram um quarteto (além de Arnaldo, estavam seu irmão Sérgio, o
baixista Liminha e o baterista Dinho), mas já sem Rita Lee. Rita e Arnaldo,
aliás, já estavam se separando, o que serviu para aumentar ainda mais seu
desespero. Ele já era um mito do rock brasileiro, e um mito com enormes
problemas, incluindo falta de dinheiro, drogas e várias brigas.
Foi esse Arnaldo que resolveu romper com tudo e quis
registrar um dos discos mais emblemáticos não apenas do rock nacional, como
também de toda a história da música. Ele havia feito algumas canções e resolveu
que era hora de registrá-las. Primeiro, tentou falar com o presidente da
Philips, André Midani, mas acabou mesmo convencendo o produtor da casa, Roberto
Menescal, que junto com Mazola, topou a empreitada, intrigados com o que tinham
ouvido. Arnaldo resolveu então chamar seus velhos companheiros - o baixista
Liminha, o baterista Dinho, a própria Rita Lee e o maestro Rogério Duprat. O
que ninguém podeira imaginar era o resultado final...
Gravado no estúdio Eldorado e registrado em 16 canais, Loki?
marca, dentre outras coisas, pela ausência de guitarra (exceção feita à faixa
final, "É Fácil", com um violão de 12 cordas, tocado pelo próprio
Arnaldo), a exuberância do piano e por letras extremamente pessoais e, em
certos momentos, embaraçosas.
Arnaldo queria gravar o disco com uma grande urgência,
urgência essa que só encontrou paralelo no álbum Plastic Ono Band, de John
Lennon, de 1971. Com a "cozinha" dos Mutantes, ele ia gravando
rapidamente, com grande sofreguidão e arranjando confusão com os dois músicos, que
se recusaram a refazer algumas faixas.
Arnaldo mostrava um eclestimo impressionante, mesclando o
glam rock, o boogie-woogie, o rock and roll e o progressivo, com os arranjos de
Duprat, resultando numa mistura até hoje inigualável. O disco abre com
"Será Que Eu Vou Virar Bolor?", tocada no melhor estilo dos anos 50 -
Jerry Lee Lewis, Little Richard - e misturando Alice Cooper, Nasa e o medo de
ser esquecido em um texto permeado de humor e medo. A segunda faixa, "Uma
Pessoa Só", traz um belo arranjo de cordas de Duprat e um dos versos mais
bonitos já escritos na música: "Estamos numa boa pescando pessoas no
mar/Aqui/Numa pessoa Só".
O disco continua com "Não Estou Nem Aí", que tem
Rita Lee nos vocais de apoio e é um tantinho auto-biográfica - "Ontem me
disseram que um dia eu vou morrer/Mas até lá eu não vou me esconder/Porque eu
não estou nem aí pra morte/Não estou nem aí pra sorte/Eu quero mais é decolar
toda manhã." A quarta faixa, "Vou Me Afundar Na Lingerie", é um
dos grandes momentos de sua carreira, com uma letra muito bem humorada, com
gírias da época. "Honky Tonky" é uma faixa instrumental, onde Arnaldo
passeia por vários estilos no piano.
"Ce Tá Pensando Que Sou Loki?" abre com um arranjo
que remete ao disco de Tom Jobim com Frank Sinatra (Francis Albert Sinatra
& Antonio Carlos Jobim, com orquestrações de Claus Ogerman) - meio
bossa-nova, meio samba, e com várias referências na letra sobre suas viagens
com as drogas, seu passado e, claro, Rita Lee, especialmente quando se refere à
cilibrina. Isso porque Rita Lee havia montado com Lúcia Turnbull o duo
Cilibrinas do Éden.
"Desculpe" é uma das baladas mais corta-pulsos da
história, de assustar um Iggy Pop ou Ian Curtis: "Desculpe/Se eu fiz você
chorar/Te esqueça/Olhe, o sol chegou/Diga-me o meu nome/Diga-me que você me
quer/Sinta o pulso de todos os tempos/Comigo/Até quando, eu não sei/Mas
desculpe/Mas eu vou me fechar/Não sou perfeito/Nem mesmo você é/Me abrace,
diga-me o meu nome/Diga-me que você me quer/Sinta o pulso de todos os
tempos/Comigo, até quando não sei/Sinta o barato de ser ser humano/Comigo/Até
quando Deus quiser." Recado para Rita? Provavelmente...
"Navegar de Novo" é um dos primeiros ataques à
sociedade de consumo que se criava no Brasil, criticando a superficialidade das
pessoas e lançando um olhar esperançoso ao Brasil do futuro. Já "Te Amo
Podes Crer" mais parece um outro recado para a ex-parceira. O disco fecha
com "É Fácil", a única com violão e com a letra "Eu me amo/Como
eu amo você/É fácil", em rápidos 1 minuto e 55 segundos.
O disco mostra um Arnaldo Baptista tentando erradicar e
entender seus demônios. Logo após o lançamento, ele sofreria uma de suas
primeiras internações, por causa da violência, potencializada pelas drogas. Sérgio
Dias, guitarrista dos Mutantes, conta que o irmão odiou o título do disco,
então imposto pela gravadora, assim como a capa, totalmente distante do que ele
havia imaginado (NOTA DO BLOG: Também não gosto da capa. O título eu acho legal, mas dá pra entender os motivos de Arnaldo não ter gostado). O trabalho teve uma vendagem pífia, aumentando ainda mais sua
dor.
Em uma entrevista histórica concedida à jornalista Ana Maria
Bahiana e publicada no jornal O Globo, no dia 28/04/1978, Arnaldo faz um grande
desabafo. Confira alguns momentos: Sobre música: "Rock eu gosto porque é
meu sangue. É minha vida, desde que nasci." Sobre Rita Lee: "Quando
eu ouvia a Rita, gostava. Não ouço nem vejo a Rita há muito tempo. Me faz muito
mal. Más vibrações. Para baixo. Marta não deixa porque me faz mal. Os Mutantes
do Sérgio eu operei som para eles, uma vez. O Sérgio vem tocar aqui com a gente
no domingo, dar uma força." Sobre os Mutantes: "Era bom. Não, não
tenho saudades. A agressividade, naquele tempo, era quase nula."
Sobre os anos pós-Loki até o então atual momento, como Arnaldo
& Patrulha do Espaço: "Passei quatro anos num ostracismo. Não tinha
ninguém, mulher nenhuma. Ninguém me queria. Não tinha amor. Aí me internaram,
porque parece que fiquei uma pessoa violenta. E eu não quero ser uma pessoa
violenta. Diziam que eu era. Me internaram. Agora estou bem. Cortei as drogas.
Tenho um psiquiatra. Tomo uns remédios. Estou bem. Logo que saí de ser
internado eu comecei a fazer esse grupo, a Space Patrol. Ia chamar assim, mas
por razões de... evolução... não... Chama Patrulha do Espaço. Estamos
trabalhando há um ano. É um bom trabalho. Eu trabalho muito. Não sou violento.
A bateria é. O piano não consegue, por causa da amplificação."
Em um dos momentos mais lindos do texto, Ana Maria relata:
"Subitamente pede licença, vai correndo ao palco cuidar, pessoalmente, das
ligações elétricas de seu teclado Hohner. Se é possível ter certeza de algo, de
uma coisa eu sei: ele não está brincando de pirado. Todo seu corpo, todo seu
rosto está empenhado numa batalha surda e intensa, digna, que não tem nada a
ver com as possíveis fantasias de sua ex ou atual platéia. Agachado atrás dos
amplificadores, metodicamente checando fios e plugs, sobrancelhas cerradas, ele
não parece um herói: está lutando por sua vida. Com todas as forças."
É por tudo isso, que Loki? é (em minha modesta opinião), o
mais belo registro feito no Brasil. Passados 40 anos (foi lançado em 1974), ele
se mostra assustadoramente atual, apesar de alguns erros técnicos. Talvez
Arnaldo quisesse mostrar nos erros técnicos os erros pessoais, ou talvez não
tivesse mais cabeça para mexer em algo que lhe tinha sido tão caro. Sua vida
seguiria num limbo, até o mal explicado acidente do hospital psiquiátrico, em
1981, quando se jogou do terceiro andar e ficou um tempo em coma. Para alguns,
uma tentativa de suicídio. Para Arnaldo, apenas uma maneira de tentar fugir
daquele lugar horrível.
por Rubens Leme da Costa
mofo
#
por Rubens Leme da Costa
mofo
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E depois esses anarquistas maconhero diz que tem que usar dorgas, que e liberdade... o cara se arrombou por causa dessa bosta e creio que foi por ser incentivado pela puta da Rita Lee!
ResponderExcluirEsse mundo esta perdido, o "normal" hoje e usar drogas, realizar aborto como se tivesse fazendo um mero botox, repudiar todo e qualquer tipo de conduta etica, e ser "rebelde" quebrando tudo e matando gente...
E o pior!! A maioria das pessoas aprova isso como se fosse rebeldia ou irreverencia, e nao trata essas atitudes como atos de bandidos e sádicos.
E os anarcopunk, PSTUzada e seus lacaios apoiam ferozmente isso, e eles se dizem contra o imperialismo ocidental mas aprovam coisas que esse proprio imperialismo busca tornar "natural" como: casamento gay, aborto, intolerancia religiosa, luta de classes, luta de raças, ou seja, tudo o que promover o caos e a discordia esses FDPTA aceitam.
Mas nao adianta, eles estao no chamado seculo XXI, a belle epoque que vivemos...
To vendo o "progresso"...
O seculo XXI e o seculo em que mais vemos a degradaçao e a insensibilidade do ser humano. Tambem os homens de hoje voltam se contra as normas impostas pela natureza e buscam de todas as formas normalizar o que nao e comum nem natural existir.
Fica o recado: Esse seculo nao e o das luzes, quando a miseria, a fome e as desigualdades tiverem um fim ai sim fara sentido pregar essa suposta "modernidade" no campo ético.
Mas o que mais vejo e doutrinas homicidas pregando ha seculos lutas e guerras entre classes sociais ou raças e que nao sao devidamente punidas.
Dai vem meu NOJO e DESPREZO ao comunismo/anarquismo e seus adeptos.
UM DIA VOCES SERAO PUNIDOS PELO QUE FIZERAM AO MEU PAÍS!!!!
Anaue! UNIAO, JUSTIÇA E NACIONALISMO
Como diria o grande sábio 'cumpadi' Washington:
ResponderExcluir- SABE DE NADA, INOCENTE!