quarta-feira, 29 de julho de 2009

Obscene Extreme Fest

O Obscene Extreme Fest é provavelmente o maior festival voltado para o grindcore do mundo. Acontece próximo à cidade de Praga, na Republica Tcheca. Por um acaso do destino (ou não) há um sergipano (de coração) muito gente fina por lá (o principal motivo se chama Martina) e ele postou em seu blog suas impressões sobre o evento, postagem esta que reproduzimos abaixo. Ele pede desculpa pela falta de acentuação, é por conta dos teclados adaptados de lá.

OBS: Clicando no Banner abaixo você será direcionado ao site oficial do evento.



por Juliano Mattos, de Praga, Republica Tcheca

Extremo e Obsceno! Assim foi o Obsceme Extreme Fest (OEF). Já era de se adivinhar, mas eu nao esperava que fosse algo tao grande. O OEF até aparenta ser um festival comercial, daqueles que ocorre sempre no Verao, com grandes bandas e grandes patrocínios. De fato o OEF tem grandes patrocínio, talvez o maior deles seja a Gambrinus, provavelmente a maior marca de cerveja checa depois da imbatível Pilsner Urquell.

Nao é fácil descrever os 3 dias de festival. A melhor maneira de o compreender é através de imagens, que podem ser vistas aqui mesmo nessa matéria, e em muitos outros lugares nos confins da internet.

Uma das grandes novidades da 11° edicao do OEF foi o local. Depois de Trutnov, foi a vez de Svojšice acomoda-lo. O antigo local era muito melhor, isso é unanimidade para todos aqueles que já haviam ido ao festival noutras edicoes. Mas o que faz um festival sao as pessoas e as bandas, e nao o recinto em si, entao nao me parece que se possa dizer que este ano foi fraco, muito pelo contrário. Eu particularmente nunca vi um festival underground tao bem organizado e tao grandioso. Falhas houveram, mas foram mínimas e estiveram diretamente ligadas ao novo local, que carece dos servicos mais básicos, como transporte público e caixas para tirar dinheiro. E o único local existente para se comprar comida fora do festival era uma pequena mercearia que sem dúvida faturou mais nesses 3 dias do que em todo o ano. Esse é o grande problema da localidade, muito mais grave do que as condicoes específicas do recinto do festival em si, apesar dele também apresentar alguns problemas, como a falta de chuveiros para tomar banho. Fora isso, tudo correu lindamente!

Bem, eu nao pretendo escrever cada detalhe do festival, porque seria enfadonho alongar-me tanto, mas quero comentar algumas coisas.

A seguranca: Nao eram segurancas profissionais. Alguns eram membros de bandas, como o Bilos, guitarrista de Malignant Tumour, e outros eram grinders realmente dedicados a causa. O único ponto mais negativo foi a forma como os segurancas tiravam do palco aqueles que nele subiam para fazer stagediving e ficavam lá por mais de 5 segundos. Nao houve nenhum ato violento nem nada disso, mas acho que eles poderiam ser menos brutos ao empurrarem o pessoal para baixo. No entanto, o OEF estabeleceu regras para stagediving e eles estavam cumprindo. De resto correu tudo bem. No momento mais tenso do festival, quando um gerador de energia incendiou-se bem ao lado da barraca de comida, os segurancas trataram rapidamente de retirar as pessoas de perto e agiram em conformidade com a situacao, sem que houvesse qualquer consequencia grave. Os bombeiros foram chamados e rapidamente apagaram o fogo, que havia atingido proporcoes consideráveis.

O preco: O bilhete para os 3 dias do festival custou 1000,- ČK (40 euros ou 108 reais). A princípio, achei caro. Bastante caro, até. Mas uma vez no local, pude observar todo o enome aparato montado, desde todas as pessoas envolvidas na seguranca, nas bancas de distribuicao de merchandise, no bar, nas barracas de comida, e ainda no custo de locacao do local, na divulgacao e nos gastos para fazer um festival com 60 bandas de 28 países, admiti que o festival valia cada um dos 4000 mil centimos de Euro.

Ah! Todas as pessoas que pagaram para entrar ganharam um CD do festival. Um CD com 39 músicas de várias bandas que atuaram no OEF e com direito a encarte com ilustracao profissional, além de um panfleto com toda a programacao.

Na entrada do festival, havia um local para trocar dinheiro por cupons. Somente os cupons eram aceites no bar e nas tendas de comida. O dinheiro só era usado nas muitas bancas de distros presentes. E eram realmente muitas. Contei cerca de 40! Um verdadeiro antro do consumismo de material ligado a música extrema underground. Nao sei se havia alguma coisa que nao se encontrasse por lá, desde CDs, Vinils, K7s, patches, camisas, etc...Cada cupom valia 28,-ČK (1 Euro vale atualmente 25,5,-ČK). Comprei 20 cupons por 420,-ČK, ou 17 euros.

Todas as bancas de distribuidoras aceitavam pagamentos em Euro ou Česka Koruna.

Informacao: O site do OEF formecia de forma bem detalhada toda a infomacao necessária. Nota 10 nesse quesito!

Acomodacao: A melhor opcao era acampar mesmo. Os hoteis disponíveis ficam bem distantes do local do festival. Foram disponibilizados 3 locais para acampamento ao lado do festival. Muita gente veio de carro, entao foi uma confusao de carros e tendas misturados, mas os 3 locais eram perfeitamente aceitáveis. O problema deu-se no último dia, com a forte chuva. Ficou tudo inundado, cheio de pocas de lama. Havia um rio bem ao lado do local onde estávamos acampados. Um rio indigno deste nome, porque está mais para canal. E canal sujo. Tomar banho ali estava fora de questao, embora muitos nao tenham pensado assim.

Transporte: Foi fácil. A viagem de Praga a Pardubice, de trem, durou pouco mais de uma hora. Foi uma viagem super agradável, naqueles trens antigos, formados por cabines e com janelas de verdade, daquelas que podemos abrir e sentir o vento batendo no rosto. Infelizmente esse tipo de trem já nao existe em Portugal. Ao chegar em Pardubice, andamos cerca de 10 minutos desde a estacao de trem para encontrarmos o local de onde partiria o onibus especial diretamente para o festival. Aí vem a parte menos confortável e mais engracada. Na Rep. Checa nao há problema em superlotar um onibus intermunicipal. Foi assim no ano passado na ida de Praga para Hradec Kralové, aquando do Play Fast Or Dont, e foi assim este ano, para ir de Pardubice a Svojšice. O onibus era bem velho, vinha com uma placa com o nome do festival, e seu motorista era um cabeludo com toda a pinta de ser da organizacao. O velho onibus tinha a capacidade para cerca de 30 pessoas sentadas. Em Portugal é proibido, creio, transportar pessoas em pé em onibus intermunicipais e interregionais. Eu nunca vi isso acontecer. Na Rep. Checa nao é bem assim, e o onibus transportou mais do dobro de sua capacidade. 70 pessoas estavam ali seguramente. E só de pensar que isso foi feito diversas vezes...

Um grande ponto negativo foi que nao havia qualquer transporte para a cidade durante o festival. O transporte só foi assegurado no primeiro dia, para as pessoas chegarem, e no dia a seguir ao fim do festival, para irem embora. Quem precisasse ir a cidade por algum motivo e nao tivesse carro, estava bem fodido.

Cuidados médicos: Havia uma ambulancia com enfermeiros logo na entrada do festival. Eu mesmo precisei de assistencia e fui prontamente atendido, com toda a higiene. Meu problema nao foi grave, apenas fiquei com um buraco no joelho ao pular do palco e cair diretamente no chao. Acontece! Vi gente em muito pior estado, com cabecas e bracos enfaixados e olhos esbugalhados.

Ambiente: Perfeito! O pessoal que frequenta esse festival é louco, completamente. Adoram comportamentos obscenos e adoram misturar cerveja com música extrema, mas nao vi uma única briga e os "excessos de alegria" foram muito reduzidos e sem maiores problemas. O ambiente é sem dúvida o melhor que o OEF tem para oferecer. Diverti-me como em nenhum outro festival e no final fiquei deprimido por ter acabado. Todos eram amigos de todos. Todos tiravam fotos com desconhecidos. Membros de bandas se perdiam entre o público. O clima era de festa mesmo! Conheci italianos, polacos, indonesios, mexicanos, canadenses, franceses...havia gente de todos os lugares. Até brasileiros!

Precos: Poderia ser melhor, mas nao foi abusivo. A Gambrinus custava 1 cupom, e a Pilsner Urquell 1,5. Os copos de cerveja sao sempre de meio litro. O "vegamburguer" custava também 1 cupom. Depois havia uma série de opcoes mais caras, que variavam entre 1,5 e 3 cupons. Cheguei a comer um prato (pequeno) de batata frita com uma espécie de queijo frito a milanesa. Muito bom, mas um bocado caro, 3 cupons. Havia também a famosa Langoš, uma especialidade por aqui, a 2 cupons. Normalmente se encontra Langoš pela metade do preco em quisques pelas cidades. Mas tudo bem! Eu particularmente levei alguma comida de casa e abasteci-me num supermercado em Pardubice, já para evitar gastar dinheiro com comida. As minhas senhas eram destinadas a cerveja mesmo. Gambrinus rulezzzzzz!

Infraestrutura: Muito boa! O palco do OEF é, parafraseando a minha amiga Charlotte, "o-filho-da-puta-do-palco-mais-verdadeiro-de-sempre"! Acho que nem é preciso dizer mais nada. Ele suportou perfeitamente o peso de todas as bandas que nele pisaram. E além disso, do seu lado esquerdo estava montado um grande telao que transmitiu incessantemente todos os shows durante os 3 dias. Quando houve superlotacao, como no caso dos shows de Municipal Waste e Napalm Death, qualquer pessoa poderia acompanhar tudo confortavelmente lá do fundo, sentado na grama.

O som também estava bom, embora em relacao a isso eu tenha gostado mais da qualidade sonora do primeiro dia. Sobretudo na tarde do segundo dia o som esteve fraco, mas depois melhorou novamente. Eu vi o sonoplasta beber muita cerveja. Ele também tem direito!

Bandas: Um cartaz poderoso! Particularmente nao sou apreciador da maior parte das bandas que lá tocaram, mas para o espírito do festival, estava muito bom. Os pontos altos, para mim, foram os shows de Napalm Death, Municipal Waste, Birdflesh, Disfear e Ratos de Porao. Eu vi vários outros shows durante as tardes, praticamente todas as bandas tiveram boa recepcao do público. A maioria delas eu nao conhecia. Na verdade acho interessante ver um show de uma banda de Goregrind, mas esse estilo nao me entusiasma, assim como o Death Metal.

Este vídeo, feito durante o show de Municipal Waste, mostra bem o que foi o OEF.

HellShow: Isso marca o nome do festival e lhe garante toda a obscenidade possível. Trata-se de um espetáculo para lá de bizarro. Pessoas realmente diabólicas e extremamente obscenas deliciaram as mentes mais pervertidas da plateia, inclusive a minha. Esse show teve uma demonstracao de suspensao feita com ganchos espetados diretamente na pele das costas de um homem e uma mulher, vestidos e fantasiados a rigor. Parecia o diabo em pessoa e a sua esposa. A nudez também estava presente, mas isso já nao choca ninguém. Até porque durante o festival haviam uns malucos totalmente nús, inclusive no meio do mosh e saltando do palco.

A parte mais obscena deu-se quando uma das mulheres do HellShow teve os lábios de seu órgao sexual literalmente COSTURADOS!!! Exagero ou nao, era tudo brincadeira (mas brincadeira de verdade), uma forma simbólica de caracterizar o festival e o levar ao extremo.

Clima: Os dois primeiros dias foram fantásticos. Muito sol e muito calor! Muita gente sem camisa, alguns totalmente pelados. Eu estava de calcoes de nylon e sandálias, parecendo um turista perdido ali dentro. Todos se sentiam a vontade e mesmo durante as duas primeiras noites o calor continuou. No segundo dia até arranjaram uma mangueira de bombeiro para refrescar as pessoas no final de cada show.

No terceiro e último dia é que a situacao mudou. Houve uma verdadeira tempestade durante cerca de 3 ou 4 horas. No final, estava tudo inundado, todo mundo molhado, e além da chuva, também fazia frio. E foi assim até o fim, mas de forma alguma estragou a disposicao das milhares de pessoas que lá estavam empenhadas em fazer festa.

Nota: Numa escala de 0 a 10, dou 20!

No próximo ano tem mais, e eu quero estar lá!

PS: Quero agradecer profundamente ao Banjo, a Charlotte, a Jenny, a Kate e ao Moska (por ordem alfabética) pela agradável companhia que representaram ao longo desses dias. E quero agradecer em particular a Charlotte por passar cerca de 2 meses me chateando na tentativa de me convencer a ir ao festival. Realmente nao me arrependi. Pelo contrário, quero mais!!!!!!!














terça-feira, 28 de julho de 2009

Kurt Cobain - Retrato De Uma Ausência

Texto: Michael Meneses

Estréia próxima sexta-feira, 31/7 Kurt Cobain – Retrato de uma Ausência com direção de AJ Schnack. O documentário foi baseado no livro Come As You Are: The Story of Nirvana do jornalista Michael Azerrad. O Site Mistura Cultural assistiu ao filme e constatou que o que se encontra no filme é justamente o que o Nirvana oferecia em sua música, ou seja, arte no melhor da essência. Afinal para muitos quando o Nirvana não nos leva à arte, a arte nos leva ao Nirvana.

A Narrativa - O longa é totalmente recomendado aos fãs da banda que virou símbolo dos anos 90. Kurt Cobain – Retrato de uma Ausência, é todo narrado pelo próprio Cobain à partir do áudio de mais de 25 horas de entrevistas realizadas entre 1992 e 1993 por Michael Azerrad, jornalista, e que já escreveu em renomadas publicações como a Rolling Stone e Spin. O filme não tem declarações dos outros músicos do Nirvana, ou da esposa de Kurt Cobain, Courtney Love, nem da filha do casal (hoje adolescente) Frances Bean Cobain que era um bebê com quem Kurt falou por telefone quando esteve no Brasil para os shows no Hollywood Rock em 1993, num raro momento de contato com alguns poucos e sortudos jornalistas brasileiros.

No filme não existe “achismos” de fãs, músicos, empresários, família, impressa e de pessoas que aparecem em documentários sobre mitos dizendo: “ele era assim”, “ele era assado”, mas quase sempre não transmitindo segurança suficiente para fazer acreditar no “Assim ou no Assado”. Em Kurt Cobain – Retrato de uma Ausência é o Kurt quem diz, e isso transmite a segurança necessária para entender melhor o que se passava na cabeça de um dos últimos românticos do rock. Somente algumas risadas e intervenções jornalísticas por parte de Michael Azerrad são ouvidas, e só ao final se escuta a voz de Courtney Love pedindo a Cobain uma mamadeira. Kurt Cobain conta sua vida quase que por inteiro em pouco mais de 90 minutos, onde expõe pensamentos e memórias sobre sua infância, adolescência, família, drogas, esposa, filha, ou seja, narrar o fato de também ser um humano que pensa, sofre e sorri. E vale destacar seus questionamentos em como o rock estaria em 20 anos e para ser mais exato, mais ou menos nos dias de hoje.

Imagens - Mas se você acha que o diferencial do filme está no fato dele ser narrado pelo próprio Kurt Cobain, calma que tem mais! Apenas em raros momentos fotos do Nirvana ou do Kurt são apresentadas no filme e não tem nenhuma declaração em vídeo, clips, imagens de bastidores, ou qualquer imagem rara da banda ou do Kurt e que tanto provocam o contentamento nos fãs. Como disse é só o áudio do Kurt. Em todo o filme as declarações de Cobain são acompanhadas por imagens do cotidiano da gelada Seatle, com crianças nas escolas, gente nas ruas, trabalhadores, jovens, lojas de discos, livrarias, algumas imagens de outras bandas e belas animações.

Trilha Sonora – Você deve ta pensando que como qualquer documentário sobre uma banda de rock o mesmo deve fazer uso de alguns sucessos da banda na trilha, em especial se o mesmo for de uma banda como o Nirvana, o que renderia mais uma coletânea talvez até com alguma faixa bônus inédita! Mas esse também é outro diferencial! Não que essa trilha sonora não venha ser lançada, mas em todo o filme nenhuma música do Nirvana é tocada, o que ouvimos são sons de bandas de total influencia na formação musical do Kurt Cobain e do Nirvana. Tem pra todos os gostos; Queen, Credence Clearwater Revival (esta última que o Kurt revelou tirar uns sons com o baixista Krist Novoselic no início da parceria), Iggy Pop, R.E.M. entre outros nomes, alguns mais undergrounds. Das canções presentes a mais próxima do Nirvana é The Man Who Sold The World, mas essa na versão original assinada por David Bowie e não o cover feito pelo Nirvana no álbum MTV Unplugged in New York de 1994.

Smells Like Teen Spirit?

Então se o filme não tem declarações de pessoas ligadas ao músico, não tem imagens do músico e não tem músicas da banda como Kurt Cobain – Retrato de uma Ausência funciona? A resposta está na arte da soma da trilha sonora, das imagens, e nas veracidades das declarações de Cobain. O filme funciona como rica obra de arte, como foi o Nirvana. Mas vale o alerta aos fãs comerciais: o bonito experimentalismo do filme pode não agradar alguns fãs podendo provocar decepções, sobretudo naqueles que esperam encontrar mais do mesmo, algo inexistente no filme, pois mesmices artísticas passam longe desse filme.

Sobre AJ Schnack - O cineasta nasceu em 1968, em Illinois/EUA é um dos fundadores da Bonfire Films of América. Seu primeiro documentário, foi Gigantic (A Tale of Two Johns), sobre a banda They Might Be Giants em 2002. Dirigiu videoclipes e os curtas-metragens Might as Well Be Swing (2000) e The Heir Apparent (2005). Com Kurt Cobain – Retrato de Uma Ausência indicado ao Spirits Award 2007 ao prêmio Mais Verdadeiro que a Ficção.

Ficha técnica
Titulo original: Kurt Cobain: About a Son) EUA, 2006, cor e p/b, 96 min., 14 anos.
Direção: AJ Schnack
Roteiro: Wyatt Troll
Música: Steve Fisk e Benjamin Gibbard.
Produção: Shirley Moyers, Noah Khoshbin e Chris Green.
Elenco: Com as vozes de Michael Azerrad, Curt Cobain e Courtney Love.

Bicicletas de Atalaia



Subiu em sua bicicleta como quem conquista um sonho.

A cada pedalada sua excitação crescia, então pedalava, mais e mais. Dobrou na Rua dos Anseios, tinha que convidá-los para a aventura, todos eles. Sua turma. Disparou todas as campainhas ao longo da calçada, sem parar em nenhuma delas. Os garotos também dispensavam formalidades e, sem questionamentos, já pedalavam ao seu lado em expectativa breve sobre o que o arrancara tão cedo da cama em tamanho entusiasmo. Primeiro saiu o garoto da bicicleta verde seguido de seu irmão, cuja bicicleta era azul, em seguida chegou o guri da bicicleta prateada. O quarteto arrodeou o quarteirão para dar tempo àqueles que, por vacilo ou miséria de sorte, ainda não sentiam o vento estalando no rosto sob o jazz constante que ecoava das correias e pedais pouco enferrujados das bicicletas.

Logo eram A Turma. Pouco mais de 10 bicicletas magneticamente coloridas varavam a Rua dos Anseios e o seguiam sem ponderações. Ele sempre transmitiu segurança e poesia para seus companheiros, mesmo quando seu amigo da bicicleta verde o viu chorar escondido sob sombra da árvore de leituras na Praça das Perguntas. A árvore; era uma velha amiga, aconchegava-os quando queriam descobrir novas leituras e contar velhas histórias. O choro; talvez fosse por aquele perfume doce da menina da bicicleta vermelha. O amigo nunca soube ao certo. Não era fácil ser seguro, só ele sabia que a segurança não era de fato uma existência, era uma interpretação. Mas achava que se a segurança existia era somente pela boa interpretação de tal papel pelos seguros, e estes, só eram vistos assim por saberem interpretar. Sendo assim, era justo que coubesse a ele tal personagem, pois sabia interpretar muito bem.
O entusiasmo aos poucos dava sinais de insegurança e alguns garotos já se questionavam sobre o quão válido seria prosseguir. Já estavam longe de casa e o suor tornara-se constante. Como estava quente. E que sede. O Telefone sem Fio, de fato, funcionara durante as pedaladas. O menino da bicicleta verde, enquanto exibia-se para o bando mostrando que poderia andar com os braços cruzados, contou para o seu irmão e para o menino da bicicleta preta que por sua vez, contou para o da prateada que buscava uma desculpa qualquer para ter com a menina da bicicleta lilás que logo tratou de repassar para sua melhor amiga, a menina da bicicleta amarela. Em menos de um quarto de hora todos já tinham ouvido falar do tal lugar idílico ao qual ele os levava.

(continua)

http://www.orkut.com.br/Main#Community.aspx?rl=cpp&cmm=90573731
www.myspace.com/bicicletasdeatalaia

segunda-feira, 27 de julho de 2009

Inspiração e Transpiração



VENDO 147, THE BAGGIOS & THEE SWAMP BEAT BROTHERS
Capitão Cook, 18/07/2009

por Adelvan

Aracaju, sábado à noite, Capitão cook. Rock. Vendo 147 é uma banda instrumental baiana que retorna à cidade, desta vez como banda de verdade (na primeira vez em que tocaram aqui eram um projeto), para lançar seu primeiro EP. As bandas convidadas foram a Swamp Beat Brothers, Daysleepers e The Baggios.

Os Irmãos da batida do pântano de Itabaiana abriram a noite com o tradicional atraso de uma hora e lá vai cacetada e o já também tristemente tradicional recinto vazio apesar da multidão lá fora. Mas não se deixaram abater e prenunciaram o que viria a ser uma noite inspirada com um show vigoroso e energético. O som deles é garage rock, aquele mesmo, influenciado por aquelas mesmas bandas que nós, roqueiros sem vergonha, tanto amamos. Distorção seca e abafada na guitarra de Maicon, do meio para o final acrescentada de uma outra guitarra, do “Feio”, e eis que os Beat Brothes se transformam no Dr. Garage Experience. Grande show. Gritado, suado, riffado e espancado. Algumas músicas foram executadas numa cadencia diferente da que se ouve em sua primeira demo-tape, e ficaram melhores assim, o que demonstra que a banda está sabendo experimentar para evoluir e lapidar seu som. De petisco, alguns covers garageiros daqueles velhos e clássicos bandos de roqueiros vagabundos, alguns inclusive já partidos dessa para melhor, com destaque para o The Cramps. Um presente para os ouvidos calejados de quem se dignou a entrar no recinto para prestigiar esta pequena grande banda em sua primeira apresentação em Aracaju.

Daysleepers não pôde tocar, por problemas pessoais com um de seus integrantes, então tivemos o magnífico duo-maravilha The Baggios na sequencia. E foi, provavelmente, o melhor show deles que eu já vi até hoje. Não saberia explicar exatamente o que aconteceu, mas a banda estava especialmente inspirada, com Julico improvisando novos e espertos arranjos para velhas canções e acertando na mosca, levantando a galera e fazendo a festa sob o martelar certeiro da bateria de Perninha. Teria sido já esta maravilhosa apresentação uma conseqüência de um novo gás adquirido com a mini-turnê “Invasão sergipana” ? Não saberia dizer, mas espero que sim, e espero que eles continuem nesta trilha, procurando levar seu maravilhoso som para além das fronteiras de nosso pequeno estado e voltando sempre com as energias renovadas. Mas o destaque da noite foi mesmo a participação da “roqueira-mirim”, a mais jovem roqueira de Aracaju, uma garotinha de seus 7, 8 anos, que está sempre lá, no Cook. Fã do The Baggios, cantou com eles algumas canções, dentre elas uma nova que eles não faziam idéia de como ela conhecia a ponto de saber acompanhar a letra. Cantou e encantou. Na verdade arrasou, com uma perfomance cheia de trejeitos e caras e bocas devidamente registrada pelas lentes da Snapic e cujas fotos eu aguardo ansiosamente que venham a publico (opa, tá na mão, tá postada a foto, aí do lado. Agradecimentos à Snapic).

Mais uma memorável noite de rock em solo sergipano parecia já estar garantida, mas nosso cantinho do mundo ainda veria uma apresentação bombástica dos pioneiros da “clone drum” (dois bateristas dividindo o mesmo bumbo) no Brasil. Nem demorou tanto para que eles montassem a parafernália, ou era eu que estava tão embriagado pelo show da The Baggios que nem vi o tempo passar. Logo logo o rock já estava mais uma vez rolando em alto e bom som. Muito alto e muito bom som. Repito: Muito alto e muito bom. É até meio difícil descrever o som deles ... é pesado, em algumas passagens os riffs lembram Slayer. Ao mesmo tempo têm uma pegada de rockabilly e de surf music, sem ser nem uma coisa nem outra. Só ouvindo mesmo pra saber, e é bem fácil ouvir, é só clicar AQUI ou AQUI e voilá. Mas periga você, que não foi ao show, ficar se martirizando pelo resto da vida por ter perdido esta grande noite de rock and roll na veia, na artéria e no talo . Uma noite em que o publico sergipano, mais uma vez, não decepcionou, acolhendo calorosamente os baianos. Gatinhas da linha de frente assediaram sem dó nem piedade os músicos, especialmente o baixista e o guitarrista solo (o outro guitarrista é velho conhecido da galera, Duardo, ex Snooze e Vitais). E que baixista, e que guitarrista solo ! Mandaram MUITO, aproveitando com maestria as camadas sonoras fornecidas pela guitarra de Duardo e o massacre vindo das baterias. Momento pitoresco: num dado momento a “roqueira mirim” (preciso guardar o nome dela, é uma estrela) me perguntou porque eles tocavam de máscara, eu respondi que era porque eles eram feios, no que ela, espertamente, replicou: “mas as máscaras também são feias”. “é que eles são mais feios ainda”, eu insisti. Devo ter passado por mentiroso, pois quando eles finalmente tiraram as máscaras, no bis (assim como no show do Retrofoguetes o público não os deixava ir embora, nem mesmo depois de uma “megajam” recheada de riffs pra lá de clássicos do rock, de “Back in Black” do AC/DC a “purple haze” de Hendrix), ela pode conferir que não era bem assim. Um dos bateristas lá, um tal de Dimmy, por exemplo, é um gatinho.

Resumindo: Foi um rock do capeta.

Queremos mais.





Loki

A noite do próximo sábado, dia 01, será especial para os admiradores dOs Mutantes e amantes do bom e velho rock and roll em geral, em Aracaju. Haverá uma "Sessão Notívagos" com a exibição, no Cinemark do Shopping Jardins, do documentário LOKI, sobre Arnaldo Baptista, seguida de uma apresentação da banda sergipana Plástico Lunar. Os ingressos já se encontram à venda, na bilheteria do Cinema, ao custo de R$ 15,00 inteira e R$ 7,50 meia.



Do site Scream & Yell

por Marcelo Costa

Nas ruas de Londres, um fã (aparentemente) britânico pára Arnaldo Baptista e começa um discurso emocionado que enaltece a grandiosidade do’s Mutantes, grupo que Arnaldo formou com seu irmão Sérgio e aquela que viria a ser sua primeira namorada e mulher, Rita Lee. Na seqüência, um brasileiro passa por Arnaldo, caminha uns dez passos e volta gritando: “Mutantes, porra, você é foda demais”. A palavra é exatamente essa: Arnaldo Baptista é foda demais.

“Loki”, documentário emocional de Paulo Henrique Fontenelle, lança luz com devoção sobre a carreira do homem responsável por uma das maiores – se não a maior – e mais geniais formações de rock do lado debaixo do Equador. Fontenelle busca amigos, parceiros e produtores que abrem o coração para a câmera detalhando histórias e causos da vida de Arnaldo Baptista. Mais: resgata imagens raríssimas de época, trechos de entrevistas e aparições em TV que soam como pepitas de ouro visuais que dão um colorido especial ao passado.

O filme começa com um amigo de escola, Raphael Villardi, que lembra o momento em que Arnaldo comprou um baixo e decidiu formar um grupo de rock. Estava criado O’Seis, grupo que viria a ser um dos embriões do’s Mutantes. Daí em diante entra em cena a Tropicália, os grandes festivais da Record, raras entrevistas e a viagem para a Europa que rendeu a gravação do álbum “Technicolor”, gravado em 1970 e lançado apenas em 2000.

Em um dos trechos mais tocantes da película, Arnaldo comenta sobre a relação com Rita Lee, o casamento e a separação, pede desculpas e assume que não pôde dar a atenção que ela merecia naquele momento. Dinho (baterista) e Liminha (baixo) relembram – emocionados – o dia em que Rita avisou que estava pulando fora do barco. “Eu sai para fora da casa do Arnaldo e comecei a chorar”, conta Liminha. “Era o fim”, sentencia Dinho (de olhos marejados). Não foi ao menos por um tempo, enquanto Arnaldo segurou a formação ao lado de Sérgio.

O irmão é outro que dá a cara a bater no filme. “Ele saiu e eu fiquei com os Mutantes, e eu não sabia o que fazer. Eu estava perdido e segui com a banda porque era o que eu achava que tinha que fazer”, desabafa o guitarrista, que em um dos momentos mais intensos do documentário culpa a imprensa, os amigos e a si mesmo pela falta de tato com o irmão. “Ele é um gênio e a imprensa… e as pessoas ficavam falando coisas que confundiram e atrapalharam ele. São todos uns cretinos. E eu também sou um cretino por não conseguir entende-lo e quero pedir desculpas publicamente por isso”, diz Sérgio.

Após sua saída do’s Mutantes, Arnaldo lançou seu primeiro disco solo, “Loki”, que dá título ao filme e é considerado por muitos como um dos dez maiores álbuns da música popular brasileiro, um flagrante de sofrimento e dor que impressiona e comove por sua sinceridade. A partir daí, ele segue com projetos paralelos com a banda Patrulha do Espaço (registros lançados no ótimo álbum “O Elo Perdido”) até lançar o segundo álbum solo, “Singin Alone”, em 1980, e caminhar até a janela do Hospital do Servidor Publico, em São Paulo, quebrar o vidro e pular do terceiro andar atirando-se numa tentativa de suicídio.

O resultado do vôo: sete costelas fraturadas, várias lesões pelo corpo e dois edemas: um cerebral – seríssimo – e um pulmonar. O músico ficou quase dois meses em estado de coma, e quando retornou a si, precisou de mais dois meses para se recuperar (a traqueotomia a que fora submetido afetara suas cordas vocais alterando seu timbre de voz). Amparado por Lucinha Barbosa, Arnaldo renasceu e foi morar em Juiz de Fora, em Minas Gerais, afastado da mídia e do público em busca de paz. De lá pra cá aparições esporádicas em pequenos shows em São Paulo e no Free Jazz Festival, ao lado de Sean Lennon, fã confesso do’s Mutantes, até o álbum “Let It Bed” em 2004 e a reunião consagradora do grupo em 2007.

“Loki” é um dos daqueles documentários que vangloriam o cinebiografado, mas exibe uma sinceridade tão tocável que anula qualquer comentário contrário a sua imensa qualidade. Rita Lee não topou dar entrevistas para o filme, mas liberou o uso de suas imagens. Bancado pelo canal fechado TV Brasil, “Loki” terá raras e esparsas exibições nos cinemas (em sessões especiais e festivais ao redor do país) até estrear definitivamente na telinha. Uma pena. “Loki” é daqueles filmes que deveriam ficar semanas e semanas em cartaz com grande divulgação e grande público em uma telona. Fique atento e não perca a oportunidade de assisti-lo.


LOKI - por Abelardo de Carvalho *, no espaço para comentários da postagem acima.

Para compreender o que ocorreu no Cine Odeon, neste último sábado, 4 de outubro, durante o Festival do Rio 2008, precisamos recorrer ao conceito aristotélico de catarse. Ou seja, por intermináveis minutos, purificamos as nossas almas por meio de descargas emocionais provocadas por um certo senhor sessentão chamado Arnaldo Baptista. Como poucas vezes visto numa pré-estréia de filme, a platéia ovacionou exaustivamente o principal músico d’Os Mutantes, objeto do documentário “Loki”.

Ele, que vôou de uma janela do terceiro andar de um hospital psiquiátrico aos 34 anos, e continua voando ainda hoje, pairava sobre a platéia visivelmente tocada por aquela rara história de personagens fantásticos. Loki, nome também do seu primeiro disco solo, é aquele que na mitologia nórdica pode assumir muitas formas. Ou seja, mutante, assim como o próprio Arnaldo.

O filme do jovem cineasta Paulo Henrique Fontenelle (autor do premiado curta Mauro Shampoo), é sem dúvida o documentário mais impressionante dos últimos anos, afirmavam os mais entusiasmados. Após a sessão, ninguém parecia querer deixar o cinema. Estávamos todos meio que entopercidos por aquela personagem, tragados pela estória tão bem destrinchada, contada de forma simples, direta, sem malabarismos ou pirotecnia na montagem; com narrativa cronológica, intercalando depoimentos, muito material de arquivo (filmes e fotos) e cenas de shows recentes. Detalhe: tudo regado com muita, muita música de primeira.

Temos percebido que o cinema brasileiro atual cumpre o papel de resgatar a nossa expressão artística mais autêntica: a música. Documentários sobre Cartola, Valdick Soriano, Humberto Teixeira, Simonal, Vinícius de Morais, Tom Zé, Caetano Veloso, Titãs, Bethânia, Paulinho da Viola, Tati Quebra-Barraco, Nelson Freire, fankeiros da Lapa e agora Arnaldo Baptista saem fresquinhos do forno e ganham as telas de todo o País. Em contrapartida, o mundo da música parece não dar muita bola pra este fenômeno, pois poucos foram os músicos que compareceram no Odeon para prestigiar “Loki”. Rita Lee, ex-esposa do mutante, era a ausência mais sentida.

Para as gerações que não vivenciaram Os Mutantes, o documentário servirá como uma janela de entrada, gravando-os definitivamente na pedra memorial da música brasileira. Depois de David Byrne, Kurt Cobain e Sean Lennon chamarem a atenção do mundo para a genialidade de Arnaldo Baptista, “Loki” surge para sacramentar a incrível história desta figura, meio duende, meio pássaro, meio homem, meio árvore, enfim, mutante, muito próximo do que seria um homem-tronco de Hieronymus Bosch. Muitas vezes o documentário nos faz lembrar também de Arthur Bispo do Rosário, que assim como Arnaldo e Bosch - loucos e geniais – fundiram o homem ao artista, deixando-nos um legado sem precedentes.

Abrindo e fechando o documentário, vemos Arnaldo pintando um quadro, o qual, em muitos aspectos, faz lembrar trabalhos do Museu do Inconsciente. Algo infantil e profundo. A tela surge branca, mas logo um ser amputado, pernas e braços, paira sobre uma grande cabeça feminina com longos cabelos dourados. Na ponta do pincel surgem as palavras “mutantes”, “sinto muito”, “psicodelismo”, etc. No alto, mãos e teclados, labaredas de fogo também compoem o quadro.

A primeira parte do documentário foca mais a formação da banda, a relação entre Arnaldo e Rita Lee, o sucesso imediato, a alegria de viver e a imersão de todos na busca dos paraísos artificiais. Depoimentos de Liminha, Sérgio Dias e do baterista Dinho Leme são testemunhais. E assim como no caso dos Beatles (assumidamente a única influência), o sonho também acabou para os rapazes dos Mutantes quando Rita disse bye bye. A segunda parte, portanto, é regida pela melancolia. Sem Rita, musa e, ao que parece, única referência feminina ao longo da vida do artista, Arnaldo se entrega à depressão. O limite entre a vida e a morte, a experiência suicida, o coma e o recolhimento posterior são tratados por ele como uma espécie de poda, que no outono se faz nas árvores para que dali em diante nasçam folhas novas. Esta imagem poética, inclusive, é uma das partes mais tocantes do documentário, pois soa como uma confissão de alguém que retornava do inferno.

*Abelardo de Carvalho é produtor e diretor da Cavídeo Produções

por Alexis Peixoto:

Numa das últimas cenas de Lóki Sérgio Dias, confortavelmente esparramado numa poltrona e metido num impecável terno branco, sintetiza em poucas e contundentes palavras a imagem comumente atribuída ao irmão: “Ele estava vinte anos à frente. Agora, só porque os cretinos não entendiam o que ele falava, eu inclusive, quem somos nós pra julgar? Quem é louco, a gente ou o Van Gogh?” questiona coberto de razão.

Os cretinos, claro, sempre dão um jeito de aparecer. E aí vem toda aquela discussão chata sobre arte e loucura, que a bem da verdade, não leva a lugar nenhum. Depois da sessão do documentário sobre Arnaldo Baptista, os cretinos certamente sairão da mesma maneira que entraram, cultuando a imagem do doidão, do louco, do sujeito perturbado que pôs tudo a perder por uma viagem de LSD. Poucos “deles” vão notar o que o filme de Paulo Henrique Fontenelle realmente pretende: descobrir ou, pelo menos, proporcionar um vislumbre sólido do artista criador encoberto pela personalidade de gênio louco.

A maior dificuldade certamente deve ter sido separar esses dois lados. Histórias sobre acessos de loucura de Arnaldo estão aí aos borbotões, enquanto pouco se fala sobre o comportamento perfeccionista do multi-instrumentista obcecado por amplificadores valvulados, o band-leader que puxava jam-sessions siderais no palco, o pianista alucinado e personal à frente da Patrulha do Espaço, o compositor intuitivo de Lóki e Singin’ Alone. A solução encontrada por Fontenelle foi simples e acertada. Ao invés de desmitificar, corrobora-se o mito e, de quebra, o consumidor leva um gênio criador de primeira grandeza no mesmo pacote. Afinal, os dois Arnaldos existem e são muitos reais: trata-se, sem dúvida, de um artista ímpar na história da música brasileira (e além), mas ignorar ou negar a influência que seu estado mental teve sobre sua obra é estupidez, para dizer o mínimo. O Arnaldo “maluco” é o alicerce do artista e vice-versa.

Mas, atenção, não há exploração gratuita da fragilidade aqui. Pelo contrário: Lóki é um tour de force compatível com um universo paralelo onde confusão mental e emocional se mistura à criação (olha esse papo aí de novo). Um dos (poucos, diga-se) problemas do filme é justamente a falta de fôlego para suportar a viagem. Por falta de tempo, muito pouco ou quase nada é dito sobre a feitura dos discos dos Mutantes ou da carreira posterior de Arnaldo e alguns personagens chave são passados em vista apenas de raspão, sem identificação clara. Luiz Calanca, por exemplo, dono da loja e selo Baratos Afins, que lançou dois discos solos de Arnaldo (Singin’ Alone e o “terapêutico” Disco Voador) é identificado apenas como “produtor musical”.

Embora tecnicamente desleixado, o filme faz da crueza uma forma de aproximar os depoimentos de gente como Rogério Duprat, Gilberto Gil, Liminha, Rafael Villardi (guitarrista original do O’Seis, embrião dos Mutantes) Sean Lennon, Kurt Cobain, Antônio Peticov (artista plástico, o homem que assumidamente apresentou o ácido aos Mutantes), entre outros. A isso some-se um porrilhão de fotos, imagens raras e uma trilha sonora impecável e aí está um retrato sincero, pungente e visceral de um capítulo vivo da música brasileira, tão contundente que por si só já daria um romance dos mais complexos.

A única ausente na festa, como era de se esperar, é Ms. Rita Lee. Mesmo resistindo a tentação de demonizá-la, o filme não absolve nem acusa ninguém. Ainda que o próprio Arnaldo se refira a ela sem sombra de rancor e até admita, com um carinho saudosista na voz, que na época não soube lidar bem com a separação, pois “não tinha muita experiência com seres femininos”, há uma área escura em volta do que realmente aconteceu entre os dois e, por conseguinte, com a banda. Mas isso é assunto para outro filme, outro texto, outras histórias. O consenso geral entre os entrevistados é de que sim, Arnaldo era o cérebro, o coração, o pulmão dos Mutantes. E que assim que as drogas entraram na jogada, houve falência múltipla dos órgãos.

O final da saga, com os shows da reunião no Barbican e no aniversário de São Paulo, em 2006, acaba saindo desatualizado. De Zélia Duncan à Sergio Dias, todos esperavam que a reunião fosse “o combustível para o Arnaldo continuar”. Isso, como todo mundo hoje sabe, não aconteceu. O mutante maior foi o primeiro a pular fora e de volta a tranquilidade de seu sítio em Juiz de Fora vive muito bem, numa boa, numa tranquila, enquanto o irmão prossegue junto ao baterista Dinho com o duvidoso projeto de um disco de inéditas (previsto para setembro pelo selo -ANTI, casa atual de Tom Waits, Nick Cave e Antibalas, entre outros). Arnaldo continua, à sua maneira, vivendo o personagem da “Balada do Louco”, recluso e sob os cuidados da esposa. E, certamente, curtindo isso pacas.





sexta-feira, 24 de julho de 2009

# 115 - 24/07/2009

Arnaldo Baptista - Loki? (1974) - (Revista Bizz, Edição 43 - Fevereiro de 1989)

Da Série "Discoteca Básica"

No pop brasileiro, são raros os que driblaram a barreira lingüística e edificaram trabalhos fundamentais. Em meio às síndromes progressivas, à invasão da Nordésia e do "rockão pauleira", no início de 74, o LP em questão surgiu não apenas como antídoto a essas tendências, mas também como uma obra única e radical do rock brasileiro.
Gravado em terríveis condições emocionais - Arnaldo havia perdido Rita Lee para sempre -, após sua saída dos Mutantes, o disco conta, além da participação de três ex-integrantes (o baterista Dinho, o baixista Liminha e Rita nos backing-vocals), com arranjos de Rogério Duprat. A gravação feita às pressas proporcionou um punch inigualável e, dado seu estado emocional, Loki? acabou por ser o maior tratado existencial do rock brasileiro, algo digno do desespero suicida da nouvelle vague, da dolorosa raiva incontida dos angry young men ingleses e de poetas visionários que enxergaram o lado obscuro da realidade.
Arnaldo demonstrou o que significa amar até perder o nome, buscar os paraísos artificiais a partir da desintegração da alma e percorrer os porões proibidos dos sentimentos, dando vazão aos abismos da vida e anunciando esboços da morte tateada, ainda que não consumada. Nessas antevisões, ele já parecia estar ciente das amargas metamorfoses que delineariam seu destino tatuado por uma tentativa de suicídio em 1980, após ter criado a alucinada Patrulha do Espaço.
Se, textualmente, provou genialidade, em nível musical nada deixou a dever; ou seja, a partir de sua voz arrancada do âmago e de um sensível piano de concepção clássica, ele percorre o tecido rock com eclética maestria, indo das mais tristes baladas até progressive rocks, passando por tons de bossa, jazz, funk e blues.
A primeira faixa do LP, a linda rock'n'roll ballad "Será Que Eu Vou Virar Bolor?", usando o título como mote, traça ironicamente um paralelo entre o futuro de seu amor e o do rock'n'roll, ambos ameaçados de extinção. A seguinte "Uma Pessoa Só", arranjada por Duprat, remonta os lindos sonhos dourados de 71/72, quando os Mutantes viviam em comunidade na Serra da Cantareira, numa trip coletiva em que era possível ser "uma pessoa só". "Não Estou Nem Aí" é uma beat-ballad pulverizada por tons bluesísticos/jazzísticos em que, sombreado pela (im)possibilidade de esquecer os "males", ele desafia a morte de forma sarcástica. Em "Vou Me Afundar na Lingerie", um bluesy-popster de primeira linha, instala a evasão absoluta do mundo real "deslanchando bem embaixo" e propondo afogar as mágoas no deslumbre da natureza e na relatividade das pequenas. A instrumental "Honky Tonky" é um delicioso mergulho ao piano.
A segunda fase traz a memorável "Cê tá Pensando Que Eu Sou Loki?", esmerado exercício bossístico que desbanca a loucura, mas não exime o prazer pelas viagens. Na baladaça "Desculpe", penetra na angústia passional, um "Jealous Guy" à brasileira, que sentindo "o pulso de todos os tempos" exige o amor a qualquer custo. Na fragmentada "Navegar de Novo", desvenda sua particular "passagem das horas" e as dimensões (im)possíveis do tempo. "Te Amo, Podes Crer", uma balada de amour fou, encarna o pranto de um abandonado que revela: "Dentro de algum tempo eu paro de tocar/espero o apocalipse de então eu te encontrar", um verso que resumiria profeticamente seu futuro. Fechando, a folk-psicodélica "É Fácil", microssíntese do amor absoluto.
Se hoje sua obra é mítica, saiba que Arnaldo pagou muito caro por toda essa paixão levada às últimas conseqüências. "Já leu todos os livros" e sabe que "a carne é triste".

Fernando Naporano

-------------------------------------

Bloco produzido por Fabio Andrade:

Helloween – Kids of the century
Gamma Ray – It´s a sin
Faith No More – Be Agressive
Kreator – Terrozone

Drop Loaded :

Kassius Clay – neva
Lê Almeida – Canção pro Beto Guedes
-------
Black Drawing Chalks – I´m a Beast I´m a gun
Black Drawing Chalks – My Favorite Way

Arnaldo Baptista - Será que eu vou virar bolor ?
Arnaldo Baptista – Cê ta pensando que eu sou loki
Arnaldo Baptista – Vou me Afundar na lingerie
Arnaldo Baptista – Te amo podes crer
Arnaldo Baptista – Desculpe

Minutemen – Definitions
Bad Brains – give thanks and praises
Black Flag – six Pack
Poison Idea – I got a right
DRI – running around
Really Red – I was a teenage fuck up
7 Seconds – I Hate sports
Negative Approach – Friend or foe (1983 demo)
Void – time to die

Guizado – Vermelho
Perdeu a língua – Controle remoto
Macaco Bong – Fuck you lady

terça-feira, 21 de julho de 2009

Vinil - Dias melhores virão.

Única fábrica de discos de vinil brasileira voltará a funcionar este ano

(20/07/2009)

Polysom, em Belford Roxo, poderá produzir cerca de 40 mil LPs por mês.
Álbum de estreia da Nação Zumbi faz 15 anos e ganha reedição em vinil.

Lígia Nogueira Do G1, em São Paulo

O disco de vinil vai bombar no Brasil. A previsão é de João Augusto, novo dono da Polysom, única fábrica de LPs da América Latina. Localizada em Belford Roxo, no Rio de Janeiro, ela ficou desativada até ser comprada pelo presidente da Deckdisc, no início deste ano. Prestes a voltar a funcionar, a empresa não tem vínculos com a gravadora e deve produzir 40 mil peças por mês, segundo ele contou ao G1.

“A Polysom é uma companhia inteiramente independente que vai atender a todas as gravadoras. A Deckdisc vai ser tão cliente dela quanto as outras gravadoras e os artistas independentes. Há uma gama muito grande de independentes que tem essa demanda por vinil”, diz João Augusto.

Na era do MP3, disco de vinil recupera espaço entre os fãs de música

A data da conclusão da reforma, que começou em maio, depende de diversos fatores, mas a Polysom deve reabrir suas portas “ainda este ano, com certeza”. De acordo com o proprietário, a capacidade de produção será de 40 mil discos por mês. “Isso só no começo, depois pode aumentar. Acredito numa demanda alta porque já tem muitos interessados.”

Como não se fabrica mais maquinário para prensar discos de vinil, todo o equipamento da Polysom é reaproveitado. “Tudo está sendo recuperado, desde a mesa de corte até as prensas. A gente desmonta e troca várias peças, mas a carcaça é a mesma de décadas atrás.”

A Polysom vai vender o produto semi-acabado. Caberá às gravadoras colocar a capa, embalar e vender. O preço final também vai depender delas. “No que diz respeito ao custo de fabricação do vinil aqui, estou tentando fazer com que o preço seja duas vezes e meia menor do que lá fora”, diz João Augusto. “Vou conseguir fazer aqui um produto muito mais barato do que o que vem de fora. O problema do Brasil é que as taxas são muito altas.”

Nos Estados Unidos, as vendas de discos de vinil aumentaram 50% em relação ao ano passado, de acordo com dados divulgados pela Soundscan. Segundo a empresa, a estimativa é que sejam vendidos 2,8 milhões de LPs no país até o final do ano – esta é a marca mais alta desde que a Soundscan passou a acompanhar o setor, em 1991.

‘Da lama ao caos’ completa 15 anos e ganha reedição em vinil

A gravadora Sony acaba de lançar a série “Meu Primeiro Disco”, que traz de volta ao mercado álbuns históricos num formato de luxo em edição limitada. Cada exemplar contém o LP original com áudio remasterizado fabricado nos EUA e um CD.

A primeira edição do projeto reúne os trabalhos de estreia de Chico Science & Nação Zumbi, Vinícius Cantuária, Engenheiros do Hawaii, Inimigos do Rei e João Bosco. Serão 30 títulos ao todo, incluindo álbuns do Skank, Zé Ramalho, Sérgio Dias e Maria Bethânia. Cada disco custa em torno de R$ 150.

“‘Da lama ao caos’ é o primeiro e mais importante disco de nossa carreira”, diz Lúcio Maia, guitarrista da Nação Zumbi. “Ali estão as ideias de anos de expectativa por uma consolidação profissional. Tudo aconteceu da melhor maneira possível. Não imaginávamos que um dia o álbum seria tão importante para a música brasileira. Mudamos o conceito de ‘MPB é uma m..., o negócio é imitar gringo’”, reflete o músico, que só compra vinil.

“Não sei quantos LPs eu tenho, mas minha coleção tem de tudo. A maior parte de música brasileira, depois jazz, depois Jamaica, alguns de funk, outros de rock, vários do Fela Kuti, Hendrix, trilhas sonoras...”

Na era do MP3, disco de vinil recupera espaço entre os fãs de música

(11/05/2008)

Artistas da nova cena como Mamelo Sound System e Mauricio Takara lançam LPs.
Festa em São Paulo proporciona diversão gratuita ao som de antigos bolachões.

Ele resistiu à praticidade da fita cassete e ao brilho reluzente do CD. Agora, o disco de vinil dá pistas de estar vencendo mais uma batalha, desta vez com o MP3. Nem o fechamento, no início deste ano, da última fábrica de LPs do Brasil, a Polysom, que ficava em Belford Roxo, no Rio de Janeiro, está impedindo que o formato ocupe seu merecido espaço no mercado especializado por aqui.

Enquanto os Estados Unidos dão continuidade à cultura de oferecer quase todos os seus lançamentos também em vinil – no ano passado, o país vendeu 1 milhão de unidades, e a previsão para 2008 é de 1,6 milhão - artistas da nova cena paulistana recorrem a fábricas estrangeiras e apostam na clássica bolacha como forma de propagar o seu som.

“Pra começo de conversa, o vinil alcança um espectro de frequências sonoras maior do que qualquer outra mídia, especialmente no campo de grave”, defende Rodrigo Brandão, MC do Mamelo Sound System. “Fora o aspecto técnico, tem o lado estético: nada se compara às capas de vinil. O status de obra de arte que um álbum atinge nesse formato é único.”

“No caso do Mamelo, a importância é ainda maior, já que o vinil teve papel vital no nascimento - e ao longo da história - do hip hop, que é o nosso estilo musical”, diz o rapper, que divide um LP com o grupo Elo da Corrente, prensado pela Polysom e lançado em 2007 pela Boomshot.

Agora, a mais nova empreitada do selo pilotado pelo produtor Zeca MCA é o lançamento em vinil do primeiro disco solo de Lurdez da Luz, MC parceira de Brandão. MCA conta que entrou em contato com uma fábrica de discos de vinil em Paris por conta de um amigo DJ. Da capital francesa vão sair 200 unidades do álbum, ainda sem título, a ser lançado até o final do ano.

“Não dá para competir com os downloads de MP3”, diz MCA. “Estou apostando na Lurdez primeiro porque não existe disco solo de rap feminino no Brasil. E, depois, porque ela é uma MC diferente, que não tem essa pegada de mano que geralmente as meninas do rap têm. Estou percebendo um interesse maior do público em geral em comprar LPs.”

Os números podem não ser tão altos, mas falam por si só. O EP “Ocupado como gado com nada pra fazer”, quarto trabalho do multi-instrumentista Mauricio Takara – conhecido pela participação em grupos como Hurtmold, Instituto e São Paulo Underground – acaba de ser lançado em CD e vinil pelo selo paulistano Desmonta. No primeiro show de divulgação, foram vendidos 80 exemplares do LP a R$ 15 cada um.

Meu Brasil brasileiro

Mas se depender da Deckdisc, que inclui em seu catálogo uma vasta gama de artistas, de Pitty a Nação Zumbi, passando por Teresa Cristina e Ratos de Porão, o terreno dos discos de vinil pode se tornar ainda mais fértil. A gravadora está planejando a instalação de uma fábrica no Brasil, mas o projeto ainda está em fase de pesquisa. Pode ser que a empresa compre equipamentos da antiga Polysom, ou então que adquira maquinário mais moderno no exterior.

A Deck já lançou dois LPs do DJ Marcelinho da Lua, um do rapper Black Alien e um compacto do produtor de dub Mad Professor. Recentemente, a gravadora editou também um single da Pitty, que foi distribuído para a imprensa na ocasião do lançamento do álbum “Anacrônico”.

A situação pode ser complicada, mas quem coleciona vinil no Brasil sabe a delícia que é sair à caça de suas bolachas prediletas. Além dos sebos especializados espalhados pela cidade (principalmente nas galerias do Centro) e ainda nas feiras de antigüidades como a Benedito Calixto, em Pinheiros, e a do Bixiga, na Bela Vista, os interessados em comprar LPs encontram boas opções - novinhas em folha - em redes como a Livraria Cultura.

A loja do Conjunto Nacional, na Avenida Paulista, oferece apenas uma prateleira de LPs em meio a um mar de CDs e DVDs, mas já é um bom começo. Ali, é possível encontrar os principais lançamentos gringos, como os últimos de Amy Winehouse e Cat Power, além de Radiohead, Foo Fighters e Beck. O preço ainda é salgado - a partir de R$ 70 por um álbum simples - mas a alegria de poder ouvir tudo em alta qualidade (e em grande estilo) vale a pena.

Em festa no Centro, só entra vinil

Com um caprichado set que vai de Ray Conniff a Ray Charles, passando por Glen Miller, Frank Sinatra e outros clássicos, Seu Osvaldo Pereira, 74 anos, foi um dos responsáveis por animar uma edição recente da festa Vinil é Cultura, que acontece todas as terças com entrada gratuita no Centro de São Paulo.

“As músicas deles não podem faltar em um bom baile”, diz o primeiro DJ do Brasil que, é claro, só trabalha com bolachões. “Quando o CD passa do volume, o som fica distorcido. Em todos esses anos, aprendi algumas coisas. Uma delas é ficar longe da bebida. Outra é a alta fidelidade do vinil”, brinca o técnico em rádio que começou a carreira em 1958.

Criada há oito anos, a balada nasceu do encontro de lojistas e colecinadores de LPs. “Vi uma reunião no Rio de Janeiro e passei a fazer igual aqui”, conta o DJ Lula, que é dono de uma loja de discos na Avenida São João.

“Tudo começou com cinco amigos. Hoje, recebemos os melhores DJs de fora e daqui.” Entre eles, os filhos de Seu Osvaldo, que levam adiante os ensinamentos do criador da Orquestra Invisível.

A festa Vinil é Cultura já passou por diversos endereços, e atualmente acontece em um dos salões do Hotel Cambridge, na Rua Álvaro de Carvalho. A noite por lá começa cedo, a partir das 19h, e costuma terminar às 23h. O telefone para informações é (11) 3104-9397 ou 3101-2537.

sábado, 18 de julho de 2009

Snake Of Boot



(Release) ''O Verdadeiro Espírito dos Anos 80.'' ''Sobre a Snake Of Boot'' Aracaju também tem seu representante Hard Rock. É a banda Snake Of Boot, oficialmente formada em 2006 por Danesh, Neil Corabi e Zek Lee. Depois de vários entra e sai, a banda estabilizou-se, além de Danesh, Neil Corabi e Zek Lee, com Jeffrey no baixo e Murphy dando mais peso aos backing vocals. ''Influências... Influenciados por Mötley Crüe, Guns n..Roses, Roxx Gang, Whitesnake, Cinderella, Alice Cooper, Skid Row, Van Halen, Rolling Stones e algumas influencias Country e Blues. ''Objetivo da banda...'' A banda tem o objetivo de mostrar que o Hard Rock está vivo e cada vez mais frenético, e que jamais esse estilo tão marcante nas décadas de 70 e 80 será esquecido. O grupo sempre busca resgatar toda a essência musical dessa época tão marcante: O Hard Rock e suas raízes. ''Snake Of Boot'' ‘’Somos movidos ao Hard Rock, dormimos, acordamos e respiramos Hard Rock, temos o maior prazer de tocar esse estilo que movimenta gerações, pois amamos o que fazemos e desejamos que vocês também amem nossas músicas.’’ ''Estilo de Vida'' Para a banda Snake Of Boot, o Hard Rock não é apenas um ‘’estilo’’ de música e sim também um estilo de vida, criando verdadeiros espetáculos visuais, cores, couro, botas, cabelos armados, calças justíssimas, maquiagens pesadas, brincos, pulseiras, saltos, dando uma cara debochada e festiva ao estilo. Tudo isso sem dúvidas, representa um ‘’estilo de vida’’ e muita atitude, e é assim que a banda Snake Of Boot se apresenta em shows e em qualquer lugar. ''Sobre o CD - ''The Snake Goes To Smoke'' ....The Snake Goes To Smoke...., é o nome do primeiro álbum lançado pela Snake Of Boot em Setembro de 2008. A obra começa com os singles ‘’The Drugs and Ricky’’ e ‘’Everything at Last’’, ambos avassaladores. As faixas subseqüentes são bastante empolgantes também, as rapidíssimas ‘’Hate and Riots’’, ‘’Friday The 13th’’ e ‘’Wolves, Crows and Terror’’, as frenéticas e com pitadas de Country, como ‘’Girls and Rock n..Roll’’, ‘’Snake Of Boot’’ e ‘’Rock and Roll’’ e as boas baladas ‘’As a Rose’’, ‘’Selda’’, ‘’Country Is My Life’’ e ‘’Love, Homesickness and Rock n..Roll’’ ''Sobre o Vídeoclipe - ''The Drugs and Ricky'' A banda também gravou seu primeiro videoclipe em Janeiro deste ano (2009), com a música..The Drugs and Ricky’’(1º faixa do CD e música de grande sucesso do grupo). O clipe de ''The Drugs and Ricky’’ marca um ápice de criatividade da banda, a idéia foi simplesmente genial para o local e cenário da gravação. No entanto, o clipe foi gravado em uma Estação Ferroviária que está desativada há anos, um local bastante obscuro e abandonado, um ambiente muito sinistro, sujo, onde não há acesso de pessoas, nem energia e muito menos sinal. A Estação possui vários vagões de trem, trilhas, sinaleiras e duas plataformas extensas. O cenário do clipe é bem nova-iorquino. O clipe foi gravado em dois dias e o trabalho foi realizado com bastante sucesso. ''Profissionalismo, Composições, membros e o Hard Rock'' O profissionalismo que existe entre os membros da Snake Of Boot é algo indiscutível. A banda é composta por membros de primeira linha, composições de altíssima qualidade e um som maravilhoso.É a melhor prova que o ‘’Hard Rock’’ Nacional está vivo e frenético. ''Na Estrada, Shows, Cenário...'' A banda toca no circuito de bares e casas noturnas e está sempre ativa na estrada tocando e trabalhando bastante. Snake Of Boot é a banda que mais se destaca dentro do Cenário ‘’Hard Rock’’ de Aracaju e também é uma das bandas mais consagradas do Nordeste, não apenas por suas maravilhosas músicas, mas também pelos seus visuais bastante extravagantes e escandalosos. ''Conclusão... Para todos aqueles que venderiam a alma para voltar aos anos 80, é necessário conhecer e escutar ao som avassalador da Snake Of Boot. Ouçam e recuperem as esperanças.

Confira o som da banda aqui

sexta-feira, 17 de julho de 2009

# 114 - 17/07/2009



Isobel K. Campbell (Glasgow, 27 de abril de 1976) é uma música e cantora britânica.
Na adolescência começou a tocar violoncelo porque "não gostava de ver no piano o reflexo do professor". Formou-se em Música e sua primeira e única banda foi o Belle & Sebastian. Ela sempre quis participar de uma, mas nunca havia conseguido porque, como mulher, "não podia tocar guitarra direito" e também porque não tem "uma voz poderosa". O convite para participar do Belle & Sebastian veio após conhecer Stuart Murdoch, vocalista e guitarrista, numa festa de ano novo. Os dois chegaram a namorar por três anos e foi exatamente durante esse período que ela mais participou do grupo - apesar de, na sua opinião, os melhores dias deles terem sido enquanto eram simples desconhecidos. Além de contribuir como compositora, Isobel participava ativamente dos discos e dos espetáculos, tocando vários instrumentos, como piano, violão, teclado e flauta, além de cantar sozinha e de dividir os vocais de apoio com a violinista Sarah Martin. A moça chegou, inclusive, a participar da direção de alguns clipes dos escoceses. Sua contribuição, mesmo que apenas a da sua personalidade forte, foi decisiva para a formação musical da banda, e sua saída fez com que um novo rumo fosse tomado. Ela deixou o grupo em 2002, após o lançamento do álbum "Storytelling" e seguiu carreira-solo. Seu disco de estréia, "Amorino", saiu em outubro de 2003 e mostra todo o seu potencial como compositora. Mas esta não foi a sua primeira incursão pelo mundo solo. Em 1999 Isobel formou um grupo chamado The Gentle Waves que, na verdade, era apenas ela. Como "Gentle Waves" Lançou dois discos, "The Green Fields Of Foreverland..." (1999) e "Swansong For You" (2000). Posteriormente uniu-se ao pianista de jazz escocês Bill Wells e a parceria resultou no EP "Ghost Of Yesterday", em que os dois interpretam canções pouco conhecidas de Billie Holliday. A última empreitada da moça foi-se juntar ao ex-vocalista da banda "grunge" Screaming Trees, Mark Lanegan, com o qual gravou dois álbuns, "Ballad Of The Broken Seas" e "Sunday At Devil Dirt". O músico confessou ser seu fã.
(da Wikipedia)



Drop Loaded:

Mamutes - Fora de controle
The Baggios - Aqui vou eu
Plástico Lunar - Vestígios da noite passada

Drop Loaded:

Plano Próximo - Love like a pimp
The Dead Rocks - Léspion invisible en vacances

Isobel Campbell & Mark Lannegan - The Raven
Isobel Campbell - This land flows with milk
The Gentle Waves - Rose, I love you
Belle & Sebastian - Is it wicked not to care

Vendo 147 - Hell
Vendo 147 - Satangoz

Lacrimosa - Feuer

Yo La Tengo - Periodically double or triple
The Gossip - Heavy Cross
Dinosaur jr. - I want you to know
New York Dolls - cause I sez so
Iggy Pop - Les feuilles mortes

Vendo 147 - Skate-O-matic
Daysleepers - do outro lado

Bloco produzido por Daniela:

THE JEZEBELS (unreleased) - Hang tha boss
VIVENCIAR (ep s/t) - Feliz
KARNE KRUA (cd "Em carne viva") - Homem cego
MAIS TRETA (3 way "3 bandas em 30 minutos" com Triste Fim de Rosilene e Ofensa) - A esdrúxula relação entre a trabalho semi-escravo e o "inexplicável" enriquecimento das mega-corporações
THE RENEGADES OF PUNK (unreleased split com Mahatma Gangue) – Coração de Pedra
Mais Treta (3 way 3 bandas em 30 minutos com Triste Fim de Rosilene e Ofensa) - Em cada gota de sangue ou suor que é injustamente derramada resiste e esperanca de mudanca
FRIENDSHIP (cd Viva Los Locos) – Losing the control
MAIS TRETA (unreleased) - A esdrúxula Relação entre a ejaculação e o envelhecimento precoce