O aparente clima de normalidade não condiz com a importância do evento. Desde que Ozzy decidiu voltar a tocar com os companheiros, em 1997, aguarda-se a passagem da banda pela América do Sul. Ao lado de Van Halen, Led Zeppelin e Rush, o Sabbath com Ozzy era o espetáculo mais esperado no Brasil. O Led jamais virá, Rush já veio duas vezes e Van Halen aparentemente se recusa a tocar fora dos Estados Unidos, exceto por pouquíssimas datas na Europa – assim como The Who, que aparentemente não tem o menor interesse em viajar 15 mil quilômetros para vir. E como o Pink Floyd também jamais virá, O Black Sabbath com Ozzy é, portanto, o último grande artista do nosso tempo a finalmente tocar no Brasil.
CD novo, turnê concorrida e uma penca de clássicos, tudo com a abertura do competente Megadeth. O Black Sabbath chega para coroar um ano em que o Rock in Rio agradou bastante em sua segunda parte, com gigantes como Iron Maiden, Metallica, Slayer e Bruce Springsteen – O Iron Maiden até deu uma esticadinha por são Paulo. É um fechamento de ouro para uma grande temporada, que ainda terá como bônus Aerosmith e Whitesnake no Monsters of Rock.
O Black Sabbath chega ancorado em álbum excelente, “13″, que recolocou a banda nas paradas do mundo inteiro e suas músicas em emissoras de rádio importantes no mundo. Tony Iommi ainda é um dos maiores mestres da guitarra, mesmo aos 65 anos de idade, assim como Geezer Butler continua a mesma usina potente de graves e riffs pesados no baixo. Os shows da turnê atual, que já passaram por Oceania e Europa, mostram uma banda afiada, entrosada, sendo que os poucos deslizes de Ozzy em nada comprometeram a performance do conjunto.
As músicas novas, como “God Is Dead?” e “The End of Beginning” soam poderosas ao vivo. São densas e conseguem prender a atenção da plateia. E em seguida vem a sucessão de clássicos que marcam os 45 anos de existência do Black Sabbath. Ouvir Ozzy cantar “War Pigs”, “Iron Man”, “Paranoid” e mais uma penca de hits tendo a parede sonora de Iommi por trás é mais do que uma dádiva, é a verdadeira celebração de todo um movimento cultural. É a verdadeira comemoração de um gênero musical.
Black Sabbath com Ozzy é um evento histórico no Brasil, que provavelmente não se repetirá. O impacto é tão grande e tão importante quanto o primeiro show do Queen por aqui, em 1981. Tão ou mais impactante quanto o de Alice Cooper em São Paulo, em 1974, ou o do Kiss no Morumbi, em 1983. E certamente é tão esplendoroso quando as estreias dos Rolling Stones, em 1995, e do U2, em 1997, ou mesmo a do Rush, em 2001, ou ao retorno do AC/DC, em 1996, ao mágico show de Pal McCartney em 1992, ou o mítico Metallica em 1989. Os ingressos para São Paulo e Porto Alegre esgotaram-se em poucas horas. Mesmo no Rio de Janeiro, onde o rock não goza de tanto prestígio, só restam pouquíssimas entradas.
Para os afortunados que estarão nos estádios vendo os shows, só resta a expressão em latim: “carpe diem”, aproveitem muito bem o dia. A história estará rolando ao vivo bem na frente de seus narizes. Será o último grande evento com os grandes todos os tempos? É bom Van Halen e The Who abrirem os olhos, pois a chance de fazerem história no Brasil é gigantesca.
NOTA DO BLOG: I´ll be there! Contarei tudo depois ...
por Marcelo Moreira
Combate rock
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