sexta-feira, 30 de abril de 2010

08/05/2010 - Sessão Notívagos

SESSÃO NOTÍVAGOS DE MAIO TRAZ FILME NACIONAL ELOGIADO E A BANDA CIDADÃO INSTIGADO

Fonte: Divulgação

No próximo sábado dia 08 de maio, a partir das 23 horas, acontece no Cinemark Jardins mais uma edição do Projeto Notívagos, que reúne a exibição de um filme e Show ao vivo no Hall do cinema.

Para esta edição o filme escolhido, Os Famosos e os Duendes da Morte, é baseado no livro homônimo de Ismael Caneppele e conta a história de uma cidade em que cada um sonha em segredo. O menino sem nome conhece a garota sem pernas, que lhe mostra um mundo no qual ele embarca como alguém que nunca mais deseja voltar à realidade. Para o menino, a vida virtual é a única verdade. Mas a garota parte para outro mundo, deixando imortalizada sua história em vídeos e fotos na web. A partida da única pessoa da cidade com quem ele se identifica deixa o menino ainda mais sozinho. Guiado pela música de Bob Dylan, ele mergulha em suas lembranças até que o surgimento de uma figura misteriosa desencadeia uma série de acontecimentos em sua vida até então previsível.

O Filme é a estréia em Longa-Metragem do Cineasta Esmir Filho, que ficou conhecido pelo Hit da Internet "O Tapa da Para", o mais visto no YouTube no Brasil, com mais de 10 milhões de acessos.

Antes da exibição desse longa teremos a projeção do Curta-Metragem Supermemórias, dirigido por Danilo Carvalho no Ceará e que possui diversas músicas inéditas de Fernando Catatau, líder do Cidadão Instigado. Supermemórias lança um olhar poético sobre a cidade de Fortaleza-CE-Brasil, a partir de registros caseiros em super8 das décadas de 60, 70 e 80.

Este filme é fruto de uma manifestação da cidade no ato de doar suas memórias para uma poesia coletiva. É Conduzido por uma série de pequenos filmes caseiros que mostram famílias e lugares que já não são os mesmos de hoje.

Após a exibição dos filmes é a vez da música ocupar o espaço do Hall do Cinema com a apresentação de 2 Bandas, primeiro a Sergipana Elvis Boamorte e os Boavidas. A origem da banda remonta ao final de 2008, quando Elvis Boamorte (ex The Baggios), compositor da maior parte do repertório, convidou o guitarrista Allen Alencar (ex Ode ao Canalha) para a empreitada. Mas foi somente com a chegada de Rafael Findas (baixo), Gostavo Furiba (bateria) e Big Jhon (percussão) que o projeto começou a ganhar corpo. A proposta dos caras não poderia ser mais simples: Acordes cheios de suingue, nitidamente inspirados pelo que existe de melhor na tradição musical brasileira, flertando descaradamente com toda a diversidade de gêneros que pontuam a música contemporânea e realizando uma síntese bastante pertinente da música produzida em nossos tempos.

Após esse show será a vez da Banda Cearense radicada em São Paulo Cidadão Instigado se apresentar. A banda é comandada por Fernando Catatau e sua famosa guitarra de timbres distorcidos. Além disso ele responde também pelos vocais e teclados. Além da inventividade e talento, Catatau é conhecido por sempre ser verdadeiro e intenso ao interpretar suas composições autênticas – por vezes adoravelmente insólitas. O resultado é um rock psicodélico onde contrastam referências como ao rei Roberto Carlos, Santana, Pink Floyd e Bee Gees.

Os novos arranjos se embalam numa música brasileira contemporânea, cheia de guitarras alucinadas e letras poéticas, cantadas numa voz melódica, única. A banda foge de rótulos e pode-se dizer que o único regionalismo presente em suas composições é o sotaque cearense do vocalista.

Mas o fato é que o Cidadão Instigado tem sido aclamado pela singularidade e por Fernando Catatau, que se tornou um dos mais influentes guitarristas da atualidade, tendo tocado com Vanessa Da Matta, Otto, Zeca Baleiro, grupos como Los Hermanos, Nação Zumbi e muitos outros. Foi premiado como melhor compositor de 2005 pela APCA (Associação Paulistana de Críticos de Arte) e elogiado por artistas como Tom Zé e Caetano Veloso.

Cidadão Instigado estará lançando em Aracaju seu mais novo e surpreendente trabalho, "Uhuu", para o qual a vida praiana foi a grande referência. O espírito desencanado norteia o novo trabalho da banda cearense. “UHUUU!” é ensolarado, dançante e otimista.

Já na faixa de abertura, “O Nada”, a letra sugere: “Abram as portas das suas casas/deixem os ladrões entrarem/eles vão tentar levar tudo o que puderem”. Os rebuscados e grandiosos arranjos lembram os melhores momentos setentistas e a sonoridade do álbum também traz um clima de verão.

Se a estreia da banda, “O Ciclo da De.Cadência” (2002), trazia psicodelia e tensão nas músicas e letras, o segundo “E O Método Túfo de Experiências” (2005) foi marcado pela simplicidade e “UHUUU!” é uma mistura dessas caracteristicas.

Além de Fernando Catatau (voz, guitarra e teclado), Regis Damasceno (guitarra, guitarra sintetizada e vocal), Rian Batista (baixo e vocal), Clayton Martin (bateria e programações), Dustan Gallas (teclado e vocal) e Kalil Alaia (técnico de som e efeitos), completam a formação, que faz um rock muito original.

“UHUUU!” traz várias participações especiais. Arnaldo Antunes, que teve seu mais recente álbum produzido por Catatau, canta em “Doido” e “O Cabeção”. Edgard Scandurra faz vocais em “Dói”. Tiquinho (trombone), Hugo Hori (saxofone alto) e Reginaldo (trompete) tocam os metais, bastante presentes no álbum. Marco Axé que, assim como Catatau, é integrante da banda de Otto há oito anos, e responsável pelas congas em “Homem Velho” e “O Cabeção”. Karina Buhr (Comadre Fulozinha) toca pandeirola em “Como as Luzes”.

O projeto “UHUUU!” foi um dos vencedores do Prêmio Pixinguinha e conta com o patrocínio da Funarte e realização da LP Produções.

SERVIÇO:

Sessão Notívagos, 08 de Maio no Cinemark Jardins
A partir das 23 Horas
Ingressos ao preço único de R$ 20,00 com direito a 3 bebidas.
A venda na Casa da Cópia Jardins e Casa da Música no Calçadão das Laranjeiras.

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The Baggios em São Paulo - por eles mesmos ...

Na segunda quinzena do mês de Março do ano corrente a The baggios arrumou sua mala e se picou pra São Paulo, em busca de melhoria nas suas gravações e de divulgação do seu som. A banda se entocou no Estúdio C4, que fica no Bairro Bela Vista e por onde já passou Mallu Magalhães, Sepultura e Carlos Bala, entre os dias 17 a 19, para dar inicio à gravação do seu novo trampo, ou primeiro disco oficial. Foram mais de 40 horas de barulho nos ouvidos em 3 dias, poucas horas de sonos e uma rotina que sempre pedi a Deus.

Gravamos 15 músicas, entre elas 11 inéditas e 4 regravações. As gravações foram bem proveitosas, recheadas de equipas de primeira. Quem olhava pra mim em determinados momentos notava uma expressão de tabaréu ao se deparar em contato com gibsons, fenders, matins da vida. Valeu muito a pena ter investido nessa viajem, pelo estúdio, os figuras que tramparam com agente e pela participação do Hélio Flanders numa das músicas. No momento estamos em processo de mixagem, ainda tem muito chão pela frente, mas grande parte já foi adiantada. A previsão de lançamento é para Agosto/Setembro.

Sessões de gravação encerradas, seguimos trabalhando, dessa vez com o clipe. No dia 20 (sábado) começamos fazendo umas imagens num parque situado no bairro Santa Cecília, mas logo fomos expulso pelo guardinha, pois segundo ele só é permitido fazer imagens com autorização. Sem essa autorização, seguimos pro centro caótico de São Paulo para continuar a captação da imagem do videoclipe, dirigido por Rafael Costello e acompanhado pelo fotografo Victor Balde.

Na noite de Sábado (dia 20) demos inicio a nossa seqüência de shows que se estendeu ate sábado seguinte dia 27. O primeio foi no clube Berlin, pico do caralio, um publico bacana e o batera do Butchers' Orchestra tomando frente do som do bar. Em seguida pegamos o buzão e fomos de encontro ao pessoal do Porcas Borboletas e Tenistas e Aeromoças Russas ( gente finíssimas e divertidos pra carambolas ) - eles estavam fazendo uma turnê MG –SP e a baggios iriam fazer as mesmas datas com eles em São Carlos , Campinas e Bauru. Fizemos, três shows muito fodas e com bom publico. Agradecer a receptividade do povo dos Coletivos Massa e Colméia e a turma de Campinas.

Em seguida fizemos mais dois shows fora da rota da tour dos caras, um foi no Festival Gaia em Araraquara e ou de volta a capital, na Garagem de Cães, na gravação do disco ao vivo do Mama Gumbo (http://www.myspace.com/mamagumbomusic), uma puta banda .

Agradecer ao pessoal dos coletivos locais e muito em especial ao Quique Brown, quem nos conseguiu grande parte das datas.

Fonte: Baggios Informa # 01 - Turnê São Paulo‏
De: julio andrade (julioguy@gmail.com)
Enviada: quinta-feira, 29 de abril de 2010 19:19:10

Foto-Slide com todas as Fotos:
http://www.youtube.com/watch?v=QelODrRj9Is

Videos da Tour São Paulo:
São Carlos
http://www.youtube.com/watch?v=jyUPGx0bJmk&feature=player_embedded
Campinas
http://www.youtube.com/watch?v=OyMkz61Ry08&feature=player_embedded
Bauru
http://www.youtube.com/watch?v=fQQxSNHBeP0

......

Materias sobre a Turnê São Paulo:

Suyene Correia
http://bangalocult.blogspot.com/2010/03/o-guitarrista-julio-andrade-e-o.html

Adolfo Sá
http://vivalabrasa.blogspot.com/2010/03/blues-errante-para-muitos-ele-era.html

Cinform On line
http://www.cinform.com.br/noticias/93201016251438966/BANDA+SERGIPANA+FAZ+TURNE+E+GRAVA+CLIPE+EM+SAO+PAULO.html

André Teixeira
http://progcultblog.blogspot.com/2010/03/progcult-se-feliz-aracaju.html

Rian - Jornal do Dia
http://spleencharutos.wordpress.com/2010/03/11/the-baggios-nos-trilhos-de-sao-paulo/








CULTIVA - Cultura Ativa.

Dia de luz, festa do azul celestial… O fim de semana se aproxima e a cidade pega fogo. Esta semana, além da reinauguração da extinta Casa do Rock, no sábado – quando as bandas Nantes (ex-Daysleepers), Cabedal, Villa Carmem e Naurêa batizam o espaço Cultiva –, o Beco dos Cocos volta a pautar a novíssima cena sergipana com a apresentação das bandas Cabedal e Ode ao Canalha.

Quem explica a motivação dos responsáveis pelo novo espaço é o DJ Léo Levi. “Há um bom tempo, Aracaju andava carente por um espaço legal pra se realizar shows e outras atividades culturais. Com o surgimento da Casa do Rock, o cenário que parecia dar seus últimos suspiros voltou a respirar, dando sinal de que ainda há esperanças para as pessoas que querem curtir um lugar agradável pra beber e ouvir uma boa música. A Cultiva, a casa da cultura ativa, vem dar continuidade ao que a antiga Casa do Rock proporcionou, mas com outro conceito, reunindo todas as manifestações culturais num único espaço. Música, teatro, cinema, exposições, feiras, oficinas, tudo ao mesmo tempo num lugar em que você se diverte”.

Para conhecer as intenções da Ode, no entanto, eu precisei encher a cara com o vocalista e principal compositor da banda à qual é creditada a responsabilidade pela (re) descoberta da música brasileira em terras sergipanas. Rafael Oliva, dono da Ode, não conhece comedimento na hora de expor suas idéias. Mamado, então…

Quem primeiro chamou minha intenção para a importância da Ode no cenário local foi o boa vida Allen Alencar, ex-guitarrista da banda. “Aqui em terras sergipanas, eu acredito que nestes últimos anos, a Ode ao Canalha teve um papel importante pra que esse olhar sobre a música brasileira começasse a vingar e a se disseminar. Já não se pode cravar por exemplo, o som da Cabedal de “rock”, isso serve tanto pra gente (a Elvis Boamorte e os Boa Vidas), quanto pra Villa Carmen. Na minha opinião, a Ode ao Canalha, quando veio com sambas em seu repertório, teve seu papel nisso”.

Rafael Oliva não nega a própria importância, mas faz ressalvas reveladoras. Ele tem consciência de que, no passado, a Ode vacilou. Agora, com um inventário de erros e acertos aconchegados no colo, ele pretende investir mais energia na produção da banda, ciente de que o palco, ainda que seja a natureza de qualquer artista, não suplanta o cuidado com a produção, necessário para fazer tudo acontecer.

“Há muito tempo que os veteranos da cena sergipana prestam atenção na Ode. Nos faltou maturidade pra aproveitar a onda”.

Prova de que a intenção é sincera, os caras estão empenhados na gestação do coletivo “Cajuína Lab”, formado pelas bandas Ode ao Canalha, Villa Carmen, Cabedal e Elvis Boamorte, que pretende integrar os novos personagens aos veteranos de nossa cena.

Quando isso ocorrer, eu tenho certeza, Buracaju fará justiça aos versos carnavalescos da banda Eddie.

riansantos@jornaldodiase.com.br

plastique noir no Abril pro rock - os Bastidores



Airton S., vocalista da plastique noir, deu uma esclarecida sobre os problemas técnicos que a banda enfrentou no show do Abril pro rock na comunidade deles no orkut. Apesar dos pesares, o que importa é que no final das contas parece que deu pra todo mundo se divertir, como atesta a foto acima do grande Marcio Mazela em boa companhia ...

Abaixo, a reprodução do texto do orkut na íntegra:

(Sobre os problemas técnicos no show do Abril pro rock) : " Bom, já que a o "quente" do episódio passou, agora me sinto mais confortável pra falar sobre ele sem que, sei lá, alguma eventual reclamação nossa aqui ou em outras páginas pudesse soar como mal-educação ou mal-agradecimento nosso aos olhos do festival.

Depois de uma viagem relativamente confortável, chegamos em Recife com sangue no olho pra destruir tudo, conforme costumamos fazer em 99% dos casos pelo Brasil afora.

Saímos do ônibus direto pra van do festival que nos levou, ainda de manhãzinha, pro Centro de Convenções. Íamos passar o som. Chegando lá, o brother Zeca Viana ainda nem tinha começado a passagem dele! Já estava tudo atrasado havia mais de uma hora. Já senti que as coisas não estavam indo bem. Mas beleza.

Começou a passagem. Não tinha o case que eu pedi como suporte. Estava bem claro isso no nosso rider e mapa de palco, que tem 4 páginas. No Calango, esse case já estava no nosso palco como que por mágica (mágica não, claro: eles são organizados e leram todo o documento). mais problema: nosso sampler estava com um som bem baixo, o que não é normal. Eu ia e voltava do palco pra mesa várias vezes pra saber o que estava acontecendo. O técnico disse que eu devia aumentá-lo no máximo porque o volume da mesa dele não ia mais além. Porra, uma mesa profissazaça, zilhões de canais? Mas vá lá, pus o sampler no máximo, coisa que não costumo fazer. O resultado disso era óbvio: som "mastigado". Mal se ouvia a caixa da bateria. Aos trancos e barrancos, chegamos a um resultado mais ou menos ok. Voltamos pro hotel.

À noite, já no palco, começamos a montar nossas coisas. A desorganização era completa! Pra vocês terem uma idéia tinha uns 3 caras só pra montar o tripé que segurava nossa guitarra reserva, enquanto eu berrava do outro lado precisando de ajuda pra identificar quais seriam as minhas direct boxes. Alguns dos técnicos se desentendiam, gritavam uns com os outros. Bizarro.

Começou o show. Phantom In My Stereo estava 80% ok, deu pra tocar. Aí vem Imaginary Walls. Então, inesperadamente, apareceram BAIXO E GUITARRA ALTÍSSIMOS NO MONITOR. Sem razão alguma para isso. Ninguém pediu pro cara aumentar, nenhum sinal, nada. Inclusive, nós nem precisamos de guita e baixo nos spots, o retorno simples dos amps sempre são o suficiente pros meninos se ouvirem. Parei a música nos primeiros segundos e eu e Danyel saímos dando esporro geral. O cara da mesa acordou pra vida e o resto do show foi 80 a 85 % decente.

Descemos do palco e veio feedback dos fãs, sempre muito positivo. Tinha nego dizendo que foi o melhor show que já viram. Mas sabe como é, às vezes a gente curte muito uma coisa e não percebe certas coisinhas que realmente acontecem ali, no meio do processo técnico. Por isso um ouvido treinado como o do Adelvan vem a calhar, porque a gente pode analisar as situações com um rigor mais profissional que, no nosso caso, sempre exigimos ao máximo de nós mesmos.

Eu dei nota 8,5 ao show. Do meio pro fim, acho que a gente foi se encontrando legal. Agora, do festival em si, eu esperava mais. Bem mais. Público muito numeroso, bandas fodas, receptivo muito carinhoso, mas a organização deixou um pouco a desejar. Não vi quase nenhuma imprensa, também. Mas é isso. Ganha-se num dia, perde-se no outro - e nesse caso, nem achei que foi uma perda completa, como a resenha do nosso camarada aí aponta bem. Como currículo, foi mais do que excelente, vai somar muito pra gente daqui pra frente. Agora é seguir adiante. "

quarta-feira, 28 de abril de 2010

( * ) Voltei, Recife.



Tal qual os muçulmanos que têm que ir a Meca pelo menos uma vez na vida, minha peregrinação é anual e tem como destino o Recife, no Abril pro rock. É assim desde 1995, quando fui pela primeira vez, na terceira edição – isso depois de ficar sabendo da existência do Festival através do pessoal da Living In The shit, que tinha tocado lá no ano anterior como banda de suporte de Stela Campos, que na época atendia por Lara Hanouska. Naquela noite memorável, acompanhado de meu amigo de fé, irmão e camarada Marcos “Meleka Korroziva”, do Rio de Janeiro, tive a honra de ver, entre outras coisas, uma apresentação da Nação Zumbi ainda com Chico Science. De lá para cá, perdi pouquíssimas edições, acho que duas. Este ano a programação não estava tão convidativa, mas calhou de o Megadeth se apresentar dois dias depois e deixar a viagem bem mais atrativa.

Chegamos no Hellcife em pleno inferno – hora do rush, com um engarrafamento monstro pior do que o comum, por conta das obras de (mais um) viaduto. Quando adentramos o Centro de convenções, Mullet Monster Mafia estava no palco. Surf music com metais, coisa que, a princípio, eu deveria gostar, mas não sei se era eu que ainda estava entrando no clima ou a banda que é medíocre mesmo, sei que não gostei e já tratei de ir dar um passeio pelos stands de bugingangas e comidas. Senti falta logo de cara da barraquinha da Monstro, primeira vez em muito tempo que não a vejo por lá. Sinal dos tempos, muito provavelmente – muito poucos discos a venda, o comercio se concentra mais em camisetas, buttons, imãs de geladeira e demais traquitanas que não dá pra baixar de graça na net. Em termos de “rango”, estava melhor do que nos dois últimos anos, no Chevrollet Hall, mas também já teve dias melhores. Do lado esquerdo da entrada, uma imensa parede negra com alguns quadros bastante interessantes (ver imagens). Salta aos olhos, também, a redução do espaço ocupado no Centro de convenções, sinal de que era esperada apenas uma fração do publico que costumava lotar toda a área disponível, nos tempos áureos.

O público foi chegando á medida que a noite ia avançando. Claustrofobia, de São Paulo, fez um show extremamente barulhento, mas sem imaginação. Aquele thrash modernoso e sem graça de sempre. O mesmo pode-se dizer do Eminence – que é um pouco menos “duro”, mas igualmente desprovido de talento criativo. Pra “lascar” tudo de uma vez, me sobe ao palco um tal de “Terra Prima”, “gay metal” dos mais afetados. Não posso nem dizer nada sobre o show porque mantive distancia, já que aquela não é, definitivamente, a minha praia. Quando foi anunciado o show do Agent Orange, corri para a frente do palco pra ver e trouxe junto minha namorada, falando pra ela que aquela era uma banda clássica do punk rock e um dos motivos de eu estar ali (conheço-os pouco, mas sempre ouvi falar muito bem e como referência pra muita coisa que veio depois, além de ter gostado do pouco que ouvi). Passados cerca de 15 minutos de show ela me olha com cara de enfado e pergunta “é essa a banda que você acha tão boa” ? Não era. Não sei dizer exatamente o que foi, mas não funcionou. Foi muito ruim. O som da guitarra estava péssimo, “xôxo”, como dizemos por aqui, e o público (eu incluso) não conseguia se empolgar e começou a se dispersar. Deve funcionar melhor num espaço menor – ou não, vai saber.

Mas o que veio a seguir, não decepcionou. Varukers fez, finalmente, o primeiro grande show da noite. Crust (ou D-Beat) de primeira, na linha do Exploited, Discharge, G.B.H., Chaos UK e demais bandas da segunda geração do punk britânico. Uma britadeira de esporros impecável, grandes riffs, uma verdadeira muralha de guitarras acompanhada de batidas pesadas, com grande perfomance do vocalista Rat, em forma apesar de já não ser mais nenhum garotinho e ostentar uma bela pança. Na sequencia, provavelmente o melhor show que eu já vi dos Ratos de Porão. Estavam literalmente com o capeta no corpo e transferiram o espírito das trevas para a platéia, que se comportou de forma absolutamente ensandecida - para que se tenha uma idéia, até um extintor de incêndio foi roubado de uma das laterais e acionado no meio do público por algum maluco sem noção. João Gordo comandou a desgraça num clima de “foda-se” total – ele estava meio que com uma idéia fixa de que já que o mundo ia mesmo acabar em 2012, foda-se tudo. Foda-se, foda-se e foda-se, era a palavra de ordem. Tocaram, inclusive, e com toda a convicção possível, “Igreja Universal”, a pra lá de ácida crítica aos atuais patrões do Gordo, já que ele está no cast do “Legendários”, o programa de Marcos Minhon (péssimo, por sinal) que desfalcou a MTV do que ela tinha de melhor. Superou o Varukers de longe e foi, definitivamente, o show da noite.

Pra encerrar, Blaze Bayley adentra ao palco com uma camiseta do Brasil e uma daquelas calças “poca ovo” coladas no corpo e uma bandana na cabeça – um “modelito”, digamos, no mínimo bizarro. Um grupo de fiéis seguidores já o saudava há algum tempo – fala sério, tem que ser muito “metaleiro” pra ser fã de Blaze Bayley. O som em si não é ruim, é Haevy Metal de qualidade, bem executado e com composições variando entre o bom e o razoável, mas a perfomance do cara naquela noite foi especialmente irritante. Fiquei até não agüentar mais ver ele fazendo sinal pra platéia levantar os braços pela milésima vez. Haja saco.

Na noite seguinte, chegamos ao som da Plástico Lunar. Pouquíssima gente na platéia, o que é uma pena, pois a banda fez um show muito bom, redondinho e preciso, o que é impressionante se levarmos em conta que, em algumas canções, haviam 3 guitarristas no palco, já que os ex-membros Rafael Costelo e Daniel haviam viajado a Recife para participar do festival. Em todo caso, acabaram dando sorte, porque consta que se apresentaram justamente na hora em que a Rede Globo Nordeste fez um flash ao vivo do festival, o que significa que eles foram vistos por todo o Pernambuco via televisão.

Bugs, do Rio Grande do Norte, não me empolgou. É pesado, é energético, mas é muito chato, com letras pseudo-intelectuais e existencialistas – “ela vestiu-se em chamas” é dose. Depois entrou um tal de Zeca Viana que eu nem sei de que se trata nem tenho o menor interesse em saber. Pra compensar, tivemos a Vendo 147, de Salvador. Que porra foi aquilo ? Absolutamente sensacional. O melhor show de todo o festival, sem sombra de dúvidas. Um verdadeiro massacre “roqueiro” de primeiríssima qualidade conduzido com precisão pelos irmãos siameses gigantes do “clone drum”, Glauco e Dimmy, “O Demolidor” (ex-Honkers). É uma banda instrumental com dois bateristas dividindo o mesmo bumbo, o que, por si só, já chamaria a atenção pelo inusitado da formação, mas não seria nada se as composições não fossem também muito boas e a execução das músicas não fosse feita com precisão e entrega fora do comum. E foram. O “medley” com grandes riffs do rock (“Back in Black”, “Enter Sandman”, “purple haze”), em especial, levou o público ao delírio. Saíram do palco ovacionados – dá até orgulho de ter um sergipano fazendo parte dessa história, no caso Duardo, ex-Snooze.

No palco ao lado, Nevilton. Bem legal. Rock and roll energético com um acento pop simpático. A perfomance do cara (o Nevilton) é ensandecida, beirando até o exagero, mas parece sincera. Pena que tiveram pouco tempo. Já o River Raid, de Pernambuco, teve muito tempo, o que tornou o show um tanto quanto arrastado e cansativo (muito por culpa de algumas composições com um andamento excessivamente lento), apesar de competente e “potente”. Bom trabalho de guitarras, bem na linha de outra banda lá mesmo de Recife, o Sweet Fanny Adams – indie-rock estiloso e bem executado.

Sou fã da Plastique Noir, de Fortaleza, e vê-los ao vivo foi um dos principais motivos dessa minha ida ao Abril. Infelizmente, as coisas parecem não ter dado muito certo e o show foi um tanto quanto decepcionante – não de todo ruim, mas dá pra sentir que eles podem (e devem, em ocasiões mais favoráveis) render muito mais. Logo de cara interrompem uma música por algum problema técnico que não consegui entender qual foi, mas que parece não ter sido totalmente resolvido, já que os músicos pareciam desconfortáveis no palco, especialmente o baixista Daniel, que parecia estar tocando sem retorno. Fora isso, a perfomance da banda foi ok, com destaque para os belos dedilhados e caras e bocas do guitarrista Marcio Mazela, um figura – aliás, depois do Vendo 147, o grande destaque da noite foram as dancinhas dele no meio do público ao som de Afrika Bambaataa.

Wado é bom, mas é samba rock, né. Sei lá, não curto muito essa malemolência praieira dessa gente bronzeada que quer mostrar seu valor não. Minha praia é mais a do rock, rock puro, duro, e quanto mais velho, mais roqueiro fico. Não vi o show porque não tava a fim de ouvir samba rock, mas já baixei discos de Wado e gostei, reconheço imensamente seu valor como compositor e arranjador acima da média. Sem falar que é uma grande pessoa, nunca tive muita intimidade mas conheço ele do tempo em que andava muito por Maceió com o povo do Living In The Shit.

E se o que eu queria era rock ( o que é natural, estando num festival chamado Abril pro rock ), foi exatamente o que não tive no restante da noite. 3 Na Massa foi extremamente chato – coisa que não deveria ser, em se tratando de um projeto de dois caras da Nação zumbi escudados por belas vozes femininas. Deve ser porque eu sou roqueiro, “do mal” – o mesmo provável motivo de eu ter achado um saco os dois últimos shows seguintes, “Instituto Mexicano Del Sonido”, que eu nem vi, só ouvi de longe, e Afrika Bambaataa. Esse eu fui ver, já que se trata de uma figura histórica para a música em si, o criador do hip hop em pessoa. Não gostei e fui embora antes do fim porque não é a minha praia, mas foi bem animado, um verdadeiro bailão funk cheio de grooves matadores comandado por dois MCs alucinados, dois negrões cabulosos que pareciam ter saído de alguma cena de “Warriors”.

O Pato Fu eu não vi, e não me arrependi.

Fui. Mas ano que vem eu volto.

Assim espero.

Amém.

A.


* Composição: Luis Bandeira

Voltei, Recife
Foi a saudade
Que me trouxe pelo braço
Quero ver novamente "Vassoura"
Na rua abafando
Tomar umas e outras
E cair no passo

Cadê "Toureiros"?
Cadê "Bola de Ouro"?
As "pás", os "lenhadores"
O "Bloco Batutas de São José"?
Quero sentir
A embriaguez do frevo
Que entra na cabeça
Depois toma o corpo
E acaba no pé

Fazendo História



Farra dos diabos - Topetudos e zumbis invadem Curitiba, depõem Momo e fazem da cidade a capital mundial do psychobilly durante o Psycho Carnival. Cobertura do festival curitibano publicada na Billboard número 6, de março de 2010.

por Marcos Bragatto

Rock em Geral



A horda de fantasiados de que cruzou a pacata Curitiba no esvaziado domingo, 14 de fevereiro, fez o povo se lembrar que, sim, era Carnaval. Com cabeças rachadas, vísceras expostas e muito sangue escorrendo, enfermeiros do mal, caveiras, a foice da morte e outros personagens de terror atravessaram o centro da cidade aos gritos ramônicos de “Hey! Ho! Let’s go!”. Era a zombie walk, uma das atrações do Psycho Carnival, que há 11 anos sacode o reinado de Momo com o mais from hell subgênero do rock: o psychobilly, encontro do topete de Elvis Presley com o moicano de Sid Vicious nas profundezas do inferno.

Os 500 mortos vivos rumaram para as Ruínas de São Francisco, onde quatro novíssimas bandas fizeram shows gratuitos para um público circulante que ultrapassou as duas mil pessoas. Há dois anos o festival vem sendo fortalecido pela Zombie Walk, que mistura psychos e público em geral. A idéia de juntar as duas coisas partiu de Vlad, idealizador do Psycho Carnival. “Todo mundo quer filmar a Zombie Walk, sai na televisão, cresce a mídia”, acredita ele. “Ainda que os públicos não sejam exatamente os mesmos”. Será?

Essa edição, que rolou entre sexta e segunda de Carnaval, foi a primeira num local maior – Moinho Eventos. “O Psycho Carnival lotou em todos os lugares em que aconteceu, aos poucos vamos lotar aqui também”, acredita Vlad, que, por falta de patrocínio, teve que fugir do padrão de ingresso a dez pilas. Foram ao todo 26 bandas, incluindo seis atrações internacionais, desde o rockabilly de bailinho do Annie & the Malagueta Boys, passando pelo bluegrass do Hillbilly Rawhide e pelo garage rock do Lendário Chucrobillyman, até o rock’n’roll nervoso dos britânicos do Frenzy. O grupo, com 25 anos de estrada, fez um dos melhores shows do festival. Em performance explosiva, Steve Whitehouse (ex-The Sharks) sacodia o contrabaixo de uma lado a outro e ainda carregava o guitarrista Steve Eaton nas costas. Este, por sua vez, monta no baixo acústico do parceiro para um duelo.

A diversidade do público parece extraída de uma enciclopédia de estilos de rock. Há punks, mods, billys, rednecks, skins, teddy boys, todos com visual transadíssimo, cada qual reunindo as variações de seus subestilos preferidos, representados no palco do festival. Psycho girls e típicas pin ups dos anos 50 dão o toque de graça entre os barbados. E tome estampa de oncinha, cabelo pintado, vestido godê em cintura fina, corpete, espartilho e muita, muita tatuagem. Nos palcos, também sobra charme. Katona Katrina, vocalista da banda chilena Voodoo Zombie, com saia curtíssima, deitava sobre o baixão de madeira e sacodia as pernas para o alto como típica pin up, fazendo babar os beberrões na beira do palco.

À frente dos Malagueta Boys, a ruiva Annie comanda dançarinos que jogam suas parceiras para o alto em “aéreos” acrobáticos. Mas a bola da vez da cidade são As Diabatz, banda cem por cento feminina que mistura rockabilly e psycho. O trio já fez turnês internacionais e segue caminho semelhante ao dos Catalépticos, grupo em torno do qual o Psycho Festival foi criado, em 2000. “Começamos a fazer sem pretensão nenhuma, um amigo francês resolveu vir com a banda dele para cá, era perto do carnaval e decidimos chamar de Psycho Carnival, com cinco bandas”, conta Vlad, na época vocalista/guitarrista do Catalépticos.

O Psycho Carnival seguiu em frente e as diferenças musicais (e políticas, segundo consta) levaram ao fim do grupo, que deixou como filho bastardo o Sick Sick Sinners, principal expoente psycho brasileiro no exterior e que fez também uma grande apresentação, graças à guitarra metal punk de Vlad. No refrão de “Curitiba Rotterdam Psycho”, que celebra a chegada do grupo à Holanda, o público encara a cidade natal como a capital brasileira do psychobilly. Após 11 anos de festival, Vlad não tem certeza disso. “Não chega a ter uma cena, a maioria das pessoas que aparecem vem de outras cidades, principalmente São Paulo e Londrina”, avalia. Figura carimbada em várias edições, Arroz From Hell, guitarrista do pioneiro Kães Vadius, de São Paulo, pondera: “O pessoal daqui sempre acha a que a cena não é forte, mas quem vem de fora se impressiona com a quantidade de bandas”.

Micareta do rock à vista - Mais da metade das atrações era de Curitiba. Uma das principais foi o impagável Ovos Presley, que reuniu o maior público e quase complicou a vida do Kães Vadius, que entraram a seguir. Entre as bandas forasteiras outro destaque foi o Phantom Rockers, que tem na formação o guitarrista Karl Egghead (ex-Exploited), o que valeu a versão psycho para o clássico “Sex And Violence”. Enfiadas no underground de seus respectivos países, muitas delas fazem questão de tocar no Psycho Carnival. “A gente tem que gostar das bandas para chamar, mas se elas querem tocar no Brasil e pagam a passagem, já é 80% do caminho andado”, admite Vlad, que contabiliza cerca de 30 atrações internacionais nesses 11 anos. Muitas delas o público só conhece na hora, caso da francesa Skarekrows, que não deve ser esquecida tão cedo, graças à dupla de guitarristas: um caracterizado como zumbi com a cabeça perfurada por uma bala, e outro que, desinibido, usava chapéu, óculos escuros, colar, botas prateadas e uma tanga de oncinha.

Entre as caçulas nacionais os destaques foram o Drakula, de Campinas, com máscaras de luta-livre mexicana e fazendo um psycho porrada à base de Sonics; o rockabilly de ceroulas e camisas estampadas do CWBillys, que liberou a dança no salão; o trio country/rockabilly Flatheads, trajando belos uniformes e tendo como cabeça o baixista Luiz Fireball, que já tocou no lendário Cervejas; e o Eles Mesmos, que mistura música chicana de bêbado com surf music e temas de faroeste. Todo carnaval tem seu fim, mas a organização pretende ampliar o leque no reinado de Momo. “Queremos fazer outros festivais segmentados durante o carnaval: só de rock, de metal, de indie”, planeja o chefão Vlad. Para quem não quiser esperar um ano inteiro, o negócio é reservar a passagem para o Psycho Fest, que acontece no segundo semestre. Alguém aí falou em micareta?

Marcos Bragatto viajou à convite da produção do festival

terça-feira, 27 de abril de 2010

Plástico Lunar no Bananada

Nossos embaixadores do rock sergipano partem para mais uma participação num festival de renome nacional ...

Fonte: Rolling Stone

Considerado um dos mais respeitados festivais de música independente do Brasil, o Bananada, que ocorre anualmente em Goiânia, chega a sua 12ª edição em maio de 2010. A programação foi divulgada nesta sexta, 23.

Entre as atrações, estão as bandas locais Trivoltz, Fígado Killer e Ultra Vespa, entre outras. Tocarão também grupos como Nevilton, do Paraná, Caldo de Piaba, do Acre, Comunidade Nin-Jitsu, do Rio Grande do Sul, Vendo 147, da Bahia, Nublado, da Paraíba, Comma, de São Paulo, e Plástico Lunar, de Sergipe.

O festival acontece do dia 19 a 23 de maio e contará com 45 bandas. Veja a programação completa abaixo:

19 de maio - Bolshoi Pub
23h30 - Brown-Há (Brasília - DF)
00h15 - Mersaut e Máquinha de Escrever (Goiânia - GO)
01h - Rinoceronte (Santa Maria - RS)

20 de maio - Metrópolis
23h30 - Trivoltz (Goiânia - GO)
00h15 - Dawnfine (Goiânia - GO)
01h - Plastique Noir (Fortaleza - CE)

20 de maio - Capim Pub
19h15 - Chacina (Goiânia - GO)
20h - WxCxM (Goiânia - GO)
20h45 - Fígado Killer (Goiânia - GO)
21h30 - Desastre (Goiânia - GO)

21 de maio - Martim Cererê
18h20 - Coerência (Goiânia - GO)
18h40 - Ultra Vespa (Goiânia - GO)
19h - Demosonic (Goiânia - GO)
19h30 - Death From Above (Goiânia - GO)
20h - Comma (São Paulo - SP)
20h30 - Procura-se Quem Fez Isso? (Porto Alegre - RS)
21h - Nublado (João Pessoa - PB)
21h30 - Vida Seca (Goiânia - GO)
22h - Camarones Orquestra Guitarrística (Natal - RN)
22h30 - Nevilton (Umuarama - PR)
23h - Johnny Suxxx And The Fuckin' Boys (Goiânia - GO)
23h30 - Burro Morto (João Pessoa - PB)
00h Comunidade Ninjtsu (Porto Alegre - RS)
00h30 - Gloom (Goiânia - GO)
01h - Violins (Goiânia - GO)

22 de maio - Martim Cererê
18h20 - ¡Oye! (Goiânia - GO)
18h40 - Space Monkeys (Goiânia - GO)
19h00 - Moka (Goiânia - GO)
19h30 - Necropsy Room (Goiânia - GO)
20h - Bruto (Brasília - DF)
20h30 - Fadarobocoptubarão (Belo Horizonte - MG)
21h - Vendo 147 (Salvador - BA)
21h30 - Motherfish (Goiânia - GO)
22h - Some Community (São Paulo - SP)
22h30 - Vícios da Era (Goiânia - GO)
23h - Caldo de Piaba (Rio Branco - AC)
23h30 - Plástico Lunar (Aracaju - SE)
00h - Mechanics (Goiânia - GO)
00h30 - La Hell Gang (Santiago - Chile)
01h - Black Drawing Chalks (Goiânia - GO)

23 de maio - Ambiente Skate Shop
13h30 - Dedo Sem Osso (Goiânia - GO)
15h30 - Waldi e Redson (Goiânia - GO)
16h30 - Hellbenders (Goiânia - GO)
17h30 - Bang Bang Babies (Goiânia - GO)
18h30 - Twin Pines (São Paulo - SP)

ABRIL PRO ROCK 2010



Fonte : © 2010 :: el Cabong

O Festival Abril Pro Rock cumpriu bem sua proposta nesse último fim de semana no Pavilhão do Centro de Convenções, em Olinda, Pernambuco. Os 18 anos completados pelo evento comprovaram que o formato ainda tem lenha para queimar e que há muito para ser mostrado do cenário musical. Reunindo bom público (5 mil no total) e bons shows, o festival só pecou na maratona exagerada e cansativa de artistas, com dez shows na sexta-feira e quatorze no sábado.

Quem conseguiu agüentar a longa sequência, porém, teve a oportunidade de assistir um apanhado do que anda sendo feito pelo Brasil, com bandas de várias partes do país e do exterior de diversos gêneros e ritmos. A fórmula de uma noite voltada para os sons pesados e outra mais eclética ainda funciona, com os “camisa preta” marcando forte presença na sexta e um misto de tribos e estilos no dia seguinte.

Quem teve pernas e conseguiu esperar até o último show do último dia de festival pôde conferir a melhor apresentação do evento. Também completando 18 anos, o Pato Fu mostrou porque é uma das poucas bandas surgidas na geração dos anos 90 que ainda tem muito o que falar e mostrar. Um desfile impressionante de hits e de simpatia, com Fernanda Takai perfeita no comando, com o tom certo entre a diversão e a leveza. Banda precisa, produção caprichada e um show bem pensado para agradar quem gosta ou não da banda. Showzaço

Outros veteranos também fizeram bonito. O Ratos de Porão, com seu punk sempre muito bom, produziu as melhores rodas de pogo do Abril Pro Rock, que já são marca no Recife com seu formato de girar freneticamente em frente ao palco no ritmo da música. O Afrika Bambaataa jogou pra galera e fez um grande baile dançante, descendo o braço no ritmo, com rap, black music, funk carioca e até rock, com direito a inserção de trechos de músicas de Prince, AC/DC, James Brown.

O alagoano Wado foi um dos que mais souberam aproveitar o espaço, com um show dançante, bem pra cima, desfilando ritmos e um apanhado de músicas de seus cinco discos lançados. Terminou agradando bastante e ganhando mais público do que parecia já ter no começo da apresentação. Assim também foi com a 3 na Massa, que fez um show bonito e sedutor – que funcionaria melhor num lugar menor – com as cantoras Marina de La Riva, Nina Becker, Lurdez da Luz e Karine Carvalho.

A nova geração - Entre os nomes mais desconhecidos, os baianos da Vendo 147 chamou atenção. Mesmo fazendo um rock instrumental, foi entre as bandas novas quem mais balançou o público. Afiadíssimos, eles não sentiram a pressão de tocar num dos principais festivais do país e desceram a madeira com seu clone drum (duas baterias juntas) e um rock vigoroso e pesado da melhor qualidade.
nevilton1

Os paranaenses da Nevilton era uma das maiores apostas do festival. Não fizeram por menos e, apesar do público não reagir tão animadamente quanto o som pedia, fizeram um grande show com seu rock visceral e ao mesmo tempo pop, impressionantemente bem executado e muito divertido. A sensação é que se tivessem 50 mil pessoas no público, eles fariam o mesmo show quente, animado e dançante.

Destaque ainda para o peso da Claustrofobia, que, na primeira noite, estremeceu o Centro de Convenções com sua porrada metal. Ainda fizeram boas apresentações os sergipanos do Plástico Lunar, os mexicanos do Instituto Mexicano Del Sonido e os pernambucanos do The River Raid. A Plastique Noir aproveitou até bem a oportunidade, mas acaba não brilhando tanto num festival tão diverso e cheio de opções. A Mini Box Lunar aparentemente sentiu ser logo a segunda banda da noite do sábado, com pouca gente na platéia e um aparente nervosismo, além da equalização do som, aquém do que o som da banda pede, fez um show bem inferior à expectativa, sem conseguir passar o brilho que costumam. A Mullet Monster Mafia pareceu mais interessante do que teve oortunidade de mostrar, já que seu interessante surf rock instrumental ficou perdido na noite tão pesada de sexta-feira.

As gringas Agent Orange e The Varukers fizeram shows corretos, sem muito brilho, mostrando mais competência do que vitalidade e nergia, algo que o punk rock que fazem pede e o tempo parece ter tirado um pouco. Assim como o ex-Iron Maiden, Blaze Bailey, que não agradou nem aos fãs da ex-banda.

O Abril Pro Rock segue agora com sua programação esparsada até maio com diversas atrações no projeto batizado como APR Club, com nomes como Siba, Dead Fish e Mundo Livre S/A.

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HISTÓRICO:

1993 | A cena musical fervia. A primeira edição aconteceu num domingo, no extinto Circo Maluco Beleza, com 12 bandas locais e o Maracatu Nação Pernambuco. 1500 pessoas prestigiaram aquele que se tornaria o mais importante festival de música pop do país. Depois dele, a cena musical pernambucana nunca mais seria a mesma.

Programação: Academia do Medo / Tempo Nublado / Cobaia Kid / Blusbroders / Delta do Capibaribe / Mundo Livre S/A / Chico Science & Nação Zumbi / Paulo Francis Vai Pro Céu / Zaratempô / Lula Côrtes & Má Companhia / Xamã / Weapon / Maracatu Nação Pernambuco.
-12 bandas pernambucanas e um Maracatu, sendo todas independentes.

1994 | O APR passou a acontecer em 2 dias, sendo Chico Science & Nação Zumbi e Gabriel – O pensador, as atrações principais. A MTV passou a cobrir o festival, e mostrá-lo ao Brasil.

Programação: Jorge Cabeleira e o dia em que seremos todos inúteis (PE) / Weapon (PE) / Paulo Francis Vai Pro Céu (PE) / Gabriel, o Pensador (RJ) / Chico Science & Nação Zumbi (PE) / Devotos do Ódio (PE) / Eddie (PE) / Cavalo do Cão (PE) / Lara Hanouska (PE) / Velho Mangaba e Suas Pastoras Endiabradas (PE) / Dreadful Boys (PE).
-11 bandas, sendo 10 pernambucanas (7 inéditas no festival).
*Participações especiais: Faces do Subúrbio e Mestre Ambrósio

1995 | Consagrou-se definitivamente, foi o primeiro festival no Brasil a reunir os maiores nomes do rock/pop dos anos 90: Chico Science & Nação Zumbi, Skank, Raimundos, Mundo Livre s/a, Planet Hemp, Pato Fu. Foram quatro dias, 20 bandas e mais de dez mil pessoas. Toda a imprensa especializada já estava presente, assim como diretores artísticos das principais gravadoras. Segundo Tom Leão, de O Globo, “O Abril pro Rock foi de dar inveja a muito Hollywood Rock”.

Programação: Raimundos (DF) / DFC (DF) /Devotos do Ódio (PE) / Conservados em Formol (PE) / Skank (BH) / Jorge Cabeleira e o dia em que seremos todos inúteis (PE) / Pato Fu (BH) / Chico Science & Nação Zumbi (PE) / Planet Hemp (RJ) / Mestre Ambrósio (PE)/ Concreteness (SP) / Cavalo do Cão (PE) / Faces do Suburbio (PE) / Mundo Livre S/A / Yellowfante (BH) / Oscabeloduro (DF) / Loop B (SP) / Relespublica (PR) / General Junkie (RN) / Paulo Francis Vai Pro Ceu (PE).
-20 bandas, sendo 9 pernambucanas (3 inéditas no festival).

1996 | O Festival alcançou nível internacional trazendo a banda belga dEUS, além de 19 bandas nacionais. Foi criado um mercado Pop, que diversificou o Festival, unindo a produção cultural pernambucana, como moda, artes plásticas, fotografia e comidas típicas, tudo com muita música.

Programação: Camisa de Vênus (BA) / Jorge Cabeleira e o dia em que seremos todos inuteis (PE) / Querosene Jacaré (PE) / Dr. Cascadura (BA) / Chico Science & Nação Zumbi (PE) / Mundo Livre S/A (PE) / Mestre Ambrósio (PE) / dEUS (Bélgica) / Devotos do Ódio (PE) / Peter Perfeito (DF) / Eddie (PE) / Living in The Shit (AL) / brincando de deus (BA) / Linguachula (SP) / Concreteness (SP) / Lacertae (SE) / Paulo Francis Vai Pro Céu (PE) / Cavalo do Cão (PE) / Das Bandas da Parahyba (PB) / Sô Severino (PE).
-20 bandas, sendo 10 pernambucanas (2 inéditas no festival )
*Participação especial de Gilberto Gil ( com CSNZ ).

1997 | Mudou de endereço, passou pro pavilhão do Centro de Convenções de Pernambuco. Com um público de mais de quinze mil pessoas e dois palcos o evento reunião em três dias 31 bandas e se consolidou como o mais importante Festival de música pop do Brasil.

Programação: Paralamas do Sucesso (RJ) / Arnaldo Antunes (SP) / Querosene Jacaré (PE) / Via Sat (PE) / Cascabulho (PE) / Planet Hemp (RJ) / Inocentes (DF) / Devotos do Ódio (PE) / Dead Fucking Last (USA) / Tianastácia (BH) / Cambio Negro HC (PE) / Eddie (PE) / Lara Hanouska (PE) / Maria Bacana (BA) / Peter Perfeito (DF) / Terceiro Mundo (PE) / Pin Ups (SP) / Detrito Federal (DF) / Pato Fu (BH) / O Rappa (RJ) / Virna Lisi (BH) / Zé da Flauta e Paulo Rafael (PE) / Jorge Cabeleira e o dia em que seremos todos inuteis (PE) / The Dead Billies (BA) / Os Baratas Tontas (BH) / Dona Margarida Pereira e os Fulanos (PE) / Penélope Charmosa (BA) / Caiçaras (PE) / Lula Côrtes (PE) / Otto (PE) / Selma do Côco (PE).
-31 bandas, sendo 15 pernambucanas (9 inéditas no festival).
*Participação especial de Max Cavalera e Nação Zumbi.

1998 | Atraiu para Pernambuco cera de 43 jornalistas de todo o país, tendo cobertura televisiva recorde. Foram 34 bandas em 3 dias, entre elas, grandes nomes da cena Pop/rock nacional como Skank, Fernanda Abreu, Lenine e O Rappa.

Programação: Skank (BH) / Cascabulho (PE) / Luciana Pestano (RS) / Querosene Jacaré (PE) / Comadre Florzinha (PE) / Edmilson do Pífano (PE) / DJ Soul Slinger (USA) / Devotos do Ódio (PE) / Squaws (RJ) / Funk Fuckers (RJ) / Ratos de Porão (SP) / Baba Cósmica (RJ) / Sheik Tosado (PE)/ Polux (RJ) / Wander Wildner (RS) / Acabou La Tequila (RJ) / Dona Margarida Pereira e os Fulanos (PE) / Lacertae (SE) / Fernanda Abreu (RJ) / Lenine (PE) / O Rappa (RJ) / Capitão Severo (PE) / Serpente Negra (PE) / Lia de Itamaracá (PE) / Stonkas y Congas (SC) / Pedro Luis e a Parede (RJ) / Zé Neguinho do Côco (PE) / Tânia Cristal (PE) / Júpiter Maçã (RS) / Hip Monsters (SP) / Tiroteio (SP).
- 30 bandas e 1 DJ, sendo 13 pernambucanas (8 inéditas no festival).

1999 | A quantidade de bandas diminuiu para alcançar uma dinâmica melhor no Festival, e finalmente conseguimos trazer o Sepultura, além de nomes como Marcelo D2, Arnaldo Antunes, Tom Zé, Farofa Carioca, e grandes nomes pernambucanos como Nação Zumbi, Mestre Ambrosio, Devotos, Otto, entre outros. A grande revelação deste ano foi o Los Hermanos, grupo até então desconhecido do público brasileiro e que foi lançado no Festival.

Programação: Nação Zumbi (PE) / Marcelo D2 (RJ) / Spider & Incognita Rap (PE) / Otto (PE) / DJ Dolores (PE) / Cajú e Castanha (PE) / Sepultura (BH) / Devotos (PE) / Via Sat (PE) / Faces do Subúrbio (PE) / Matalanamão (PE) / Los Hermanos (RJ) / Sheik Tosado (PE) / Hanagorik (PE) / Mestre Ambrósio (PE) / Arnaldo Antunes (SP) / Cascabulho (PE) / Eddie (PE) / Farofa Carioca (RJ) / Tom Zé (BA) / Songo (PE) / Baia & Rockboys (RJ) / Escurinho (PB) / Lula Queiroga (PE).
-23 bandas e 1 DJ, sendo 16 pernambucanas (7 inéditas no festival).

2000 | Quase todo o universo do pop/rock brasileiro já havia passado pelo festival. Resolvemos internacionalizar o Abril Pro Rock para continuar trazendo novidades a Pernambuco, e na oitava edição, touxemos os escoceses do Bloco Vomit, os colombianos do Arteciopelados e o Soufly, dos EUA. O festival se manteve como o mais importante do gênero do país.

Programação: Cidadão Instigado (CE) / Paralamas do Sucesso (RJ) / Bia Grabois (RJ) / Replicantes (RS) / Vulgue Tostoi (RJ) / Plebe Rude (DF) / Sistema X (PE) / Sheik Tosado (PE) / Supersoniques (PE) / Devotos (PE) / Ataque Suicida (PE) / Soulfly (Max Cavalera) (USA) / Stela Campos (PE) / Bloco Vomit (UK) / Paulo Diniz (PE) / Cabruêra (PB) / Aterciopelados (Colômbia) / Comadre Florzinha (PE) / Otto (PE) / Bate o Mancá (Silvério Pessoa) (PE) / Los Hermanos (RJ) / DJ Patife (SP) / AD (SP) / Anvil FX-Andrea Marquee-Shiva Las Vegas (SP) / Mad Mud (PE) / Guizzzmo (BA).
- 21 bandas e 6 projetos eletrônicos e DJs, sendo 11 pernambucanas (6 inéditas no festival).
* participação especial de Jacinto Silva.

2001 | Bateu o recorde de procura de bandas para tocar no evento, o recorde de presença de público de outras cidades como João Pessoa, Natal, Campina Grande, Caruaru, Maceió, Fortaleza, e Salvador. Também batemos recorde de presença de público, mais de 25.000 pessoas em três dias. Os nomes internacionais também foram responsáveis por isto, com o DJ Amon Tobin e o Asian Dub Foundation, ambos da Inglaterra, e as bandas americanas Jon Spencer Blues Explosion e The Queers. Foi a primeira vez que o Abril Pro Rock saiu de Recife. Aconteceu também em São Paulo, no Sesc Pompéia, com 18 bandas e dois palcos em 3 dias.

Programação: Pinto e Rouxinol (PE) /Amon Tobin (UK) / D-Urb (PE) / Nação Zumbi (PE) / O Rappa (RJ) / G. R. Bonsucesso Samba Clube (PE) / Asian Dub Foundation (UK) / Infierno (RJ) / Dolores Del Fuego (PE) / Ratos de Porão (SP) / The Queers (USA) / Raimundos (DF) / Mopho (AL) / Ciranda de Baracho (PE) / Sa Grama (PE) / Jon Spencer Blues Explosion (USA) / Textículos de Mary (PE) / Mundo Livre S/A (PE) / Brasov (RJ) / Lobão (RJ) com part. esp. de Arnaldo Baptista.
- 19 bandas e um DJ, sendo 9 pernambucanas (7 inéditas no festival).

2002 | Completou 10 anos de idade. Nenhum evento deste gênero do Brasil tem tamanha continuidade e histórico. Para Comemorar esta data, duas edições, Recife e São Paulo. Com a presença de nomes internacionais como Stephen Malkmus e The Charlatans.

Programação: Textículos de Mary (PE) / Prot(o) (DF) / Subversivos (PE) / Pato Fu (BH) / Rodox (DF) / The Mission (UK) / Os Cachorros (PE) / Decomposed God (PE) / Prole (PE) / Attaque 77 (Argentina) / Krisiun (RS) / Sepultura (BH) / G.R. Bonsucesso Samba Clube (PE) / Chá de Zabumba (PE) / Mombojó (PE) / Mundo Livre S/A (PE) / Tom Zé (SP) / Stephen Malkmus (USA) / The Charlatans (UK) / Bubuska (PE) / Psicopatas (PE)
- 21 bandas, sendo 11 pernambucanas (8 inéditas no festival ).
Programação SP: Los Hermanos (RJ) / The Charlatans (UK) / Leela (RJ) / Prot(o) (DF) / Stephen Malkmus (USA) 2 / Pullovers (SP) / Thee Butchers’ Orchestra (SP) / DJ Digicay (França) / DJ Karsh Kale (USA) / Cabruêra (PB) / Jards Vulgue Macalé Tostoi (RJ)
- 9 bandas e 2 DJs, nenhuma de Pernambuco.

2003 | Um ano em que o cenário da música brasileira foi homenageado pelo Abril Pro Rock. A programação foi toda brasileira com shows inesquecíveis de Ira!, Los Hermanos, Nação Zumbi e Nando Reis. Dez anos depois daquele domingo no Circo Maluco Beleza, o Abril Pro Rock continua com seu objetivo principal de divulgar as bandas de Pernambuco e trazer para o Estado grandes nomes internacionais. Ele formou uma geração inteira, que cresceu conhecendo grandes nomes da música mundial.

Programação: Stereo Maracanã (RJ) / Chico Correa & Eletronic Band (PB) / Instituto (SP) / O Rappa (RJ) / Nação Zumbi (PE) / DJ Dolores y Orchestra Santa Massa (PE) / Mukeka di Rato (ES) / Infested Blood (PE) / Porão GB (PE) / Nancyta e os Grazzers (BA) / Dead Fish (ES) / Terrorgruppe (Ale) / Hanagorik (PE) / Shaman (SP) / Maciel Salú e o Terno do Terreiro (PE) / Cachorro Grande (RS) / Azabumba (PE) / Junior Barreto (PE) / Pitty (BA) / Ira! (SP) / Siba e a Fuloresta (PE) / Los Hermanos (RJ) / Nando Reis (SP)
- 23 bandas, sendo 9 pernambucanas ( 6 inéditas no festival).
* participação especial Think of One (Bélgica).

2004 | Viva La Fête! Ou Viva a Festa, a banda mais badalada do cenário eletro-pop da Europa, fez o Abril Pro Rock ferver. O Viva La Fête fez shows na sexta e no domingo, completando a noite com Pitty, Marcelo D2 e O Rappa.

Programação: Marcelo D2 (RJ), Vive la Féte (Bélgica), DJ Dolores : Aparelhagem (PE), Karine Alexandrino (CE), CYZ (Cynthia Zamorano) (PE), MM Dub (PE), Ratos de Porão (SP), Krisiun (RS), Destruction (Alemanha), Eminence (BH), Forgotten Boys (SP), Switch Stance (CE), Maldita (RJ), Lava (SP), Insurrection Down (PE), Vamoz ! (PE), O Rappa (RJ), Pitty (BA), Cabruêra (PB), Mombojó (PE), Suvaca di Prata (PE), A Roda (PE), Mula Manca e a Triste Figura (PE)
– 23 bandas, sendo 9 pernambucanas ( 8 inéditas).

2005 | O Abril Pro Rock teve a presença da banda Placebo e uma etapa do concurso Claro que é Rock. Foram mais de 30 mil pessoas que assistiram o festival este ano, o maio público da história do evento.

Programação: Placebo (UK), Los Hermanos (RJ), Star 61 (PB), Radio de Outono (PE), Suzana Flag (PA), Bugs (RN), Zefirina Bomba (PB), Sepultura (BH), Shaaman (SP), Dead Fish (ES), Massacration (SP), Retrofoguetes (BA), MQN (GO), Matanza (RJ), Chaosphere (PE), Silent Moon (PE), Orquestra Manguefônica (Nação Zumbi + Mundo Livre S/A) (PE), DJ Dolores : Aparelhagem (PE), Mombojó + Arto Lindsay (PE), Gram (SP), The Legendary Tiger Man (Portugal), Leela (RJ), Superoutro (PE), Volver (PE), Daniel Belleza e os Corações em Fúria (SP)
- 25 bandas, sendo 8 pernambucanas ( 7 inéditas no festival).

2006 | Uma noite completamente dedicada à musica eletrônica, com nomes mundiais como o DJ Diplo e os Alemães Estéreo Total. A Orquestra Imperial também fez um show para agradar a todo tipo de público e a francesa Camille, revelação européia deste ano, foi a atração mais charmosa do Festival.

Programação: Diplo (EUA), Stereo Total (Alemanha), Kook and Roxxy (Alemanha), Montage (CE), Bloco Mega Hits (PE), João Gordo + Iggor Cavalera (DJ set) (PE), Angra (SP), Atrocity (Alemanha), Leave´s Eyes (Alemanha), Forgotten Boys (SP), Cólera (SP), Lou (BA), Terra Prima (PE), Ungodly (BA), Medulla (RJ), Orquestra Imperial (RJ), Camille (França), Lafaytte e os Tremendões (RJ), Cachorro Grande (RS), Cidadão Instigado (CE), Frank Jorge + Volver (PE), Parafusa (PE), Carfax (PE), Maquinado (PE), Iupi (PE)
- 25 bandas, sendo 7 pernambucanas ( 6 inéditas no festival).

2007 | Nesta edição o APR comemorou 15 anos de existência, com 3 das mais conceituadas bandas do pop e nacional, Nação Zumbi, Mutantes e Sepultura. Além de lendas da musica pop internacional como Lee “Scratch” Perry (Jamaica) e Marky Ramone (EUA). O APR 15 anos tb rolou no RJ e SP.

Programação: Nação Zumbi (PE), Mutantes (SP), Ronei Jorge e os Ladrões de Bicicleta (BA), Moptop (RJ), O Quarto das Cinzas (CE), Marky Ramone & Tequila Baby (EUA/RS), Ratos de Porão (SP), Sepultura (MG), Korzus (SP), Carbona (RJ), Dance of Days (SP), Udora (MG), Mechanics (GO), Fiddy (PE), Rabujos (PE), Lee “Scratch” Perry (Jamaica), Los Alamos (Argentina), The Film (França), Mestres do Forró (PE/CE/PB), The Playboys (PE), Rebeca Matta (BA), Monomotores (PE), Canto dos Malditos na Terra do Nunca (BA), Orquestra Contemporânea de Olinda (PE), Êxito de Rua (PE), Valentina (GO)
- 26 bandas, sendo 8 pernambucanas ( 7 inéditas no festival).

2008 | De casa nova! Após ocupar durante vários anos o Centro de Convenções, o APR passa a acontecer no Chevrolet Hall. Com a estrutura da casa de shows, o festival conseguiu receber entre as atrações as bandas Helloween e Gamma Ray, que tocaram em noite exclusiva. A aposta em novos nomes da cena independente cresceu e o Abril recebeu shows de Superguidis, Pata de Elefante, Autoramas, Céu, entre vários outros.

Programação: New York Dolls (EUA), Zumbis do Espaço (SP), Mukeka di Rato (ES), Bad Brains (EUA), Vamoz (PE), Project 666 (PE), The Sinks (RN), AMP (PE – Link Musical), Lobão (RJ), Céu (SP), Autoramas (RJ), Superguidis (RS), Júpiter Maçã (RS), Violins (GO), Wander Wildner (RS), Pata de Elefante (RS), The Datsuns (Nova Zelândia), Vitor Araújo (PE), Erro de Transmissão (PE), Sweet Fanny Adams (PE), Barbiekill (RN), Rockassetes (SE), Madalena Moog (PE – Link Musical), Helloween (Alemanha), Gamma Ray (Alemanha).
- 25 bandas, sendo 6 pernambucanas (5 inéditas no festival).

2009 | O Abril Pro Rock realiza um grande sonho e traz pela primeira vez ao Recife a lenda viva do rock’n'roll, Lemmy Kilmster e o Motorhead! A edição ainda conta com a presença do Black Drawing Chalks, Amp, Móveis Coloniais de Acaju, Vivendo do Ócio, Retrofoguetes, Heavy Trash e Marcelo Camelo, entre outros.

Programação: Motörhead (UK), AMP (PE), Decomposed God (PE), Black Drawing Chalks (GO), Matanza (RJ), Marcelo Camelo (RJ), Heavy Trash (EUA), Móveis Coloniais de Acaju (DF), Vanguart (MT), Mundo Livre S/A (PE), Retrofoguetes (BA), Volver (PE), Vivendo do Ócio (BA), The Keith (PE), Candeias Rock City (PE)
- 15 bandas, sendo 5 pernambucanas (3 inéditas no festival).

domingo, 25 de abril de 2010

# 144 - 23/04/2010

O programa de rock da última sexta foi focado na série de shows que aconteceram em Recife nos dias 16, 17 e 20 de abril de 2010. Abrindo o programa, 5 faixas extraídas do célebre disco "Rust In Peace", do Megadeth, cuja turnê comemorativa de 20 anos passou pela capital pernambucana na terça, dia 20. Na sequencia dois blocos com novidades: Faixas dos novos trabalhos dos gaúchos da Pata de elefante, do Mustang (RJ) e da sergipana Friendship (Ska Made In Sergipe, surpreendente). No campo internacional, os novos singles que marcam a volta do Blur e do Atari Teenage Riot, além de uma faixa extraída do novo disco (duplo) dos veteranos da cena Stoner/doom metal britânica Cathedral. A segunda metade do programa foi inteiramente dedicada a bandas que se apresentaram na décima oitava edição do Festival Abril pro rock, dentre elas a Plástico Lunar (terceira banda sergipana a pisar naquele tradicional palco, depois do lacertae e da Rockassetes), Agent Orange, Varukers, Ratos de Porão e o legendário DJ e produtor norte-americano Afrika Bambaataa.



Megadeth – “Rust In Peace” 20 Anos

• Holy wars – The punishment due (demo)
• Hangar 18
• Rust In peace/polaris (demo)
• Tornado of souls
• Lucretia

Friendship – Don´t Have
Mustang – Osíris
Pata de Elefante – Diga-me com quem andas que eu te direi se vou junto

Blur – Fool´s Day
Atari Teenage Riot – Activate
Cathedral – Funeral of Dreans

Agent Orange – Bloodstains (original version)
The Varukers – Killing myself to live
Ratos de Porão – Otário involuntário

Claustrofobia – Tiro de meta
Eminence – The God of all mistakes
Wado – cordão de isolamento
Mundo Livre S/A – Senhora encrenca

Afrika Bambaataa – Planet rock
Plastique Noir – Those Who walk by the night (My Lonely child remix)

Camarones Orquestra Guitarrística – Sweet Família Adans
Nevilton – pressuposto
Plástico Lunar – quarto azul

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Um dia de coronel - Prefeito do Recife ameaça jornalista com revólver e diz ter agido em defesa da mulher
por Dina Duarte e Angelica Tasso
Fonte: Revista Veja
18/08/1999

O prefeito do Recife, Roberto Magalhães, é um homem de aparência circunspecta. Professor de direito, ex-governador de Pernambuco, duas vezes deputado federal, sempre cultivou um perfil diferente do estereótipo que marcou alguns políticos da velha aristocracia nordestina, dados a rompantes e bravatas na hora de resolver questões políticas e pessoais. Na última segunda-feira, Magalhães teve seu dia de coronel. De revólver na cintura, invadiu a redação do Jornal do Commercio e postou-se diante do colunista social Orismar Rodrigues. "Quantos anos você tem e quantos mais quer viver?", intimou-o. "Ainda muitos, senhor", balbuciou o jornalista. "Pois então trate de me respeitar", retrucou o prefeito, com o coldre à mostra. "Eu mato aquele que me desonrar." Diante da rápida intervenção de outros jornalistas, Magalhães foi embora. Orismar respirou aliviado. "Levei o maior susto", conta ele. "Pensei que tinha voltado à época do cangaço."

A cena protagonizada pelo prefeito foi o ponto mais dramático de uma polêmica que agitou a capital pernambucana nas últimas duas semanas. Na origem de tudo está a denúncia de que a prefeitura do Recife teria censurado uma obra do artista plástico pernambucano Francisco Brennand, um dos mais conhecidos escultores brasileiros. Brennand tinha sido encarregado de projetar um monumento em comemoração aos 500 anos do Brasil. A obra seria paga pela prefeitura, em parceria com o governo do Estado, o Ministério da Cultura e a Universidade Federal de Pernambuco. Ficaria exposta no cais do Porto do Recife. O escultor apresentou o projeto seis meses atrás. Era um totem com a aparência de um foguete e cerca de 30 metros de altura, feito de cerâmica e cobre. Há duas semanas, Brennand foi procurado pela comissão encarregada de executar a obra. Um dos responsáveis, o arquiteto Reginaldo Esteves, comunicou-lhe que o projeto tinha sido modificado. Sem dizer quem eram os autores da mudança, Esteves mostrou a Brennand a maquete de um novo monumento, em que as formas do totem original eram inteiramente descaracterizadas e ganhavam a aparência de um minarete árabe. Ao ouvir a notícia, Brennand ficou revoltado. Em seguida, mandou uma carta ao prefeito, com cópias para os jornais locais, na qual anunciava que estava desistindo do projeto. "Não tenho mais idade para ser censurado", explicou. "Tenho um nome a zelar e não vou assinar uma obra que não é minha."

Brennand conta que em momento algum lhe foi explicado o motivo da censura. Até agora, nenhuma autoridade assumiu a autoria do veto. Rapidamente, porém, uma versão apimentada tomou conta das páginas dos jornais pernambucanos. Em pequenas notas e comentários, dizia-se que a obra fora modificada por ordem da primeira-dama do município, Jane Magalhães. Ela teria achado a forma do totem original excessivamente fálica, uma alusão explícita ao órgão sexual masculino. Incomodado com essas insinuações, Roberto Magalhães mandou publicar uma nota oficial nos jornais com um alerta às pessoas que criticavam sua mulher: "Considero a honra pessoal como um valor maior e não vou assistir a este cerco que me é feito sem me defender e reagir", escreveu. Dois dias depois, Orismar Rodrigues insinuou em sua coluna social que o veto ao monumento de Brennand tinha partido de alguém que nada entendia de arte. Orismar não citou nomes nem fez referência direta à mulher do prefeito. Mas, segundo a versão corrente no Recife, foi exatamente isso que o prefeito entendeu nas entrelinhas. E decidiu tirar satisfações de revólver na cintura. "Orismar teve o azar de ter sido o primeiro a não levar a sério meu comunicado", justificou-se o prefeito, numa entrevista a VEJA na última quinta-feira. "Eu havia proibido de mexerem com a minha honra e falarem de minha mulher."

Bons costumes – Casada com Roberto Magalhães há trinta anos, Jane Magalhães é uma mulher religiosa, de personalidade forte e ativa defensora dos bons costumes. Advogada e professora licenciada da Universidade Federal de Pernambuco, só admite ser chamada de "doutora Jane", até mesmo pelo marido. Como presidente da Legião Assistencial do Recife, LAR, entidade municipal de assistência social, ela tem, entre outras funções, a responsabilidade de organizar o Baile Municipal do Carnaval pernambucano. No comando da festa, proibiu a execução da música Xô Satanás, do grupo baiano Asa de Águia, segundo notícias publicadas na ocasião pelos jornais locais. Em outra deliberação, também amplamente noticiada em Pernambuco, Jane vetou os biquínis e o desfile de modelos menores de 18 anos no concurso de Rainha do Recife, patrocinado pela prefeitura.

Outro episódio, mais pitoresco, teria ocorrido em 1983, quando Roberto Magalhães governava Pernambuco, segundo uma história que já se incorporou ao folclore político local. Ao participar de um almoço no palácio, o então secretário de governo Syleno Ribeiro, amigo de juventude do governador, teria comentado que o sapoti, fruta típica da Região Nordeste, servido como sobremesa, era "uma dádiva de Deus". A primeira-dama, que também participava do almoço, teria se levantado e acusado o secretário de cometer uma blasfêmia ao invocar em vão o santo nome do Senhor. Em seguida, teria expulsado-o da mesa. Até hoje, Syleno nunca confirmou nem desmentiu o episódio. Da mesma forma, nunca mais freqüentou a casa dos Magalhães. "Reservo-me o direito de não fazer comentários sobre aquela senhora", disse ele a VEJA na última quarta-feira.

Apontada como pivô da crise envolvendo o prefeito na censura a Francisco Brennand, na semana passada a primeira-dama não deu declarações sobre o assunto. Magalhães, que não tem porte legal de arma, se diz arrependido de ter mostrado o revólver ao jornalista, mas avisa que não aceitará novas críticas e provocações a respeito do episódio. "Minha mulher é vítima de preconceito religioso", afirma. "Para defendê-la, faria tudo de novo. Apenas deixaria o revólver em casa."

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Entre as lendas urbanas mais curiosas do Nordeste está sem dúvida a da Perna Cabeluda, uma entidade sobrenatural que teria assombrado as ruas do Recife durante a década de 1970. Aparecendo onde menos se esperava (e por falar nisso, onde é que alguém esperaria que aparecesse?), esta criatura era o oposto-simétrico do Saci Pererê. Ou seja, era uma perna-sem-pessoa, em vez de uma pessoa-sem-perna. Surgia pulando (eu já ia dizer “pulando num pé só”), atacava os transeuntes, dava chute em todo mundo, e depois fugia pulando.
Foi cantada em verso e em prosa. Apareceu como protagonista em folhetos de cordel como A Perna Cabeluda de Tiúma e São Lourenço de José Soares, inclusive um em que ela enfrentava outra criatura mítica: A Véia debaixo da cama e a Perna Cabeluda de José Costa Leite. Apareceu também em um vídeo de Marcelo Gomes, A Perna Cabeluda (1995). Figurou em shows de Chico Science & Nação Zumbi: Chico dançava com uma perna de pano estufada, e depois a jogava no meio da platéia. Eu próprio a utilizei como tema num curta para TV de 40 minutos para o programa Viva Pernambuco, em 1996, dirigido por Romero de Andrade Lima e Cláudio Assis.
A Perna Cabeluda é um bom exemplo de como surgem essas criaturas folclóricas. Uma vez eu estava em Recife conversando com o escritor Raimundo Carrero, que me deu uma versão para o surgimento dessa lenda. Ele e Jota Ferreira tinham um programa de rádio (pelo que me lembro ele era redator e Jota Ferreira o apresentador, mas posso estar enganado). E uma noite, entre uma música e outra deram uma notinha humorística, mais ou menos assim: “Pois é, meu amigo, a vida no Recife não anda nada fácil!… Chega agora à nossa redação a notícia de que Fulano de Tal, guarda-noturno, chegou em casa depois de uma jornada de trabalho e deitou-se para dormir ao lado de sua esposa. Ouviu um barulho, e ao olhar para baixo viu uma perna cabeluda embaixo da cama!”
A intenção era sugerir, com a imagem da perna cabeluda, a presença do “urso”, do amante da esposa. A nota provocou muitos risos, e no dia seguinte, ele voltaram à carga. “E atenção, minha gente… Sicrano de Tal, morador da Imbiribeira, chegou em casa de viagem, e para sua surpresa viu a perna cabeluda fugindo pela porta da cozinha!” E aí não parou mais. Usada inicialmente como uma sinédoque visual (a parte pelo todo), a perna acabou ganhando vida própria.
Isto não quer dizer que qualquer coisa inventada vire automaticamente uma lenda. Neste caso específico virou porque a imagem resultante ficou ao mesmo tempo absurda e engraçada, ou pelo menos assim pareceu à galera onde a história começou a circular (ouvintes de rádio dos subúrbios recifenses). Imagens e figuras semelhantes são lançadas diariamente no caldeirão cultural. É um processo aleatório. Umas pegam, outras não. “Cultura popular” talvez se defina por este aspecto aleatório, onde não se pesquisa, não se planeja, e as criações dão certo meio que por acaso.

>> MUNDO FANTASMO – por Bráulio Tavares
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Mundo Livre S/A - Release

A história do Mundo Livre S. A. começa no início dos anos 60, em Jaboatão dos Guararapes. Foi nessa cidade vizinha ao Recife que nasceu Fred Rodrigues Montenegro, hoje mais conhecido por “Zero Quatro”. Sua biografia dos tempos pré-música é a de qualquer criança de classe média da época. Ou seja, ele jogou futebol, ganhou um monte de irmãos, e cantou o hino nacional no pátio da escola, no caso o Colégio Militar, cujas marchas ainda hoje costuma cantar em noites de embriaguez.
Da infância e adolescência em Jaboatão, veio uma de suas futuras paixões: na vitrola da sala de estar, Jorge Ben já fazia o líder do Mundo Livre delirar com sua alquimia de samba, rhythm and blues, baião e o que mais viesse. Foi em Jaboatão, também (mais especificamente no bairro de Candeias), que, ainda um teenager, ele descobriu o poder dos palcos. A memória mostra nosso herói junto com os amigos numa churrascaria, assistindo ao show de uma banda terrível quando, de repente, foi convidado para tocar pela primeira vez numa guitarra de verdade. Mágica! Daí em diante, ter uma banda passou a ser uma obsessão…
Seu primeiro grupo de verdade foi o “Trapaça”. Estamos no início dos anos 80, época da explosão do punk brasileiro. A influência de bandas do ABC paulista como “Cólera”, “Olho Seco” e “Inocentes”, provocou o fim precoce do Trapaça e o surgimento de sua segunda banda, a “Serviço Sujo”. Gritando toda a paranóia em letras inspiradas no 1984 de George Orwell, Fred desfilava alfinetes, coturnos, uma velha e surrada pasta 007 e camisas pretas com slogans do tipo “Abaixo a Poesia”. Desfilava, também, um novo codinome: surgia o “Rato”, um sujeito e um som muito à frente de uma Recife fascinada (uma minoria) e indiferente ou francamente hostil (o vasto rebanho).
O tédio dos anos 80 deixou a raiva do punk amadurecer, se transformar num cinismo calculado, e, assim, o “Serviço Sujo” deu lugar ao “Mundo Livre S. A.”, um nome de clara inspiração Malcom Mclareana, destinado a ridicularizar a guerra fria revisitada da presidência Reagan e as engrenagens da indústria do disco. O “rato” dos primórdios do punk se transformou, então, em “Zero Quatro”, disfarce inspirado nos dois últimos algarismos de sua cédula de identidade.
No começo nada dava muito certo para o Mundo Livre. O equipamento não ajudava, o público não entendia, os shows em geral terminavam de maneira caótica. Recife parecia perdida no mapa da música Pop. Junto com dois dos seus cinco irmãos, o baixista Fábio Goró, e o baterista Tony Maresia, o band leader ia se convencendo cada vez mais de que tinha montado a banda certa no lugar errado.
Foi só no início da década de 90 que a má sorte começou a mudar: Zero encontrou, através de amigos comuns, Chico Science, Jorge Dü Peixe e vários outros futuros Nação Zumbi. No convívio com esses camaradas ajudou a construir o movimento musical mais importante do Brasil em longos e longos anos. O Mangue fincou uma parabólica na lama e transformou o Recife numa outra cidade, a “manguetown”. A partir daí, a história se acelerou e se tornou mais pública. Zero escreveu o primeiro manifesto do movimento e, com o Mundo Livre, amadureceu a sua peculiar mistura de samba e punk-rock, resumido na equação “Jorge Ben e Johnny Rotten no mesmo groove”.
Em 94 saiu o disco de estréia da banda, o clássico “Samba Esquema Noise”, considerado por boa parte da crítica “disco do ano” e “disco da geração 90″. Depois foi a vez do “Guentando a Ôia” ( 96 ) e “Carnaval na Obra” ( 98 ), também sucessos de crítica e de público, não obstante a absurdamente precária distribuição, que vem se refletindo em vendagens não condizentes com a popularidade do grupo.
Em 97, Zero co-escreveu o segundo manifesto Mangue, “Quanto Vale uma Vida?”, lançado logo depois do acidente de carro que vitimou Chico Science. A morte do companheiro malungo não arrefeceu os ânimos do Mundo Livre, que continuou se apresentando nos principais palcos brasileiros. Festivais e shows em Nova Iorque, Paris, Lisboa e na Cidade do México se encarregaram de espalhar os comunicados sonoros do subcomandante Zero Quatro e de seus liderados para o resto do planeta. “Por Pouco”, o quarto disco do Mundo Livre ganhou as lojas no segundo semestre do ano 2000. O título faz referência a esse eterno gozo interrompido que parece dominar a vida brasileira. É o trabalho supostamente mais comercial do grupo, na verdade, uma aula de política, onde os ajustes “comerciais” – a voz colocada em primeiro plano, por exemplo – servem muitas vezes para deixar transparentes aspectos mais subversivos – as letras detonando guerras, muros econômicos e intervenções “humanitárias”. “Por Pouco” ganhou o prêmio de melhor disco do ano da APCA (Associação Paulista dos Críticos de Arte). A balada “Meu Esquema” foi escolhida como tema do programa “Tudo de Bom”, da MTV, apresentado semanalmente de New York pela estrela Luana Piovani. A faixa também foi apontada por um batalhão de críticos – convidados pela revista Showbizz – como uma das três melhores músicas do ano 2000.
Em 2001, a banda teve destaque em importantes festivais, como o Abril Pro Rock (tocando em Recife e São Paulo), Porão do Rock (Headline da primeira noite, para cerca de 30 mil pessoas, em Brasília) FreeZone (Rio) e Free Jazz Project (São Paulo, fechando o evento no Tom Brasil) e Pernambuco Mix. Em 2003, o Mundo Livre S/A fez uma pequena turnê na Europa (Chiasso,Lugano,Paris) e em Nova Iorque (Lincoln Center Festival) e finalizou o quinto CD de sua carreira, “O Outro Mundo de Manuela Rosário”. Em 2004 recebeu o “Prêmio Dynamite de Música
Independente” por melhor disco de MPB.
O sexto disco, “Bebadogroove”, saiu em 2005, com ótima repercussão de toda a crítica, tanto que a banda recebeu convites pra vários festivais importantes, terminando por abrir dois shows da banda The Strokes (RIO e SAMPA) no Tim Festival, como principal atração nacional. Nesse mesmo ano a banda fez uma apresentação no Palácio do Planalto, quando recebeu das mãos do Presidente Lula e do ministro Gilberto Gil uma importante comenda, a Ordem do Mérito Cultural.
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Atari Teenage Riot é uma banda alemã de hardcore digital (também chamada de technocore) formada em 1992 por Alec Empire, Hanin Elias e Carl Crack. Posteriormente Nic Endo uniu-se a banda. Seu nascimento foi motivado principalmente por uma reação à crescente onda de bandas neonazistas no cenário da música eletrônica da Alemanha. Suas letras eram explicitamente politizadas e seus shows quase sempre acabavam em tumultos com a polícia.
Caos e desordem na música eletrônica - Altamente políticos, eles fundiram uma música eletrônica, barulhenta e com pitadas de techno com guitarras distorcidas, ideais anarquistas, anti-nazistas e vocais típicamente punk. Apesar de a sonoridade da banda ter sido rotulada por muito tempo como "eletrônica" o próprio Alec Empire dizia que não era um rótulo que o Atari Teenage Riot se encaixava pelo som da banda ser "barulhento demais".
Muitas vezes os lugares onde o Atari Teenage Riot tocava não suportavam tecnicamente as grandes distorções e o barulho feito pelo quarteto e muitos aparelhos simplesmente estouravam. Para Alec Empire o som do Atari Teenage Riot poderia ser chamado de "Riot Sound" (algo como som de revolta) e suas canções geravam sempre tumultos.
Em 1999, em Berlin (cidade natal da banda), houve um grande tumulto envolvendo centenas de fãs e a Polícia local. O grupo chegou inclusive a ser investigado pelo Verfassungschutz, uma repartição do serviço secreto alemão que monitora grupos que representam perigo para a sociedade. Toda a banda chegou a ser presa em outra apresentação em Berlin, por terem "incitado as pessoas à violência" durante uma passeata anti-nazista em 1° de maio. A banda estava tocando a canção "Revolution Action" em um caminhão estacionado no meio do evento quando de repente começou uma briga entre a polícia e os manifestantes, que totalizavam cerca de 30.000 pessoas.
De acordo com Alec Empire, "frontman" da banda, "houve um grande distúrbio, e era difícil cantar por causa do gás lacrimogêneo. As pessoas jogavam pedras e a situação saiu do controle. Os policiais atiraram pedras em nós e depois acabamos presos." Depois de poucas horas, porém, a banda foi libertada sem ter que pagar qualquer tipo de fiança.
O "fim" dos Atari Teenage Riot - Uma das últimas apresentações do ATR foi no Brixton Academy em Londres um dos shows mais extremos do grupo. Carl Crack teve um ataque de pânico durante o vôo para Londres, provavelmente devido ao seu envolvimento com drogas. Hanin Elias também teve problemas na turnê e a banda se encontrava em um estado psicológico deplorável.
Em 9 de setembro de 2001, Carl Crack acabou sofrendo uma overdose e morreu aos 30 anos de idade. Carl sempre teve muitos problemas psicológicos desde sua adolescência. Após a morte de Carl a banda não se reuniu de novo. Hanin Elias partiu para trabalhar em seu projeto solo, assim como Alec Empire e Nic Endo (esses dois últimos continuam trabalhando juntos).
Em Janeiro de 2010, foi anunciado que o Atari Teenage Riot iria se reunir para alguns shows e no começo de Março de 2010 Alec Empire lançou uma nova faixa do Atari Teenage Riot chamada "Activate" em sua página no site Soundcloud. É a primeira música com o novo integrante da banda o MC CX Kidtronik e foi gravada em 03 de Março de 2010 no Hellish Vortex Studios em Berlin.

Fonte: Wikipedia
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AFRIKA BAMBAATAA

Fonte – CD-Rom Bizz 20 Anos

BIOGRAFIA: Afrika Bambaataa (Nova York/EUA, 1958) entra, na adolescência, na gangue de rua Black Spades, no Bronx, Nova York - Em 74, a gangue se desfaz e ele funda a Zulu Nation, uma organização com atividades políticas e artísticas. Durante os anos 70, atua como DJ - Em 80, grava com o Cosmic Force (formado por membros da Zulu Nation) o single "Zulu Nation Throwdown Part One" - No ano seguinte, assina com o selo Tommy Boy. O primeiro lançamento pela gravadora, em 82, é "Jazzy Sensation", creditado ao Jazzy Five. A produção é de Bambaataa e Arthur Baker. Ainda nesse ano, sai "Planet Rock", single de Afrika Bambaataa e o Soul Sonic Force com produção de John Robie e Arthur Baker. Fundindo funk e música eletrônica, "Planet Rock" é um dos pioneiros do hip hop e um dos singles mais influentes de toda a dance music. Vende um milhão de cópias nos EUA e chega ao Top 60 na Inglaterra, além de valer a Bambaataa o título de "embaixador do hip hop" - O filme Beat Streel, de 83, traz Bambaataa cantando "Looking For The Perfect Beat". O single é sucesso nas paradas dance dos EUA e Inglaterra - "Renegades Of Funk" é o último lançamento pela Tommy Boy. O single entra no Top 30 britânico em 84. "Planet Rock", "Looking..." e "Renegades..." Farão parte do álbum Planet Rock, lançado pela Tommy Boy, em 86 - Assina com a Celluloid em 84 e lança com o Shango o disco Shango Funk Theology, co-produzido pelo baixista Bill Laswell. Em setembro desse ano, grava com James Brown -> o single "Unity (Part 1 - The Third Coming)", que entra no Top 50 britânico - "World Destruction", single de 85, reúne Bambaataa e John Lydon (PIL->). A composição de "Bam" e Laswell também é Top 50 na Inglaterra - Em dezembro de 85, reúne-se aos Artists United Against Apartheid (que inclui Peter Gabriel-> e Bono, do U2->) para a gravação de "Sun City", Top 40 nos EUA - Lança Beware, acompanhado pelo Family, em 86. Seu segundo disco com o Family, The light, tem participações de UB 40, Boy George->, Nona Hendrix e George Clinton ->, entre outros. "Reckless", com o UB 40, chega ao 17º posto na Inglaterra em 88 - Lança em 91, The Decade Of Darkness 1990-2000.
FRASES: "Fazíamos muito terror, mas conversávamos com alguns políticos, também" (sobre os Black Spades). "A Zulu Nation trabalha para a conscientização, mas também para o hip hop. Ela luta por liberdade, justiça, igualdade, conhecimento, compreensão, verdade e ciência. Deus, paz, amor e unidade são a mesma coisa". "Se continuarmos estragando o planeta que o Criador nos deu, traremos a destruição mundial, como eu disse em 84" (em 91).

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Afrika Bambaataa é o pseudônimo de Kevin Donovan (Bronx, Nova York, 19 de abril de 1957) é um DJ estado-unidense e líder da Zulu Nation, reconhecido como fundador oficial do Hip Hop.

Nasceu e foi criado no Bronx e, quando jovem, fazia parte de uma gangue chamada Black Spades (Espadas Negras, em português), mas viu que as brigas entre as gangues não levariam a lugar nenhum. Muitos dos membros originais da Zulu Nation também faziam parte da Black Spades, que era uma das maiores e mais temidas gangues de Nova York. Bambaataa se utilizou de muitas gravações já existentes de diferentes tipos de música para criar Raps. Usando sons, que iam desde James Brown (o pai do Funk) até o som eletrônico da música “Trans-Europe Express” (da banda européia Kraftwerk), e misturando ao canto falado trazido pelo DJ jamaicano Kool Herc, Bambaataa criou a música “Planet Rock”, que hoje é um clássico. Bambaataa também foi um dos líderes do Movimento Libertem James Brown, criado quando o mestre da Soul Music estava preso e, anos depois, foi o primeiro ‘Hip-Hopper’ a trabalhar com James Brown, gravando “Peace, Love & Unity”. Bambaataa criou as bases para surgimento do Miami Bass, Freestyle (gênero musical), ritmos que infuênciaram o Funk Carioca

(Wikipedia)

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Entrevista com Afrika Bambaataa

Fonte: Bocada Forte

11/05/2007

Enquanto o maior representante da igreja católica chegava ao Brasil para uma curta visita, o "Papa do Hip-Hop", Afrika Bambaataa, já andava por terras brasileiras, promovendo a mensagem da Universal Zulu Nation, da cultura Hip-Hop, da paz, da união e, principalmente, da diversão. São mais de 30 anos de Cultura Hip-Hop. De lá pra cá muita coisa se passou. Afrika Bambaataa, 50 anos, viu o que antes era um simples "movimento" virar uma cultura global e sua voz ser escutada e respeitada no mundo todo. Com apresentação marcada para o Skol Beats 2007, no Anhembi, Bambaataa trouxe consigo seu filho, o MC TC Izlam, King Kamonz, DJ Soul Slinguer e toda sua energia positiva.

Num encontro descontraído com o Portal Bocada Forte e a jornalista Cinthia, da Zulu Nation Brasil, no hotel onde se encontrava hospedado, Bambaataa falou sobre como vê o mundo hoje e suas preocupações, espiritualidade, a música Rap e, claro, Cultura Hip-Hop.

Bocada Forte: Nós ouvimos você comentar de sua preocupação com a violência no Brasil... Afinal, o que vem fazendo Bambaataa se preocupar e refletir nos dias de hoje, além da violência?

Afrika Bambaataa: O grande problema no mundo hoje é o acesso ao conhecimento, a educação. Também a questão do racismo e do poder branco, da "supremacia branca". Muitos dos meus irmãos e irmãs do Brasil precisam esforçar-se para aumentar seu conhecimento sobre si mesmos e os outros. Por exemplo... Isso significa, que aqueles que se chamam pretos brasileiros precisam saber que seus ancestrais não vieram ao Brasil somente em navios negreiros, como escravos. Vocês são os herdeiros de um povo que estava aqui muito antes desta terra ser chamada Brasil, ou América Latina, ou América Central ou do Norte. Seus ancestrais aqui viviam, assim como os Maias, Astecas e tantos outros povos. É preciso que a juventude passe a estudar, conhecer e a debater como era o Brasil antes de ele ser chamado Brasil. É preciso buscar as reais origens, não somente de quando os europeus por aqui chegaram.

Quando você se aprofunda no estudo das raízes da história você fica sabendo quem estava aqui muito antes de Colombo pisar aqui. No filme feito por Mel Gibson, chamado "Apocalíptico", por exemplo, você não vê uma representação dos Maias com pele clara, fantasiosa. Vê homens com chapéus quadrados, cabelos rasta, com locks, pele mais escura, exatamente como realmente se pareciam as pessoas daquela época. Essa é uma representação baseada em estudos. Outro exemplo: você sabe da história de Zumbi? Você pode encontrar muita coisa nos computadores, na Internet sobre ele, mas muito poucos livros. As pessoas recebem a informação de que a cultura do povo preto começou com a escravidão, mas isso não é verdade. Assim, nós precisamos matar o racismo e mostrar a todos que pretos, marrons, vermelhos, amarelos, brancos somos todos seres humanos.

Verdadeiramente, não existe uma terra chamada "terra dos pretos", "terra dos marrons", "terra dos brancos", "terra dos vermelhos". Isso tudo é uma cultura de supremacia branca. A real questão é onde você nasceu, o seu berço, qual sua nacionalidade, de onde você veio. Daí se percebe que a real luta é a luta contra a violência entre os povos. A luta é cidade à cidade, favela à favela, rua à rua, nas esquinas. Cada um fazendo sua parte, dando o melhor de si. Buscando o conhecimento de si mesmo e da vida podemos vencer e realmente libertar-nos.

Cinthia (Zulu Nation Brasil): Bambaataa, nós gostaríamos de saber como foi sua vida quando mais jovem e como veio a cultura Hip-Hop nessa época?

Bambaataa: A vida era realmente uma batalha, gangues de rua e violência por todos os lados. Mas em meio a tudo tínhamos, por exemplo, grandes professores do Islam. Pessoas como Malcom X, Louis Farrakan. Tínhamos o Partido dos Panteras Negras, Angela Davis. Tínhamos grandes cantores pela paz como James Brown, Aretha Franklin, Sly & The Family Stone, Isley Brothers, John Lennon, e tantos outros. Seja em suas músicas ou discursos, todos me ensinaram algo de bom. Algo que me auxiliou a moldar minha mente de forma positiva e tirar-me do ócio e do crime, me levando a pensar em fazer algo pelo meu povo. Na sequência também veio o grande professor Martin Luther King, o "Young Lords Party", o movimento do Partido Porto-riquenho, tudo foi me despertando pra algo maior.

Foi então que assisti a um filme na TV chamado "Zulus", onde os Zulus da África lutavam pela sua liberdade contra os britânicos, que tentavam invadir suas terras. Isso me despertou e me fez imaginar: "quando eu for mais velho vou querer ter a minha Zulu Nation, um dia". E hoje temos a Universal Zulu Nation e quem sabe no futuro não poderemos ter a nossa "Galáctica Zulu Nation", indo de planeta a planeta defendendo a paz.

BF: Todos sabemos que você tem uma ligação muito forte e especial com o lado espiritual. Ao mesmo tempo, hoje vivemos num mundo extremamente violento e materialista. Como despertar as mentes das pessoas, dos jovens, para a paz, as coisas boas e positivas?

Bambaataa: Antes de tudo é preciso haver organização e que se tenham bons mestres, professores, oradores. Alguém que fale a juventude assim como aos nossos ancestrais. Ensinar o respeito a esses ancestrais, nossos avós, bisavós e tataravós. A sua mãe é a minha mãe. Sua irmã é a minha irmã. Seu pai é o meu pai. E quando todos se olharem dessa forma, respeitando os mais antigos teremos um mundo melhor. Sabe, o que muda o Hip-Hop é a sua parte negativa, que vem principalmente dos Estados Unidos. A gente vê todo mundo se chamando de "niggaz" (negros), "bitches" (prostitutas). Daqui a pouco eles estão falando que sua mãe é uma vagabunda. Que sua irmã é uma vagabunda. E de repente todos começam a achar isso comum e corriqueiro e você começa a chamar sua mãe de vagabunda e sua irmã de vagabunda, seu irmão de "negrão"... E aí você se torna um imbecil. Afinal, pessoas morrem todo o dia por causa disso. Mas você continua a usar esses termos entre as pessoas que convive. Aí então um europeu chama você de "negrão" e você não vai gostar. Vai ficar irado. Mas como você vai ficar bravo se você mesmo se chama "negrão" e gosta de chamar os outros assim?

Então, precisamos mostrar aos jovens a sua real identidade, quem são seu povo, quem são seus ancestrais e seus reais valores. E precisamos ver na TV a história de Zumbi, a história dos Panteras Negras, do Movimento pelos Direitos Civis nos Estados Unidos, a história da África do Sul, a história do Brasil e todos seus problemas, a história da Cidade de Deus. Aí vendo isso as pessoas terão de pensar: "nós precisamos fazer algo a respeito destes problemas". Então precisaremos de oradores. Pessoas que falem como Farrakan, como Malcom X, como John Lennon.

Cinthia: O que você pensa dos rappers atuais e desse "novo estilo de Hip-Hop"? De artistas como 50 Cents que se auto-denominam "do Hip-Hop" e, na minha opinião, não o são. O que você pensa sobre isso e sobre suas letras, que tratam de sexo, grana e violência?

Bambaataa: Bem, o 50 Cents continua sendo meu irmão. E ele representa um lado do Hip-Hop. Nós não temos de nos preocupar apenas com o 50 Cents, mas com as Rádios que têm programas que "programam sua mente" diariamente, por todo o Brasil, por todo os Estados Unidos, por todo o mundo. Se você toca 50 Cent, você ainda tem Commom Sense, que é outro MC. Se você toca Missy Eliot, nós ainda temos Soul Sonic Force e Sugar Hill Gang. Se você toca Limp Bizkit e Korn, nós ainda temos Beatles e os Rolling Stones. Se você toca o novo samba, nós teremos o velho samba. Você toca o novo Hip-Hop, nós temos o velho Hip-Hop. Se você tem algo novo, você sempre terá algo mais antigo. Então, se você toca coisas novas, dê também espaço para as coisas velhas. E eu não falo só de coisas velhas, com 10 ou 5 anos de idade, mas música dos anos 40, 50, 60. Vamos misturar isso. Vamos fazer com que as pessoas escutem de tudo um pouco. De repente as pessoas estarão ouvindo a rádio e dirão "ei, isso é James Brown e os caras do grupo tal usaram naquele som novo". Ou então você dirá "puxa, isso é Tim Maia. Veja o que ele fazia naquele tempo". Dessa forma, as pessoas poderão sentir a diferença. Precisamos chegar nas estações de Rádio e TV e dizer "ei, nós queremos mais equilíbrio na programação. Queremos saber também do passado, das músicas antigas, dos artistas mais velhos e dos trabalhos de artistas independentes também". Só assim os artistas como 50 Cents começarão a cair em esquecimento. Começarão a ser ignorados aos poucos. Você terá os gangstas, mas terá também os artistas que falam de amor, de paz. As pessoas poderão dizer "ah, mas isso é contraditório". Mas nós sempre teremos o bom e o ruim. Nós somos bons e ruins. É o "Ying e Yang". Todo ser humano tem seu lado bom e ruim.

BF: Bam, aqui no Brasil nós temos muitas dificuldades em realizar grandes eventos. Em conseguir verba para realizá-los. Ao contrário dos Estados Unidos e de outros países onde o Hip-Hop é maduro, como a França, as grandes empresas demonstram não ter interesse na cultura. Como lidar com isso?

Bambaataa: Muitas empresas desejam ficar cegas, surdas e mudas. Não importa a eles o que a juventude vem fazendo. Eles querem mais é fazer dinheiro e ampliar o controle sobre você. Eu olho aqui (Bambaataa olha pela janela do quarto do hotel, onde se tem uma bonita vista da cidade) e vejo muito mais prédios que em Nova York. Eu vejo como em Tóquio, no Japão. Então não há razão para que não encontremos pessoas morando nas ruas, passando fome ou morando em favelas. Mas se cada pessoa nesses grandes prédios doassem um Real cada, seria um milhão para que pudéssemos realizar algo bom. Para limpar a área, tirar as pessoas das ruas, da fome. Para fazer uma escola. E assim você reúne um real de cada pessoa em outra grande comunidade de São Paulo e constrói um grande centro de estudos para jovens. Algo que seja bom ou funcional para as pessoas.

As pessoas precisam aprender a não depender tanto do governo. As pessoas precisam se organizar verdadeiramente. Se todos decidissem não comprar mais cigarros e colocar esse dinheiro na "conta bancária do povo" muitas outras coisas boas poderiam ser construídas. A ajuda está em suas próprias mãos. Se você não fizer nada por você ou para mudar a situação e ficar esperando, nada irá mudar e todos continuaremos a ser dominados pelas grandes indústrias... Continuaremos a fazer parte do "Matrix". (risos).

Cinthia: Ao redor do mundo nós vemos demonstrações de reivindicações e lutas do povo negro na tentativa de conquistar mais espaço e direitos que nos foram suprimidos. Você acredita que ainda hoje nós negros somos unidos devido a nossa condição cultural ou porque somos negros?

Bambaataa: O povo preto precisa estudar sua história. Esses são seus ancestrais (Bambaataa mostra livro de estudos muçulmano com a história dos povos antigos). Você precisa apoderar-se do conhecimento. Eles não desejam que você saiba que seu povo já estava aqui, a muito tempo antes de Colombo chegar. Você já se perguntou porque eles chamavam o povo daqui de índios? Aqui não existiam índios. Aqui não era a Índia. Mas você tem "índios norte-americanos", "índios sul-americanos", etc. Nossos ancestrais são de outro povo. Um povo bem mais antigo, presente aqui desde muito tempo. Mas eles não querem que você saiba disso (Bambaataa retira da sua bolsa outro livro e aponta). Eles criam sociedade secretas e mascaram a história. Eles não querem que você saiba o que aconteceu e o que acontece. Você sabia que muito da crença cristã vem dos antigos egípcios? Porque eles não desejam que você saiba disso? Porque eles não querem que você saiba quem estava lá antes dos europeus chegarem? Eles escondem tudo!

Cinthia: Eu não sei se me fiz entender, mas gostaria de saber, na realidade, se você acha que nós continuamos unidos pelo fato de sermos negros.

Bambaataa: Pois bem... Eles desejam que nós continuemos brigando entre nós. "Eu sou preto. Eu sou marrom. Eu sou amarelo. Eu sou branco". Essas são as regras impostas. Você está vendo essa foto? (Bambaataa aponta para uma figura artística muito antiga numa foto). Ele é muito parecido comigo e contigo. Tem nariz grande, achatado, lábios grossos. Esses são seus ancestrais, que estiveram aqui. Eles estavam lá nos Estados Unidos muito antes de alguém por lá chegar. E eu não falo somente seu ou meu ancestral porque ele é preto, mas de todos nós independente da cor! E é assim que a supremacia branca se mantém. Eles não te ensinam isso. Você já se perguntou porque será que europeus e americanos são tão ricos? Ora, eles roubaram essa riquesa dos povos antigos! Roubaram tudo de nossos ancestrais. Você era rica no passado! Eles se apoderaram de tudo.

Pergunte-se: porque vemos tantos obeliscos e figuras piramidais por todo lado em São Paulo ou em outras grandes cidades do mundo? Isso tudo vem da cultura de nossos remotos ancestrais. Do Egito antigo! Repare nos livros sagrados da Bíblia e em muitos outros existentes. Todos contam as mesmas histórias de formas diferentes. Todos baseados nos relatos egípcios.

BF: Conte-nos sobre a época que tínhamos os punks juntos com os negros curtindo o Hip-Hop. Como foi essa experiência?

Bambaataa: Sim, eles estavam lá junto conosco. Participando das festas que fazíamos. Os punks foram o primeiro movimento europeu a abraçar a cultura Hip-Hop. Nós devemos muito respeito aos punks e ao seu movimento. Eles não tinham medo de se aproximar dos negros, das festas. Eles ouviam James Brown e "caiam no funk", eles ouviam David Bowie e "caiam no funk". Nós tínhamos até punks fazendo música Rap!

Cinthia: E o racismo norte-americano diferente do racismo no Brasil?

Bambaataa: O racismo é, em todo lugar, basicamente o mesmo. Você tem a posição de poder e o topo da coisa e tem a parte de baixo. A supremacia branca se coloca no topo e deseja ver a gente embaixo. Mas eles não percebem e não querem que você saiba que o negro pode vir em muitas tonalidades. Ele pode vir claro, quase branco, como Carmem Miranda ou como Gerson King Kombo ou Nelson Mandela. Mas eles querem que vocês briguem entre vocês. Até mesmo os brancos europeus são seus filhos, pois você ajudou a concebe-los.

Você acredita em Jesus, em Deus, em Xangô. Mas eu posso vê-la como uma deusa. Eu posso vê-lo como um deus. Você me atinge em espírito muito antes de eu ver sua cor. Mas eles não querem que você saiba disso. Eles não querem que você saia da "caixa de matrix". Olha pra lá (Bambaataa aponta para a televisão). Eles te contam mentiras. Eles te controlam por lá.

BF: Para finalizar, envie uma mensagem a todos da cultura Hip-Hop. MCs, Dançarinos de Rua, Graffiteiros, DJs.

Bambaataa: Nós podemos amar a cultura Hip-Hop, mas se não tivermos conhecimento de como podemos modificar nossa situação, nossa comunidade e nosso espaço e aprendermos a respeitar nossos ancestrais, seremos sempre escravos. Ame a você mesmo, ame seus ancestrais, ame seu povo e tente fazer algo por você, pelos outros e pelo seu povo. Mas, principalmente, respeite a mãe terra!

Porque você pode amar o Hip-Hop, o funk, o jungle, o house, o gangsta, as festas, o sexo, mas se você não respeitar a mãe terra ela irá te cuspir pra fora. Tornados, terremotos, tsunamis... Ondas maiores que esses prédios (Bambaataa aponta para os altos prédios) te varrerão. Porque a mãe terra é uma entidade viva e você precisa respeitá-la. Porque se você não respeitá-la apenas uma faísca do sol te queima e te transforma em pó. Esse é o aquecimento global. Porque se nós não nos preocuparmos com o aquecimento global você não precisa mais se preocupar com o Hip-Hop, ou com o Rock´n´Roll, ou com o Jazz, nem com gangstas ou qualquer outra coisa, porque a natureza se encarrega de te dar um belo chute na bunda (risos).

Por: Noise D
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Megadeth comemora 20 anos de "Rust In Peace" e diz que disco é tão relevante hoje quanto em 1990; leia entrevista

PEDRO CARVALHO
Fonte - UOL


Em sua sexta visita ao país, o Megadeth está longe de ser uma novidade para os fãs brasileiros do thrash metal. Desta vez, no entanto, a visita a São Paulo neste sábado (24), no Credicard Hall, é especial: como o baixista original Dave Ellefson de volta aos quadros, a banda está em turnê para comemorar as duas décadas do álbum "Rust In Peace".

Um dos grandes clássicos do gênero, o disco é marcado tanto pela sonoridade furiosa quanto pelas letras politizadas de Mustaine. "Nós nunca fizemos letras sobre sexo, drogas e rock and roll, e por este motivo temos em 2010 um álbum tão relevante como há 20 anos", diz Ellefson.

Formada em 1983 pelo polêmico vocalista e guitarrista Dave Mustaine, o Megadeth logo se tornou um dos quatro bastiões originais do thrash metal, junto com Anthrax, Slayer e Metallica, banda da qual Mustaine foi expulso. O intuito declarado de Mustaine era formar um grupo mais pesado e veloz do que o de James Hetfield e Lars Ulrich.

Em entrevista ao UOL Música, Ellefson falou sobre os 20 anos de "Rust In Peace", seu retorno à banda após oito anos e o relacionamento com Dave Mustaine, com quem brigou publicamente após sua saída. Segundo o baixista, "agora a amizade vem em primeiro lugar e por isso as músicas soam melhores".

UOL Música - Como tem sido a turnê até agora?
Dave Ellefson - Excelente, muito boa mesmo. Começamos na Cidade do México, um ótimo ponto de partida. Já começamos também pelo Brasil, em Recife, Brasília. Fazia tempo que eu não tocava no Brasil com o Megadeth, acho que desde 1998.

UOL Música - Vocês tocaram no Rock In Rio 2, em 1991, no Rio de Janeiro. O que você se lembra desse show?
Ellefson - Foi um evento muito legal. Era enorme, um acontecimento monumental. Foi o maior público para o qual eu já toquei na vida, 140 mil pessoas. Sempre me lembrarei do Brasil como um lugar especial. Além disso, foi o primeiro show do Megadeth na América do Sul, então o Brasil está sempre em primeiro lugar e foi uma honra termos sido convidados para um evento gigantesco e conhecido no mundo.

UOL Música - No Rock in Rio 2 vocês estavam fazendo a turnê do álbum "Rust In Peace" e agora estão fazendo isso novamente, em comemoração dos 20 anos do disco.
Ellefson - É verdade, que engraçado! É irônico como as coisas acontecem em ciclos de 20 anos. É interessante que 20 anos depois estejam rolando coisas comigo e com o Dave (Mustaine), aniversários de várias coisas nas nossas vidas, o aniversário do "Rust In Peace" e muitas coisas que vão além das coincidências.

UOL Música - Como o quê?
Ellefson - Parte da equipe que está conosco agora também estava naquela época, o roteiro da turnê é praticamente idêntico. Eu e o Dave estamos celebrando coisas importantes nos nossos casamentos e na nossa saúde. É bacana comemorar algo importante da nossa vida musical e profissional junto com tudo isso, dá uma idéia do quanto crescemos como pessoas.

UOL Música - Como você compara o "Rust In Peace" ao disco novo, "Endgame"?
Ellefson - O "Endgame" é bem diferente, acho que se parece mais com o "Countdown To Extinction". É muito pesado, tem riffs excelentes e é mais lento, dá um peso diferente. O "Rust In Peace" era muito nervoso e descontrolado, direto ao ponto, feroz e rápido. Isso representou bem a missão original do Dave, que era a de ser a banda mais veloz e furiosa de todos os tempos, e acho que nesse disco ele conseguiu isso.

UOL Música - Como está sendo ter os dois Daves juntos novamente na banda?
Ellefson - Muito legal! Dave e eu construimos uma amizade que não tínhamos antigamente porque a banda vinha em primeiro lugar. Agora a amizade vem primeiro a e as canções em segundo. E por causa disso elas soam muito melhor.

UOL Música - Como aconteceu a reunião?
Ellefson - Em janeiro eu estava falando com o (baterista) Shawn Drover numa convenção e o roadie do Dave me chamou para uma jam session com os dois ali mesmo, de improviso. Acabou não rolando, mas abriu as portas para começarmos a trabalhar juntos novamente. Então, em fevereiro eles me chamaram dizendo "você é o cara, nós vamos fazer a turnê do 'Rust In Peace' e é o momento perfeito para a banda se você quiser voltar". Falei com o Dave por telefone e em dois minutos o acordo estava fechado. Tocamos juntos no fim de semana seguinte e o som ficou fantástico. O legal é que não foi nada planejado e nem por motivos financeiros. Dave e eu podemos relaxar e nos divertir, diferente do que seria se nós dois estivéssemos desesperados.

UOL Música - Vocês tinham muitos problemas pessoais entre vocês que tiveram de ser resolvidos?
Ellefson - Não muitos. É muito legal como desenvolvemos esta amizade que não tínhamos antes. As pessoas pensam que caras de banda são sempre amigos, mas não é bem assim. Nos conhecemos muito jovens e, durante a carreira do Megadeth, houve mudanças de formação. Muita gente entrou na banda para substituir outros integrantes e eu diria que as melhores formações são a atual e a do "Rust in Peace", quando as coisas puderam ser feitas sem pressa e colocamos gente na banda com quem gostávamos de estar, com interesses semelhantes, que se pareciam com a gente no visual, na maneira de pensar e de tocar.

UOL Música - Vocês estão compondo juntos novamente?
Ellefson - Ainda não compusemos nada juntos. Temos uma música nova que será lançada em breve que já havia sido iniciada antes da minha volta. O Dave me pediu para fazer uma linha de baixo para ela para podermos tocá-la na turnê. Em Recife estávamos ouvindo umas faixas novas e vamos começar a mexer nelas em breve. Geralmente você entra numa banda, compõe, grava e só então sai em turnê. Fizemos o contrário desta vez, acertamos o relacionamento da banda na estrada e só depois vamos nos concentrar na parte criativa e fazer o próximo disco.

UOL Música - O "Rust In Peace" foi lançado há 20 anos e, além destas coincidências que você comentou, havia uma guerra no Iraque, assim como agora. Considerando que as letras do disco são muito politizadas, como você sente que elas se encaixam na situação atual?
Ellefson - Acho que essas letras são atemporais, porque tratam de questões recorrentes, que não acabam nunca. As letras do Megadeth nunca foram sobre sexo, drogas e rock and roll, e sim sobre coisas muito mais amplas do que as outras bandas estavam escrevendo na época. O legal disso é que nós temos um disco de 20 anos atrás cujas letras ainda são tão relevantes em 2010 quanto eram em 1990. As músicas do Megadeth são sobre as pessoas, e o ser humano não muda muito.