quinta-feira, 29 de novembro de 2012

# 251 - 24/11/2012

The Evens - Warble Factor (version)
Bjork - Virus (Hudson Mohawke Peaches & Guacamol remix)

Manfred Hübler and Siegfried Schwab - Necronomania
Pata de Elefante - Não fique triste
Vendo 147 - Mar aberto

Systemas de aniquilacion - Rebeldes muertos
Escato - Acorrentados
Diagnose - Hardcore do coração
Under Threat - Sick mind
Necrose - Destroy the media
- por Alércio

Motorhead - Devil´s in my hand
Faith No More - Digging the grave
Supergrass - Pumping on the stereo
New Model Army - Wonderful way to go

The Cramps - like a bad girl should

Elf - First Avenue
Shocking Blue - Inkpot
Deep Purple - One More rainy day (BBC Top Gear Session)
Curved Air - Melinda more or less
Fleetwood Mac - Green Manalishi

45 anos de "The Doors" e "Strange Days"
The Doors
# Break on through (to the other side)
# Strange Days
# Take it as it comes
# People are strange
# The Crystal ship
# When the music´s over

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quarta-feira, 28 de novembro de 2012

Pussy Riot se recusa a lucrar com a fama ...

Duas integrantes da banda russa de punk feminista Pussy Riot estão na prisão por protestar em uma igreja contra Vladimir Putin. Enquanto isso, por US$ 19,95 mais o frete, os fãs da cantora norte-americana Madonna podem encomendar uma camiseta 100 por cento algodão da "Pussy Riot", com o logo da banda de uma mulher em um vestido curto vermelho e máscara de esqui, com o punho levantado e um guitarra elétrica.

Primeiro veio a batalha pela liberdade, agora vem a batalha pela propaganda. Três meses após o fim de um julgamento que as lançou para a fama mundial, as integrantes da banda dizem que estão lutando para impedir que qualquer um ganhe dinheiro em cima de sua marca, que vale uma fortuna, segundo especialistas. Se elas estivessem interessadas, as meninas poderiam ficar ricas com turnês, filmes, documentários e contratos de gravação. Mas é um anátema para as mulheres que, vestidas com máscaras extravagantes, vestidos e meias-calças descombinantes, invadiram uma catedral ortodoxa russa em fevereiro e fizeram uma "oração punk", pedindo à Virgem Maria afastar Putin.


"Nós nunca iremos permitir que a marca seja registrada", disse Yekaterina Samutsevich, a única das três integrantes da banda a ficar livre até agora, que anunciou em seu comunicado que vai representar os interesses das duas que ainda estão na prisão. "Nós sempre dissemos que nossa banda nunca seria comercial. Até um certo ponto, ela foi criada para combater o comercialismo." Samutsevich, 30, foi condenada em agosto por vandalismo motivado por ódio religioso, juntamente com Nadezhda Tolokonnikova, 23, e Maria Alyokhina , 24. A pena Samutsevich foi suspensa e ela foi libertada em um recurso; Tolokonnikova e Alyokhina iniciaram suas penas de dois anos de prisão. A Anistia Internacional considera-as prisioneiras de consciência.

Para os estrangeiros, incluindo celebridades ocidentais que adotaram a causa das mulheres encarceradas, vender mercadorias com o logotipo da Pussy Riot é uma forma de arrecadar dinheiro para ajudá-las. A cantora Madonna oferece camisetas da Pussy Riot para venda em seu site e em seus shows. Ela diz que está enviando o dinheiro que arrecada para ajudar a pagar pela defesa legal da banda. A cantora islandesa Bjork também entrou em contato com a banda russa para discutir venda de camisetas para ajudar a arrecadar dinheiro para os custos legais, disse seu empresário, Derek Birkett. Essas discussões estão em espera, porque os membros da banda "agora estão em dúvida sobre a comercialização do nome e da ideia", disse Birkett.


Reuters

sexta-feira, 23 de novembro de 2012

"Coração Metrônomo", The Renegades of punk - por Sílvio Campos

Sabem de uma coisa? O que me estimulou a falar sobre “ Coração Metronomo” não foi nem o fato de ser uma banda que faz algo voltado ao punk, suas letras e sonoridade. Eles têm um público que vai além do punk, de indies e rockers atuais, pode-se dizer assim, e que talvez sejam distantes do que muitos pensam sobre o que é realmente uma banda e público essencialmente punk. As idéias e atitudes da banda, isso sim, me fazem tentar falar. Sua vida e a vontade de fazer algo pelo estilo do qual as pessoas vejam de forma mais respeitada. Se por um lado ainda vemos gigs com a precariedade dos tempos das cavernas, a Renegades, por outro lado, tenta melhorar ao máximo essa cara, e isso é mais que positivo. Nem tudo que leve o slogan do punk  tem que ser necessariamente ruim ou precário! Além de tudo a R/P ainfa faz sua historia e seu caminho Sergipe e Brasil afora.

Ação: “Coração Metronomo”, a primeira faixa, começa instigadissima! Punk rock cheio de quebradas e muito, muito nervosa, e uma letra que coloca o consumismo e individualismo burro, digamos assim, abaixo de tudo. Muito legal, e ainda te faz pensar, começando muito bem o álbum. Em “Me Testa” a banda continua com a mesma pegada e energia, nervosa, característica natural da R/P. Melodia marcante, refrão ótimo e sentimento na interpretação. Já em “Ghost” parecem buscar algo mais introspectivo, pois uma certa melancolia rodeia toda a musica. Em seguida vem uma das melhores da banda, “Fake”, rápida e com uma letra mais no padrão punk: direta, na veia.

As faixas “Você Faca Coração”, com seu ótimo ...”fucking lies”... e “Mistura Meus Olhos”, com um riff matador, sustentam toda a sequencia do álbum mantendo a energia nervosa da banda. Nesta segunda citada a letra me parece uma certa critica à doideira junkie(?) - é só minha visão. Aí está a maior influencia, a meu ver, da R/P - o velho Dead Kennedys. Na veia, sonzaço.

Em “We Seem So Close” mais som reto, influencias do velho punk rock, sensacional os arranjos. A guitarra de Dani parece fazer a outra parte de voz, isto é, canta com ela, aparece o tempo todo e isso serve também para a faixa seguinte, “Algo Que Não Tenho”, que por sinal é uma  ótima letra. Temos em seguida “Um Leão Por Dia”: som punk de verdade, letra e uma sonzeira "da gota"! A guitarra mais uma vez detonando com acordes nervosíssimos, muito estilo.

“Coisas Belas” vem com uma letra bem interessante e o baixo em sua melhor performance, ótima faixa. Mais rebeldia e protesto em “La Reprise” - essa faixa vem curiosamente cantada em francês! Trata-se de uma releitura de uma outra banda a qual integrantes da R/p fizeram parte, REVER, louca nervosa, sobrando adrenalina. É o som para agitar, extravasar ...

Não posso esqucer aqui  a parte gráfica da obra no formato de envelope duplo, bem bacana. Acompanha encarte com as letras, capa ultra original e cheia de estilo, e ai chegamos ao final com a “Vida Real” - esta soa como aquele tipo de desabafo/protesto que costumamos fazer todos os dias. É climática e tem uma sonoridade diferente na guitarra, o que dá um toque muito original. A bateria na sua crueza junta-se à ótima linha de baixo, definindo assim toda a sonoridade desta renegada banda de punk rock Sergipana.

                                                                                                    Silvio Campos (Zine Microfonia)

O disco da renegades está à venda na Freedom.
O resto você já sabe.

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# 250 - 17/11/2012

A letra de "emergência", do Câmbio Negro HC, fala sobre os campos de refugiados palestinos. É triste constatar que a musica foi lançada ainda nos anos 80, no clássico LP "O Espelho dos deuses", e hoje, na segunda sécada do século XXI, continua atual. /// O disco de estréia do rage against the machine, um dos mais influentes grupos a surgir no cenário alternativo dos anos 90, está fazendo 20 anos. Para marcar a data, tocamos o hit "killing in the name" - só que na versão da demo de dezembro de 1991. Um "best seller" que rendeu, para eles, um contrato com a mesma máquina pela qual nutriam tanto ódio. Há quem, ainda hoje, não entenda. /// How to destroy angels é Trent Reznor,  Mariqueen Maandig, Atticus Ross, e Rob Sheridan. Acabaram de lançar um novo EP, "An Omen". Não é um nine inch nails, mas tá valendo. /// Eu não sabia, mas a banda Lêmures foi formada, a princípio, apenas para concorrer ao Festival Aperipê de música do ano passado. Se deram bem, pois foram os vencedores da noite. Esta e outras histórias, dentre elas a da participação de Lois Lancaster, do Zumbi do mato, na gravação da música "ratosss", foram contadas ao vivo por eles e pelo pessoal da Casa Forte no estúdio da aperipê FM. /// Casa Forte toca com a Toddy´s Trouble band próxima sexta, dia 30, no CHE petiscaria /// "Animals", do pink floyd, é um álbum conceitual baseado no conto de fábulas "A revolução dos bichos", de George Orwell. É, na minha modesta opinião, um dos discos mais subestimados da banda - porque foi lançado em 1977, em pleno levante punk, e entre os clássicos absolutos "Wish you where here" e "The Wall". Acredito que tenha sido a primeira vez que ele foi tocado na íntegra no rádio sergipano - quiçá mundial! Afinal, são praticamente 3 musicas de 17, 12 e 10 minutos, respectivamente, e duas quase-vinhetas. Um formato nada radiofônico - perfeito, portanto, para o programa de rock.

See you later, alligators.

A.

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Câmbio Negro HC - Emergência
Rage Against the machine - Killing in the name (demo)
How to destroy Angels - On the wing

Fugazi - I´m so tired
The Fall - It´s a curse
The Horrors - Excellent choice
The Flaming Lips - Powerless

Lêmures - Ratosss
Casa Forte - O rock ensina algo
Casa Forte - Rock Soul
+ Entrevista

35 Anos de "Animals"
Pink Floyd
# Pigs on the wind (pt one)
# Dogs
# Pigs (Three different ones)
# Sheep
# Pigs on the wind (pt two)

terça-feira, 20 de novembro de 2012

"Fear of time", do Tchandala, por Silvio Campos

TCHANDALA – FEAR OF TIME (MS-METAL RECORD/VOICE MUSIC) - As  melodias, a musica em si, rápida, bruta ou melódica, me diz se aquilo que estou a escutar é verdadeiro. Digo isso porque sentimos  se esta musica, seja ela de qual tipo for, está sendo interpretada/executada com emoção e sentimento. Comigo é assim. Ao colocar o álbum “Fear of Time” do vitorioso, persistente e verdadeiro grupo Sergipano  de Heavy Metal  Tchandala escuto de cara “One Billion Lights”, uma música com referencias bacanas como se mostra ao iniciar-se, algo lembrando o Saxon, e então percebo  o sentimento contido nesta musica ao passo em que ela se desenvolve. As guitarras excelentes e os backing vocais nos remetem a bandas como Jorney e Asia. A voz de Dejair, agora mais amaciada e mais elaborada, nos emociona na interpretação. Esta será sempre um clássico da banda e uma das melhores composição da mesma, excelente refrão, emocionando e fazendo você não esquecer mais.

A  execução das musicas sempre com o acompanhamento e arranjos de teclados por Toni não deixa o álbum menos Heavy Metal e isso é uma coisa que acontece com diversas bandas ao adotar os teclados em sua musicas. No caso da Tchandala este elemento ficou  muito incorporado. Na segunda faixa, “Beyond  The Power”, a banda mostra mais ainda a riqueza desse trabalho. Destacável demais o riff incrível da guitarra, as narrações de Erico G., para meu gosto o uso dos dois bumbos nesse momento inicial da musica trava um pouco o andamento, mas nada que comprometa.

Em “The Vision Of Blind Man” nota-se a sinfonia rock da banda, grandiosa, e mais uma vez o uso inicial dos dois bumbos fica prá mim uma sensação de que a banda não desenvolve o que a música pede, até que em seguida ela se abre em uma velocidade perfeita e a bateria fica perfeita, nota dez, uma pegada  empolgante. A letra casa muito bem com a sonoridade e, claro., letras bacanas, isso é Tchandala e convidados enriquecendo essa bela faixa, os teclados viajantes, o baixo de Sandro aparecendo de forma mais clara pois ao decorrer do álbum deveria ter um ganho maior.

A quarta faixa, “Enemy Of Man Kind’, considero uma das mais difíceis do álbum no que diz respeto à interpretação. Exige  o Maximo do Dejair , mais uma que tem refrões  que são um ponto marcante da obra e ainda a perfeita participação de Daniel Pinho muito bem incorporada. Em seguida uma musica muito significativa no álbum, e é aquela que você sente desejo em  cantar: “Time And Of Life”, que considero a mais pesada do álbum sem deixar de ser metalzão. Soa clássica e vai mais uma participação em voz de Dan Loureiro, por sinal muito boa também.

Agora temos “Fear Of Time” dando titulo ao trabalho árduo da Tchandala e é claro não poderia ser menos entusiasmada, prá cima, sentimento na interpretação, que é algo que está se tornando uma marca de Dejair. Nesse aspecto posso dizer que meu amigo  superou tudo que ele já fez - sutileza e garra juntos. Continua a cozinha de Pablo e Sandro, bateria e baixo respectivamente colados e aveludados pelo teclado de Toni, fodaço!!!! As guitarras tem prá mandar pras cucuias, indiscutivelmente a Tchandala enriqueceu muito seu som no que diz respeito linhas de guitarra.

Temos em seguida o que se chama de balada viajante, achei o arranjo inicial de uma perfeição incrível. “Angel” é, prá mim, o diferencial desta musica. Sem esse arranjo talvez soasse uma simples balada.

Finalizando o trabalho temos “Revenge”, Heavy Metal na cara cheio de técnicas e tempos elaboradissimos com elementos tradicionais, uma musica muito trampada. Agora é acreditar que a velha Tchandala, doa a quem doer, é uma historia viva da musica rock e, mais especificamente falando, do Heavy Metal, em Sergipe e no Brasil.

Obrigado à banda por provocar em mim o desejo de escrever algo! Vida longa, e que a persistência e o slogan punk “Faça você Mesmo” continue rondando sua existência, pois eu sei muito bem que essa é uma banda que corre atrás dos seu desejos e faz sua própria historia com suas próprias mãos.

                                                                                                                 Silvio Campos (Zine Microfonia)

Haverá uma audição pública de "Fear of time" no dia 07/12/2012 no Lado B Estúdio - Rua Boquim, 478.
O CD da Tchandala está à venda na Freedom.
A Freedom é a loja de Silvio, e fica na Rua Santa Luzia, 151 - centro - próximo à Catedral Metropolitana.
Em Aracaju.
Silvio, além de proprietário da Freedom, faz blues e rock há cerca de 30 anos publicando fanzines e tocando e cantando com as bandas:
Karne Krua
Veneno de Cobra
Máquina Blues
Words Guerrila
Cruz da Donzela
Casca Grossa
Tempestuous
Sublevação
Logorréia
etc





Ago

domingo, 18 de novembro de 2012

A Foice e a guitarra

Mariana Reis, Do "Gazeta Russa"

O Rock and Roll surgiu nos Estados Unidos no início da década de 1950 e, em pouco tempo, se espalhou pelo mundo: no Brasil chegou em 1955 e, na Rússia, mais precisamente na antiga União Soviética, um pouco mais tarde, em 1957. Nesta época, a URSS era comandada por Nikita Krushchiov, que em seu “Discurso Secreto” no XX Congresso do Partido Comunista da União Soviética, denunciou os crimes cometidos por Stalin (uso desmedido da violência, execuções, fraudes etc.), dando início ao processo de “desestalinização” da política soviética.

Apesar da censura aos artistas se tornar um pouco mais branda neste período, os músicos ainda deveriam seguir os padrões artísticos estabelecidos pelo governo. Havia uma seleção de estilos musicais oficiais que eram permitidos de serem executados publicamente, por exemplo, a música clássica (na verdade, nem todos os compositores eram tidos como oficiais) e o jazz (que caiu na ilegalidade no período de Stálin e, após sua morte, foi gradativamente reabilitado pelo Kremlin). Quanto às letras das canções, críticas ao período de Stalin eram permitidas, mas as que eram feitas ao modo socialista de governo e sociedade não eram toleradas; a censura também valia para temas que fossem considerados nocivos à população como o alcoolismo, o sexo, a violência etc.

Havia uma única gravadora na União Soviética – a Melodiia (Мелодия) – que tratava-se de uma companhia pública administrada pelo Ministério da Cultura. Os estúdios de gravação também eram estatais, assim como as Casas de Cultura onde ocorriam as grandes apresentações. A seleção e distribuição de instrumentos musicais também eram por conta do governo. Desta forma, se o estilo musical e as letras das músicas fossem aprovados pelo Ministério da Cultura, o cantor ou conjunto receberia todo o apoio que precisasse para seguir a sua carreira. Caso fosse rejeitado, teria que se adequar às exigências do governo. Ou se virar sozinho.

Os músicos que quisessem se aventurar em estilos musicais não-oficiais, como era o caso do rock (sempre acusado de contaminar a juventude com um estilo de vida “degenerado” - lembram-se do trio sexo, drogas e rock'n'roll?), desde que não criticassem o governo e ameaçassem a ordem pública, eram tolerados e poderiam se apresentar em locais controlados pelas autoridades, como os bailes estudantis e alguns cafés, sem direito a gravar discos e a ter bons instrumentos musicais.

Timothy W. Ryback, no seu clássico estudo sobre o rock soviético Rock Around the Bloc (1990, Oxford University Press), aponta que o mês de julho de 1957 foi a data que o rock and roll fez sua primeira aparição pública em território soviético, numa apresentação musical que antecedia o 6º Festival Mundial da Juventude e dos Estudantes, em Moscou. O Kremlin, tentando demonstrar que já havia deixado para trás a xenofobia do período do pós-guerra, convidou diversos conjuntos de jazz da Tchecoslováquia, Romênia, Polônia, Grã-Bretanha, França, Alemanha e Islândia para se apresentarem na abertura do Festival.

Alguns desses conjuntos apareceram com instrumentos inusitados na bagagem (guitarras) e algumas canções que não estavam no repertório original. Essas canções “barulhentas” (possivelmente músicas de Bill Halley & His Comets) acabaram passando batido pela censura e foram executadas no Festival por grupos da Grã-Bretanha. As reações do público foram diversas: enquanto muitos jovens se maravilharam com aquele ritmo diferente, críticos musicais se horrorizaram com tamanho primitivismo e alguns oficiais do governo ficaram desconfiados com o fascínio que aquela música exercia no público. Curiosos para saber mais sobre aquele estilo musical tão empolgante, alguns estudantes começaram a trocar informações sobre bandas e músicas.

Como já mencionamos, o rock não foi incluído na lista dos estilos “oficiais” porque o Ministério da Cultura o considerava uma ameaça à juventude ao incentivar práticas como o alcoolismo, o fascismo, a violência, a perversão sexual e, principalmente, por conter mensagens contra o socialismo. Desta forma, era praticamente impossível encontrar discos, fitas e qualquer tipo de publicação sobre este gênero musical. Os fãs acabaram usando a criatividade para conseguir os discos de suas bandas favoritas.

Já que os LP's de música ocidental eram proibidos de serem comercializados e reproduzidos, os poucos que conseguiam chegar em território soviético (oriundos de outros países que faziam parte do Bloco Soviético, como a Alemanha Oriental e a Tchecoslováquia) eram pirateados, inscrevendo-se as ranhuras dos discos em chapas de raio-X (os famosos roentgenizdatque também eram utilizados por fãs de jazz na época em que esse estilo musical era ilegal). Mas, ao descobrir essa prática, em 1958, o governo passou a confiscar os LP's e destruiu dezenas de centros de produção e distribuição dos “discos de raio-X”. Mas a investida do governo contra a difusão do rock acabou não dando certo.  
Alguns anos depois, em 1964, as páginas dos jornais soviéticos não poderiam deixar de noticiar a nova mania que atingiu os EUA, os quatro rapazes de Liverpool conhecidos como The Beatles. É claro que os críticos musicais “desceram a lenha” nos Beatles, acusando-os de serem garotos propaganda do estilo de vida capitalista. Mas a simples menção ao Fab Four foi o suficiente para atiçar a curiosidade das pessoas, e não demorou muito para cópias de discos do grupo aparecerem. As roupas, os cortes de cabelo, a música e tudo o mais que se referisse à banda se tornou uma febre entre os jovens soviéticos.

Foi nessa época que surgiram as primeiras bandas de rock soviéticas. Elas tocavam, na sua grande maioria, versões cover dos Beatles em instrumentos musicais artesanais, já que não tinham acesso aos instrumentos de ponta que eram fornecidos pelo governo. Em pouco tempo, começaram a mesclar outros grupos ocidentais em seu repertório e a fazer versões rock de canções populares soviéticas. Apesar de muitas delas se tornarem relativamente famosas entre os jovens, sem apoio e recursos técnicos adequados não havia mais para onde irem a não ser se conformarem com o underground.

O Ministério da Cultura percebeu que a tal “febre do rock” era realmente séria. Como uma contrapartida às bandas ocidentais, o governo passou a aceitar alguns elementos musicais do rock, com algumas restrições: foi estabelecido um termo próprio para a expressão banda de rock,Vokal'no-instrumental'nyi ansambl' (вокально-инструментальный ансамбль, conjunto vocal-instrumental ou simplesmente VIA); mais de 60% do repertório deveria ser composto por canções de origem soviética (ou seja, de compositores “oficiais”) e as letras das músicas não deveriam fazer menção aos assuntos considerados “tabus” que já explicitamos anteriormente. Em contrapartida, o governo daria todo o apoio técnico e financeiro necessário para os grupos. Muitos músicos acharam a proposta interessante e não perderam a oportunidade de se tornarem “oficiais”, cedendo em alguns pontos ao governo para, finalmente, seguirem uma carreira profissional.

Há muitos grupos VIA interessantes e eles foram os pioneiros ao levar um pouco do rock aos locais públicos, ao rádio e à televisão. Apesar da constante vigilância ideológica, alguns eram extremamente criativos e conseguiam transformar canções oficiais insonsas em ótimas peças psicodélicas. Poderia citar diversos nomes, como o cantor russo Aleksandr Gradskii e sua banda Skomorokhi (Скоморохи), que mesclava diversos estilos como o folk e o rock progressivo; o grupoAriel' (Ариэль), de Tcheliabinsk (cidade localizada próxima aos Montes Urais), também com uma pegada mais folk e elementos de prog aqui e acolá; e o Vesiolye rebiata (Весёлые ребята), que na década de 1970 contou com a participação da famosa cantora pop Alla Pugatchiova. Apesar de estes conjuntos serem muito populares e importantes, gostaria de destacar em especial outros dois nomes: Poiushchie Gitary (Поющие Гитары) e Pesniary (Песняры).
         
Poiushchie Gitary foi formado em 1966 na cidade de Leningrado (atual São Petersburgo), e foi uma das primeiras bandas soviéticas de rock a se tornar famosa. Foi uma das principais referencias dos grupos VIA e muitos acabaram imitando o seu estilo. Fortemente influenciada por The Beatles, The Shadows e The Ventures, o grupo costumava fazer versões em russo de músicas dessas bandas, adaptando as letras às exigências do Ministério da Cultura – algumas letras não precisaram ser censuradas, como foi o caso de Byl odin paren' (Был один парень), uma versão da canção C'era un ragazzo che come me amava i Beatles e i Rolling Stones, de Gianni Morandi (também imortalizada no Brasil pela banda Os Incríveis). O Poiushchie Gitary está em atividade até os dias de hoje.

Já o Pesniary foi formado em 1969 em Minsk, capital da atual Bielorrússia. Era um conjunto extremamente criativo e seus integrantes músicos de primeira linha. Utilizavam instrumentos tradicionais eslavos de sopro, cordas e percussão em conjunto com as guitarras e o órgão eletrônico. Essa combinação de tradição e modernidade deu à banda uma sonoridade única que muitas vezes tocava o rock psicodélico. Além de fazerem versões de músicas ocidentais, também transformaram canções folclóricas bielorrussas em verdadeiras viagens psicodélicas. Apesar de algumas indas e vindas, o grupo ainda está em atividade.

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CNHC

"Câmbio Negro H.C nasceu em 1983, tempos de dureza para os roqueiros no Recife - uma época em que os caranguejos com cérebro sequer cogitavam fincar a parabólica na lama e revigorar o manguezal pernambucano. A primeira formação é, no mínimo, curiosa: Além de Nino (o único integrante original), faziam parte da banda o baixista Vinícius, mais Fred 04, na guitarra e, acreditem, Renato L, o Ministro da Informação do Movimento Mangue, nos vocais. Os futuros mangueboys saíram logo para formar sua própria banda, a Serviço Sujo, que acabaria como Mundo Livre s/a.

O ano de 1984 é considerado por Nino como o marco inicial do Câmbio Negro H.C porque, a partir daí, a banda passou a fazer shows e manter integrantes mais ou menos definidos. Nem ele nem Pesado, vocalista que mais tempo ocupou o posto, consegue contabilizar com precisão todos os músicos que saíram e entraram na banda ao longo destes mais de 28 anos. Alguns são bem conhecidos da cena, como por exemplo os guitarristas Cláudio Munheca e Ony, do Faces do Subúrbio.

Não eram tempos fáceis. Ao contrário da efervescente cena atual, em meados dos anos 80, contavam-se nos dedos bandas de rock na ativa no Recife: Herdeiros de Lúcifer, Kristal, Napalm. "A gente tocava onde desse, não havia uma mídia como atualmente, abrindo espaço para o rock. Para conseguir a Mansão do Fera, onde aconteceu o II Encontro Anti-Nuclear, foi preciso dizer ao dono que o grupo fazia um som estilo Ultraje a Rigor", lembra Nino. Os punks eram pacifistas e pregavam diatribes atrás de diatribes contra o que os mortais comuns consideravam uma ameaça remota: a guerra nuclear. Os encontros antinucleares chegaram a três. O mais importante foi o segundo, que contou com participação do grupo de Oi! Vírus 27, do ABC paulista, que nem chegou a tocar. A polícia, convocada pelo dono do estabelecimento, antecipou o final do festival.

Além de trocar de guitarristas como trocava de acordes, o Câmbio Negro H.C experimentou vários vocalistas até chegar a Pesado, cuja figura confunde-se hoje com a história do Hard Core no Recife: "Entrei em 85, mas vivia nos ensaios e shows da banda. Minha entrada foi portanto uma coisa natural", conta ele. Comparado muitas vezes com João Gordo, do Ratos de Porão, pelo tamanho e vozeirão, Pesado confessa que sofreu mais influências de Fábio, vocal do Olho Seco, de São Paulo.

PAULEIRA NA MOLEIRA - Quando tudo parecia ir a mil para a banda, roubaram-lhes a aparelhagem, amplificadores, baterias: O grupo ensaiava num casarão na Rua da Guia e o Mundo Livre S/A no andar de cima. Depois desta, houve uma parada de quase um ano, conta Nino. No final da década de 80, a cena punk, rock, hard core do Recife tornara-se uma das mais movimentadas do País. Os shows que se produziam por aqui, atraíam caravanas de outros Estados. O Sepultura, por exemplo, ainda viajava de ônibus quando tocou no Recife e em Caruaru. Bandas já consagradas, como Headhunters, faziam escalas, na Sucata, uma discoteque falida no Pina, que se tornou um espaço para os roqueiros. O Câmbio Negro H.C, de volta aos palcos, destacou-se na cena e passou a ser a banda preferida para abrir shows dos grupos de fora.

"Em 1990, abrimos para a Morbid Angel. O pessoal que cuidava da turnê deles convidou a gente para tocar em São Paulo", conta Pesado. O Câmbio Negro H.C foi o primeiro grupo local de rock dos anos 90 a chamar atenção no Sul Maravilha. Nesta época eles já haviam até gravado o primeiro LP, Espelho dos Deuses, de 1989 - certamente o primeiro LP de Hard Core saído no Nordeste.

Até 1992, tendo o Beco da Fome como epicentro, o movimento punk/hard core do Recife expandiu-se. Já se podiam ver garotos nas ruas com T-shirts do Câmbio Negro H.C, deslocando-se para os periféricos Centro Sociais Urbanos ou clubes populares, feito o dos Rodoviários, na Imbiribeira, para curtir The Ax, Arame Farpado, Euthanasia, Realidade Encoberta (uma das grandes bandas desta fase), e os sergipanos do Karne Krua, cujo baixista Márlio posteriormente tocaria no Câmbio Negro H.C.

Surpreendentemente depois de lançar mais um LP, Terror nas Ruas, a banda saiu de cena outra vez: "Quando Chico Science apareceu a banda estava parada há dois anos", lembra Pesado. Estivessem na ativa, assim como Os Devotos do Ódio, eles poderiam ter sido agregados ao manguebeat, pelo qual nutrem declarada simpatia: "Quando só havia bandas de hard core a gente tinha um certo destaque. Agora a cena está muito diversificada. Hoje aparecem mais as bandas que fazem mistura de ritmos. Porém a gente não pode contestar que o Nação Zumbi é uma excelente banda. Mas, sem citar nomes, tem muito neguinho oportunista, que outro dia fazia hard core e de repente começa dizer que curtia maracatu, misturas. Nós caminhamos paralelos à cena", dispara Nino.

Por esta época passaram a atuar de forma mais esporádica, fazendo shows com menos freqüência. Só topavam paradas com infra-estrutura profissional, como o Abril Pro Rock, do qual participaram em 1997: "Passou a época em que a gente ensaiava em cubículos, tocava em qualquer espaço, hoje não dá mais", confessa Nino. Depois pararam, e por um bom tempo. Chegaram a ser dados como extintos, mas o Câmbio Negro H.C, o mais jurássico de todos os grupos de rock do Recife, é feito o lendário monstro do Lago Ness, na Escócia: Quando todos pensam que está desaparecido para sempre, de repente, surge do nada para realimentar o próprio mito.

Apesar de nenhum dos integrantes ter faturado com sua música, o Câmbio Negro H.C não dá pinta de que vai acabar tão cedo. Seus integrantes lembram o personagem de Rock and Roll Fantasy, um clássico do Kinks, um dos grandes grupos ingleses dos 60. Caras para quem o rock transcende a um gênero musical, é o combustível que os faz ir em frente.

NOTA: O texto acima foi encontrado, sem assinatura do autor, aqui. Reproduzo-o como encontrei, apenas editando-o para excluir ou atualizar dados defasados. A banda voltou recentemente à ativa. Para resgistrar esta nova fase, reproduzo abaixo uma entrevista concedida pelo baterista Nino ao Blog Aborto Verbal:

A.V: Voltando  um pouco no tempo. O  CNHC  foi uma  das principais bandas  do nordeste brasileiro  dentro da cena  hardcore. Como se deu a origem da banda  até o ano que cessou as atividades  ?

Luiz(Nino) - A origem do CNHC  ocorreu naturalmente, acho que como todas as bandas, alguns caras que estavam a fim de tocar, as letras sempre seguiram uma mensagem de conotação de protesto. O decorrer dos anos que a banda esteve mais presente na cena, vamos dizer assim, foi tempos sacrificantes, mas recompensadores. Alcançamos grandes momentos em palco, objetivos foram alcançados, enfim, valeu muito a pena. Tão natural como o início foi a parada que demos.. Na última apresentação, ganhei um calo na mão durante o show e que me rendeu uma infecção, uma cirurgia e algum tempo de fisioterapia, até poder voltar e quando fui liberado, cada um tava cuidando da sua vida e perdemos o contato. Mas, estamos de volta agora..

A.V: Esta, quem manda é  meu brother,  Hudson que editava o  zine  grind noise. O ESPELHO DOS DEUSES nasceu de uma demo tape ou as músicas foram compostas pensando no vinil mesmo? Sendo que fora do eixo rio SP, era uma época mais difícil  para  gravar .

Luiz(Nino) - "O ESPELHO DOS DEUSES" foi apenas o resultado de shows e uma época do CÂMBIO NEGRO HC. Não fez parte integralmente de alguma demo-tape, nem tão pouco suas músicas foram compostas para o disco, mas sim, fez parte de um grande momento que a banda atravessou.

 A.V: Como anda a cena underground  no nordeste, é bem unida e houve uma evolução  grande ? ou ainda  existe um  certo “monopólio”  Rio- SP  como no passado ? 

Luiz(Nino) - Na minha opinião, de forma geral a cena teve uma grande evolução e não só no NE.  Hoje vemos muito mais bandas atuando e com melhores estruturas próprias, etc.. Isto é muito bom. Por outro lado, no tocante a união não tenho bem certeza disto. Este discurso de união sempre teve, mas em Recife, na prática não vejo uma união tão significativa, vamos dizer assim. Desculpe, eu não entendi muito bem quanto ao "monopólio" que se referiu, mas eu acredito que quanto se fecha num mundo só, acaba-se escolhendo pra si uma parcela menor do conhecimento e assim, ficando de fora das oportunidades de conhecer coisas boas de um "mundo vizinho"...rrsss. Assim como os pesquisadores europeus que achavam que somente a sua cultura era o termômetro pra conceituar as outras sociedades eu acredito que preconceituar o outro por baixo é um grande equívoco.

A.V: O CNHC  vem de uma época onde a informação  na cena underground  circulava  em sua  maioria  nos fanzines  ou escassas publicações  oficiais de rock   , mesmo com estas dificuldades alcançou uma projeção dentro do underground  nacional  .  Atualmente  é possível produzir em casa e disparar em segundos utilizando a tecnologia  e a  internet  , Como vocês vêem isso , acham  que o excesso de produções  acabou  desvirtuando  o  hardcore com o surgimento de “bandas artificiais(que aproveitaram um embalo modista )” ou  fortaleceu  mais a cena  ?

Luiz(Nino) - Boa pergunta.. Eu acho que uma coisa deve complementar a outra, mas sabemos que não é isso que ocorre. A internet é uma excelente ferramenta, de fato, mas é fato também que hoje em dia tem muitos que acham que fazer barulho é fazer Hardcore. Claro que não é assim, não é verdade? Acho que de forma geral a galera daquela época compreendia mais de Hardcore do que hoje em dia. Talvêz isso possa estar associado a internet, ou melhor, a velocidade com que as pessoas esperam em ter uma informação, mas, além da informação, é fundamental ter mentalidade. Hardcore é muito além de tocar, é preciso compreender e só compreendendo que se faz algo melhor.

A.V: Os anos 80/90  particularmente eu considero uma das melhores safras das bandas  do hardcore  nacional,  o CNHC  sempre adotou nas  letras  basicamente “temas  de  protestos". Como vocês vêem a função das  letras  criticas  dentro da cena musical .

Luiz(Nino) - Para nós as letras críticas é uma coisa inevitável. É o reflexo de nossa visão em relação as coisas que nos rodeiam. É uma forma da gente expressar o nosso conceito e o nosso descontentamento do que é para nós nocivo a humanidade. Como falar de flores se estamos rodeados de espinhos?

A.V: Fale um pouco  sobre a decisão de voltar a cena após um período  afastado e sobre a atual formação da banda ?

Luiz(Nino) - Tocar sempre esteve no sangue. Vivemos um momento que marcou e depois achamos que poderíamos reviver aqueles momentos numa época diferente. É certo que muitos caras nos incentivaram muito pra voltarmos e isto foi determinante, então reunimos alguns ex-integrantes da banda que estavam a fim de tocar, como foi o caso de Pedrito (Pedro Riker - guitarra) que gravou os dois discos do CNHC e Jairo (baixo). Eis a formação para voltar junto comigo (batera) e com Pesado (vocalista), embora por pouco tempo, pois Pesado não estava disposto em continuar por mais do que um show. Nesse momento de reunião, Léo, um amigo de longas datas, estava sem banda e me pediu pra compor a formação com mais um guitarrista. Fizemos um teste e gostamos muito do resultado..o som ficou muito pesado e agressivo! Bom, fizemos alguns ensaios, mas, como Pesado não continuaria, chamamos um outro vocalista, o Ajax - que é um fã incondicional do CNHC e se interessou em ocupar o vocal, e assim está sendo. Estamos num período de entrosamento com Ajax e esta é a formação que dará continuidade.. Ajax Lins (vocal); Pedro Riker (guitarra); Léo Lins (guitarra); Luiz "Nino" (bateria) e Jairo Neto (baixo).

A.V: Como está o processo de criação,  músicas novas, mudanças de sonoridade em  comparação aos trabalhos  anteriores (o espelho dos deuses 90 e terror nas ruas 92) ?

Luiz(Nino) - No momento estamos mais empenhados em ensaiar um set de show que escolhemos com músicas que marcaram os 2 discos e algumas outras que acabaram entrando numa compilação em CD que fizemos, alguns bônus que entraram no cd. Paralelamente, tenho feito algumas músicas e letras. Pedrito também fez uma música, excelente por sinal e a gente acabou mostrando a todos algumas coisas que fizemos..a receptividade foi a melhor possível!

Há uma mudança de sonoridade no que diz respeito ao volume, peso e nas músicas mais rápidas, estas também ficaram bem mais rápidas. Os elementos característicos do Hardcore permaneceram. Queremos continuar fazendo Hardcore, mas hoje em dia temos condições de deixar o som melhor, bem mais pesado do que antes e estamos fazendo isto.

A.V: Quais o projetos  para o futuro do CNHC ? Já pensam na  possibilidade de lançar  um material ? serão músicas inéditas ou vão regravar algumas faixas dos álbuns anteriores ? Caso regravem ,para vocês qual não poderia ficar de fora?

Luiz(Nino) - Estamos empenhados em preparar um set de show e subir ao palco oficializando a volta do CNHC em shows. Além disso, preparar e gravar um material novo (estamos anciosos pra isso). Ainda não tenho certeza se regravaremos alguma música antiga, mas provavelmente, "MARIONETES" e "ANGÚSTIA" entrem no novo material. Já me passou pela cabeça regravar todo o "O ESPELHO DOS DEUSES" ou os clássicos dos dois discos, mas a prioridade é gravar um material inédito mesmo.  Isso pode ser projeto para o futuro, já que só tenho de recordação 4 cópias do 1º e um pouco mais do 2º disco.

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segunda-feira, 12 de novembro de 2012

Inimigos de seu inimigo ...

Já estava começando a achar que a idéia do “clandestino” seria mais uma a não ter continuidade, a “morrer na praia”, quando surge na net, via Facebook, a informação de que a terceira edição estava engatilhada, desta vez com a presença da Leptospirose, sensacional banda de Hard Core “non sense” de Bragança paulista. Com abertura da Renegades of punk.

A regra é divulgar o local do evento apenas algumas horas antes da apresentação, portanto quem quiser ficar informado tem que ficar de olho nas redes sociais. Aconteceu novamente na orla, desta vez no Skate park Cara de Sapo. Cheguei com uns 20 minutos de antecedência e já havia um bom público presente. A noite prometia ...

A estrutura, precária porém decente, foi montada em cima de uma das “piscinas” do parque, o que foi uma ótima idéia, até porque conseguiu resolver o problema do ruído do gerador, que muitas vezes se confundia com o som das próprias bandas – como ele ficou embaixo da estrutura de concreto que abriga as “piscinas”, o barulho foi desviado pela corrente de ar que vinha do mar. Só dava um pouco de medo de que alguém caísse lá de cima na hora da empolgação, o que seria lamentável mas, felizmente, não aconteceu.

Som minimamente equalizado (com a guitarra não teve jeito, ficou meio “Xôxo”, mas deu pra levar), começa a bagaça. Já havia visto a Leptospirose em ação em duas outras ocasiões: uma aqui mesmo, em Aracaju, e outra no Abril pro rock deste ano, em Recife. Foi mais do mesmo, e do bom, só que num novo cenário e com um clima alto astral contagiante, pois não parava de chegar gente e todos pareciam felizes em estar ali presentes. Os caras fazem um som rápido e pesadíssimo, mas sem espaço pra tosquices além da que é devidamente inserida no contexto. Tocam muito! Todos eles! E tocam com muito gosto. E foi lindo, e todo mundo curtiu e aplaudiu. Na comissão de frente, a turma do gargarejo não se fez de rogada e se jogou no pogo, Slam Dancing e “mosh invertido”.

No intervalo, Daniela me confessa uma certa apreensão ao dizer “e agora, como é que a gente vai tocar depois disso?”, mas ela estava enganada. Os capetas do rock baixaram bonito na banda inteira, mas especialmente nela, uma grande “front woman” – é só olhar as fotos pra notar a expressão de satisfação na cara de todos, mas especialmente na dela. Tocou e cantou e gritou como nunca, perfeitamente entrosada com  a poderosa cozinha pilotada por João Mario e Ivo Delmondes, e com isso voltou a empolgar a galera, que realmente tinha dado uma “morgada”. Destaque para o cover de “O inimigo”, das Mercenárias, e para as intervenções desarticuladas de Badaró, legendário punk rocker de Itabaiana, ao microfone. Acho que ninguém entendeu nada do que ele disse, mas todos curtiram e aplaudiram.

Foi lindo. Melhor edição até agora, com o maior e melhor público. Não parava de chegar gente! A impressão que se tinha é que, se a festa durasse a noite inteira, iria reunir uma verdadeira multidão. Chegou perto.

Mas não dá. O inimigo está sempre por ali, rondando, e desta vez passou perto: viaturas da Policia Militar e do temido GETAM, Grupamento Especial Tático de Motos, auto-denominado “a cavalaria de aço da PMSE”, circularam pelo local. Com olhares curiosos para a aglomeração, mas sem nenhuma abordagem, para o bem de todos e felicidade geral da nação “roqueira”.

Show do ano em Aracaju, até o momento. Qualquer dia tem mais. Fiquem de olho ...

Fotos: Paloma Marques 
Texto: Adelvan

Inimigo

Mercenárias

voce não sabe quem é seu inimigo.
voce está completamente perdido.
perde tempo arrochando meu amigo.
perde tempo esmurrando meu amigo.

de que adianta arranjar treta comigo
se sou inimigo do seu inimigo,
se estamos todos por baixo das mesmas garras
das mesmas garras.

inimigo seu é quem sabe não voce.
perdido completamente está voce.
amigo meu arrochando tempo perde.
amigo meu esmurrando tempo perde.

adianta que do comigo treta arranjar
inimigo seu do inimigo sou se
baixo por todos estamos de
garras mesmas das...




  

sábado, 10 de novembro de 2012

# 249 - 10/11/2012

O programa de rock destacará, até o final do ano, alguns dos principais discos lançados em dois daquels anos chave da História do rock: 1967, quando o mundo explodiu em psicodelia sob o verão do amor hippie, e 1977, quando o mesmo mundo voltou a explodir, só que desta vez numa fúria niilista embalada pelo som e a fúria do punk rock. Há 45 e 35 anos atrás, portanto ...

Neste sábado o homenageado foi o melhor guitarrista de todos os tempos, James Marshall Hendrix, com seu primeiro álbum, "are you experienced" - considerado por muitos o maior disco de estreia da era do rock. Resolvemos focar na versão britânica, que saiu sem os três singles consagradores lançados alguns meses antes - "Hey Joe", "Stone Free" (Dezembro de 1966), "Purple Haze","51st Anniversary" (Março de 1967) e "The Wind Cries Mary", "Highway Chile" (Maio de 1967). O petardo atingiu rapidamente a segunda posição nas paradas de sucesso do Reino Unido, atrás apenas de "Sgt. Pepper's Lonely Hearts Club Band", dos Beatles. Estou dizendo: foi um ano especial!

Na versão americana, segundo a wikipedia, "músicas cruciais como "Red House", "Can You See Me" e "Remember" foram removidas - de forma a abrir caminho para os três hits singles do Reino Unido, com a alteração da sequências das faixas no processo. Até então, a ordem corrente havia sido selecionada por Hendrix, mas "Red House" foi excluída do disco contra sua vontade - lhe disseram que a "América não gostava de blues". Posteriormente o pai de Jimi, Al Hendrix, obteve novamente os direitos autorais das músicas de seu filho e "Are You Experienced" foi relançado mundialmente, agora pela Universal Records, incluindo as faixas excluídas das respectivas versões anteriores.

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Impaled Nazarene -  Enlightenment Process
Tiamat - Winter Dawn
Soundgarden - A Thousand days before

Mamutes - A dama de branco
Queen - I´m in love with my car
The Small Faces - You´d better believe it
The Yardbirds - Heart full of souls
It´s a Beautyful day - Girl with no eyes

Melt Banana - Blank page of the blind
Atari Teenage Riot - Into the death
Nine Inch Nails - A violet fluid
Portishead - The rip
H.A.R.R.Y And The Addict - Judas and Charles DeGaule

Gang of four - Not Great men
Joy Division - Colony (peel session)
Frank Zappa - Cosmik Debris
David Bowie - Aladdin Sane

45 Anos de "Are you experienced"
The Jimi Hendrix Ecperience

# Foxy Lady
# Manic Depression
# Red House
# Can you see me
# Love or confusion
# I don´t live today
# May this be love
# Fire
# Are you experienced

#

Todo mundo junto

Boom Boom Kid converte show vazio em palco lotado na noite de estreia do Goiânia Noise; Ex-Cordel, Lirinha mostra promissora carreira solo.


De repente, a ideia. Em vez de um show vazio, com os poucos fãs à distância, o vocalista do Boom Boom Kid, Carlos Rodríguez, pára tudo, convida todos a subir no palco e converte a apresentação, até então fria e burocrática, numa festança de anotar em caderninho. Até o iluminador, que esquecera às luzes sobre o público acessas, resolveu voltar ao trabalho. Foi o que ajudou a salvar a noite de abertura do Goiânia Noise Festival, que começou ontem, no Centro Cultural Oscar Niemayer. Isso porque, com o fraco comparecimento do público, em uma noite de curadoria mal resolvida e pouco segmentada, o festival – literalmente – não engrenou.

Para aqueles que ocuparam a inexplicável faixa de palco deserta durante toda a noite, entre banda e público, no entanto, a coisa foi diversão pura, com direito a roda de pogo, tombo, estrebucho e até a retirada de um dos adesivos invasivos que decoravam os monitores de retorno. E olha que o argentino Boom Boom Kid nem é um dos grupos mais agitados de todo o festival. O baixista e o guitarrista do grupo tocam meio paradões no palco, deixando para Rodríguez, de perfil andrógino - usa uma blusinha de bolinhas da vovó e desnuda “seios”-, a tarefa de agitar o público. Com o advento da abertura do palco para a plateia se viu sumido na multidão e teve que dar a volta para chegar á frente do palco, em mais de uma vez, sacudindo os bem cuidados dreadlocks. De longe o melhor momento da sexta no GNF.

Outra surpresa da noite foi o show de Lirinha, ex-líder do Cordel do Fogo Encantado. Embora ainda um pouco preso ao grupo que lhe projetou, ele parece agora estar numa franca transição para uma sólida carreira autoral como cantor pop. A formação da banda foge do óbvio com dois percursionista/bateristas, dois teclados, sendo um pilotado por Astronauta Pinguim, e o guitarrista do Devotos (para sempre do Ódio), Neilton. O show surpreende por uma qualidade musical rara em bandas do gênero, com uma sonoridade densa realçada pela performance física de Lirinha, que se remexe como um Arnaldo Antunes robótico do século 21. Só falta o menino ser mais cantor e menor declamador de versos para a coisa deslanchar. Além de músicas do disco de estreia – e que dá nome ao show -, “Lira”, o repertório inclui uma ou outra música do Cordel, e ainda “Lágrimas Pretas”, gravada por Pitty no projeto 3 Na Massa, e que virou parte do show do Agridoce.

Também com sonoridade climática, o Mapuche, de Santa Catarina, arrastou para o palco Palácio da Música, na parte interna do local, todas as nuvens negras que rondavam Goiânia desde cedo. Explica-se que o grupo investe pesado no pós punk inglês voltado para o lado deprê das coisas detonado após o suicídio de Ian Curtis – e lá se vão mais de 30 anos. A bateria é eletrônica misturada com acústica, num resultado mais orgânico que eletrônico, dos mais originais. No violão, Isaac Varzim solta uma voz soturna – em inglês, claro – que parece o chamado das trevas ao vivo e a cores. O arremate com “She Unsaid” coroou uma apresentação original, mas trouxe o alívio de ter-se evitado o suicídio coletivo das parcas almas que viram o trio em ação.

Com o foco na década anterior, o trio Space Truck vem com um hard rock clássico repleto de referências a Deep Purple, Queen, Rush e adjacências. A ideia é boa, mas os irmãos Rogério (voz, baixo e teclado) e Rodrigo Sobreira, que comandam a banda, precisam melhorar e compor músicas melhores, mais colantes, que não dependam tanto dos arranjos para cativar o ouvinte; são moços, vão evoluir. O rock pesado da outra banda argentina, o PEZ, também sofre do mesmo problema: a falta de boas músicas. O trio se esforça para quebrar o gelo Brasil/Argentina, até canta um música num razoável português, mas é pouco. É certo que tinha pouca gente no show deles, mas também não precisava o vocalista Ariel Minimal mandar todo mundo ouvir Xuxa, né?

Problemas na organização do festival que silenciaram o Palco Esplanada – que iria até às 22h – mais cedo acabaram criando um bloco metal extremo no Palco Palácio da Música, com o Worst e o Kamura. O primeiro é um supergrupo do metal de São Paulo, que inclui o baterista mão de aço Fernandão. O grupo fez uma apresentação afiada, com o som calcado numa mistura de Pantera com hardcore NY, e teve boa reposta do público, pequeno, mas participativo. O problema é que as letras confundem agressividade com violência gratuita. De Goiânia, o Kamura segue o mesmo caminho sonoro: porrada na moleira com crossover de HC e metal. O público curtiu mais o Worst.

Quem se estrepou com os atrasos e vai-e-vens do festival foi o local Chimpanzés de Gaveta, que ficou por último, tocando na alta madrugada deste sábado. Uma pena que o funk rock de big band esboçado pela banda tenha uma recepção tão discreta. Assim como o Mortuários, que tocou praticamente para ninguém num dos poucos shows do Palco Esplanada, ainda com o sol claro. Mas esse ainda tem que melhorar muito para fazer jus ao posto de “banda que tocou no GNF”.

Impulsionado pela grife midiática, o duo Madrid reuniu boa presença de público e até que não decepcionou. Ainda mais se lembrarmos que as bandas anteriores dos dois (Adriano Cintra, Cansei de Ser Sexy, e Marina Vello, Bonde do Rolê) não passam de projetos terríveis que só serviram para queimar o filme da música brasileira no exterior. Até um baterista hologramínico “tocou” em num vídeo. Não chega a ser uma banda de verdade, mas, ao menos dessa vez, há músicas.

A 18ª edição do Goiânia Noise Festival prossegue hoje, sábado, dia 10, com bandas como Crucified Barbara, Autoramas e Lord Bishop Rocks, entre outras, e vai até domingo. Clique aqui para saber tudo sobre o festival.

Marcos Bragatto viajou á Goiânia á convite da produção do festival.

Rock Em Geral


Angela Gossow, uma entrevista

São 17 anos de estrada, participação em todos os principais festivais, discos bem-sucedidos e uma legião de fãs obcecados por todo mundo. É com esse status que o Arch Enemy volta ao Brasil, desta vez, para divulgar o novo álbum “Khaos Legion” lançado pela gravadora Century Media. Angela Gossow (vocal), Michael Amott (guitarra), Nick Cordle (guitarra), Sharlee D’Angelo (baixo) e Daniel Erlandsson (bateria) fazem única apresentação no país, no próximo da 25 de novembro, no Carioca Club, em São Paulo.

O grupo atualmente vive um período de glórias e não esconde a felicidade por crescer no tão concorrido cenário do heavy metal. A reportagem conversou exclusivamente com a frontwoman Angela Gossow para saber como está a expectativa dos suecos para reencontrar seus apaixonados fãs brasileiros para a gravação de um futuro DVD, a repercussão do novo álbum, a cantora também discorreu sobre a importância das mulheres na sociedade e revelou que, apesar da pausa nas atividades após esta tour pela América Latina, eles já estão pensando no próximo disco.

 Os fãs brasileiros estão bastante animados por esta nova visita do Arch Enemy ao Brasil! O que o público pode esperar desta nova apresentação da banda por aqui?
Angela Gossow: Podem esperar por um show insano! Somos uma das melhores bandas de metal quando se trata de shows insanos hoje em dia – nós realmente somos! Se você quer ter a melhor experiência da sua vida, prestigie o nosso show! E lembre-se, você nunca sabe quanto tempo a sua banda favorita estará por aí, então esteja certo de que não perderá nosso show. Estamos documentando esta turnê para o nosso próximo DVD ao vivo e queremos filmar os nossos fãs brasileiros para isso. Então, se você quer fazer parte do nosso próximo DVD, esteja no show!

 Após todo este convincente convite, o que vocês estão preparando para o repertório desta performance? Estão preparando alguma surpresinha?
Angela Gossow: Tocaremos as músicas favoritas do Arch Enemy, algumas novas canções do álbum “Khaos Legions” e se existe uma surpresa… huum, não posso te dizer agora, porque eu não quero estragar isso, né? (risos)

O Arch Enemy já lançou muitos álbuns matadores. Qual é a motivação e determinação da banda durante o processo de composição. Vocês pensam em se superar disco após disco?
Angela Gossow: Primeiramente, somos músicos do fundo do nosso coração. Estamos sempre famintos quando se trata de música. Nós nunca estamos satisfeitos e sempre queremos englobar novas ideias. Temos escrito muita coisa legal para o próximo álbum… Estamos ansiosos para gravar as novas músicas. Nós vivemos para o Arch Enemy, é o que nós fazemos e queremos fazer o quanto pudermos.

Muitos fãs e jornalistas estão considerando o álbum “Khaos Legions” um dos melhores da sua carreira. O que você pensa deste feedback? É uma pressão para o próximo álbum ser ainda mais poderoso?
Angela Gossow: As reações tem sido muito boas. Estamos crescendo devagar, mas estável com cada álbum e “Khaos Legions” não faz exceção a esse positivo crescimento. Mais pessoas estão comparecendo aos shows, nossos fãs tem curtindo muito “Yesterday Is Dead And Gone” ou “Bloodstained Cross” – duas músicas que viraram clássicos instantâneos no nosso setlist. Nós estamos preparados para um disco ainda mais cheio de vigor.

 Você acredita que o Arch Enemy já atingiu a sua personalidade musical?
Angela Gossow: Não, ainda não atingimos esse ponto. Queremos que nosso próximo algum seja uma obra-prima, sempre lutamos por algo maior e melhor quando o assunto é música. Nós nunca estamos completos, cansados ou satisfeitos.

 Penso que, neste momento, o Arch Enemy é uma das bandas mais famosas no cenário do rock/metal europeu. Você já realizou todos os seus sonhos ou ainda tem alguma coisa que ainda precisa acontecer?
Angela Gossow: Queremos apenas seguir, escrever novas músicas, fazer mais shows, tocar no maior número de países possíveis. Levar isso tão longe quanto pudermos sem ter um compromisso.

 Quais são as principais diferenças entre o seu primeiro disco e “Khaos Legions”? Existe alguma música que você pode enfatizar como a sua favorita?
Angela Gossow: A banda tem passado por uma progressão natural desde os últimos 10 anos. Não mudamos nosso som drasticamente, mas o fizemos. Adicionamos novos sabores aqui e ali. Musicalmente, somos uma mistura única entre metal clássico, thrash metal, speed metal, death metal e alguns elementos progressivos também. Tenho algumas músicas favoritas em cada álbum: “Ravenous”, “We Will Rise”, “In This Shallow Grave”, “Nemesis”, “Bloodstained Cross”.

 Há muito tempo, o cenário do rock/metal sofre com uma certa perca de criatividade. Não existem tantas cosias novas surgindo. Quais bandas você tem se interessado e ouvido recentemente?
Angela Gossow: Identifico-me muito com o som que eu cresci ouvindo: death e thrash metal do começo dos anos 90. Death, Carcass, Entombed, Dismember, Testament, Slayer, Metallica antigo, Morbid Angel, Coroner, mas também Queensryche, Judas Priest. Meu gosto é old school. Não me interessei em conhecer essa nova escola do heavy metal, embora esteja certa de que há algumas bandas boas e únicas lá também. Sinto que muitas bandas colocam muita ênfase na técnica extrema e esquecem na verdade de escrever bem, músicas com o coração e alma.

 Hoje em dia, a Suécia praticamente é o pais mais importante do heavy metal. A “New Wave of Swedish Death Metal” tem influenciado diversas bandas pelo mundo. Como sueca, qual analise você faz sobre isso?
Angela Gossow: Acho que Alemanha, Inglaterra e Estados Unidos ainda são muito mais importantes e influenciáveis. Onde estaríamos hoje sem Black Sabbath, Iron Maiden, Judas Priest, Carcass, Slayer, Metallica, Kreator, Destruction e Pantera? O “som de Gotemburgo” tem influenciado muitas das novas bandas simplesmente porquê é um som distintivo e muito melódico, basicamente falando sobre Iron Maiden para o nível mais extremo.

 Você é uma artista consagrada, renomada, conquistou seu espaço com muita determinação. Na sua opinião, quais foram os pontos altos e baixo da sua carreira?
Angela Gossow: Passamos por períodos difíceis na nossa carreira. Me lembro de alguns momentos depressivos durante a turnê “Anthems Of Rebellion”. Estávamos meio cansados e a banda era muito pobre. Mas nunca desistimos e coisas realmente nos pegaram com o lançamento do “Doomsday Machine”. Desde então, temos feito muitos grandes shows pelo mundo, até  em muitos lugares exóticos. Agora, nós estamos em estágio melhor, mais altos – temos uma química incrível, todo mundo está feliz por fazer parte do Arch Enemy, fazemos grandes shows, somos headline em vários festivais, tocamos em novos lugares na América do Sul. São tempos empolgantes e positivos para o Arch Enemy.

 Como você vê a questão das mulheres perante a sociedade atual? Muitas mulheres hoje dominam e estão em destaque no cenário do metal vide os casos de Cristina Scabbia (Lacuna Coil), Doro Pesch, Dani Nolden (Shadowside), Anneke van Giersbergen (Agua de Annique), Tarja Turunen, Amy Lee (Evanescence) e claro, você, Angela?
Angela Gossow: Bem, igualdade sexual ainda varia muito de país para país. As mulheres tem um padrão muito forte no leste europeu, chances iguais no mundo dos negócios e na política. Na maioria dos outros lugares, elas ainda precisam lutar pelos seus direitos. Acredito que a cena metal está se corrigindo progressivamente, existem muitas mulheres hoje em dia e a tendência é que também passem a ser julgadas primeiro enquanto músicos e depois como “objetos sexuais”. O talento acima do sexo. Pelo menos é por isso que lutamos. É preciso forca e perseverança para estar numa banda de metal. Eu sou uma mulher forte e não levo desaforo para casa de ninguém, não sou uma diva, não existe chance para ser uma diva numa banda de metal – o estilo de vida é tudo, mas glorioso – e eu levo isso para todas as mulheres no metal, quem quer ficar precisa de uma boa dose de determinação também.

 Quais são os seus planos para 2013?
Angela Gossow: Terminaremos a turnê de “Khaos Legions” em 2012. Então, lançaremos um épico DVD ao vivo em 2013, que será uma combinação de shows na América do Sul e um documentário da turnê na América Latina. Entraremos em estúdio no segundo semestre de 2013 para começar a gravação do novo álbum que será lançado no começo de 2014

‘Não existe chance para uma diva numa banda de metal’, vocifera a voz do Arch Enemy

Costábile Salzano Jr – The Ultimate Music – especial para o Combate Rock

Tradução: Juliana Lorencini